The Fourth Quarter Quell escrita por Izzy Figueiredo


Capítulo 25
Arranquei o braço de um garoto


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pessoal!



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Enquanto estava devaniando, amarrada na árvore com meus machucados e Bill abaixo de mim, mais ou menos uma hora depois de termos acordado, ouvi um barulho. "Acordei", assustada. Olhei ao redor e para Bill, esperando que ele já estivesse procurando de onde viera o som, mas ele estava fazendo nós num pedaço pequeno de corda.

O som se repetira, tinha certeza de que eram passos, e Bill nem se moveu.

_ Não está ouvindo? - cochichei a ele, e ele olhou ao redor.

_O quê? - Billiam perguntou, quase gritando (ele fala baixo quando desnecessário, e grita quando preciso que ele cale a boca, ótimo).

_Quieto! - o repreendi. - Escute.

O som se repetiu novamente, ficando mais alto, e ele escutou. Imediatamente pegou o arco e flecha e ficou olhando para baixo. Segurei o machado e afrouxei um pouco a corda.

Esperei por alguns minutos tensos, só escutando, quando um... coelho branco aparece, saltitando feliz. Reviro os olhos. Argh! Pensava que era um tributo. Se fosse um tributo, eu o mataria e logo iria para casa.

Bill o observou cautelosamente e jogou uma flecha. Acertou bem o seu olho.

_Você é bom. - falei e soltei a corda. - Vou lá pegá-lo.

Ele olhou para mim como se eu fosse uma psicopata e falou:

_Não! Sua perna pode doer.

_Já passei por coisas piores, Billiam. Relaxa, já está melhor. - E realmente estava. Fiquei passando unguento toda hora, e fazendo uns movimentos para ver se melhorava, e ajudou. Agora conseguia por um pouco mais de peso sobre a perna, com muito cuidado.

_Eu desço também. - Pelo visto, Billiam não tinha se convencido. Ah, ele sempre fora desconfiado...

Descemos, eu na frente e Bill logo acima de mim, descendo cautelosamente pelos galhos. Pedi a Bill para demorar quanto tempo ele quisesse para descer, pois sabia que ele era atrapalhado quanto a escalada. Atrapalhado não, um desastre. As probabilidades de ele cair em cima de mim eram grandes. Agora me pergunto porque ele não desceu primeiro.

Graças a Deus cheguei ao chão sã e salva (não tanto assim, eu estava meio acabadinha né, são os Jogos Vorazes), e fui pegar o coelho. Porém, quando fui tirar a flecha de seu olho...

Tudo aconteceu rapidamente: eu tirei a flecha do olho do coelho e um milésimo de segundo depois apareceram três tributos. Isso mesmo, três.Eram dois meninos e uma menina: reconheci só um entre eles, Louiz, do Distrito 2, companheiro de... Bárbare.

Eles nos cercaram. Eu soltei a flecha e segurei com força meu machado, ficando em uma posição em que não percebessem minha perna. Billiam levantou o arco e flecha e atirou no outro menino, de cabelos muito pretos. Acertou seu braço e ele gritou de dor, e eu ia atacá-lo quando a menina, que era mais alta que eu, porém parecia mais nova, colocou sua lança na frente.

Bill tinha duas preocupações, Louiz e o outro menino. Ele jogara mais uma flecha no outro menino, porém ele desviou e foi em direção a Bill com suas facas, e ia jogar outra quando Louiz jogou o arco longe, com a maça dele. Billiam, que por sorte trouxera a lança junto com o estojo de flechas, a tirou e começou a lutar com eles.

A menina era forte. Bem forte. Sua lança era maior que o meu machado, e ela também era ágil. Ela havia acertado meu braço, por sorte levemente; e agora me empurrava para uma árvore, me deixando sem saída, golpeando sem parar. Estava nervosa, tudo parecia; diferente do que deveria acontecer; acontecer rapidamente, e ela precisava ser muito ágil para "acompanhar" o tempo.

A garota desferiu um golpe, que por pouco não acertou meu ombro, e então ouvi um gemido de dor. Olhei para Bill, lutando com Louiz. O outro menino estava no chão, com sangue na barriga. Muito sangue. Bill tinha cortes no rosto e um momento depois que viu que o menino não conseguiria atacar, voltou-se para Louiz e recomeçou os golpes.

Me assustei quando minhas costas tocaram o tronco de uma árvore. A menina deu um sorriso doentio. Eu estava encurralada. Ela levantou a lança para mim e começou a levantá-la rapidamente. Queria acertar minha cabeça, era certeza. Então, quando ela desferiu o golpe, fui ágil e me abaixei, enfiando o machado em sua barriga (lê-se cravando, eu realmente usei muita força). Uns segundos depois a menina soltou a lança e caiu sobre mim. O canhão soou e os 2 meninos lutando, Bill e Louiz, olharam para a garota morta.

Imediatamente, tirei o corpo ensanguentado da menina de cima de mim (ela transferiu muito sangue dela para mim, obrigada!), e fui ajudar Billiam. Ele estava já meio cansado de lutar com Louiz, e Louiz também era um forte oponente.

Acho que os dois estavam tão envolvidos na luta que nem perceberam que eu havia levantado. 

Nem pensei duas vezes. Mas acho que ter pensado apenas uma vez não foi boa ideia. Ia enfiar o machado nas costas de Louiz quando Billiam tropeçara em uma raíz de árvore e Louiz enfiara a maça em seu braço. Dava para ver que havia sido leve, o garoto também estava atrapalhado, mas ainda assim tinha certeza que havia causado uma tremenda dor. Bill gritou e cambaleou, e Louiz ia dar o golpe final, triunfante, quando gritei:

_Fica longe dele! - e corri em direção ao menino. Ele agora estava de lado, ainda sorrindo, pensando em quem matar primeiro. Quando ele ia se virar para mim, dei um impulso para trás com os braços, e depois para frente, acertando o braço de Louiz.

Um segundo depois arregalei os olhos. Eu não havia arrancado o braço do garoto. Eu o arrancara. Desferi o golpe com tanta raiva que tirei o braço do menino? Impossível.

Louiz caiu sobre seu braço, jorrando sangue, imóvel. BOOM!

Corri para Billiam. Ele agora caíra, e olhava fixamente para o corpo mutilado de Louiz.

_Você está bem? - perguntei, mas ele continuava olhando o morto. - Ei!

Billiam pareceu voltar a realidade. Olhou para mim com uma cara de "Você devia se internar por ter feito isso", uma expressão que não entendi: repito, esses são os Jogos Vorazes!

_Como está o seu braço? - ele se assustou e olhou para o braço direito. Também o fiz e me assustei.

Haviam três furos, meio profundos, marcados em seu antebraço. Fechei os olhos e respirei fundo.

_Unguento. Agora. - falei e tentei lembrar aonde estava a bolsa. - Ah, droga!

Comecei a subir a árvore e senti uma dor imensa. De repente, me lembrei de minha perna. Havia estado lutando pela minha vida que esqueci que não podia fazer muito esforço com a perna esquerda. Tarde demais para lembrar disso: agora, toda vez que pisava levemente; testei; doía muito. Mais um problema que pensava estar quase resolvido.

Recomecei a escalar, tomando agora mais cuidado com a perna, mas sendo ágil mesmo assim; Billiam não esperaria para sempre, estava sangrando muito. Cheguei ao galho com as nossas coisas, e peguei a mochila. Desci cautelosamente, e quando cheguei, Billiam estava rindo.

_Por que diabos você está rindo? - perguntei, abrindo a mochila e pegando o unguento.

_Esse machucado me lembra de quando me furei com o garfo uma vez... - ele olhou para o céu, pensativo. - Mas... - de repente, pareceu se lembrar de uma coisa muito e triste e olhou para o ferimento. - O garfo tem quatro pontas. Ah, esquece.

Revirei os olhos e comecei a passar levemente sobre os furos, misturando o unguento com o sangue. Ele apertou os olhos, e quando terminei, abriu-os novamente.

_Não está doendo? - perguntei, enquando limpava o unguento/sangue na mochila.

_Não muito... qual é, eu sou forte. - ele deu uma piscadela e se levantou, cauteloso.

_Nossa, convencido! - falei, olhando ao redor. Aqueles tributos foram espertos. Provavelmente raptaram o coelho e o soltaram para nós capturarmos e descermos, ou talvez o coelho fora um golpe de sorte, porque na verdade eles estariam esperando nós dormirmos. 

"Que pena que agora todos estavam mortos.", pensei. Mas aí me lembrei: ouvi dois tiros de canhões. Olhei para o chão e vi o menino caído que não sabia o nome caído, cheio de sangue.

_Como ele está vivo ainda? - perguntei, mais a mim mesma.

_Ele que... - Billiam questionou, mas então olhou para o garoto.

Nós dois nos aproximamos dele, e nos olhamos com cara de: "Quem o mata?"

Ficamos nos encarando, até que revirei os olhos novamente, peguei uma faca de dentro da mochila e o enfiei com força na cabeça dele. Segundos depois... BOOM!

_Cadê o aerodeslizador? - perguntei, novamente mais a mim mesma do que a meu aliado.

_Deviam estar esperando o Massacre acabar. - ele falou, sério, depois deu uma risada. - Entendeu? Massacre, porque a gente estava lutando, e porque é o Quatro Massacre!

_Acho que você está meio alterado. - disse. Como ele era bobo! Mas eu gostava muito dele. Como amigo, é claro. Vamos apenas dizer que meu coração pertence a outro.

Fiquei séria novamente. Depois peguei a mochila, passei unguento no novo e leve ferimento, e na minha coxa novamente, depois guardei-o, pus a mochila sobre o ombro e olhei para Bill.

Não precisei falar nada. Ele também havia entendido: estava na hora de partirmos novamente.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem... comentem!