CAPITULO 13

Rukia tinha na mochila seus patins, joelheiras e cotoveleiras. Usava um short jeans claro, uma camiseta regata branca e All Star, como sempre. Esperava em frente a mansão, seu irmão já tinha saído havia um tempo, logo reconheceu o ronco do esportivo vermelho e sorriu discreta. O Audi parou ao lado dela sem desligar o motor, Rukia entrou e jogou a pesada mochila para trás, Ichigo apenas observava enquanto ela colocava o cinto de segurança.

– Bom dia... – o ruivo acelerou o carro.

– Bom dia. – respondeu calma a morena.

            Ichigo queria perguntar coisas à ela, mas talvez ela se zangasse e o batesse, chutasse, e o odiasse, tinha medo disso. Mas sua vontade de saber, de entender, era maior. Deveria preparar o terreno antes ou seria direto? Suspirou derrotado, não sabia o que fazer.

– Algum problema...? – Rukia soltou incomodada com o ‘suspiro da derrota’ de Ichigo.

– Uhum... – Murmurou afirmativamente.

– Posso saber o que é? Ou se eu não tiver um diploma em psicologia---

– Quero que você seja sincera, o que houve entre nós que fez com que seu namorado terminasse com você? – Ichigo foi direto, interrompeu a morena e despejou tudo aquilo nela.

            A morena hesitou, nunca mais pensaria alto, disfarçou e então olhou nos olhos castanhos do ruivo, profundamente.

– Houve... Houve algo que nem eu sei como explicar direito, foi... Repentino. Foi inesperado e estranho, mas, não consigo me segurar sabe, não vou te dizer exatamente o que é, você sabe. Só não me pressione... Não sei se é certo.

– Porque não seria? – Disse Ichigo agora olhando para ela, sinal fechado.

            A garota não respondeu apenas pousou a mão sobre a dele e pediu calma com os olhos, ela estava, realmente, confusa. Podia parecer a decisão em pessoa, mas estava ali perdida nos pensametos. Ichigo assentiu ao pedido mudo dela e seguiram a curta viagem.

            Logo chegaram á pequena cidade vizinha, não que Karakura fosse uma metrópole, mas era maior. Chegaram ao espaço aberto cheio de patinadores com suas manobras. Ichigo estacionou e desceu com Rukia, podia sentir os outros fuzilando seu carro com uma pontada de inveja. Logo o ruivo estava sentado num pequeno quiosque perto com Rukia que colocava os equipamentos de proteção. Ela já tinha os patins e então Ichigo a ajudou a levantar segurando a firme, a morena se afastou deslizando.

– Pegue a mochila para mim. – Ichigo fez o que foi pedido.

– Aqui. – A garota soltou a mochila, com um potinho branco em mão pegou algo de dentro e comeu, Ichigo percebeu as bolinhas coloridas.

– M&M? Sério?

– É meus combustível. – Os dois riram. – Se eu voltar aqui me entregue. – A garota já ia saindo quando voltou. – Obrigado.

            Rukia, com os patins, ficava alta a ponto de alcançar o rosto de Ichigo, e foi o que fez, apoiou as mãos pequenas no peitoral coberto pela camiseta azul, esticou um pouco o pescoço e tocou de leve os lábios nos dele. Ichigo ficou incrédulo, a tanto tempo querendo sentir aqueles lábios nos seus e então os tinha, ali. Não pode reagir, não tinha como reagir, seu corpo estava em colapso, só queria que ela não saísse dali nunca. O mesmo desejo tinha Rukia, ao tocar aqueles lábios quentes sentiu como se estivesse no céu, mas não ficaria ali por muito. Se afastou, não teve problemas Ichigo não tinha forças nem para levantar os braços e envolvê-la. Ele apenas abriu os olhos e viu Rukia deslizando sobre os patins. Suspirou e se jogou num dos bancos, pegou o potinho de M&M e comeu alguns ainda observando Rukia, com olhos brilhando de alegria como nunca sentira antes.

            A manhã passou lenta, Ichigo desenhava e desenhava, tinha ideias para o logo ou simplesmente algo que queria. Rukia tinha se ‘abastecido’ umas três vezes e quase não voltava para a atividade apenas pelo magnetismo que o ruivo agora exercia mais forte sobre ela. Então Rukia foi para ficar, tirou os patins e os equipamentos.

– Pra casa? – Disse Ichigo sorrindo de um jeito lindo para ela.

– Nem pensar, vou tomar um banho aqui no quiosque---

– No quiosque?!

– A dona é minha amiga, tenho meus contatos, mas continuando: vou tomar um banho aqui no quiosque e depois almoçamos aqui mesmo, aí sim casa. – A morena pegou a mochila e entrou no quiosque.

            Ichigo continuou desenhando, limpava regularmente a camiseta azul e a bermuda cinza que usava junto com um tênis qualquer. Levou uma pequena pasta com coisas para desenho, pra passar o tempo. Logo viu Rukia saindo do quiosque com um vestido azul que o fez sorrir, ele tinha alcinhas e era ajustado na cintura e solto na saia, usava um par de sandalinhas brancas no conjunto e sorria com a mochila marrom nas costas.

– Vamos ali. – apontou para outra mesa. – já vão servir o almoço.

            Comeram animados, conversavam e riam, comentavam sobre coisas que acabaram acontecendo com ele, discutiram um pouco ao entrarem no assunto “Te atropelei” mas logo se recuperaram, Rukia desviava de alguns como: “O dia da festa” ou “Seu namorado terminou com você porque...”

            Correu tudo bem, estavam agora conversando sobre os desenhos de Ichigo, Rukia olhava todas as folhas do caderno. Viu desenhos de observação, de personagens de mangás ou filmes, desenhos de paisagens e um de uma árvore que lhe chamou a atenção, Ichigo percebeu.

– Gostou? – Viu a morena assentir com um ponto de curiosidade ali. – É uma bela árvore... – O ruivo instigou a curiosidade dela que o olhou mordendo o lábio inferior – Ela fica no terreno atrás da minha casa, não moro muito perto da cidade. – Era verdade, não fora citado antes mas a casa de Ichigo ficava longe do ‘centro de população’ como costumava chamar, ele vivia ali perto do campo e da árvore.

– Deve ser lindo. – Ichigo assentiu e pegou o caderno das mãos dela antes que ela visse um certo desenho. – Quer me dar uma ideia? – Ele pegou a lapiseira e Rukia assentiu.

            Ideias vinham e surgiam, as que Rukia dava geralmente não pareciam originais, como uma:

– Que tal uma cidade. Uma cidade de noite com uma lua em cima e em letras arrastadas “Yuna Corporation” – Rukia tinha um sorriso de triunfo.

– Foi usado quando eu tinha uns 4 anos, por um bom tempo. – Disse acabando com a graça da garota.

– Desculpe se não sou velha! – Ichigo franziu o cenho e Rukia tomou o caderno de suas mãos, pegando um lápis no pequeno estojo de Ichigo e começou a riscar no papel, o ruivo estranhou.

– Que tal? – A morena tinha um sorriso  matreiro, estava aprontando.

            Ichigo observou o papel, tinha dois coelhos estranhos e tortos desenhados, um era ruivo e tinha uma barba e uma bengala, por sinal ele usava as mesmas roupas que Ichigo, mas aquelas orelhas realmente o irritavam, do lado tinha uma coelhinha de vestido azul e cabelos pretos que sorria ao lado do coelho idoso de cabelos laranjas. Ichigo rosnou, Rukia virou a página e desenhou de novo.

– Se eu ver amis um coelho você vai ver! – Ichigo rosnou entre os dentes.

Rukia continuou ignorando a ameaça. Virou o caderno e pode ver a expressão de surpresa do ruivo.

– É isso... Como eu não pensei antes?! – Ichigo pegou o caderno, arrancou aquela folha e começou a fazer um desenho no caderno, olhando sempre para o de Rukia.