– Sra. Chase e Sr. Jackson, chega! Para minha sala, agora! – o diretor falou.

Olhei para Percy (que ainda estava com a boca em forma de ‘O’ preparada para soltar um belo xingamento à minha pessoa) e olhei novamente para o diretor, que nos olhava com aquela carinha nada animadora. Depois de alguns segundos todos – TIPO, TODOS – os alunos que estavam no corredor soltaram um belo e audível “Uh...” e depois se calaram com um olhar meu, um olhar do diretor e um do Percy.

Em seguida todos seguiram para suas salas enquanto eu ainda estava lá parada com cara de paspalho e uma blusa terrivelmente manchada de café. Foi aí que o diretor se pronunciou novamente, dessa vez um pouco mais calmo.

- E então? Que tal os senhores irem explicar o que aconteceu lá na minha sala?

Eu assenti que nem uma retardada ainda com medo de levar uma suspensão e segui em direção à sala do diretor.

- Então, os senhores poderiam me dizer o que aconteceu aqui? – ele disse assim que nós nos acomodamos nas poltronas.

- Acho que é só olhar pras camisas e fica meio claro. – Percy disse e o diretor arqueou as sobrancelhas.

- Ele começou. – eu me pronunciei e tenho absoluta certeza que Percy lançou um olhar nada carinhoso pra mim.

- Foi sem querer!

- Mas derramou do mesmo jeito.

- E depois você derramou em mim!

- Porque você tinha derramado primeiro e se negou a ir buscar uma blusa limpa pra mim! – eu berrei de volta e antes que ele revidasse o diretor o interrompeu (de novo).

- Basta, os dois! – nós nos calamos e ele respirou fundo.

O diretor ficou um tempo em silêncio provavelmente pensando no que faria ou que tipo de punição daria para a gente.

- Com é a primeira advertência de vocês, apenas vou dar dois dias de detenção pra os dois. Semana que vem, Segunda e Terça, depois da aula. E mais um trabalho extra de... Biologia. Pra Segunda.  – ele disse e confesso que fiquei aliviada por ele não ter que chamar meu pai.

- Agora, vão pra casa trocar essa roupa e só me apareçam amanhã, sim? E agradeçam, por que eu fui muito bonzinho dessa vez. Espero que isso não se repita, ok?

Nós assentimos e nos levantamos das poltronas e saímos da sala. Caminhei em direção ao meu armário pegar minhas coisas e depois fui em direção ao estacionamento, torcendo para ainda encontrar o carro lá. Sorte que estava lá.

Junto com o paspalho do Percy.

- O que você pensa que tá fazendo? – ele perguntou quando eu coloquei a mão na maçaneta para abrir a porta.

- Entrando no carro.

- E quem disse que você vai de carro?

Olhei pra ele com aquele olhar “melhor-se-calar-se-quer-viver”.

- Eu. – e entrei n carro, com ele logo em seguida.

O caminho até a casa foi, como eu já esperava, silencioso. Percy apenas dirigia e eu olhava a rua com a cara virada para a minha janela.

 Assim que chegamos ambos descemos do carro e eu abri a porta com minha chave, entrando e deixando o outro inútil entrar para fechar a porta de novo.

Logo depois que eu fiz isso ia me virando para subir a escada quando ouço a voz de Percy:

- Se minha mãe ou seu pai perguntarem...

- A aula foi maravilhosa. – eu continuei.

- Ótimo.

- Ótimo. – depois disso me virei e fui subir as escadas para ir pro meu quarto.

Como ainda era nove horas dormi até mais ou menos umas onze horas, já que eu não tinha nada para fazer mesmo.

Passei o dia todo sem fazer nada, só saia do um quarto para ir para cozinha ou ao banheiro, tentando ter o mínimo contato possível com ele – não sabia se ele ainda estava com raiva de mim.

Na hora do jantar, todos nós estávamos reunidos na sala de Jantar (unhum, jura dona Annabeth?), Sally e meu pai tinham chegado a pouco tempo e nós tentávamos ter uma conversa amigável. Ah, por sinal, as coisas estão quase melhores com o Percy.

- E então, como foi o colégio hoje? – meu pai soltou a pergunta que eu menos queria ouvir.

Olhei discretamente para Percy e ele disse:

- Foi legal...

- É, foi... legal. Os professores deram assunto novo... foi... Legal. – eu terminei com um sorriso no canto dos lábios.

- Bom, a Noite de Autógrafos do meu livro será no Domingo! – Sally disse e, graças a Deus, todos voltamos a conversa para o evento. Ah, e antes que você se pergunte sobre o que bulhufas é o livro dela, é um romance se passado na Grécia, se eu não me engano.

Depois de jantar eu fui arrumar minhas coisas para a aula de amanhã e acabei dormindo pouco tempo depois disso.

O que eu posso dizer do meu dia de hoje? Foi um saco.

Mas, amanhã é sexta e sábado tem a festa do sinal.

Eba.

...

Bom, hoje é sábado!

Eu poderia muito bem enrolar aqui contado como foram minhas aulas ontem, mas o fato é que nenhum ser humano do 3º ano do West Point High School estava prestando atenção em alguma aula. Todos estavam com a cabeça na festa de hoje à noite.

Devo dizer que eu não sou uma exceção?

Ontem passei a tarde toda na casa da Silena arrumando os preparativos para a festa e isso só me deixou mais ansiosa ainda.

Mas apenas digamos que a coisa mais ‘fora da minha rotina’ que aconteceu ontem foi quando eu estava indo dormir.

Já estava deitada e ia apagando a luz do abajur quando escuto batidas na minha porta.

- Entra. – eu disse a cabeça de Percy apareceu assim que ele abriu a porta.

- Tava dormindo? – eu balancei a cabeça dizendo que não e ele prosseguiu – Queria te fazer uma pergunta: tem problema se mudar a cor da camisa de última hora? Tem que tipo, trocar o ingresso?

- Não. Por quê?

- Porque eu e Drew acabamos. Vou de verde agora.

- Ah... – eu disse – Eu poderia dizer que sinto muito mas... eu não sinto.

- Relaxa, eu também não. – ele disse e abriu um sorriso, que eu retribui.

- Bom, valeu. E boa noite. – ele continuou.

- Boa noite, Percy.

Depois disso, eu fui dormir, óbvio.

...

Quando deram nove horas decidi sair de casa. Percy já tinha saído, vestido numa blusa de botões verde – da cor dos olhos dele -, meu pai e Sally estavam na sala assistindo TV.

Me olhei mais uma vez antes de sair de do meu quarto. Eu vestia uma saia com a cintura acima do umbigo bem verde e um top preto que acabava dois dedos antes da saia. Calcei saltos pretos e peguei uma clutch verde.

Assim que percebi que minha roupa estava ok, desci as escadas, passando pela sala apenas para dar tchau para os dois.

- Tchau filha! Se cuide. E mande sinal de vida!

- Pode deixar. Tchau Sally!

- Tchau querida!

Depois disso sai de casa e entrei no carro, dando partida e dirigindo até a casa de Silena.

Dava para perceber que ia ter uma festa ali na distância de 1km da casa dela, pois não paravam de chegar pessoas, a casa tava cheia de luzes verde, amarela e vermelha, sem contar que tinha um som alto tocando e pessoas espalhadas pelo jardim.

Estacionei o carro e desci, cumprimentando as pessoas que eu conhecia na entrada. Assim que entrei na casa propriamente dita vi que a divulgação dos Stoll’s realmente fizera sucesso, a festa estava lotada. LOTADA.

Completamente. Tinham pessoas para todos os lados, algumas conversando, algumas dançando, algumas bebendo e algumas... enfim.

Ao mesmo tempo que ia procurando Thalia, ou Rachel, ia falando com algumas pessoas. Falei com Katie, que estava de amarelo (com quem Katie tá ficando?!), com Silena, que estava ao lado de seu namorado, Charles – que eu lembrei ser o carinha da avaliação do time de basquete que ficou em segundo lugar – até que vi uma vaca vestida de verde dançando com um cara no meio da pista.

Ops, correção: vi a Drew vestida de verde dançando com um cara no meio da pista. Segurei meu impulso de ir tirar onda da cara dela só porque ela tá solteira de novo agora, até porque eu acho que ela já arrumou companhia numa bela demonstração da vaca que ela é.

Achei Rachel, Luke e Thalia perto do bar. Pedi um Violetta e fui falar com eles.

Devo confessar que quando eu imaginei a festa na minha cabeça eu estaria mais animada. Mas, a festa só está começando, certo? Certo.

Coincidentemente assim que esse pensamento passou pela minha cabeça um certo ser vestido numa blusa de botões verdes passou por mim.

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 Devo confessar que quando eu imaginei a festa na minha cabeça eu estaria mais animada. Mas, a festa só está começando, certo? Certo.