Is This Real

by Miss Hope

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Clove estava fazendo a mesma coisa que sempre fazia no salão.

Fazia muito tempo que eu não à via.

Bryan a olhava como a olhou da primeira vez que a viu. Senti-me com onze anos novamente e tudo que queria naquele momento era ir lá e abraçá-la e dizer que senti muita saudade dela nesses últimos anos. Nós não nos falamos desde os onze anos, quando fui avisado de que seria escolhido para me voluntariar nos Jogos deste ano, quando passei a treinar de madrugada e ela continuara treinando à tarde. Mas logo me lembrei que não gostava de ninguém treinando aquele horário além de mim, Bryan e Jason, mesmo sendo Clove.

– O que faz aqui uma hora dessas? – murmurei arrogante. Bryan me olhou, repreendendo-me.

– O que você faz no centro de treinamento? – perguntou ela.

Ela falava como se eu fosse um estranho, acho que ela não se lembrava de mim, e se lembrava, não demonstrava.

– Treina. – respondeu Bryan antes que eu pudesse.

– Exatamente. – disse ela, parando de arremessar as facas e olhando para mim. – Ninguém além de vocês pode treinar nos sábados?

Pensei na resposta por um tempo e quando não falei nada e guardei a espada, a ouvi rir.

– Não vai mais treinar só porque estou aqui? – perguntou ela ironicamente.

– Não. Sou muito ruim perto de você. – falei secamente. Bryan riu.

Ela parou de arremessar facas e olhou para nós. Quando ela fez isso, não consegui me impedir de sorrir. Ela quase não mudara desde a última vez. Continuava linda, mas em seus olhos não se encontrava mais a garota doce e divertida que conheci aos doze anos, via-se uma garota fria e sem medo de nada.

– Não seja cínico, Cato. – disse ela. Ela se lembrava de mim. – Não faz o seu estilo. – foi a ultima coisa que ela disse antes de pegar sua mochila e ir embora. Fiquei paralisado.

A garota que eu conheci, a meu ver, não existia mais dentro de Clove, ou ela estava muito bem escondida.

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Fiquei um tempo ali, parado, me recuperando. Bryan não fez questão de interromper, então ficamos em silencio até outra pessoa entrar no salão. Primeiramente eu achei que era Clove, vindo pedir desculpas, mas logo depois reconheci Enobaria.

– Olá meninos. – cumprimenta ela.

– Olá. – diz Bryan.

– Por acaso a Clove está aqui? – perguntou ela.

– Ela acabou de ir embora. – respondo, voltando a realidade. – Por quê?

– Porque ela deveria estar treinando esses dias também. – ela deixa as palavras no ar. – Ela não contou nada a vocês? – perguntou Enobaria confusa. Eu e Bryan nos olhamos e ela aceitou aquilo como um “não”. – Ela foi escolhida para os Jogos... Junto com o Jason. – disse ela.

Fiquei confuso ela disse que Clove iria para a arena com Jason.

– Como assim com Jason? – perguntei.

– Cato... Jason evoluiu muito nesses últimos anos e vi os dois treinando juntos, fariam uma bela dupla nos jogos. – disse ela. – Me desculpe.

Bryan fez cara de confuso.

– Obrigado por nos avisar.

Ela acenou com a cabeça e foi embora.

Assim que ela saiu dali, comecei a ter um ataque de raiva. Bryan só ficava me olhando e esperando eu me acalmar, ele sabia que não adiantava ele fazer nada.

Tudo explodiu.

Eu iria para os Jogos e deveria vencer, mas como faria isso se nem vou mais para os jogos? Clove foi escolhida e quem ira com ela será Jason e não eu; como foi previsto. Eu não sabia o que pensar. Eu precisava saber por que, justamente, ela foi escolhida.

Depois de alguns minutos esfaqueando alguns alvos e quebrando algumas coisas no salão, sentei-me ao lado de Bryan, quando eu estava mais calmo.

É claro que eu não saberia por que ela foi escolhida, faz seis anos que nós não nos falamos, ou melhor, não nos vemos.

Bryan me fala sobre como ela evoluiu depois que parei de treinar com eles, mesmo com algumas dificuldades, pois eu não estava lá para ajudá-la. Mas ele disse que ela falava que sentia a minha falta. Fiquei feliz com isso. Ele disse que ela mudou muito desde os onze anos. Perguntei se havia mais alguma coisa que eu deveria saber sobre ela e ele disse que tinha algumas coisas que era melhor eu nem saber. Perguntei novamente o que era e ele demorou um pouco, mas respondeu relutante.

– Depois que você parou de treinar com a gente e, conseqüentemente, parou de ajudá-la no treinamento, ela sempre pedia ajuda a mim e a Jason, mas como eu sabia que você não iria gostar de alguém chegando perto dela, eu me recusava, mas Jason... – ele começou.

Ele falou o nome de Jason com tanta entonação que eu quase podia imaginar o que ele iria falar em seguida.

– Bom, ele já havia dito algumas vezes que gostava dela, mas sempre achei que era pra te provocar, mas só percebi que era verdade depois que você parou de ir aos treinos com a gente. – me levantei e fui para a janela de vidro.

Fiquei olhando a chuva por alguns segundo, logo depois dei um soco no vidro.

Não sabia do que eu ficava com mais raiva, de Clove ir para os Jogos, de Jason ir para os Jogos no meu lugar ou dos dois estarem juntos.