Opposite escrita por Giovana Marques


Capítulo 5
Verdade


Notas iniciais do capítulo

Finalmente pronto! Espero que gostem.
Beijos
P.S.: Se por acaso tiver cometido algum erro, por favor, me avisem. Obrigada. :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/243085/chapter/5

Minha mão que segura o celular estremece e eu me arrependo por estar fazendo isso. Quer dizer, eu e meu pai não temos um bom relacionamento. Ele vive me ignorando e bem, eu faço o mesmo. Não que eu me importe, como eu vivo dizendo.

– Alô, Emily? – Ele atende com uma voz confusa. Deve estar assustado pelo meu telefonema, afinal, nunca havia ligado antes. – Aconteceu alguma coisa?

Sua ridícula pergunta me faz ter vontade de rir, mas é claro que me contenho.

– Não, está tudo bem. – Minto. – Só precisava conversar mais tarde. O que vai fazer à noite?

Ele não responde, o que me deixa ainda mais revoltada.

– Pai?

– Sim. Podemos conversar, mas tem certeza que hoje? É que eu tinha uns papéis para assinar...

– É. Hoje. – Interrompo mais uma de suas desculpas. – O espero em casa, então.

Cruzo os dedos, esperando que não cancele.

– Tudo bem. Nos vemos mais tarde. – Ele diz secamente.

E antes que possa desligar, dou uma pressionada:

– Por favor, não arrume nenhuma desculpa desta vez. É realmente importante.

Desligo, sem que ele tenha a chance de responder. Não quero ouvir mais mentiras do que já ouvi em dezesseis anos.

Nina, que já está sentada no sofá da minha casa, se anima. Jeremy também parece esperançoso. Apenas Luke é quem parece distante e entediado, como sempre.

– Deu certo?

– Sim. Só espero que ele realmente venha. – Respondo, suspirando.

***

Ouvimos alguém girar a maçaneta da porta do meu apartamento. Provavelmente é quem esperamos.

Jeremy e Nina interrompem sua animada conversa, Luke fecha o livro que estava lendo e eu me arrumo no sofá, me preparando para o que estou prestes a fazer.

Meu pai chega na sala, vestindo seu típico terno e segurando sua maleta de sempre, e se assusta com meus convidados.

– Não sabia que teríamos visitas.

Não perco a oportunidade de dar um sorriso malicioso.

– Pois é, nós temos.

Nesse mesmo momento, os três já estão de pé esperando por uma apresentação mais formal.

– Pai, esses são Nina, Jeremy e Luke.

Meu pai força um sorriso, coisa que eu estranho, e os cumprimenta. Depois senta-se em sua poltrona e olha em seu relógio, apressado. Sinto uma leve e súbita raiva.

– Você disse que tinha que falar comigo, fale. Já sei! Você quer dinheiro para sair com seus amigos, não é? A mesada que eu te dou é pouca? Por que não me avisou antes?! – Ele pega sua carteira e tira um cartão de crédito. – Pronto, esse é sem limites.

Se eu estava com uma leve e súbita raiva antes, então aquilo não é nada comparado ao que sinto agora. Vergonha? Talvez. Acho que é mais uma mistura dela com um certo ódio mortal.

Meu estúpido pai ainda força seu estúpido sorriso, ao estender sua estúpida mão com estúpido cartão para mim.

Quero dizer um milhão de coisas, mas faço algo que surpreende à mim mesma. Dou um tapa tão forte em sua mão, que o cartão vai parar do outro lado da sala.

Evito ao máximo olhar para Nina, Jeremy e Luke. Pois além de nervosa, estou extremamente envergonhada. A expressão de meu pai é ilegível, apesar de parecer assustado e confuso.

Devo estar parecendo tão louca de ódio, que meu pai se afasta vagarosamente de mim.

– Emily...?! – Ele começa a se perguntar, incrédulo.

– Não quero a porcaria do seu dinheiro. – Cuspo. – Pode me dar um pouco de atenção uma vez na vida? É tão difícil assim desmarcar uma merda de um compromisso com a sua namorada, ou uma reunião? Ou qualquer outra coisa que você faz?

Ele parece não saber o que fazer. Está tão envergonhado quanto eu, afinal, “a visita” está assistindo toda essa palhaçada. Abaixa a cabeça, confuso, e diz:

– Você está exagerando, Emily...

– Exagerando?! – Grito, e quando percebo já estou de pé. A maioria dos empregados está ali, assistindo minha cena. – Você nunca conversou comigo de igual para igual, sempre querendo me subornar para deixá-lo em paz. Eu fui criada por babás, e nas férias, você me colocava em um acampamento de verão e ia viajar com Logan.

– Emily... – Meu pai, se é assim que posso mesmo chamá-lo, levanta e parece cheio de raiva.

E então digo, o que estava querendo tanto dizer.

– Por que você faz isso? É porque eu sou adotada, não é?! Vamos, quero vê-lo negar agora. Além de ter me ignorado todos esses anos é um mentiroso também.

Os empregados parecem estar se divertindo, como se tivessem assistindo uma novela. Os meus “visitantes”, como meu pai diz, parecem tão assustados como ele próprio.

Parece que a raiva estampada em seus olhos se foi. É como se eu tivesse acabado de dar um soco em sua cara. E então, gagueja:

– C-Como você sabe?

Respiro fundo e volto a me sentar, encarando os empregados para que saiam. Assim eles o fazem e finalmente fico calma o suficiente para dizer.

– Estamos aqui para falar disso.

***

Jenna, a cozinheira e minha única amiga naquela casa, traz limonada aos meus “convidados” e ao meu pai. Eu insisto em não querer beber nada, mas mesmo assim ela deixa um copo para mim na mesinha de centro. Depois que sai, meu pai começa a dizer.

– Não queria que você descobrisse assim. Eu queria ter contado, mas não via como.

– Era óbvio. – Digo, tentando manter minha calma. – Pode começar a contar: Quem são meus pais? Por que me adotou se tanto me odeia?

– Emy, chega. – Nina se intromete, deixando-me ainda mais envergonhada. – Deixe-o falar.

– Obrigado. – Meu pai sorri sem vida. – Emily, eu não a odeio. Eu só fiquei afastado esse tempo todo, pois tinha medo do que pudesse fazer. Você já deve saber que é uma pessoa... Especial.

– Feiticeira. – Corrijo-o. – Então quer dizer que não queria se aproximar de mim por medo? Não seja ridículo.

Ele suspira e pela primeira vez, sinto que está dizendo a verdade.

– É verdade. Por isso nunca gostei que ficasse muito perto de Logan, mas vocês foram criados juntos. Era impossível separá-los.

À cada palavra que ele diz, mais vontade tenho de estrangulá-lo. Pelo menos está sendo sincero. Isso, com certeza, já é alguma coisa.

– Eu nunca machucaria Logan.

– Eu sei, mas não sabia antes. Você era tão... Diferente dele. Nunca soube como criá-la, e por isso desisti. – Explica-se, parecendo chateado. Isso tudo é um teatrinho ou apenas impressão minha? – É claro que me arrependo totalmente, pois havia prometido à mulher que lhe deixou que a criaria da melhor maneira possível. Parece que só o meu dinheiro não foi suficiente para você, não é?

Cruzo os braços, segurando minha vontade de atacá-lo. Atacá-lo como havia atacado os lobos há pouco. Já tenho uma frase feita em minha cabeça e estou pronta para derrubá-lo novamente, mas Luke o faz antes.

– Para uma pessoa fria como você, dinheiro é mais do que suficiente. Mas acredito eu, que Emily não seja assim. Para criar uma criança é preciso afeto, carinho e amor. Não do seu sangue frio. Aposto que a mulher que deixou Emily com você teria ficado totalmente insatisfeita com o seu tipo de criação.

Por um momento me sinto confusa. Luke me defendendo? Como se já não bastasse aquele estranho abraço algumas horas atrás. De repente, me pego feliz por isso.

Olho para Luke, com um quase sorriso em meus lábios. Para minha surpresa ele retruibui. Jeremy, que está ao seu lado, pisa em seu pé como quem quer dizer “cale a boca”.

– Você não sabe nada sobre a mulher que deixou Emily sob minha custódia. – Meu pai responde.

– Na verdade, sei bastante sobre Blake Darkbloom. – Luke diz, desdenhando.

Meu pai praticamente pula da poltrona em que está sentado. Luke dá uma risada debochada e eu confesso que tenho que segurar uma também.

– Como sabe sobre Blake Darkbloom?

Me sinto curiosa novamente. E por mais que já desconfiasse, me pego repetindo a mesma pergunta em minha cabeça: “Foi mesmo Blake quem me deixou aqui?”.

Luke ri novamente e Nina tem que chutá-lo para que pare. Ele tosse duas ou três vezes, como se estivesse se recompondo e finalmente diz:

– Respondo, se me disser o porquê de Blake deixar Emily com um cara tão desprezível como você. E claro, sobre a sua relação com ela.

Meu pai cruza os braços, com um sorrisinho cínico em seus lábios.

– E por que eu deveria fazer isso?

Luke se levanta e anda tão rapidamente ao meu pai que eu nem percebo. Deve ser mais um de seus poderes de feiticeiro. Ele pega sua adaga brilhante e aproxima-a do pescoço de meu pai.

– Ahn... Não sei. Talvez para continuar vivendo?

***

Nina já está de pé, bem próxima de Luke. Ela parece preocupada e nervosa. Já Jeremy, parece meio perdidio. Luke ainda está tomado pelo ódio, assim como eu.

– Luke, não faça nada precipitado. – Nina diz, nauseada.

– Sei o que estou fazendo.

Meu pai parece com medo, mas ao mesmo tempo com ódio. É mais uma mistura dos dois sentimentos.

– Vai mesmo me matar se eu não disser nada? Emily não permitiria. – Meu pai fala o que mais aparenta ser uma piada. Se fosse por mim, ele já estava morto. É claro que não é apropriado dizer isso, já que estamos tentando arrancar informações dele.

Luke se sente confiante e não abaixa a adaga, mesmo que meu nome seja mencionado na conversa.

– Emily quer saber do passado dela. – Ele diz. – Não é?

– Emily me deve muito. – Carl Parker diz (prefiro parar de pensar nele como pai) – Por mais que eu não a tenha criado como queria, eu a banquei por dezesseis anos!

Isso realmente me faz ter vontade de pegar a adaga de Luke e enfiá-la eu mesma no pescoço de Carl. Eu já sabia que era uma pessoa fria e me odiava, só não sabia que era tanto assim. Como pude pensar que era realmente meu pai esses anos todos?

Blake Darkbloom deve a você! – Digo de forma controlada. – Foi ela quem me deixou com você, quando eu era apenas um bebê. Se eu soubesse... Teria ido embora dessa casa o quanto antes. Agora, se quer viver vai nos responder. E nem se atreva a gritar por ajuda.

Carl bufa e Luke sorri maliciosamente.

Corro para dentro do apartamento, onde estão os empregados e os dispenso por hoje. Peço para que saiam pela porta dos fundos como de costume, para que não vejam seu patrão sendo seriamente ameaçado.

Espero, cuidadosamente, até todos irem embora e depois volto ansiosa para a sala.

***

– Blake Darkbloom era uma boa amiga. Nos conhecemos em um dia qualquer... É claro que eu ainda não tinha todo esse dinheiro. Na verdade, tinha acabado de perder o emprego e tinha Logan para criar. A mãe de Logan morreu muito cedo, disso ele sabe. À propósito ele sabe sobre você ser adotada. – Carl diz, ferindo meus sentimentos.

Por mais que eu Logan brigássemos, tinhamos nossos momentos de afeto. Eu realmente pensei que ele gostasse de mim e que me contaria tudo que soubesse ao meu respeito.Pelo visto estava enganada, ou ele estava omitindo aquilo para me proteger, como prefiro pensar.

Luke ainda segura a adaga, firme e forte, perto do pescoço de Carl. Nina está parada ao meu lado, ouvindo e pensando. Jeremy está jogado no sofá, esperando pelas revelações.

– Continue. – Digo, fingindo que não me importo com Logan.

– Como estava dizendo, tinha acabado de perder meu emprego em um restaurante da cidade. Estava arrasado, completamente arrasado. Então decidi ir até uma praça, próxima a esse prédio. Fiquei lá por horas, observando a paisagem e pensando no que faria para conseguir sustentar à mim e a Logan. E foi então, que a vi. Blake Darkbloom. Estava com seus cabelos negros presos em um coque e um sobretudo vermelho sangue. Seu salto alto fazia barulho em meio a todo aquele silêncio, e o que mais me chamou a atenção foram seus olhos tão azuis quanto o céu.

Isso me faz parar para pensar que também tenho olhos azuis. Posso não ser a filha, mas será que sou parente de Blake Darkbloom? Impossível, sou uma feiticeira branca.

Nina percebe que estou estranha e olha para mim curiosa. Será que pensou na mesma coisa que eu?

– Blake Darkbloom andando por uma pracinha qualquer de New York? Isso é muito estranho. Não é, Luke? – Ela diz.

– Meu pai disse que Blake costumava vir ao mundo dos humanos quando estava chateada com algo. Escondida até mesmo dele, é claro. – Luke explica. – Então há sim, uma ponta de verdade nisso.

– Posso terminar isso logo? – Carl parecia entediado.

– Vá em frente.

– Blake deve ter percebido meu desespero, pois sentou ao meu lado e perguntou-me porque estava tão abalado. Eu expliquei-lhe toda a situação e ela pareceu sentir pena de mim. Ela também disse que estava em sérios problemas, mas quando perguntei o porquê não quis me responder. – Carl diz pausadamente, como se tentasse lembrar dos mínimos detalhes. Parece que quer realmente se livrar de mim. – E então, completamente do nada, resolveu fazer um acordo muito esquisito. Disse que me daria o emprego dos sonhos e o quanto dinheiro eu quisesse se eu prometesse ajudá-la em algo. Como estava em estado de decadência, aceitei. E foi aí que consegui tudo: Virei um grande empresário e ganhei muito dinheiro, tanto por Blake como pelo trabalho. Não soube como ela havia feito aquilo, mas logo percebi que não era algo normal, que possuia poderes. Mas antes que eu pudesse perguntar, Blake desapareceu.

– Mas o que ela pediu em troca? – Pergunto, atordoada.

– Um ano mais ou menos, depois, Blake reapareceu. Ela havia trazido você e pediu para que eu a criasse. Disse que muitas pessoas como ela, com poderes quero dizer, viriam procurar pela filha dela e encontrariam a você. É claro que foi só um truque, você não é a filha dela. Segundo Blake, seus pais a abandonaram quando ainda era muito pequena e era perfeita para o plano dela. Como queria esconder a filha, Blake trouxe você até mim e disse para que eu dissesse à qualquer um que viesse procurar pela filha desaparecida dela, para desistir. A filha de Blake está muito bem escondida, isso se ainda estiver viva. Emily é só uma farsa para que vocês aprendam e por fim, desistam.

Eu e os outros ficamos em choque. Admito que fico realmente triste. Abandonada pelos meus pais? Não era isso o que eu esperava, sinceramente.

– Blake disse que Emily era especial como ela, e assim fiquei assustada com os danos que poderia causar a mim e ao meu único e verdadeiro filho. Mas como havia prometido, não podia simplesmente largar a garota por aí.

Me levanto do sofá triste, enojada, estressada e morrendo de vontade de dar na cara de Carl Parker. Mas tudo o que digo é:

– Sabe de mais alguma coisa?

– Isso é tudo, eu juro.

Olho para Nina, Jeremy e Luke e ambos concordam com a cabeça.

– Tudo bem, isso é tudo. – Luke diz, empurrando Carl com violência e andando em nossa direção.

Carl se levanta, bufando, e cruza os braços.

– Malditos, saiam da minha casa agora que acabou. Isso inclui você, Emily. Cansei de pagar pela minha promessa, se Blake quisesse me tirar tudo o que eu tinha já havia tirado.

– Eu vou, mas eu vou porque eu quero. Não pense que você manda em mim, Carl Parker.

Já estou pronta para ir até o meu quarto pegar minhas coisas quando acontece algo inesperado. Ou melhor, alguém inesperado aparece.

– O que está acontecendo?! – Logan já está em casa e ouviu o final da nossa adorável conversa.

Droga, por essa eu realmente não esperava.

***

– Então você é uma feiticeira? E lobisomens, vampiros, fadas, sereias, feitceiros, tudo isso existe? – Logan pergunta assustado, enquanto pego as minhas coisas e enfio em uma mochila qualquer.

– Isso mesmo.

Acabo de explicar tudo ao meu irmão, ou ex-irmão, ou sei lá. Podemos não ser irmãos de verdade, mas eu e Logan sempre teremos essa ligação especial. Sei que sempre poderei contar com ele e ele também sabe que sempre poderá contar comigo. Isso realmente está me dando vontade de chorar.

Explico sobre tudo, desde Blake Darkbloom e sua filha desaparecida até o meu encontro com Luke na Sexta-Feira passada. Ele não faz muitas perguntas, só parece meio confuso. Confuso até eu mostrar meu jato de água, um pouco mais controlado desta vez,

– Isso é incrível! – Ele parece maravilhado ao conhecer uma das minhas habilidades de feiticeira.

– Eu sei! – Digo, fechando a torneira da pia do meu banheiro e fazendo com que o jato simplesmente suma.

– Quer dizer, dá pra ganhar dinheiro com isso. E se a gente te vendesse para um circo? Eu podia largar o meu emprego e a gente vivia disso. – Logan faz outra piadinha para variar, mas dessa vez eu rio.

– Você é muito desnecessário, cara. – Comento.

Termino de arrumar minhas coisas e engulo o choro, começando a me preparar para dizer adeus. Já disse que odeio despedidas?

– Então, você vai ajudar Luke a encontrar a “garota perdida” e depois procurar pelos seus pais biológicos, que por sinal, são feiticeiros? – Ele pergunta, angustiado com tanta fantasia.

– É isso aí.

E de repente, ele me abraça, o que me deixa perplexa. Hoje as pessoas definitivamente estão me pegando desprevenida com abraços.

– Por favor, Emy, não vá. – Logan tenta me convencer a ficar, coisa que é completamente inútil. – Meu pai é um tolo, se você quiser ficar eu consigo convencê-lo. Como eu vou conseguir me safar das besteiras que faço? Geralmente quem me ajuda é você!

– Vai ter que aprender finalmente a ser responsável. – Digo, dando uma gargalhada.

Ficamos abraçados por mais alguns segundos. Quem diria? Eu e Logan abraçados. Normalmente estaríamos nos estapeando, mas sinto que meu irmão é o único que realmente me ama neste mundo. E também a única pessoa que amo e em quem posso confiar. Me sinto segura e protegida nesse abraço, apesar de ser a mais forte com meus poderes sinistros.

– Saiba que você sempre vai ser minha maninha, ok? Vou estar aqui para tudo o que precisar e não esqueça de vir me visitar.

“Se eu sair viva disso tudo, dessa missão maluca para encontrar “a garota perdida”, talvez eu volte.” – Penso em dizer isso, mas acho que não pegaria bem. Então apenas digo:

– Voltarei. Se cuida, viu? E vê se consegue finalmente criar responsabilidade. E não acaba de novo com o seu relacionamento com a... Faith? É esse o nome dela?

Logan ri e sinto que é a última vez que escuto aquele riso. Sinto-me mal por isso.

– É Faith sim. – Ele diz entre as risadas, mas logo para de rir. – Se cuida também. Amo você.

Tenho de segurar uma lágrima, nunca ninguém havia dito que me amava antes. Ninguém mesmo. Isso realmente abala meu emocional.

– Amo você também. – Digo, soltando-o.

Cogito realmente a ideia de ficar, agora que finalmente sei de tudo, sobre não ser filha verdadeira de Carl.

Poderia me mudar para um pequeno apartamento próximo daqui, com ajuda de Logan. Poderia terminar o colegial e arrumar um emprego logo em seguida. Poderia ficar, só para não ter que me separar do meu irmão, nem de Rachel, mas algo em mim diz que eu tenho que ir e descobrir quem são meus pais, mesmo que eles tenham me abandonado.

Decido sair do apartamento o mais rápido possível, antes que essas ideias de ficar tomem conta da minha mente. Volto ao meu estado durona de ser e dou um soco de leve no ombro do meu irmão mais velho.

– Adeus, garanhão.

– Adeus, nerdizinha.

***

Luke, Nina e Jeremy já estão me esperando lá embaixo. Dou uma última olhada na casa, despedindo-me de tudo que eu conheço e de repente lembro de Rachel. Eu, definitivamente, preciso avisá-la de que estou indo embora. Talvez eu ainda consiga passar na casa dela, se for rápida.

Deixo uma carta para Jenna, a cozinheira, e ando até a sala. Estou prestes a sair do apartamento, quando avisto Carl. Ele está sentado em sua poltrona de sempre.

Tenho vontade de humilhá-lo, só um pouquinho, mas desisto. E acabo falando algo realmente importante.

– Ei, você. – Digo e ele olha para mim. – Até entendo que não me dava atenção esses anos todos porque eu não sou sua filha e tudo mais, mas Logan é. Então lembre-se dele de vez em quando, e ao contrário de sair com a sua namorada ridícula, dê atenção a ele. Parece que não, mas ele sente sua falta muito mais do que eu sentia. Ele precisa de um pai presente, coisa que você não é.

Carl não me responde, apenas continua olhando fixamente para mim, então acho que pegou o recado. Não digo absolutamente mais nada, apenas saio do apartamento batendo a porta de entrada com força, só para dar impacto à minha saída.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Opposite" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.