Distrito 5 - A Força Da Inteligência escrita por BelleJRock


Capítulo 31
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!! Aqui estou eu, postando mais uma capítulo para vocês! Bem eu espero que vocês realmente não tenham abandonado minha fic pela demora das postagens :/ . Na verdade somente uma pessoa vem comentando a história, então eu estou suspeitando disso D: . Mesmo assim, obrigado por ter acompanhado e quem estiver ainda lendo obrigada também!! A fic está chegando ao seu fim, para anunciar: esse é o antepenúltimo capítulo! T.T Boa leitura!



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                            Demorou um pouco para reconhecer que Thresh foi embora para sempre. Simplesmente não conseguia aceitar isso. Fiquei com sua imagem na cabeça. Como poderia estar mais saudável nos Jogos? Tive pena, mas acima de tudo, tive remorso. Depois me lembrei da tributo do 11, sua parceira, como se chamava mesmo? Ah, Rue. Já faz um tempo em que a encontrei catando raízes para encontrar-se com Katniss. Algo naquela garotinha era especial. Ela transparecia leveza e pureza. Talvez ela fosse a única que conseguia sentir isso dentro da arena. Ah, seus olhos. Eles perfuravam nossa crosta impenetrável de amargura e tocava-nos em algum ponto em que nós gostaríamos de esconder e guardar bem no fundo de nossas almas. Nossos bons momentos. Por alguma razão ela fazia isto em nós.

                        Assim como Ethan. Depois de tanto tempo, parecia que eu havia me conformado com tudo isso. E então ele volta. Uma dor inexplicável. Um sentimento de culpa. Vejo-o andando perto de mim pela floresta. Com uma bolsa cinza e aparentemente vazia, ele andava feliz. Como sempre. Olhava as plantas, tocava o solo, os troncos e não tirava aquele sorriso da cara. Não podia acreditar que estava vendo-o diante de meus olhos. Ele ainda estava com sua face redonda, boca fina e olhos pequenos. Ele se misturava com a natureza já que estava cheio de lama. De repente ele parou e seu sorriso desmanchou-se. Ele virou em minha direção e eu pude ver o enorme corte em sua garganta, ainda aberto e sangrando. Gotas de sangue pingavam e quando chegavam a centímetros do chão elas evaporavam. Outros cortes menores também se espalhavam pelo corpo. E ele não possuía nenhuma arma, nenhum tipo de faca ou artefato altamente cortante. Mataram ele sem dar-lhe a chance de lutar. Covardes! Como puderam fazer isto!? Lágrimas vieram em meus olhos e Ethan continuava a me encarar, e seu corte a pingar.

                              Ele me observava com um olhar melancólico, como se estivesse triste comigo. Como se quisesse me mostrar o quanto eu o deixei sofrer. Agora comecei a chorar e sentir-me culpada, idiota, e que na verdade eu era covarde. As câmeras da capital devem estar pegando esse momento e achando que eu estou enlouquecendo. Ethan estava morto, não é?

            Eu não conseguia falar nada para ele, somente chorar enquanto encolhia meus joelhos ralados. Apoiava meu queixo em cima deles e abraçava minhas pernas. Em cada soluço, tentava pronunciar alguma palavra, mas saía algum som meio estranho. Ele continuava me encarando, e provavelmente desaprovando eu ficar chorando em troca. Então ele balançou a cabeça negando algo. Ele deu-me um leve sorriso que durou pelo menos dois segundos e eu parei de chorar. Seu olhar já não preservava seu brilho, eram opacos e pequenos agora. E agora me observava com pena. Foi aí que eu realizei que ele tinha dó de mim. Não dele. Ele ficou triste por eu ainda estar nesse mundo. Esse mundo solitário. Arrogante. Acho que ele percebeu que eu tinha entendido e deu-me um sorriso.

                       Senti-me sozinha. Talvez ele esteja dizendo para eu desistir de tudo e ir embora dali, juntar-me a ele. Daí, ele tirou seu sorriso e negou novamente com a cabeça, como lesse minha mente. Ele apontou para o fim da mata onde começava o rio principal. Já estava claro e eu podia ver a linha do horizonte entre as árvores, no fundo da floresta oposta. Ele sorriu e fez um gesto com a mão significando para eu continuar em frente. Depois apontou para seu peito, onde ficava o coração. Sorriu e assentiu com a cabeça. Foi ficando muito pálido. Sua imagem se distorceu como se você estivesse vendo seu reflexo num lago calmo e de repente jogasse uma pedra nele. Suas pernas foram desaparecendo, depois a barriga e então se foi completamente.       

                           Vi que a mata ficou um pouco mais escura quando Ethan voltou para seu lugar. O silêncio das árvores, pássaros, folhas caíram na floresta. Nenhuma brisa soprava ali. Nem mesmo o lago fazia barulhos de bolhas da correnteza. Tudo estava calmo, como se estivessem fazendo silêncio por onde Ethan passasse. Como se por um momento se libertassem do controle dos idealizadores e tivessem um respeito por Ethan, o domador da floresta. Assim como Rue, quando catava raízes e os pássaros cantavam, as folhas dançavam e a brisa refrescava. Ela era o coração de lá. Eles eram pessoas que davam vida para aquelas que já não tinha esperança.

                              Fiquei um tempo encarando o local onde Ethan estava, até que senti o vento, a água e as folhas novamente voltaram a mexer-se. Limpei meu rosto úmido das lágrimas, respirei fundo e voltei a pensar numa estratégia.

                               Havia passado meia hora e guardei minhas garrafas e qualquer coisa que fosse minha pelo chão. Infelizmente senti-me fraca, não fisicamente, mas emocionalmente. Como se alguém tivesse acabado de me humilhar e me desencorajar para a vida. Mas aí me lembrei de Ethan fazendo todos aqueles gestos, os olhos de Rue, os ensinamentos de meus pais, as conversas com meu irmão Ed, e o último momento de trégua e amor fraternal entre eu e meu irmão mais velho. Tudo isso se juntou e me deu forças pelo menos para ficar em pé.

                               Fiquei caminhando pela mata descendo o rio. Sempre olhando para a margem para que não me perdesse. Às vezes parava e pegava algumas raízes enquanto pensava no que fazer.

                                Primeiro gostaria de carne. Fiquei pensando em alguma arapuca para pegar um coelho ou algum esquilo. Mas iria fazer isso quando o sol estiver alto o suficiente, pois é nesse horário que os animaizinhos irão procurar um almoço. Depois preciso achar um bom esconderijo e construir alguma estratégia para acelerar o processo de término do jogo.

                               Lembrar quem faltava no jogo era algo fácil agora:

                               Eu. Katniss. Seu parceiro. Cato. Tentei lembrar o nome do garoto, era algo parecido com Peter, Pete...

                                Tenho certeza de que Katniss e seu amigo, quem eu irei chamar de ‘’P’’, estão juntos. Ela é boa na caça, arco e flecha, estratégica e muito inteligente. Talvez uma das mais fortes do jogo. P eu não sei. Talvez também seja bom em algum quesito. Porém, há algo em minha cabeça, uma memória, que ele está. Tentei me lembrar nas vezes em que o encontrei. Somente no centro de treinamento.

                                  É isso!

                                   Quando estava na estação de camuflagem, ele estava lá. Pintava-se igual á um tronco de árvore. Foi inacreditável a perfeição com que ele fazia. Fiquei admirada quando confundi sua mão com um tronco. Ele devia ser um pintor ou um artesão em seu distrito. Então sabemos que P sabe camuflar-se muito bem. Na verdade, foram poucas as vezes em que o vi em outras estações. Passava maior parte do tempo se pintando.

                                    Também percebi algo nele: sua musculatura. Possuía ombros largos, braços grossos e definidos. Não tão grandes quanto os de Cato ou Thresh, mas eram bons o suficiente para levantar uma bola de metal gigante que ele arremessara pelo centro de treinamento. Então sabemos que ele também é forte. No distrito 12, um dos mais ignorados, com certeza não recebe treinamento, então ele devia trabalhar com grande peso. O que provavelmente seria as matérias para seus produtos de artesanato. Ou então ele tem um talento que antes era desconhecido e trabalhava com os pais.

                                      Cato não é preciso nem pensar. Ele já mostrou toda sua fúria, habilidade e monstruosidade em alguns dias da arena. Eu só gostaria de saber o quanto está ferido, cansando ou faminto.

                                        Vi que estava suando, pela primeira vez depois de dias, e fiquei contente em saber que tinha água dentro do meu corpo. Olhei para cima e o sol estava em seu horário mais quente. Foi só agora que percebi que a chuva parara completamente desde manhã e o sol tornou a surgir forte. Talvez fosse um sinal de bom destino. Afundei alguns passos na floresta ciliar e sentei apoiando-me num tronco.  Bebi um gole de água e depois fui atrás de algumas matérias para minha arapuca. O princípio das manivelas. Já tinha os fios, agora era só procurar algumas pedras, madeira e uma fruta. Ela poderia passar mais energia.

                                        Procurei tudo, e em alguns minutos já estava tudo pronto. Montei uma manivela moldando a madeira, liguei a algumas pedras achatadas que giravam no mesmo movimento como hélices. Coloquei fios nelas. Duas pontas saíam das pedras, e outras duas seguiam um percurso até as pequenas paredes de arames que se apoiavam fazendo um teto num pequeno buraco. As pontas que estavam soltas, eu finquei uma fruta nelas. Acho que era uma romã. Lembrei-me do dia em que mostrei para minha sala uma batata nuns fios que chegavam até uma lâmpada que acendeu levemente. Ah, a curiosa energia da natureza.

                                        Coloquei as raízes que eu pegara, junto com outras romãs e sementes no buraco e esperei. Atrás de uma árvore, fiquei concentrada girando devagar a manivela. Não ouvia nem minha respiração. Foi aí, que depois de exatos quarenta minutos, apareceu um esquilo. Ele rondou o buraco, olhou para os lados e com uma rapidez entrou dentro para ver que tipo de comida havia lá. Puxei um dos fios e a parede de arame caiu, e antes que o esquilo saísse, girei a manivela euforicamente e o outro fio conectado deu energia aos arames que começaram a atordoar o pobre animal. Depois de um tempo, ele quieto em seu canto, totalmente domado, fui até lá e com frieza o apunhalei em suas costas e ele deu seu último grunhido.

                                            Fui até a clareira do rio, peguei algumas pedras quentes e coloquei as carnes. Claro que estava mal passada, mas abocanhei tudo. Deixei um pouco para hoje à noite e enrolei nas tiras de tecido. Comi um dos biscoitos, que já estavam em seu fim, e dei um gole de água. Isso sim foi um banquete de rei. Estava satisfeita e contente com meu trabalho. Depois desarmei minha armadilha e guardei somente os fios e arames. Subi numa árvore e fiquei descansando.

                                          O sol aquecendo os ossos que pareciam ainda congelados pelas noites passadas, porém fiquei numa sombra que me protegia da insolação. Olho para o chão e vejo o quão alto estou.

                                           - Assim que é bom. Ninguém me vê aqui enquanto descanso – Disse a mim mesma. Lembrei no começo dos jogos quando eu tinha pavor de dormir em árvore. Ri desse pensamento, e vejo o quão maravilhoso é ficar em uma. E com os sons da natureza, cochilei.

                                            Os mesmo sons naturais me fizeram acordar, o barulho de folhas secas quebrando-se e uns murmúrios nervosos. Quando olho para baixo, quase caio da árvore.


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Notas finais do capítulo

E aí gostaram? Odiaram? Algum erro? Mande reviews! Me ajuda a melhorar minha fic, corrigir erros, e me motivar! Não custa nada né? Obrigado por ler!



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