CAPITULO 3

            Ichigo resmungou fechando o celular. Garota abusada, praticamente o obrigara a pegá-la na escola e depois levá-la pra casa, como um motorista, Bufou e saiu de sua sala em direção ao corredor comprido no destino da sala de seu amigo Ishida.

– Não vai acreditar, Ishida! – Ichigo disse estourando na sala do amigo desinteressado.

– O que foi? – Disse se fingindo preocupado para com o amigo. Ishida era alto magro e tinha a pele clara, seus cabelos negros caiam nas laterais do rosto e o óculos emoldurava os olhos azuis, que no momento tentavam fitar os olhos castanhos do amigo.

– Não sabe o que aquela garota fez! Ela acabou de me ligar pra dizer que queria falar comigo!

– Normal. Você atropelou ela...

– Não é esse o problema! O problema é que ela quer que eu a pegue na escola e depois a leve pra  casa! Não é o cúmulo? – Disse o ruivo com o sangue fervendo.

– Pra mim não é o cúmulo, você tem que pagar pelo que fez... – Ichigo olhou incrédulo para o amigo – Mas mudando de assunto pare de chamá-la de “garota”, por acaso ela não tem nome? – Disse Ishida repreendendo o amigo, sempre fora assim, desde o colégio.

– Ela me disse no telefone, é um nome com ‘R’... Riki... Rika... Rukia! É isso. Rukia.

– Ótimo, Rukia. Então a Rukia – Ishida enfatizou o nome – quer que você seja o chofer  dela? Interessante, acho que já gosto dessa garota.

– Como assim?! Você devia dizer “Oh! Mas que garota abusada!” – Ichigo suspirou – Você é meu advogado, tem que me defender!

– Ainda não se acostumou comigo? – Disse Ishida com um sorriso sarcástico, os dois riram, apesar de tudo eram muito amigos.

            Os dois passaram o resto da manhã jogando papo fora, como se não tivessem uma corporação pra cuidar, conversaram sobre a empresa, o logo que não existia, o carro alugado de Ichigo e onde-diabos-se-aluga-um-desses, sobre tanta coisa que se cansaram de falar, e só ficaram lá, até o horário de almoço, que por acaso era a hora do compromisso de Ichigo, saiu bufando pelo corredos até sua sala, pegou sua maleta e saiu, com Inoue no encalço “Que saco!”.

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            Rukia conversava animada com as amigas conforme descia as escadas do colégio. Despediram-se da morena com biquinhos, pena que ela não poderia  sair com elas hoje. Logo Renji chegou e segurou a namorada contra si, a garota sorriu, e se desvenciliou do namorada para olhar nos olhos negros dele, que sentia-se mergulhado no violáceo dos olhos da garota, beijaram-se e logo depois saíram da escola, parando na calçada.

– Quer uma carona? – Soltou o ruivo cheio de segundas intenções.

– Não. – Disse Rukia olhando para os dois lados da rua – Pode ir, vou esperar o Nii-sama pra me levar pra casa, passe em casa mais tarde, pode me levar no Toshirou, que tal?

– Pode ser... Bom vou indo. Te vejo a tarde. Te amo. – Trocaram um selinho e Renji foi embora com sua Suzuki Hayabusa vermelha com tribais em preto, Rukia suspirou, sentia falta da Harley.

            Esperou por mais alguns minutos até um carro apontar no fim da rua, era um Audi A8 prata, bufou, era hora da guerra. Quando o Audi encostou à sua frente e a porta se abriu Rukia se abaixou para olhar o motorista que emburrado fitava apenas à frente.

– Gosta de Audi, não é? – Disse Rukia apenas para começar um assunto se sentando no banco de couro preto do carro.

– Gosto... – Disse seco, então decidiu olhar para a garota, não tinha reparado nela no dia do acidente, mas ao reparar agora tinha se arrependido de não ter feito isso na primeira vez: Ela era linda. Apesar de baixinha e pequena era uma bela ‘mulher’. Tinha os cabelos curtos e negros, o cabelo escuro contrastava com a pele clara, um tanto repicados nas pontas e uma mecha que caia-lhe sobre a face. E que belo rosto, ela era diminuta, mas seus olhos eram grandes, expressivos, e a cor dele fazia com que ele quase se afogasse, eram de um azul violáceo profundo, seus lábios rosados e pequenos tinham um pequeno sorriso cínico neles, o que não diminuia sua beleza. Era perfeita, mas como era orgulhoso, bloqueou esses pensamentos imediatamente.

– Aonde vamos? – Disse Rukia jogando a bolsa no chão do carro e tirando o All Star de seus pés colocou-os sobre o banco, olhou para o homem ao seu lado, e passou a reparar no que não devia, ele era alto e pelo jeito que a camisa grudava em seu corpo era forte, seus cabelos alaranjados e rebeldes contrastavam com a pele bronzeada. E seus olhos castanhos como âmbar derretido era magnetizante, parecia puchar os olhos dela. A morena bloqueou tudo instântaneamente. Era comprometida! Estava pensando o que? Desviou o olhar e apertou os olhos.

– Vamos a uma lanchonete, não tenho muito tempo, estou em horário de almoço. – Disse olhando para garota após parar em um semáforo – Ah! – ele grunhiu­ – Pode tirar os pés do meu banco por favor? O carro é alugado! E coloque o cinto de segurança.

– Alugado?! – declarou incrédula enquanto tirava os pés do banco e colocava o cinto como o Sr. Laranja mandara. – Onde diabos se aluga um Audi A8?

            Ichigo ignorou a pergunta, mas rosnou em resposta, o que fez Rukia se contrair um pouco, ela estava tentando esquecer o ícone “Tornar a vida dele um inferno” mas ele não estava facilitando, bufou, mas continuou tentando quebrar o clima de ‘eu-te-odeio-e-não-suporto-sua-presença-no-meu-lindo-e-metido-carro-alugado’.

– Como está seu carro? – Disse fingindo se preocupar.

– Bem, mais um dia e posso tê-lo de volta. – Ichigo suspirou.

– Que bom. – Rukia soltou mais animada, mas com um tom de deboche, o cara era apaixonado pelo carro, queria tê-lo de volta. Riu baixo.

– E a moto?

– A Harley? Bom, não estou tão otimista, ela entrou embaixo do Audi... Toshirou disse que ela tem uma chance de sobreviver... – Ela riu de si mesma, apesar de achar engraçado Ichigo ‘amar’ o R8 ela tratava sua Harley como alguém de verdade.

– Toshirou? – disse Ichigo curioso, um namorado?

– Meu melhor amigo e mecânico/cirurgião da Harley. – Rukia soltou e os dois riram baixo.

            O Resto do caminho até a lanchonete fora silêncioso, chegando lá discutiram a solução para o problema, Ichigo pagaria pela moto e ainda, por insistência e maldade de Rukia Ichigo teria que ser ‘chofer’ dela. Um tanto humilhante, mas ele aceitou após consultar seu advogado, que por sinal optou por ficar do lado da Kuchiki. Logo depois Ichigo a levou pra casa, se surpreendendo ao ver o tamanho da grande mansão branca com um lindo jardim, deixou Rukia lá e foi para a empresa, não fora tão ruim assim, ele poderia se acostumar com aquilo, menos com a parte do chofer.

            Rukia entrou em casa e tomou um banho, colocou uma camiseta de uma banda de rock qualquer e um macacão de shortinho jeans por cima, colocou um tênis qualquer e foi com Renji, que já a estava esperando, para a mecânica. O caminho era curto, logo estavam na frente da mais nova sala de hospital da Harley. A morena nem esperou o namorado, correu e procurou pela sua amada moto, deu de cara com Grimmjow Jeargerjaquez, ajudante dono da mecânica, ele tinha uns 19 anos de idade, era alto, forte e muito bonito, praticamente um galã, era desejado por onde passasse pelos seus olhos e cabelo azuis, apesar de sempre saidinho era apaixonado por Rukia desde que seu amigo e ajudante na mecânica Toshirou a apresentou à ele, mas ela sempre o tratara apenas como seu melhor amigo e por isso nutria uma apatia pelo namorado dela.

– Grimm! – os dois se abraçaram – Onde está a Harley?

– Isso! Pergunte pela Harley, seu amigo aqui nem importa! – Disse Toshirou saindo de debaixo de um dos carros tendo a mesma reclamação repetida por Grimmjow. Toushirou era novo, tinha 15 anos e trabalhava lá desde que o amigo Grimmjow recebeu a mecânica de herança, era do tamanho de Rukia, magro e tinha os cabelos prateados e arrepiados, os olhos azuis sempre com uma expressão séria ou irritada, mas sempre mudava quando via a amiga de infância.

– Me desculpe. – Ela foi até o amigo e o abraçou – Como você está?

– Bem, obrigado por perguntar, Senhorita Kuchiki. Há tanto tempo que não vem nos fazer uma simples visita, a Harley deveria ser destroçada mais vezes. – Ele e Grimmjow riram.

– Não digam coisas assim, ela pode atacar vocês. – Renji disse chegando de paraquedas na conversa.

­– E aí, Renji. – Disseram os mecânicos sem dar muita importância, era sempre assim.

– Onde ela está? – disse Rukia ansiosa.

– A funilaria está na sala de recuperação, o motor está na sala do Grimmjow. – Disse Toshirou segurando a mão da amiga. – Passe aqui na sexta e acho que já teremos um resultado.

– Tudo bem. Eu vou pra casa, tenho lição de casa, se pudesse ficava até tarde. – Disse Rukia se despedindo – Amanhã eu volto.

– Eu disse sexta! – comentou Toshirou.

– E depois reclama que não venho visitar vocês, confuso, vamos Renji. – Rukia saiu junto de Renji e foi para casa.