A Fuga escrita por Mikumikitakika


Capítulo 4
Capítulo 4




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Estão na estrada há já algumas horas e não falam.

        Rukia sente-se esmagada por um silêncio opressivo, um silêncio que nada dá e ainda menos pede em troca. Não tem como se livrar dele a menos que volte para casa, não que isso fosse minimamente seguro mas caso seja a sua única opção fá-lo-á. Tem vontade de olhar para Ichigo mas falta-lhe a coragem pois não lhe sai da cabeça a ideia de que este poderá já estar com Orihime ou qualquer outra mulher. Tem a pungente certeza de que o perdeu e já não há mais nada a fazer mas ao mesmo tempo sente uma vontade tremenda de o abraçar e beijar e de lhe confessar que não parou de pensar nele nem por um minuto.

        Ichigo está sentado mesmo ali ao lado dela com vontade de lhe tocas mas não o faz. Sente que se o fizer ela irá resvalar para mais longe de si. Sente-se totalmente despedaçado, como se não a pudesse voltar a ver e o tempo tivesse voltado um ano atrás, com a única diferença de que agora ela está ao seu lado e ele seria capaz de a forçar a ouvi-lo se realmente o quisesse. O problema não é ela não o amar ou não o querer mas sim decidir que o quer de maneira a manter a sua independência própria e a sua individualidade.

        Sabem ambos que uma relação implica cedências e nenhum dos dois está disposto a ceder um milímetro no seu espaço pessoal, mesmo que isso signifique que nunca ficarão juntos. Ambos o sabem e não cedem em nada.

        Ichigo olha profundamente Rukia enquanto ela fica tensa e aperta o volante como se o quisesse partir. Estende resolutamente a mão para ela e envolve uma das mãos dela com a sua. Rukia tenta fugir ao toque mas rende-se finalmente e retira a mão do volante mantendo-a na dele.

        - Que queres? – pergunta ela

        - Quero o que sempre quis. Quero-te a ti como sempre quis e sempre vou querer. Desculpa-me não ter estado lá contigo quando mais precisavas de mim.

        - As tuas desculpas não me servem de nada. Não mudam o que se passou e não trazem os nossos momentos de volta por isso mais vale não dizeres mais nada.

        - Eu sei que nunca me vais perdoar e mesmo assim peço desculpa. Sei que te magoei mais que tudo meu amor, mas, por favor desculpa-me.

        - Não consigo. É mais forte que eu, só me sinto capaz de te odiar agora. Não consigo sentir nada de bom por ti quando sei o quanto me magoaste e nem te importaste com isso.

        Ichigo agarra-a com unhas e dentes, apertando-lhe a mão como se a sua vida dependesse disso, e talvez a vida não dependesse mas a sobrevivência da confiança dela nele dependia. Kia sente-se mal, tem vontade de o abraçar e o puxar para si mas mais que tudo tem consciência de não poder fazê-lo sob pena de o voltar a perder e desta vez para sempre. Ele sente a hesitação dela e mais que tudo deseja tanto quanto ela estar perto, mas, também ele sente a pressão de poder perdê-la a esmaga-lo e a dar-lhe ainda menos vontade de lutar contra o que sente por ela. Ambos estão quase perdidos para o que sentem um pelo outro mas enquanto restar uma pequena pontada de dúvida nunca serão felizes e ambos o sabem mas nenhum faz nada para dissipar as dúvidas do outro, ou talvez não tenham realmente consciência que partilham o mesmo tipo de dúvidas.

        Cada um tem como maior desejo pertencer de corpo e alma ao outro mas mesmo assim nenhum dos dois é capaz de dar um passo em frente e assumir frontalmente o que sente. Rukia sente o seu coração a bater muito rápido e tem medo que deixá-lo ir seja a resposta certa a todos os seus problemas e que caso o faça possa finalmente regressar a Nova Iorque e à casa que construiu para si. Ao mesmo tempo Ichigo tem o mesmo tipo de dúvidas mas tem a certeza que não voltará a deixá-la ainda que ela o deixe ir e até tente mandá-lo para longe ele não irá. Ambos sofrem da mesma incapacidade de ser o que o outro precisa e ao mesmo tempo ambos precisam de ser quem são sem mudanças de estado bruscas. Não é que não se amem o suficiente, pois a verdade é que chegam a amar-se demasiado profundamente para o seu bem.


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