Victória olhou o apartamento naquela tarde. Letícia havia levado Emily para passear no aquário que era o lugar que a menina mais gostava, mas a garota ainda estava muito triste por seu pai ter ido embora sem nem ao menos falar com ela. Claro! Qualquer um ficaria. Pensou Goularth. Ela não deixava de pensar na hipótese de Zack chegando sozinho no aeroporto de Londres e não sendo o único triste por ali, já havia pegado o telefone para ligar para Giovanna um monte de vezes, mas nunca fizera com medo da reação da mesma. Ou que ela nem ao menos atendesse. Sem contar Letícia que tinha ficado amarga com ela, mas também não era sua culpa. Sem nem ao menos perceber, pensando em Letícia, ligou para a pessoa que menos esperava naquele momento.

– Alô? – a voz fina e um pouco rouca disse do outro lado, só então Goularth se tocou que já seria madrugada em Londres.

– Ah David! Desculpe-me, te acordei não foi? – ela teve vontade de desligar, ou de voltar ao passado. Lembrou-se de como David era carinhoso com Emily e nunca deixara a menina desamparada. Todos sabiam que eles tinham uma ligação forte, não que fosse como a que ele tinha com a mesma Emily, mas eram realmente ligados, e agora... Ela percebeu que não tinha tirado Emily somente de quem ela queria.

– Victória? – David parecia confuso do outro lado da linha. – Não. E... Só um pouco. – ele riu baixo. – Houve algo? Como está Emily?

– Zack já chegou? – Victória limpou a garganta. Ela não queria perguntar sobre Zack. Não deveria mais era o que estava fazendo, e era o que ela queria mesmo que isso fosse de um lado errado. Ela havia o mandado embora, e havia perdido ele para sempre. – Eu...

– Sim. Ele chegou ao anoitecer. Achei que... Vocês vinham com eles. – David deu um grande suspiro.

– Letícia está chateada comigo, espero que você também esteja.

– Me lembro como se fosse hoje, no dia do enterro de Emily... – David parou subitamente como se alguém tivesse aparecido no seu campo de visão e por um segundo Victória pensou ser Donovan. – Você me apoiou, me abraçou enquanto eu chorava, mas acima de tudo estava ao meu lado. Então, eu não estou chateado com você... Só confuso.

– Isso é bom, e ao mesmo tempo ruim de se ouvir. – Vick coçou a nuca se sentando no sofá. – Alguém chegou por aí?

– Não, está... Está tudo bem. Mas eu preciso desligar Vick. – Uma porta foi batida do outro lado da linha. – Me desculpe... Te ligo assim que der está bem?

– Até mais David. – e a ligação foi encerrada. Goularth não pode deixar de pensar que era Zack quem estava perturbando David na ligação, claro, ele não ficaria assim por causa de mais ninguém.

Pensou em Giovanna, Elliot, Sam, Joseph, Adriane, Ana Carolina e finalmente em Zack. Sentia tanta a falta de todos, quanto da menina insegura e sem pudor que ela deixou em Londres há quase seis ano atrás. O tempo tinha passado rápido e ela havia amadurecido, havia crescido. Havia mudado. E não pode deixar de notar um Zack assim também, mas maduro de certa forma. E ele estava bem mais apaixonante. Perguntou-se mais uma vez porque ele já não estava casado com algum bom partido em Londres, pensou nas noites que dormiram juntos e na quase felicidade que invadiu a vida de Victória.

– Como você é idiota! – Ela bateu na própria testa deixando o telefone cair no chão com o susto da porta que bateu.

– Falando sozinha? – Ela olhou novamente para a imagem achando que aquilo era uma miragem ou um fantasma. Não era quem ela realmente pensava em ver àquela hora, mas era quem ela mais precisava. – Tá vendo fantasma?

– Logan? O que você...

– Letícia me disse que você estava cMurphydo as mágoas por conta do cara que foi embora hoje de manhã. Ela me pareceu... Chateada e eu vim checar o que aconteceu. Emily parecia até feliz, mas falou comigo como se eu que tivesse colocado o pai dela dentro de um avião.

– Pelo menos ela não está te tratando como se você tivesse matado ele! – Victória olhou Logan se sentar no sofá ao lado dela. – Você disse que não queria me ver nunca mais, porque mudou de ideia?

– Porque você precisa de um amigo. – Logan a fitou e sorriu de lado. – Aquele mesmo amigo do primeiro dia da faculdade, que era meio viado mais era completamente apaixonado por você, mas ainda sim... Era seu melhor amigo. – Ele pegou a mão da garota que ficou meio apreensiva, mas cedeu. Precisava mesmo de um ombro amigo. – Você foi muito burra, Vick.

– Ah nossa! Obrigada mesmo pela parte que me toca, amigo.

– Mas é verdade. – Logan riu dessa vez, tirando sarro da garota. – Tá na cara que você ama esse carinha. Porque o deixou ir embora?

– Porque não temos mais jeito Logan. Você sabe que...

– Você saiu, com uma filha de Londres e reconstruiu sua vida de novo por culpa dele. Essa história, acertei? Mas me diz uma coisa... Foram cinco anos, e você não deixou de amar ele, acha mesmo que agora, com todo esse amor de novo, você vai conseguir?

– Não sei. – ela foi sincera e olhou para o teto sentindo os olhos marejarem. O sorriso, os lábios, o corpo, o cabelo de Zack passou pela sua cabeça, e ela o sentiu perto como se fosse ele e não Logan ali. Ela queria que fosse. Não desprezando seu amigo, mas ela amava mesmo Zack. – Eu preciso pensar!

– Eu te aconselho a não pensar muito Vick. – Logan se levantou puxando a garota consigo. – Eu demorei muito tempo pra poder me declarar pra mulher que eu amava, e acabei a perdendo, mesmo nunca tendo ela pra mim. E agora, você tem a chance de ser feliz. Não larga isso.

– Obrigada Logan. Por ter vindo aqui, por me ajudar mesmo depois de tudo.

– Seja feliz, pequena. – Os dois se abraçaram e Goularth pode sentir toda a confiança e sinceridade do mundo ali. Ela tinha que correr atrás de Zack antes que fosse tarde demais.