As imagens tinham desaparecido quando ela entrou. Eu fiquei um tempo em silêncio, ainda atordoado com o que vira, antes de conseguir responder.

  - Nada, eu só... me cansei. - teria contado tudo para ela, mas não era importante agora, tinha que encontrar Annabeth.

  Nós procuramos a Sabidinha por toda parte... ela não estava em lugar nenhum. Eu temia pela minha namorada.

  Eu e Thalia procuramos por horas, nada de encontrarmos a Sabidinha. Eu estava em desespero. O que teria acontecido com ela? Nada de ruim poderia ocorrer com Annabeth, eu não me perdoaria jamais.

  Entramos em um cômodo no final do corredor do segundo andar, era uma biblioteca enorme. Talvez Annabeth tivesse se encantado com aquele lugar, era a cara dela, podia imaginá-la se perdendo em leituras e pensamentos, como costuma fazer. Sim, talvez ela estivesse bem, em algum canto daquela grande biblioteca. Eu me forçava a acreditar nisso enquanto Thalia me ajudava a procurar.

  Mas uma voz em minha cabeça continuava a me lembrar "Annabeth não se esqueceria da missão, não se distrairia a esse ponto".

  Annabeth's POV

  Acordei em uma sala estranha, tentei me lembrar do que tinha acontecido e aos poucos tudo voltou. O livro de capa velha, algo me sugando...

  Me levantei, minha cabeça latejava, era como se eu tivesse caído de algum lugar alto. O local onde estava era muito esquisito, chão de pedra, correntes por todos os lados, grades... Percebi que era a cela de uma masmorra. Aquele castelo super alegre tinha uma masmorra? Interessante.

  Peguei uma tocha de uma das paredes, para iluminar um pouco o ambiente, e saí andando pelos corredores (sim, a cela estava aberta). A masmorra era enorme, como tudo naquele lugar. Continuei andando, vi alguns esqueletos presos a correntes ou agarrados em grades, como se implorassem para sair. Aquele ambiente me dava arrepios, principalmente porque eu sabia que locais como esse sempre guardam os piores monstros,aranhas.

  Eu precisava voltar, Percy e Thalia ficariam preocupados, mas algo me dizia que todas as respostas estavam aqui. Era um pressentimento estranho, como se alguém estivesse me guiando.

  De repente, ouvi um barulho. Pessoas falando. Ou melhor, discutindo. Duas mulheres. Por suas vozes elas estavam quase entrando em uma briga de verdade. Corri em direção ao som.

  As duas estavam se encarando, eram muito bonitas. Uma era morena com os olhos castanhos, mais alta, seus cabelos cacheados iam até a cintura, ela usava uma túnica grega branca. A outra era loira, pálida, olhos cor de mel, com os cabelos mais curtos e lisos, usava uma roupa idêntica a da outra, só que preta.

  - Como se Pélias algum dia conseguisse ganhar em qualquer coisa! - Debochou a morena - Neleu é o rei de Pilos...ele sempre consegue o que quer.

  - Há! Esqueceu de uma coisa, não? Neleuerarei de Pilos. Esse lugar nem existe mais, faça-me o favor! - A outra riu, debochada - E Pélias foi rei de Lolco, uma cidade muito mais interessante, se quer a minha opinião.

  - Não, não quero. Na verdade...EI, ALGUÉM AÍ? PODE ME DAR UMA CELA SEPARADA? - Ela gritou.

  Eu sabia quem eram. Eu tinha certeza. Cheguei mais perto do lugar, as duas não me viram.

  - Vocês são Clóris e Anaxíbia - Eu falei e as prisioneiras levaram um susto.

  - Quem é você? - Anaxíbia, a loira, perguntou se recuperando.

  -Sou a pessoa que veio libertar vocês - Eu disse enquanto pegava minha faca. Então elas eram os "itens" roubados? Esperava algo mais interessante e complexo, aquilo era tão simples. A fechadura também era bem simples, Seria fácil abri-la.Fácil demais.

  -E por que motivo deveríamos confiar em você? Como vamos saber que não é um truque, ou um monstro, ou...sei lá, qualquer outra coisa do tipo? - Clóris parecia desconfiada.

  - Vão ter que confiar em mim - Eu disse simplesmente - Sou Annabeth, filha de Atena.

  - Talvez seja por isso que saiba nossos nomes. - Anaxíbia pareceu menos temerosa. - Ora vamos, Clóvis, não seja covarde, não temos outra escolha! E não iria querer que o plano de Tétis se concretizasse e o reino virasse um campo de batalha...Você não quer ver Neleu perdendo, quer?

  - Ah, calada, Anaxíbia. Neleu não perderia para Pélias. Mas você tem razão - ela disse contrariada - Não queremos que o plano de Tétis se concretize. Aquela....Aquela...Nem tenho palavras para ela.

  - Ótimo, então estamos de acordo - Eu falei.

  Quebrei a corrente e a cela se abriu. Tudo estava bem até que percebi que estávamos afundando.

  - O que é isso? - perguntou Clóris.

  Mas eu não teria tempo para tentar explicar, só disse uma coisa:

  - CORRAM!

  Corri de volta para o lugar onde havia chegado, as duas atrás de mim. O chão fazia com que afundássemos, era como areia movediça. Não podíamos parar, senão seríamos soterradas. Eu corria tão rápido que mal escutava a discussão das duas prisioneiras. 

  Chegamos à cela inicial. Adivinha o que estava lá? O livro velho e misterioso. 

  - Segurem-se em mim! - Gritei. Essa era a nossa chance. Toquei no livro, e nós três fomos sugadas de volta para a biblioteca.

  Eu estava deitada no chão, Percy segurava a minha mão. Quando viu que eu estava acordada ele sorriu de alívio, depois fez um muxoxo de reprovação.

  - Annabeth, como você some assim? Quer mematardo coração? - Ele não estava bravo de verdade, só preocupado. Sentei-me, tentando lembrar de tudo que acontecera. Abracei o Cabeça de Alga. Eu o entendia, se ele sumisse, eu também morreria de preocupação.

  - Sinto muito, Cabeça de Alga. - Ele parecia ter ficado derretido com o meu abraço.

  Percy me beijou. Um beijo doce e aliviado, mas, de repente, ele se transformou em um longo apaixonado. 

  - AH QUE NOJO! PAREM COM ISSO! - Thalia gritou nos empurrando. - Que bom que está bem, Annie! Agora, poderia nos explicar quem são essas duas?

 Ela apontou para as esposas de Neleu e Pélias, que ainda estavam inconscientes no chão.

  - Bem, elas são os ''itens" que viemos resgatar, Clóris e Anaxíbia. – Sorri.