Dois Caminhos, Um Só Destino escrita por LEvans, Cella Black


Capítulo 19
Capítulo 18- Sal na ferida


Notas iniciais do capítulo

Giks: Heey, tenho algumas notas antes de vocês iniciarem a leitura.
1- Falamos que esse capítulo seria o maior da fic. pois bem, ele não é. Tivemos que tirar algumas partes porque se não vocês iam esperar mais ainda.
2- Esse capítulo não foi betado, então nos perdoem por qualquer erro.
3- Capítulo carinhosamente dedicado a Gravelyn por ser uma fofa e por ter nos mandado MPs cobrando a atualização. Sem ela, o capítulo demoraria mais ainda. haha
4- Obrigada pelos maravilhosos comentários no cap anterior. Vocês são demais!! Esperamos ter o mesmo retorno nesse capítulo. Lindos!
Boa leitura



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Acredito que quando alguém chora sem motivo é para aliviar todas as vezes que ela engoliu o choro e colocou um sorriso falso em seu rosto. – Caio Fernando Abreu.

John Bennett era um libertino.

Mas não se julgava insensível por isso. Os outros também não o faziam. Não é como se ele dormisse com uma mulher diferente a cada noite. Bem, houve um curto tempo em que isso realmente aconteceu, quando os hormônios explodiram e, inexplicavelmente, as mulheres começaram a segui-lo como se ele fosse o último vestido em liquidação.

Até ele reconhecer que estava sendo um canalha.

Nada pior que Sirius Black ou Richard Avelar - o velho do Departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas- que lembrava suas aventuras, muito orgulhosamente, quando mais jovem, todos os dia no elevador, mas John decidiu não sair com mais de uma mulher ao mesmo tempo. O motivo? Não sabia ao certo, apenas não queria ser um cretino e passar pelo mesmo constrangimento que Bruce – antigo amigo da escola - , o qual quase perde as calças ao ser atacado em pleno horário de trabalho por suas duas amantes que, para seu azar, trabalhavam juntas. O escândalo foi a principal fofoca durante semanas e Bruce sofreria eternamente com as piadas.

John certamente não queria passar por aquilo. Sua vida se resumia ao trabalho, encontros não convencionais, transas de uma noite e Firewhisky às sextas com alguns amigos. Ele não ousava reclamar de nada. Aproveitava sua liberdade e seu status de solteiro muito bem. Era paciente, almoçava toda semana com a mãe – um dos motivos por não julgar-se insensível- , gostava de seu trabalho e possuía o controle sobre qualquer mulher que saía... até Viviane aparecer.

Ela era teimosa, respondona, orgulhosa e, para a insanidade de John, incrivelmente atraente. Uma transa não seria o suficiente para suprir sua necessidade dela. Porém, ao chegar naquela noite no Caldeirão Furado, o auror percebeu que poderia transar com Viviane outras milhares de vezes e, ainda sim, não seria o suficiente. Não queria apenas sexo. Queria tê-la por inteiro. Queria saber cada mania sua, cada fetiche, cada preferência, cada segredo que, ele percebera, ela guardava muito bem. E, acima de tudo, queria protegê-la. Sentia uma inexplicável vontade de abraçar-lhe e protegê-la de milhões e milhões de maldições imperdoáveis. Talvez fosse porque ele notava algo diferente em seus olhos, ou talvez fosse seu perfume que lhe embaraçava os pensamentos. Não sabia ao certo. Mas, quando viu Ryron segurá-la contra sua vontade, ele poderia ir para Azkaban, mas não se importaria em cortar o braço do companheiro de trabalho.

–Acho melhor fazer o que ela mandou, Ryron. –Falou John, curto e grosso, ao chegar perto do auror.

Ryron riu incrédulo ao olhá-lo, como se não acreditasse no que via.

–Vá cuidar da sua vida, Bennett.

Viviane arregalou os olhos, mas uma onda de alívio tomou seu corpo quando ouviu a voz de John. Não soube explicar bem o motivo, apenas sentira-se segura no momento em que olhou o loiro.

–Digo o mesmo pra você. Cuide da sua vida. Deixe a de Viviane em paz.

–Estamos conversando, não está vendo? –Ryron bufou diante da cara de poucos amigos do loiro.

–A conversa já acabou. – Disse Viviane. Por um momento, Ryron a encarou e, embora seu rosto estivesse normal, ela podia sentir o tremor de seu corpo pela mão dele que ainda a segurava.

–Não me faça sujar as minhas mãos com você. –Falou John, chegando um pouco mais perto do colega de trabalho.

Viviane quase deixou soltar um suspiro de alívio quando Ryron finalmente liberou sua mão. No instante seguinte, ela estava de pé ao lado de John.

–Sou amigo de Viviane há anos. – Explicou Ryron, ainda sentado. Sua expressão estava calma, serena. Quase como se estivesse acabado de acordar. – Porque acha que eu faria mal a ela? Estávamos apenas conversando. Sou um auror, não um louco assassino.

–Que bom que me lembrou disso. – John deu um sorriso sem vida a ele e, sem deixar de encará-lo, observou esse levantar-se da mesa, sorrir para Viviane e sair andando em direção a saída do caldeirão furado sem nem um “Boa noite” de despedida.

Somente quando Ryron sumiu de sua vista foi que John virou-se para encarar Viviane.

–Da onde voc... Você está bem?

Ela tinha o rosto um pouco pálido e seus olhos ainda estavam encarando a porta por onde Ryron passara há segundos atrás, como se quisessem confirmar que ele não mais voltaria.

–E-estou ótima.

John bufou e pegou-a pelo braço direito, a fazendo, finalmente, encará-lo.

–Já lhe disse, você é uma péssima mentirosa. De onde você conhece o Ryron?

Ela fez uma cara estranha quando ele pronunciou aquele nome. Sem perceber, uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

–E-eu...

John sentia o quanto ela estava gelada. De todas as maneiras que imaginara vê-la, aquela forma nunca passara por sua cabeça.

–Vem comigo.

Viviane estava longe. Por fora, seu corpo parecia funcionar em desacordo com os milhares de sentimentos em seu interior. Podia sentir as lágrimas escorrendo por seu rosto, mas não dava-se o trabalho de enxugá-las com a mão. Sabia que não adiantaria. Na verdade, aquele era o motivo pelo qual ela evitava a todo custo lembrar-se de acontecimentos passados: eram dolorosos demais para passarem ilesos de qualquer reação de seu corpo.

Portanto, ela não soube dizer em que momento John pediu a chave de um dos quartos do Caldeirão Furado. Muito menos notou para onde estava indo até deparar-se com uma cama perfeitamente arrumada em sua frente.

–Viviane? – A voz de John soara quase como um sussurro. Vendo que ela não virou-se para encará-lo, ele seguiu a passos lentos até ela. – Ei...

A expressão de seu rosto estava ameno, como se não tivesse consciência das lágrimas que escorriam livremente por ele. Os olhos claros, embora fossem o mais bonitos que John já vira, estavam completamente sem vida, assim como os lábios, os quais estavam sem cor.

Agoniado, John segurou o rosto de Viviane entre as mãos com o mesmo cuidado que seguraria uma jóia valiosa. Acariciou-lhe as bochechas, aproveitando para secar o molhado dali e aproximou mais seu corpo do dela.

–Viviane... fale comigo... –A voz do loiro não passava de um sussurro – por favor.

–John –Disse ela, finalmente – eu... e-eu preciso sair daqui.

Embora parecesse determinada a fazer o que dissera, Viviane não se movera. A carícia que John lhe fazia no rosto era a única coisa que a confortava no momento. Boa demais para pensar em se afastar.

–Não vou deixar você ir a lugar algum desse jeito, Pintinha.

–Por favor...

–Sei que deve me odiar, e sei que disse que iria lhe deixar em paz. Na verdade, foda-se o que eu disse. Não ligo. Você sair assim está fora de cogitação.

Viviane suspirou e fechou os olhos, em uma tentativa de recuperar as forças que tinha e mandar aquele loiro para o espaço. Não obstante, sabia que seria inútil. As lágrimas pareciam terem dado uma trégua, mas elas logo voltariam. Como sempre acontecia. E, embora os carinhos do auror lhe aquecessem a alma, não queria que esse a visse em um estado mais deplorável como aquele em que se encontrava. John já vira demais.

Abriu os olhos e afastou-se dele. Ajeitou os cabelos e andou vagarosamente até a ponta da cama, para então sentar-se. Sua cabeça latejava. Seus olhos ardiam, prontos para despejarem mais lágrimas, e suas mãos suavam. Quantas vezes em seus dias ela segurava-se para não ficar daquela forma, ela não sabia dizer, apenas tinha consciência que era boa em esconder suas mágoas. Porém, havia momentos, principalmente quando estava sozinha, que o choro acumulado por semanas, meses, transbordava-lhe os olhos, a deixando da mesma maneira em que estava quando encontrou com seu passado minutos atrás.

Passaram-se minutos em que o único barulho naquele quarto do Caldeirão Furado era o som da respiração de John e Viviane. O loiro ainda estava parado no meio do cômodo, observando cada movimento da morena.

–Você o conhece? O Ryron? Ele te fez alguma coisa? – John foi quem quebrara o silêncio – Eu nunca fui com a cara daquele idiota. Por favor, me diga se ele lhe fez algum mal que vou agora socar a cara dele e...

–Ele fez. –A voz dela não estava muito forte, mas fora alta o suficiente para fazer John parar de falar e ir de encontro a ela. E, embora estivesse confusa demais, Viviane o olhou nos olhos quando esse sentou-se ao seu lado.

–Eu vou matá-lo... –Novamente, ela o interrompeu.

–Foi há muito tempo... –Naquele momento, as lágrimas voltaram ao seu rosto como se nunca tivessem saído.

–V-você quer me contar? Confia em mim...? Quer dizer... Pode falar o que quiser. –Não havia nada que lhe deixasse mais nervoso do que ver uma mulher chorando. Na maioria das vezes, o loiro sempre sabia o que fazer. Naquele momento, ele não fazia ideia.

–Eu preciso... nunca contei isso a ninguém.

–Viviane...

Mas ela não ligou para o seu chamado. Fitou as próprias mãos unidas e começou a contar a parte mais dolorosa de sua vida, da qual ninguém sabia além dela mesma. Talvez compartilhar sua dor fosse aliviá-la por dentro...

Viviane andava de um lado para o outro, na sala do pequeno apartamento que dividia com o namorado há um pouco mais de 2 anos. Suas pernas já estavam cansadas, uma vez que fizera aquilo quase a noite toda com a esperança que ele chegasse.

Estava preocupada. Na semana passada, ela descobrira que estava grávida. De início, ela se assustou. Apesar de ter cogitado ter um filho desde que se entendeu por gente, não programara ter um bebê tão cedo, muito menos agora, que estava decidida a fazer o teste para se tornar jogadora profissional de quadribol. Depois de alguns minutos absorvendo a notícia dada pela medibruxa do principal hospital bruxo do pequeno vilarejo onde morava em Gales, ela sorriu, se acostumando com a visão de que dali a 7 meses, ela teria um bebê em seus braços. Teria um bebê! Quantas vezes sonhara em ser mãe? Amava crianças!

Além disso, a chegada do bebê certamente serviria para salvar seu namoro, que estava indo de mal a pior. Nos últimos tempos, Viviane mal o via. Ele vivia saindo, com a desculpa de que seu trabalho estava-lhe tomando tempo demais. Assim, ele sempre chegava em casa cansado e com mau humor para conversar ou até mesmo namorar com ela. Foi assim que as brigas começaram. Ela chegou a cogitar a ideia de terminar tudo com ele. Mas seu coração ainda o pertencia. Só de pensar na possibilidade de largá-lo, seus olhos se enchiam de lágrimas e, então, a ideia era deixada de lado.

Mas tudo melhoraria com a chegada do bebê, ela tinha certeza! A relação deles voltaria a ser harmoniosa. Ele voltaria a ser o belo romântico que fora no início do namoro, e assim construiriam uma bela família.

No entanto, não fora nem um pouco como Viviane imaginara.

Naquela manhã, enquanto estavam tomando café, ele lhe disse que tinha uma surpresa para ela, a coragem lhe encheu o peito, afinal, tinha uma surpresa para ele também. Quando ela finalmente contou sobre a gravidez, viu o rosto do namorado mudar para uma expressão nem um pouco parecida com a qual esperava ver no rosto dele.

–Um bebê? Você ta brincando comigo, não é? – Perguntou ele, levantando-se da cadeira e inclinando-se sobre a mesa, para encará-la melhor.

–Porque eu brincaria com você, meu amor? É uma notícia tão boa! Já estou com 2 meses e...

–Não tenho tempo para pirralhos agora! Muito menos mentirinhas.

–Estou falando sério. Estou grávida de um filho seu! - o sorriso de felicidade de Viviane não era o mesmo que estava estampado na cara dele. – Isso não é uma maravilha? Eu já pensei em tudo! Podemos montar um quartinho para ele ou ela no quarto ao lado do nosso e tamb...

–Será que não percebe que você está estragando tudo? Um bebê? Pra que eu quero um bebê agora? –Ele estava furioso. – As fervas esse bebê, Viviane! Tire-o!

–O-o que? – Viviane não acreditava nos próprios ouvidos.

–Não se faça de surda. Você ouviu bem o que eu falei. A surpresa que eu tenho é que consegui a minha transferência para Londres. E lá espero ser promovido, o que me custará horas de trabalho. Como acha que terei tempo de ser pai?

–Mas eu...

–...não quero saber de bebê nenhum. Pensei que se cuidava! –Ele pegou a xícara de café e jogou de qualquer jeito sobre a pia. – Sou novo, tenho uma carreira brilhante pela frente. Um filho está fora dos planos. Já não basta uma guerra idiota quase explodindo por aí!

Viviane nem se deu conta de quando começou a chorar. A decepção lhe cegara. A incredulidade diante do que ouvia não a fazia crer na realidade.

–Eu acho que é você que está ficando louco. Não vou tirá-lo. Ele está aqui –ela tocou na própria barriga- em mim. E só sairá daqui a 7 meses!

–Não está vendo que está estragando tudo sendo imbecil?

Ela não respondeu, e ele soube que ainda continuava com a ideia absurda sobre o bebê.

–Pois bem. Se o quer, o terá sozinha. Não tenho mais nada a ver com isso. –E dizendo isso, Viviane o viu sair da cozinha e escutou o barulho da porta da sala ser batida, a avisando que ele saíra.

Horas depois, após ter passado a tarde toda andando e chorando pela sala na espera que ele voltasse e enfim pudessem conversar melhor, as palavras dele pareciam ecoar em sua mente como se ele tivesse as dito segundos atrás.

Ainda não acreditava. Certamente ele tinha feito aquilo sem pensar, motivado com o susto da notícia. Havia esperanças no coração de Viviane. Esperanças de que, quando ele chegasse, pediria-lhe desculpas e aceitaria a criança que agora crescia em seu ventre.

Mais uma vez, a realidade não fora como imaginara.

A porta foi aberta com força, a fazendo se assustar. Viu o namorado passar por ela e nem se preocupar em trancá-la.

–Onde esteve?

–Não te interessa. – Ele nem se quer a olhou. Passou direto de onde ela estava, indo na direção do quarto que dividiam.

–Por favor, vamos conversar. Acho que você ficou muito nervoso com a notícia... – Disse Viviane, encostando-se no batente da porta.

Ele não respondeu. Ignorando-a, pegou uma mala velha dentro do guarda-roupa e, com um aceno da varinha, fez com que suas roupas levitassem para dentro dela.

Viviane demorou um pouco mais de um minuto para entender o que aquilo significava. Novamente, as lágrimas encheram seus olhos.

–O-o que está fazendo?

–Você é cega também? – Ele gritou.

–Não pode me deixar. Não... –desesperada, ela o abraçou por trás, encostando a cabeça em suas costas – O nosso bebê, el...

–EU JÁ DISSE QUE NÃO QUERO MERDA DE BEBÊ NENHUM! – Ele gritou mais alto dessa vez, fugindo dos braços dela. Junto com o susto, veio o aroma do hálito dele.

–Você está bêbado. –Sussurrou ela, mas ele novamente a ignorou.

Assim que todas as roupas estavam devidamente arrumadas dentro da mala, ele a fechou e a pegou na mão.

–Saia da minha frente. – Não fora um pedido.

–Você está bêbado! – A voz de Viviane fora mais firme dessa vez. – Não sabe o que está fazendo.

–Saia!

–Eu não...

Ele não a deixou terminar. Passou por ela com raiva, sem se importar que tivesse batido em seu ombro esquerdo com o movimento.

–Por favor... –Viviane correu ao seu encontro novamente. Estava disposta a esquecer todas as brigas, todas as vezes que ele lhe tratara mal. O amava, afinal. E um pedaço daquele amor crescia dentro dela naquele momento. Não podia deixar tudo se perder por simples copos de whisky.

Ela o abraçou pelas costas novamente, quando esse já estava na sala pronto para sair. No minuto seguinte, ele segurou-a pelos braços, virou-se de frente para ela e a jogou no chão perto do sofá com uma força capaz de quebrar uma mesa.

Tudo aconteceu muito rápido. Viviane ia levantar-se para impedi-lo de ir de qualquer maneira, mas antes que pudesse fazer qualquer movimento, uma dor em seu baixo ventre a tomou. Uma dor insuportável, que a impedia de falar ou gritar pelo namorado para socorrê-la. Ainda se o fizesse, ele não voltaria.

Viviane deitou-se no chão e cruzou os braços em cima de sua barriga, tentando amenizar a dor, mas de nada adiantou. Sentiu mais lágrimas escorrer por seus olhos, assim como um líquido quente e vermelho passar por suas pernas, sujando todo o vestido e o tapete na qual estava deitada.

Viu o homem que amava sair pela porta, sem nem olhar para trás.

As últimas coisas que se lembrava de ter visto antes de desmaiar, eram as costas dele sumindo de sua visão... e uma poça de sangue envolvendo suas pernas.

John não sabia o que falar. Parecia que a Viviane que conhecia e a Viviane da história não eram a mesma pessoa.

De repente, tudo ficou mais claro. Lembrou-se do dia em que ela ficara estranha ao chegar perto do mais novo bebê Weasley e se afastara. Ele a havia seguido naquele dia, o que lhe rendeu minutos prazerosos. Naquele momento, olhando Viviane limpar as lágrimas que escorriam por seu rosto, entendeu porque ela não havia lhe rejeitado.

–Eu sempre quis ser mãe. E eu o perdi, John. –Disse ela, tentando controlar os soluços.

–Ei... Está tudo bem. Foi um acidente. Você não causou isso, Viviane. –Respondeu John, embora não soubesse muito o que estava falando.

–Ele ainda era tão p-pequeno dentro de mim... –Desabafou a morena, aos prantos – Eu já o amava tanto...

O loiro a envolveu em seus braços, trazendo-a para seu colo, fazendo com que ela ficasse sentada de lado em suas pernas e com a cabeça encostada na curva de seu ombro. John não fez mais nada. Deixou com que ela chorasse e chorasse. Não se importou que ela estava molhando sua blusa, apenas a confortou mais enquanto lágrimas escorriam por seu rosto.

Enquanto ela chorava, John pensou sobre o que ela contara. Franziu a testa com algumas dúvidas que surgiram em sua mente, mas resolveu deixar pra lá. Não era hora de pensar naquilo.

Depois de um tempo no qual nenhum dos dois soube determinar, as lágrimas começaram a parar, e o rosto de Viviane foi voltando ao normal. Os cílios estavam molhados e os olhos brilhavam. Parecia a mulher mais inocente que John já conhecera.

–Obrigada. –Falou ela, olhando-o nos olhos. De todas as pessoas que ela imaginou que a consolaria, John era o último delas.

–Tudo bem, Pintinha. –Respondeu ele, sorrindo-lhe. –Você fica linda até chorando.

O loiro ficou feliz em ver que os lábios dela se levantaram um pouco.

–Ele foi um idiota... –Começou ele, descansando uma de suas mãos na coxa dela, olhando fixamente para o chão.

–John...

–...Eu posso ser um canalha e mulherengo, mas eu nunca faria isso com ninguém. -Continuou, para logo depois voltar a olhá-la diretamente nos olhos. –Nunca faria isso com você.

Viviane proferiu palavrões mentalmente. Como se não bastasse a mão quente fazendo carinho em sua coxa, John ainda tinha que dizer aquilo. Ele sabia mesmo como consolar uma mulher.

–Eu vou socá-lo.

–Não, você não vai. –Disse ela, precisa.

–Ou melhor, vou azará-lo. Um Cruciatus talvez resolva. –Parecia que a raiva tomava conta do corpo de John. Havia visto Viviane chorar pela primeira vez e não gostara nenhum pouco. Aquilo lhe atingiu mais do que gostaria de admitir. –Eu devia saber que aquele idiota não prestava. Eu nunca fui com a cara do Ryron. Nada o que ele disser vai me impedir de...

Ao ver o rosto confuso de Viviane, John parou. Por um momento, achou que ela fosse voltar a chorar, mas quando ela voltou a encará-lo, vislumbrou confusão em seus olhos.

–O que foi, Pintinha? –Perguntou, acariciando seu rosto.

–Ele nunca soube que eu o perdi.

–Isso não faz sentido... Como ele...?

–Ele me deixou, não olhou para trás. –Viviane engoliu em seco. Uma lágrima teimosa escapou de seus olhos novamente. – Nunca soube que eu perdi o meu bebê. Estava tão bêbado que...

–Isso não justifica o que ele fez.

–Eu sei! – Saindo do colo do loiro, ela deitou-se na cama e fechou os olhos, tentando controlar as próprias emoções. Sabia que enquanto sua ferida estivesse aberta, as lágrimas surgiriam sem aviso prévio. – Mas é tão estranho! Esses anos todos eu busquei me acostumar com a perda do meu próprio filho, enquanto esse idiota acreditava que ele estava vivo... Durante 8 anos...

John apoiou os braços nas próprias pernas e segurou sua cabeça entre as mãos. Seus pensamentos estavam feito um quebra cabeça: Cada um parecia ter ligação com o outro, mas nenhum parecia achar o “encaixe” perfeito. Havia apenas um do qual o loiro tinha plena certeza: Ryron era o tipo de homem que nunca mereceu sua confiança. Até mesmo antes de saber da triste história de Viviane, John nunca fora simpático com o companheiro de trabalho. Para ele, o auror era capaz de olhar além do que julgava-se ser saudável quando se tratava do próprio futuro. Entretanto, Ryron não dava nenhum passo quando o objetivo era ajudar na carreira dos seus próprios amigos.

A história de Viviane apenas o fez confirmar tudo o que sempre achou. Estranhamente, a vontade de tê-lo conhecido muito antes invadiu a cabeça de John. Talvez teria conhecido Viviane. Talvez teria tido a chance de evitar os piores momentos da vida da morena. Talvez ela agora estivesse feliz com o filho ao seu lado. 8 anos de sofrimento poderiam ter sido 8 anos de repleta alegria.

8 anos.

John franziu o cenho e ergueu seu tronco, para encarar novamente Viviane, a qual ainda estava deitada na cama e de olhos fechados. Seu coração batia forte, duvidando da direção que seus pensamentos haviam tomado. Mas ele precisava ir até o fim.

–Você é mais velha que a irmã do Rony? –Viviane abriu os olhos com a repentina pergunta de John.

–Sim. Sempre fui.

John respirou fundo e pegou a mão da mulher em sua frente, fazendo-a sentar-se novamente de frente para ele.

–Escute... E-eu sei que não sou a melhor pessoa do mundo, e não tenho muitos motivos para pedir isso à você. – John falava tão serio que Viviane se espantou. - Não se preocupe, nunca direi isso a ninguém, dou a minha palavra...

–Porque está dizendo isso...?

–Preciso que faça uma coisa por mim.

–xxx-

Harry andava impaciente de um lado para o outro em sua sala no Ministério. Havia uma coisa que o deixava mais agoniado do que ver Hermione falar sobre coisas das quais ele não entendia boa parte: ver Hermione calada.

Ele sabia que, nos últimos dias, seu humor não era dos melhores. Bem, pegue uma ruiva teimosa e junte com um espião psicopata. Certamente, o resultado seria algo parecido – senão igual- ao estado do Chefe dos Aurores naquela última semana. E, como se não bastasse, Hermione, por vezes, soltava um “Ah!” e logo depois balançava a cabeça, ao mesmo tempo que seu rosto voltava a ficar sério, o que chamava a atenção de Harry, que esperava ansiosamente por uma resposta.

Vendo a amiga sentada em sua mesa, lendo minuciosamente as cartas que ele recebera do ‘estranho’, julgava-se inútil. Ele já havia lido as cartas milhares de vezes e não obtivera nenhum sucesso em busca de alguma pista que ajudasse a desvendar a identidade do espião. Recorrer a Hermione, ainda que fosse sua amiga, e ver a mesma analisando palavra por palavra das cartas o fazia se sentir um fracasso. E as expressões de concentração e entendimento da amiga não lhe ajudavam em nada.

Por fim, depois do que lhe pareceu horas, Hermione finalmente terminou. Ela soltou um suspiro alto e relaxou os ombros, encostando as costas na cadeira de Harry. Esse último, porém, parou de andar e olhou ansioso para a amiga.

–E então? –Indagou o auror. Seu tom de voz demonstrava um pouco de sua inquietação e curiosidade.

–Ele ou ela perdeu completamente o senso do juízo. –Declarou Hermione.

–Eu acho que eu já tinha concluído isso sozinho. –Disse ele, sendo um pouco sarcástico.

–E você tem razão. É alguém perto de você, Harry. Digo, mandar você se afastar do Ministério... Ele estava brincando com você, você sabe. Como se fosse bom vê-lo estressado. Talvez ele quisesse isso. E também tem o ataque contra o Rony, depois do aviso na carta. Ele poderia ter feito coisas muito piores, e graças a Merlim que não fez, mas ele quis apenas te assustar, dizer que essas ameaças são realmente sérias. No entanto, ele resolveu agir em um local público, o que é muito perigoso, supondo que algum bruxo poderia tê-lo visto, o que me leva a pensar que ele conhece muito bem o lugar. –Hermione respirou fundo e cruzou os braços em cima da mesa. –Estou preocupada, Harry.

O auror suspirou, passando uma das mãos por seus cabelos. Antes de cogitar a ideia de chamar Hermione, ele pensou nos prós e nos contras. Deixá-la preocupada –ele sabia que ela ficaria pensando no caso por vários dias -, e logo antes de seu casamento, certamente era um dos lados negativos.

–Continue. –Disse ele, notando que a amiga tinha mais a dizer.

–Partes confidenciais do caso Coliveri que vocês não liberaram para o Profeta... Não acho que o fato dele ter mencionado isso foi um deslize. –Hermione viu o amigo franzir o cenho, confuso. – Estou dizendo que ele quis que você soubesse que ele está próximo, que ele faz parte, talvez, desse departamento.

Harry tinha a sensação que saia fumaça de seu cérebro ao assimilar as palavras de Hermione.

–Você desconfia de alguém, Harry?

–Sim, e não. Eu não sei, Hermione. Odeio essa sensação de estar cego. –Declarou, frustrado. Sentou-se em uma das cadeiras do lado oposto de sua mesa, em frente a amiga, e descansou os cotovelos em suas coxas.

–Acha que Jean seria capaz de...?

–Não. Eu não acho. Mas isso não significa que ela não tenha feito.

–E John?

–O mesmo. –Disse Harry, e encarou a amiga. –Lembra-se do Quirrell, Hermione?

–Nosso professor de Defesa no primeiro ano? Sim, é claro que lembro. –Respondeu a morena, fazendo uma cara feia ao lembrar-se dele.- Por que?

–No nosso primeiro ano, desconfiamos da pessoa errada. Quirrell, ou Voldemort, que seja, de algum modo, fez com que as pistas levassem a Snape que, ao contrário do que pensávamos, era inocente.

–O que você quer dizer?

–Eu não quero cometer o mesmo erro. Desconfiar de todos os aurores a não ser que... ele queira. Ele quer... –Um dos cantos da boca de Harry se levantou, formando um daqueles típicos sorrisos de vitória, como os que surgem logo após derrotar o adversário em uma partida de xadrez. –Ele quer, Mione.

A morena olhou-o confuso do outro lado da mesa, tentando entender o que o amigo dizia.

–Harry?

–Ele quer que desconfiemos uns dos outros. –Explicou Harry, levantando-se da cadeira para começar a andar pela sala, como se aquilo fosse ajudar na engrenagem de seus pensamentos. –Você tem razão. Mencionar o caso Coliveri não foi um deslize. Ele está me testando. Ele quer me irritar pra se divertir as minhas custas. Quer que o Departamento desconfie um dos outros para causar um transtorno, para tudo ficar pior do que já está.

–Ele é um psicopata! –Vociferou Hermione.

Harry assentiu, logo depois que a ficha caiu e o sorriso em seu rosto desapareceu, embora a adrenalina continuasse fervendo seu corpo: eles ainda estavam cegos.

–Você checou a ficha de todos do Departamento? –Perguntou Hermione.

–Sim. Mas não adiantou nada. Não há nenhuma pista.

–E o que consta nessas fichas? –Quis saber ela.

Harry deu de ombros, despreocupadamente.

–Notas da escola, NOMs, NIEMs, nome dos pais, habilidades... Por que?

–Acha que alguém forjou o próprio nome?

Harry riu, sarcástico.

–Isso é impossível. As informações são colhidas a partir do nome dos pais. Seu nome é Hermione Jean Granger, e assim que colocaram seu nome na ficha, os nomes dos seus pais surgiram no papel imediatamente, por causa do seu sobrenome. –Explicou. Mas logo depois sua expressão mudou para pensativo, como se estivesse reavaliando algo. –Ele não pode ter feito isso...

–Harry, você lutou contra um bruxo que criou o próprio nome. –Falou Hermione, embora Harry não tenha prestado muita atenção. Seus pensamentos estavam a mil.

–A árvore genealógica. –Disse ele.

–O que?

–Talvez dê certo e eu ache alguma coisa.

–Estamos trocando os papéis, Harry. Era você que não entendia o que eu falava, não ao contrário. Será que dá pra você me explicar o que está acontecendo?

–Alguém não pode simplesmente criar um novo nome. As fichas não podem ficar em branco. Como elas vão se preencher? O Ministério exige que tudo esteja preenchido. Hermione, Voldemort nunca iria poder trabalhar aqui, porque a partir desse nome, sua ficha ficaria completamente crua.

–Mas se ele usasse seu nome verdadeiro, seria diferente. –Concluiu Hermione, começando a entender onde Harry queria chegar.

–Exatamente! –Continuou Harry, arrumando seus óculos em seu rosto. –Quem quer que seja que esteja mandando essas cartas, pode ter usado outro nome, mas não o sobrenome.

O auror não tinha certeza se o que estava dizendo fazia algum sentido, mas pensar em algo lhe fez sentir-se menos inútil. E, considerando o quão “perto” estavam de descobrir a identidade do estranho, ele não poderia deixar passar nada, não é? Ele simplesmente não poderia ficar de braços cruzados e não fazer nada.

–Eu vou estudar a árvore genealógica de todos do Departamento. –Declarou ele.

–Mas isso pode levar meses! –Disse Hermione.

–Eu sei, mas eu tenho que fazer isso, Mione. Começarei primeiro com alguns, ok? Os que cuidam dos principais casos, depois vejo os demais. Mesmo que isso não me leve a nada, não vou ficar parado. Não posso ficar.

Hermione assentiu, e levantou-se de sua cadeira, dando a volta na mesa e aproximando-se do amigo.

–Vou procurar pensar em algo, Harry. Tentar ajudar você de alguma maneira, juro que vou.

–Você já fez muito, Mione. Obrigado por isso. –Disse ele, sincero. –Mas agora, tenho que fazer isso sozinho. Não posso ocupar mais você. Rony quase morre com medo de você dizer “não” quando te pediu em casamento... ele vai enfartar enquanto você não disser ‘sim’ oficialmente.

Hermione sorriu e abraçou o amigo, como se ele fosse um irmão.

–Eu moro na mesma casa que você, não se esqueça disso. –Disse ela, enquanto se afastava andando em direção a porta. –Não me esconda nada, ok?

–E eu consigo?

Harry viu a cabeça de Hermione com um sorriso presunçoso por entre a porta.

–Não.

–xxx-

O sol já estava forte quando Gina acordou na manhã seguinte. A claridade que entrava por sua janela fora a responsável pelo seu despertar, uma vez que esquecera de fechar as cortinas na noite passada. Mesmo que estivesse um tanto cedo, ela não se importou. Estava tão feliz que dificilmente algo estragaria o seu dia.

Enquanto descia as escadas para ajudar a mãe com o café da manhã, já devidamente pronta para o trabalho, Gina lembrou-se da notícia responsável pela sua felicidade. Havia sido convidada para cobrir, pelo O Profeta Diário, um jogo de quadribol que seria dali a algumas semanas. Seu primeiro jogo! O primeiro que trabalharia não como uma jogadora em cima de uma vassoura, e sim como Correspondente Sênior de Quadribol; uma expectadora atenta a todos os movimentos dentro do campo pronta para passá-los para o papel. Seria quase como se estivesse fazendo parte de um time novamente!

Estava tão radiante que até assustou-se quando, ao entrar na cozinha, avistou Viviane mexendo uma xícara com café no lugar de sua mãe.

–Ei! –Exclamou a ruiva. –Onde esteve? Não vi você ontem o dia todo, nem antes de dormir...

–Bom dia para você também, Gi. –Respondeu Viviane, dando um fraco sorriso. –Sua mãe foi até o galinheiro pegar alguns ovos.

Gina chegou mais perto da amiga e estranhou o fato dela ter ignorado sua pergunta. Não era característica de Viviane fazer algo daquela maneira.

–Será que dá pra responder a minha pergunta?

–Ei! – Viviane fingiu-se de ofendida. – A mais velha aqui sou eu. Quem faz esses tipos de pergunta não é você.

Ambas riram com a brincadeira.

–Desculpa, Srta. Keller. – Riu Gina, pegando uma xícara para si. Viviane sentou-se a mesa.

–Passei a noite com John.

Demorou alguns segundos para a ruiva assimilar as palavras da amiga.

–Uau... –Gina arregalou os olhos. – Pensei que vocês não tinham mais nada... quer dizer, nunca tiveram, certo?

A morena deu de ombros, abocanhando um pedaço de pão. Havia algo nas atitudes dela que Gina estava estranhando. Pela primeira vez em anos de amizade, ela duvidou das palavras da amiga. Como exatamente eles passaram a noite? No entanto, resolveu ignorar tal dúvida e contar a novidade.

–Vou cobrir um jogo de quadribol para o Profeta!

Foi a vez de Viviane arregalar os olhos.

–Merlin, Gina! Isso é maravilhoso!

–Eu sei! –A Weasley sorria de orelha a orelha. – É um grande passo nessa minha nova carreira, e uma grande responsabilidade também.

–Isso é demais! Parabéns! Quem melhor do que você, alguém que viveu o quadribol por 6 anos, para cobrir um jogo? Seu chefe seria no mínimo muito burro para não ver isso!

–Estou tão feliz... –Revelou Gina, sentando-se a mesa também. – E ainda ganhei cortesias para ver o jogo. Vou dar uma pra você, e as outras para Rony, Harry e Hermione, como agradecimento na ajuda com a mudança.

–Obrigada. E desculpa mais uma vez por não ter ajudado você com a mudança. Quando irá para o apartamento de vez?

–Amanhã. Você virá comigo, não é?

–Por mais que eu ame a sua mãe, não abandonaria você por nada! – Exclamou Viviane, sorrindo para Gina.

–Será que tem espaço para um pobre ruivo tomar café da manhã com a mais nova queridinha do Profeta? –Exclamou Carlinhos, acabando de chegar a cozinha. Arrancou sorrisos das duas mulheres em sua frente, e juntou-se a elas.

Gina não poupou sorrisos durante todo o café, até finalmente levantar-se e mandar uma coruja para Harry.

Finalmente feliz e orgulhosa de si mesma, como há tempos não estava.

–xxx-

Harry nunca se sentira tão cansado. Certo, talvez na manhã pós Guerra, depois de finalmente ter derrotado Voldemort. Mas, naquela manhã, ao abrir a porta de seu apartamento, sentiu como se pesasse 20 quilos a mais. Parecia que, assim que passou pela porta e a fechou – fazendo o mínimo de barulho para não acorda Rony e, principalmente, Hermione – , toda a energia que ainda lhe mantinha acordado e em pé se esvaía.

Passara a noite e a madrugada inteira pondo seu plano em ação. Mas, apesar do tempo, sabia que estava apenas no início. Havia aurores de famílias tradicionais bruxas, com uma lista de parentes gigantesca, assim como a Black. Estava decidido a descobrir o autor das cartas e nada iria deixar algo lhe deter, nem mesmo o cansaço. Assim, antes de sair do Departamento, fez questão de não olhar para a montanha de papéis que lhe aguardava. Faria de tudo para não sentir-se desencorajado.

Mas, ao contrário do auror, Almofadinhas parecia muito bem acordado já que, assim que Harry entrou no apartamento, viu o cão correr em sua direção e começar a pular em sua frente, por vezes apoiando as duas patas dianteiras nas pernas de seu dono.

–Hey, amigão. Silêncio, ok? Não queremos ver Rony mal humorado. –Disse o auror, inclinando para fazer carinho na cabeça de Almofadinhas.

O cachorro balançava o rabo freneticamente, e sua língua pendia relaxadamente para fora de sua boca, sem dúvida feliz por ver seu dono.

Harry foi até a cozinha, e abriu a geladeira, pegando uma garrafa de cerveja amanteigada para si. Olhando a cara de Almofadinhas, suspirou e colocou um pouco da bebida na tigela do animal, sabendo que ele iria lambê-la assim que bebesse tudo.

–Você é muito mal acostumado. –Resmungou Harry, encostado contra o balcão da cozinha, enquanto via Almofadinhas quase se afogar em sua tigela.

Depois de terminar com sua garrafa, Harry a deixou de lado em cima da mesa e estava prestes a se encaminhar para o quarto, temendo encontrar Hermione e receber um sermão logo cedo, quando uma coruja entrou pela janela, pousando no espelho de uma das cadeiras do cômodo.

Franzindo o cenho, Harry chegou perto da ave e pegou a carta que lhe era direcionada. Rasgou o papel e pegou o pergaminho no interior do pequeno envelope, abrindo-o logo depois.

“Não fui capaz de conceder lugar para você em campo, mas acho que a Bulgária ficará bastante satisfeita em ter você como torcedor por uma noite.

Espero você, Rony e Hermione na sorveteria do Beco Diagonal amanhã. Explicarei tudo.

Obrigada mais uma vez pela ajuda na mudança.

Gina M. Weasley.

P.S: Não aceito não como resposta.”

Harry sabia que estava sorrindo feito um bobo, mas não se importou. Almofadinhas era sua única platéia.

Costumava acompanhar o campeonato de Quadribol, mas devido os últimos acontecimentos com o Ministério e com a própria Gina, havia se perdido no tempo.

Olhou o pequeno calendário pregado na parede por Hermione e arregalou os olhos ao ver que quase se esquecera de uma data importante dali há alguns dias, antes mesmo do baile do Ministério da Magia e do possível jogo da Bulgária, como citou Gina em sua carta.

Felizmente, ele tinha amor a vida. Deixando a cozinha, ainda sorrindo bobamente, apenas desejou que o dia seguinte chegasse com a velocidade de sua vassoura. Sabia que aceitaria qualquer coisa que Gina lhe propusesse.

Era uma questão de tempo até saber se ela aceitaria o que ele tinha em mente.


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Notas finais do capítulo

N/A: Oieee, como vão? Desculpem a demora. Primeiro queremos dizer que é extremamente chato quanto suas ideias não fazem conexão com seus dedos! Mudamos esse capítulo umas 10 vezes, tirando e acrescentando partes para que, no final, o resultado saísse como o esperado... o que não aconteceu. Esperamos que vocês gostem dele mais do que suas criadoras HSUAHSU. Esse capítulo fará conexão com um próximo no futuro. Logo, não podíamos deixar nada passar despercebido, dando um trabalho enorme! Vocês devem ter notado que há mais por trás da história de Viviane, e que a conversa dela com John não acabou ali. Bem... isso é assunto para os próximos capítulos HAHAHA.
Quem lembra do Ryron? Ele aparece em capítulos passados. Quem não lembra, aconselho a reler a fanfic para o seu melhor entendimento =D
Agora, com o passado da Vivi finalmente revelado, queremos saber quem foi bom em Adivinhação e acertou o que havia acontecido com ela!
Bom... é isso! O próximo capítulo será menos dramático que esse, aguardem! E Hinny voltará com força total!! UHUU!
Aguardamos os comentários e possíveis recomendações. ;)
Beijão!



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