-O que foi isso? –Perguntou Lia confusa, enquanto as duas andavam em direção à floresta. Ir lá seria loucura para os outros, mas para Jody, era o seu cantinho. O lugar que ela podia ir, pensar, ficar sozinha e quebrar coisas. Ela gostava de quebrar coisas quando estava irritada. Melhor do que quebrar ossos... ou pelo menos, menos problemático para ela.

-Que... ÓDIO. –Jody falou quando as duas entraram na floresta. O vento frio fez Lia se encolher um pouco. –Acho que essa é a palavra certa pra descrever o que eu estou sentindo.

-Jody, dá pra você por favor me explicar o que está acontecendo? Por que você me puxou para esse lugar?

-Por que eu preciso quebrar alguma coisa.

-POR FAVOR NÃO ME QUEBRE. Eu sou muito magrinha, vai doer. –Lia falou colocando as mãos na frente do rosto. Jody não conseguiu segurar o riso.

-Eu não vou quebrar você. Eu não quebro pessoas... mais... apesar de que tem uma pessoa que parece ser bem tentador quebrar...

-Quem?  O Damian? Por que? Eu achei ele tão fofo e simpático. –Ela falou.

-Sai desse mundo cor de rosa garota. –Jody empurrou ela fraco para o lado, a fazendo rir.

-Eu sei que você me ama.

-Você não sabe de nada.

-Vai falar por que me trouxe pra cá? –Reclamou Lia.

-Eu to confusa. Eu to sentindo uma coisa extremamente estranha. Nada legal.

-O Damian falou que você simplesmente soltou pra onde tinha ido.

-POIS É. –Ela berrou ultrajada. –Eu simplesmente cai no joguinho de perguntas dele, SEM AO MENOS PERCEBER. Isso não é normal Lia.

-Claro que não é. O que deu em você menina? Que sentimento? Explica melhor.

-Não sei. A Julia perguntou se o Damian tinha namorada e depois disse que ele era bonito e...

-JÁ ENTENDI TUDO. –Berrou Lia de repente.

 -Não grita filha da puta. –Lia fez uma carreta indignada.

 -Ponto número um: Não xingue a minha mãe, por que ela não te fez nada. Ponto número dois: Por que só você tem o direito de gritar? E....

-Essa eu sei responder. Por que só eu que estou incrivelmente irritada. –Ela respondeu com um sorriso e Lia mostrou o dedo do meio.

-E ponto número três: Você está com ciúmes. Você gosta do Damian.

-O QUE?

-Tá gritando de novo. –Lia comentou, colocando as mãos nos ouvidos. –Claro que tá. Você ficou com raiva da Julia por se interessar por ele e com raiva dele por fazer ela se interessar por ele.

-Isso faz algum sentido?

-Faz todo o sentido. Você gosta dele amiga.

-Não gosto não. Tenho vontade de torcer o braço dele lentamente até que ele se quebre ou fazer ele se perder na floresta.

-Maldade amiga. –Lia falou chorosa. –Você não assume mas tá caidinha por ele, do seu próprio jeito maldoso e esquisito.

-Não estou. –Jody insistiu.

-Claro que está. Isso é tão fofo. –Lia falou dando saltinhos animados.

-Cala a boca sua vadia.

-Só que você não sabe como é gostar de uma pessoa e você não assume. Isso vai ser tão bom e assistir.

-Legal você, querendo ver o sofrimento dos outros.

-Então está assumindo que está sofrendo por ele?

-Você distorce as minha palavras vaca. Eu disse que se uma pessoa estivesse sofrendo por um motivo tão pouco nobre e estupido como esse, você adoraria ver.

-Claro que adoraria. E desde quando amor é uma coisa pouco nobre e estupida. Eu já sofri por isso.

-Desde quando estamos falando de amor? –Perguntou Jody irritada. Falar com Lia as vezes dava dor de cabeça, mas ela era sua melhor amiga e conselheira, apesar de que alguns de seus conselhos era uma merda.

-Gostar de uma pessoa se torna amor amiga, ou você não sabe disso?

-Amor é inútil. –Ela resmungou.

-Não fala assim. Você só diz isso por que nunca sentiu. É muito bom na verdade. Dá borboletas no estomago e você quer sempre ficar perto da pessoa e está sempre pensando nela, e quando você tá longe você sente falta, é ótimo! Seus pais se amavam, e te amavam também.  – Jody fez uma careta, tipo “Que merda de exemplo foi esse?”.

-Meus pais não se amavam Lia, se se amassem o que quer que esse amor que você fale seja,  eles não viveiram brigando, ele não teria morrido e ela não teria sumido.

Apesar de essa história já ter deixado Jody extremamente trise, ela não sentia vontade de chorar. Talvez por já ter chorado de mais por esse motivo quando tinha seis, ou por que talvez ela simplesmente tinha se tornado fria o suficiente para não ligar. Qualquer que fosse o motivo, esse assunto pouco incomodava Jody.

-Quanto drama. Eles te e se amavam do jeito estranho e maluco deles, talvez até um pouco maldoso, por te abandonarem tão jovem. –Falou Lia pensativa. –Do mesmo jeito que você gosta do Damian.

-Podemos parar de falar que eu gosto do Damian, por favor? –Jody reclamou.

-Mas Jody, gostar de alguém é tão normal.

-Por que você fica falando as coisas choramingando Lia? Não pra mim, eu sou geneticamente desenvolvida para não gostar de alguém até pelo que eu tenho que fazer. Eu sou fria e calculista.

-Calculista? Você age por impulso a maior parte do tempo.

-TÁ BOM. Eu sou fria. Ficou feliz?

-Por você ser desse jeito todo esquisito? Não. Fica muito difícil dar conselho assim, você é teimosa de mais pra me ouvir, ou qualquer outra pessoa. Já sei por que você não assume que gosta dele?

-Por que?

-Tá dizendo que gosta dele?

-PARA DE DISTORCER O QUE EU TO FALANDO PORRA. Qual é a sua teoria?

-Por que você morre de medo de se envolver por causa dos seus pais.

-Ai senhor. Para de falar asneira caralho.

-Mas é verdade...

-Vambora Lia. Isso tá ficando chato. –E Jody seguiu para a fronteira da floresta, sendo seguida de perto por Lia.