A Beautiful Mess

– Annie, acorda. – meu pai falou da porta do quarto. – Annie são 6:35 você vai se atrasar.

Eu dei um pulo da cama. O quê? Eu tinha dormido tanto assim? Não, isso não podia ser possível. Olhei no relógio. É não podia isso não mesmo podia ser possível. Por que também não era verdade. Ainda eram 6:15.

– Pai!

– Se eu falasse que ainda eram 6:15 você não ia se levantar logo! – ele gritou da porta do quarto dele.

– É, não ia mesmo! – eu respondi entrando no banheiro.

– Tá vendo como eu te conheço bem?

Me olhei no espelho. Minha cara estava de sono, meu cabelo bagunçado, tinha olheiras por que fiquei até tarde terminando o trabalho de História e eu estava, com toda certeza, a menina mais sexy de West Point.

Entrei no chuveiro e tomei um banho rápido por que ainda tinha que passar na casa da Thalia para dar carona a ela hoje de manhã. Quando sai, vesti a primeira roupa que vi no armário e fui tomar café.

Peguei o suco de laranja na geladeira, coloquei num copo, botei um pão na torradeira e comecei a tomar o suco. Peguei o pão, comi, subi as escadas, escovei os dentes, peguei a mochila e desci as escadas de novo.

– Tchau pai! – gritei da porta.

– Tchau filha!

Peguei as chaves e sai para buscar a Thalia. Eu sei que isso foi uma narrativa meio apressada, mas isso é o que minha manhã é: apressada. Mas por sorte meu pai não ia precisar do carro hoje, então não ia ter que ir andando ou ir de carona – de novo – com a Rachel.

Quando cheguei ao apartamento da Thalia dei uma buzinada e o portão se abriu, ela saiu do prédio e entrou no carro.

– Bom dia, Annie!

– Bom dia, Thalia.

– Nossa Annabeth, pra que tanta animação assim menina, ainda são 6:50! – ela falou, brincando.

– Fui dormir tarde ontem terminando aquele trabalho de história.

– Era pra hoje?

– Sim.

– Ah...

– Você esqueceu.

– Tanto faz. O professor já me odeia mesmo, levando trabalho ou não.

Balancei a cabeça em desaprovação, mas continuei dirigindo calada. Assim que chegamos ao colégio Thalia comprou um café no estacionamento e fomos para a sala, onde ficamos conversando até a professora chegar. Na segunda aula, quando fomos trocar de sala, vimos o Luke no corredor.

– Fala Annie! – ele disse bagunçando meu cabelo.

– Oi Luke! – eu respondi bagunçando o cabelo dele de volta.

– Oi Thalia. – ele disse para ela meio estranho.

– Oi. – ela respondeu do mesmo jeito.

Nós três somos amigos desde que eu tinha sete anos e desde então continuamos amigos, mas de uns dias para cá a Thalia e o Luke estão meio estranhos, mas nenhum dos dois me diz nada sobre isso.

– Bom... – eu tentei quebrar o clima. – Vamos pra aula? – tá, essa não foi a maneira mais eficiente, mas eu tentei, certo?

A próxima aula era de história, a do professor inútil que me passou aquele trabalho. Rachel estava nos esperando na porta com uma cara ansiosa.

– Annie, me diz que você fez o trabalho. – ela falou.

– Você ainda tem dúvida? - Thalia falou.

– E você Thalia, fez? – Rachel perguntou.

– Você ainda tem dúvida? – eu falei.

– Enfim, Annie, você... Tipo... Precisa colocar meu nome no trabalho.

– Como se pudesse.

– Mas pode. – ela falou sorrindo. – O trabalho poderia ser feito sozinho, em dupla, ou em trio.

– Annie, você precisa colocar nosso nome nesse trabalho. – Thalia disse.

Pensei um pouco. Por um instante quis recusar, afinal, passei a noite toda escrevendo aquilo. Mas elas são minhas melhores amigas então que se dane o resto, eu ia sempre ajudar elas. Peguei uma caneta e coloquei os nomes das embaixo do meu antes que o professor chegasse.

Quando ele passou de mesa em mesa para recolher os trabalhos ele pegou o meu, olhou os nomes e depois olhou incrédulo para Thalia.

– Thalia? Você fez mesmo esse trabalho?

– Claro professor. – ela respondeu da cadeira atrás da minha.

– E sobre o que foi?

Ela hesitou por um segundo, mas depois respondeu:

– Se você, que passou o trabalho, não sabe, como eu, uma mera aluna, saberia?

O professor deu as costas enquanto alguns alunos riam. Eu olhei para trás e ela piscou o olho e deu um riso enquanto se encostava na cadeira.

Depois da aula nós três fomos para uma loja de vestidos de festa. Prometi ao meu pai que iria lá depois da aula para provar o meu vestido de dama de honra. Daqui a uma semana meu pai iria se casar com uma escritora chamada Sally Jackson. Eles se conheceram ano passado quando ela procurou meu pai para um projeto de um livro que ela ia escrever, e como meu pai é historiador ele a ajudou com a parte histórica – jura, Annie? – e passaram a se ver mais e se conhecer melhor até que acabaram namorando.

Sally mora do outro lado da cidade, mas vai se mudar para cá daqui a dois dias. Eu sei que ela tem um filho da minha idade, 17, mas nunca nos vimos antes, todas as vezes que ela vai lá em casa ela vai sozinha. Eu só espero que ele seja, no mínimo, legal, pois vou ter que conviver com ele debaixo do mesmo teto.

Cheguei à recepção da loja e perguntei pelo vestido que a Sally tinha escolhido. A mulher me levou para um provador que tinha um vestido azul pendurado e eu o provei. Era tomara que caia e ia até um pouco acima do joelho, era mais justo em cima e tinha a saia mais rodada. Sai do provador para mostrar as meninas como era o vestido.

– Ah, tá lindo, Annie! – Rachel disse.

– Fiu fiu. – Thalia brincou.

Eu virei para o espelho e alisei a saia do vestido.

– Eu não sei... Acho que está muito curto... – falei.

– Não, Annie, tá lindo. Você vai pro casamento de dama ou vai celebrar ele do lado do padre? – Thalia falou.

Olhei de novo e antes que eu pudesse protestar a mulher da loja chegou falando como eu estava linda, e não sei mais o que. Mas eu garanto que se ela fosse me vender o pior vestido do mundo ela ia falar que eu ia tá a pessoa mais linda que ela já viu. Ela colocou uns alfinetes para fazer uns pequenos ajustes e disse que eu poderia pegar ele na quinta feira.

Quando sai da loja fui para casa e as meninas foram também. Assim que cheguei vi meu pai lendo jornal e assistindo TV na sala. Falei com ele e subi com as meninas para o quarto. Depois de uma hora Rachel foi embora, pois os pais dela ligaram pra ela, mas Thalia ficou lá em casa.

Desci para perguntar se meu pai queria ajuda com o jantar, mas ele falou que tinha pedido comida, então eu voltei pro quarto e fiquei conversando com a Thalia até o jantar chegar. Depois ela perguntou:

– Posso dormir aqui?

– E se eu dissesse que não...?

– Eu ia dormir do mesmo jeito.

Peguei um pijama e joguei para ela, que se deitou na bicama. Ficamos conversando mais um pouco até que fomos dormir. Thalia mora só com o pai dela, que é um empresário muito rico e vive viajando.

No outro dia de manhã o despertador tocou as 6:10, como sempre. Dei um tapa nele para desligar e sentei na cama. Olhei para Thalia, que continuava a dormir.

– Ei, acorda. - eu jogando um travesseiro nela.

Thalia abriu os olhos com muita preguiça e se espreguiçou. Eu levantei da cama e fui tomar banho.

Como o pai dela vivia viajando era comum ela dormir aqui em casa, então meu pai já estava acostumado, era como se Thalia fosse minha irmã.

Entrei no chuveiro e tomei um banho quente para despertar - o ideal seria frio, mas a coragem não permite - e fui me vestir. Peguei um short e uma blusa, calcei uma sapatilha e desci para tomar café enquanto Thalia se arrumava.

– Bom dia, pai.

– Bom dia minha filha! Cadê a Thalia?

– Tá lá em cima.

– Certo. - ele deu um último gole na xícara de chá. - Tenho que ir, não vai dar para dar carona. Vocês vão a pé? - ele perguntou.

– Vamos sim.

– Então tá, tchau. - ele deu um beijo na minha testa e saiu.

Comecei a tomar café depois dei um berro pra Thalia se apressar logo para não chegarmos atrasadas. Quando ela terminou de tomar café fomos andando pra aula. A minha sorte é que o colégio não é muito longe da minha casa.