Shadow Touch escrita por Lady TMS


Capítulo 27
Capitulo 27-1


Notas iniciais do capítulo

Dividido em duas partes >o



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Suspirou quando Jonh fechou a porta. As coisas não estavam nada bem...

Por mais cômoda que estivesse se sentindo agora, sabia que de novo ela só estava presa em uma gaiola um pouco maior e com um carcereiro arrogante e bonito.

Tirou o cabelo do rosto e se sentou de novo no beiral da janela. Abriu a janela na necessidade de se sentir menos presa. O vento frio balançava seu cabelo, comendo sem remorso seu rosto deixando a ponta de seu nariz vermelho e congelado, mas era uma sensação boa.

Quando estava começando a se sentir menos cansada teve um deslumbre de um pássaro atravessando o céu em sua direção.

Não teria percebido se não fosse pelo barulho das asas contra o vento. Um corvo...

Pôs-se de cara feia. Com aquela penugem negra ele era um símbolo de mau presságio.

Rapidamente ele pousou no parapeito e ficou a observando.

Devagar pegou um pedaço de pão e deu ao pássaro beliscar. Bem, olhando agora de perto ele não parecia tão feio, embora fosse velho, com suas penas falhas e bico cheio de marcas.

Não se considerava uma perita, mas ele parecia estar com fome. Só depois de um tempo percebeu um pequeno colar dourado.

Edgar...

O pequeno animal selvagem tinha dono...

No dia seguinte, havia acordado sem ninguém ter que ficar a chamando.

O sol brilhava e se sentia mais revigorada. Tomou um banho, que estava começando a ser a sua parte favorita do dia. A banheira, por outro lado, exercia um enorme poder sobre ela, mas evitava a qualquer custo só de imaginar que Jonh a usava.

O que seu avô pensaria sobre ela sendo beijada, morando com um homem e dividindo um banheiro? Não, nem queria pensar nisso. Quanto mais se mantivesse sem culpa, melhor.

O que ironicamente ia contra tudo isso, quando desceu com uma das blusas de Jonh. Mas não conseguia vestir a mesma roupa suja e fedida que usara no dia anterior.

Ouviu vozes provindas da sala de café da manhã, e mesmo com envergonhada se dirigiu até lá. Estava com fome, mas ignorou quando viu Jonh conversando com uma senhora de cabelos grisalhos de porte orgulhoso.

Quando ambos a viram se calaram. A senhora que deveria ser parente de Jonh levantou a sobrancelha ao vê-la, o que a fez se sentir a rameira mais indecente que tivesse visto.

Johana ergueu o queixo na defensiva e ficou na porta dupla esperando que as apresentassem. Estava desconfortável com os olhares de ambos, principalmente da de Jonh que demorou um pouco mais de tempo em suas pernas.

–Essa seria uma de suas amigas? – a senhora quebrou o silêncio se sentando mais ereta em sua cadeira.

–Esta, tia, é Johana Locker Regi, a descendente de Henrique Thorn. E a quem pedi que a senhora acompanhasse por um tempo.

–Devo compreender que você não passou dos limites do papel de tutor, Jonhathan? – perguntou escandalizada.

–Se tivesse não pediria que nos acompanhasse – respondeu friamente.

–Ótimo. Há algum motivo para ela estar só com sua camiseta?

–As roupas dela – interrompeu a conversa de ambos- provavelmente viraram lixo a alguns quilômetros daqui, quando a obrigaram a atravessar Ebon somente com a peça do corpo.

– Que sem educação – a senhora falou mortificada a Jonh – vejo que terei coisas a ensinar em vez de somente acompanha-los.

–Não tem que me ensinar nada – Johana replicou, mas não foi ouvida, pois a senhora falava ao seu sobrinho sobre as várias coisas que tinha em mente.

Jonh nada fazia para evitar a situação. Na verdade estava se divertindo com aquele brilho risonho em seus olhos que chegava quase imperceptivelmente a sua boca.

Porque ele sempre se escondia, nunca se permitindo nem sorrir? Ou possivelmente Jonh era somente assim e ela estava se engando...

Afastou-se da porta e se sentou na cumprida mesa distante daquela família maluca enquanto sem querer acabava ouvindo a tia tagarela falando de seus planos para ela.

Porque as pessoas insistiam em não perguntar a ela sobre o que pensava? Como se fosse uma criança incapaz de decidir do que precisava ou não. Por deus! Tinha dezoito anos. Cuidava-se sozinha e de umas tantas famílias desde os treze anos.

Isso a fez lembrar-se da pequena plantação de sua casa. Tinha acabado de vender o último saco de batatas que todos tinham trabalhado com tanto esforço, antes do incidente daquela noite.

Pensariam que ela havia fugido com o dinheiro...

Sem dúvida pensavam isso.

Ficou pálida de repente. Como sobreviveriam? O último salário deles já deveria ter se extinguido. Deus sabe que as dela já havia, e só gastava com ela mesma.

Além disso, não havia ninguém além dela que gerenciasse a propriedade e partisse o dinheiro. A terra pertencia a ela e tudo ficaria abandonado até que fosse declarada morta. Poderia levar anos até que isso ocorresse...

–Tenho que voltar! – murmurou. Embora baixo, a conversa cessou de repente e tanto como Jonh como à senhora a qual ainda não sabia o nome a olharam.

–Não pode estar falando sério - a mulher reclamou – mal foi entregue a responsabilidade da família e já esta querendo fazer como Thorn. Vindo de uma família traidora...

Embora continuasse tagarelando um sem fim de acusações contra ela, não prestou atenção. Sua mente estava ainda pesando todas as consequências de seu sumiço e como poderia resolver.

–Preciso voltar – repetiu novamente.

Levantou-se da mesa ainda em choque e caminhou para o quarto. Precisava trocar de roupa, e depois tentar falar com as bruxas. Agora que sabia usar um pouco de magia estava certo de conseguiria encontra-las sozinhas ou sair a esmo procurando pelas ruas.

Saiu ignorando os olhares em suas costas e só parou quando chegou as escadas para subi-las mais rápido. Não importava que a achassem louca. Com certeza já pensavam o suficientemente ruim dela sem a conhecer.

Tinha que manter alguns dos seus valores senão perderia a si própria, quando já não podia reconhecer seu exterior.

Sentiu passos atrás dela no hall que antecedia o corredor dos quartos. Virou-se para encontrar Jonh pacientemente a seguindo querendo respostas.

–Eu tenho que voltar – começou – preciso resolver... Assuntos... antes de assumir qualquer coisa indefinidamente aqui em Ebon.

–Assuntos...? – perguntou calmamente

– Vocês me vigiaram sabe quanto tempo. Sabe que há famílias que estão sobre minha responsabilidade. Não posso desaparecer assim.

– E quanto tempo demoraria em resolver esses assuntos?

–Não sei. Dado que perdi o dinheiro da plantação que estava na minha bolsa – acusou – teria que arranjar para vender algumas coisas, talvez até a casa, o terreno, para conseguir o dinheiro e deixa-los sobreviver com isso, posto que eu vá abandona-los.

Embora se esforçasse para falar com toda praticidade sabia que era uma causa perdida aos olhos de Jonh. Poderia demorar uma quantidade horrenda de tempo que não tinha para conseguir colocar a casa a venda, ou no mínimo, para achar alguém de confiança para cuidar disso.

Sem falar no quanto doía ter que se livrar assim de algo que ainda achava no íntimo pertencer ao seu avô. Sua última ligação.

–Precisa me deixar fazer isso- voltou sua atenção para Jonh – Vocês só decidiram até agora tudo o que eu tinha que fazer. Por favor, me deixe faze-lo e nunca mais reclamo de nada.

– Não posso. O nosso mundo depende do seu treinamento agora. Você não pode se ausentar só por causa de uma ou duas famílias.

–Eu voltaria rápido. Daria um jeito.

Jonh só permanecia parado. E ela estava ficando sem argumentos.

–Mas eles...

– Não – interrompeu Jonh – temos pouco tempo, e acima da descrença de todos, as bruxas de Yoren escolheram deixa-la viver e assumir a sua família. Você tem que provar que elas estão certas em assumir riscos por você. É com elas que você tem alguma responsabilidade. Com esse mundo.

Johana balançou a cabeça incapaz de se permitir desistir tão fácil. Mas ele tinha razão. Não podia deixar ocorrer mais mortes e sofrimentos de tantas vidas.


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