- Oi. - sussurrei me sentando na cadeira à sua frente.

- Olá. 

Ficamos nos olhando por alguns momentos sem a menor ideia do que falar. Uma garçonete veio e eu pedi um milkshake de chocolate e Peeta pediu um refrigerante. 

- Você sabe por que eu te chamei aqui, não? 

- Sei.

- Posso ir direto ao ponto? - assenti. - Por que daquela reação?

- Longa história.

O loiro olhou para o relógio que ele tinha no pulso e voltou seu olhar para mim.

- Tenho tempo.

Suspirei e as memorias de um garoto moreno com olhos verdes veio à minha mente. Como fui ingênua em acreditar em um garoto que primeiramente parecia ser confiável.

- No tempo que sai de Georgia e fui para Indiana, eu tive um namorado, Chaff. Era um namoro comum, na verdade eram melhores amigos, quase não nos beijávamos, o que é um pouco estranho para um relacionamento, mas éramos felizes assim. Pelo menos eu pensava. Ele era 'popular' como você, muitas garotas caiam aos seus pés. No final do nosso ano letivo, teve um baile onde ele simplesmente me deu um bolo falando que só tinha me usado para atrair a ex-namorada dele e mostrar a ela que qualquer uma servia para ele, até mesmo uma nerd que se senta na primeira carteira. E vamos dizer que não foi uma das minhas melhores esperiências e piorou quando falou para escola que eu tinha medo de ir para cama com qualquer um.

- Você acha que eu vou fazer isso com você?

Dei de ombros.

- Sinceramente, eu não sei de mais nada. - respondi. - O que eu não entendo é por que eu, Peeta? Desde que voltei nós não tínhamos nos dirigido uma palavra e você tinha Glimmer e outras garotas melhores do que eu. Até quando éramos pequenos nós mau nos falávamos.

- Katniss, ninguém comanda isso. Você já gostou de alguém sem querer?

"Sim, de você." 

- Sim.

- Então você sabe como é.

- Mas eu não entendo.

- Acho que ninguém entende.

E mais uma vez o silêncio constrangedor tomou o ar. O que eu queria falar era logo um: "Eu gosto de você".

- Você realmente gosta de mim? - ví o rosto do loiro enrubescer enquanto fazia que sim com a cabeça. Suspirei e sorri. - Então me sinto livre para dizer o mesmo sobre você.

Ele sorriu e eu contribuí. Ele parecia um garotinho feliz que acabou de conseguir alguma coisa, não aquele garoto que pega todas as garotas fáceis.

Peeta esticou o pescoço e encostou seus lábios nos meus. Esse beijo era melhor do que o primeiro, parecia mais real e nós dois estávamos decedidos sobre isso.

Nos separamos em buscar de ar, mas eu ainda mantinha os olhos fechados apreciando o momento. Parecia tanto aqueles filmes clichês, mas quem nunca se imaginou num desses que jogue a primeira pedra. Na verdade, não jogue.

- Vamos? - ouvi Peeta perguntar. O som fez eu finalnemente abrir os olhos.

- Para onde?

- Você vai ver.

Quando percebi já estava no seu carro indo para um lugar desconhecido. Quanto mais o loiro dirigia, mais movimento havia nas ruas. Alguns minutos depois eu ví um casarão no meio do nada.

- Que casa é aquela? - falei apontando para a construção.

- Era casa do meu avô, mas à alguns anos atrás ele morreu, então agora é da minha família. - respondeu.

Putz.

- Por que me trouxe aqui?

- Tava pensando em chamar todos para passar as férias aqui. O que acha?

- Eu toparia. Mas quem seria "todos"?

- Eu, Cato, Gale, Marvel, Finnick, Annie, Clove, Madge e a minha namorada. 

- Quem seria a sua namorada? - brinquei.

- Você. - respondeu rindo.

- Ui, já vai me chamando de namorada, Mellark? - ele se aproximou de mim e selou seus lábios nos meus. Estava tudo tão clichêmente - não sei se essa palavra existe - perfeito.

- Vou te levar para casa, engraçadinha.

No caminho até em casa ficamos calados só ouvindo uma coleção de músicas do Neon Trees. Tinha como ficar mais perfeito? Quando chegamos nós despedimos com um selinho. Entrei em casa saltitante recebendo olhares curiosos de um grupo de adultos que estavam na sala. Eram meus pais, Ella e Robert.

- Olá, Sra. Stenberg e Sr. Stenberg. - falei um pouco rubra com a situação. Entro em casa toda feliz e radiante e dou de cara com as visitas. 

- Quantas vezes tenho que falar para você não nos chamara assim? - Ella disse em um tom doce.

- Acho que milhares. - lancei um olhar raivoso para o meu pai. - Katniss, vá se arrumar, iremos jantar fora.

Assenti à contra gosto e subi as escadas vendo Prim e Rue, que vieram para cima de mim com um sorriso maliscioso estampado nos rostos quase angelicais.

- A gente viu pela a janela, Katniss. Sua safadinha. - a loirinha brincou.

- Então é verdade. Você e ele? - perguntou rindo a morena.

- Você já contou para ela, Primrose? - ela assentiu com um olhar sapeca. - Ah, sua fofoqueira!

Comecei a fazer cosquinhas nas duas como nos velhos tempos quando ficava tomando conta delas por obrigação da minha mãe. Que saudade daquela época.

- Vou me arrumar. - anunciei deixando duas meninas risonhas para atrás.

Tomei meu banho, percebendo que as cicatrizes iriam desaparecer se eu passase alguma maquiagem (eu sei que é na perna, mas...), então aproveitei para colocar um dos meus vestidos favoritos. Fiz uma maquiagem leve e quando ia descendo ví uma mensagem no celular do Peeta:

"Amanhã vamos à praia, você pode ir?"

Desci rapidamente as escadas para perguntar para o meu pai.

- Posso ir à praia amanhã? Por favor! 

- Pode, você merece um pouco de descanso. - abracei meu pai e comecei a festejar internamente. - Agora vamos.

Entramos no carro e fomos ao um restaurante chique perto de casa. E devo dizer que comi como se não houvesse amanhã, a comida era divina. 

- Onde está Thresh? - minha mãe perguntou.

Thresh Okeniyi era primo de Rue, mas vivia praticamente com os Stenberg desde que seus pais morreram. Ele tinha minha idade e quase não falava nada na nossa presença mas Rue falava que ele era legal.

- Está na casa da avó hoje.

- Oh. - minha mãe sussurrou com um tom triste, porque... como posso dizer, a avó dele não é uma das nelhores pessoas do mundo. Quando sua filha morreu, só quis ficar com a guarda do neto por causa da herança.

Ficamos conversando sobre o dia-a-dia. Ella me perguntou como vai a escola e os amigos e Robert brincou falando que talvez eu já até tenha um namorada o que me levou a ficar vermelha pela milésima vez só hoje. E foi isso praticamente.

Quando cheguei em casa já tarde da noite respondi ao Peeta - mesmo com medo de acordá-lo - que eu ia e logo depois ele respondeu que iria me buscar às 9:00. Dormi com o beijo passando em lopping na minha mente.