Um Dia na Praia escrita por Machene


Capítulo 7
Ama Desde Quando?




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Cap. 7

Ama Desde Quando?


Já se passaram três meses. De fato, não demorou muito para Tai Li e Chao começarem um relacionamento. Eles quase nunca se desgrudam, até bem mais do que Willa e Zuko! Zeni ainda não beijou Toph, mas eles se tornaram amigos em pouco tempo. Contente por estar sendo útil, a cupido Katara chega com uma nova proposta para um clima romântico entre os novos casais. A turma está reunida perto da sala do segundo ano, então ela corre para o corredor até Aang.


– Oi gente! – ela beija o namorado no rosto – Vocês não adivinham o que eu consegui!

– Ingressos para o show da Jennifer Lopez? – Sokka chuta e todos arqueiam sobrancelhas – O que é? Eu gosto da J Lo! – Suki cruza os braços com um sorriso assustador – Mas eu amo mais você, meu pãozinho de mel! – ele segura sua mão e a beija, fazendo os outros rirem.

– Não! – Katara responde o chute anterior – Eu falei com o Bumi. Ele deixou a gente fazer uma festa na praia no próximo fim-de-semana, desta vez a nosso gosto!

– Mentira! – Toph se anima – É! Desta vez eu vou me esbaldar! – ergue os braços no ar.

– Mas que dia? Se for no sábado, eu não posso. Vou fazer compras com a minha mãe.

– Não se preocupe Willa. Será no domingo. Mas e então? Quem vai levar o que?

– Eu levo o som! – Sokka anuncia erguendo a mão – J Lo, é isso aí!

– Neste caso, eu contribuo com alguns cd's, para não termos que ouvir a mesma música a noite toda. – Suki corta o barato do namorado, fazendo todos rirem de novo.

– Eu levo a comida. – Toph ergue a mão – Isso inclui bebida.

– Então eu posso levar talheres, pratos, copos e guardanapos. Minha madrinha não liga. – Tai Li sorri – Contato que seja descartável... – a galera ri outra vez.

– Eu tenho umas luminárias que podem dar um efeito legal na festa. – Katara anuncia.

– Então eu levo os fogos de artifício! – Aang levanta a mão e todos o encaram – O que? A festa não ia ser legal sem um grande encerramento, não é?

– Concordo. – Zuko sorri e ergue a mão – Eu levo filmadora, pra flagrar os "foras e furos".

– Então eu pego a câmera fotográfica! – Willa ri e o restante os fuzila com os olhos.

– Desde quando aderiram ao programa do Rodrigo Faro? – Aang ergue uma sobrancelha.

– Só eu assisto, mas o Zuko riu quando eu falei do quadro "Foras e Furos". – Willa ri – E eu bem que podia levar minha lira também. – todos a encaram com surpresa.

– Você toca lira? – Katara ri quando Willa concorda com a cabeça – Então foi você quem estava tocando no dia em que te conhecemos?

– Puxa vida, vocês ouviram? Na verdade, aquela era emprestada de uma colega da praia.

– E a gente achando que era um batuque do além. – Toph comenta e todos riem – A festa vai ser demais! – todos vibram.

– Alguém falou em festa? – Chao se aproxima e Zeni está com ele.

– Amorzinho! – Tai Li corre para abraça-lo, o que não é uma grande distância, sendo que ele está a cinco passos dela, e Chao beija seu nariz – Estamos programando uma festa na praia.

– Minhas duas palavras favoritas! – Zeni anuncia sorrindo – Nós podemos entrar nessa?

– Claro! – Suki concorda por todos – Vocês podem levar alguma coisa?

– Eu tenho uns cd's de rock. – Zeni diz – Serve?

– Claro! – Sokka sorri – E você, Tchauzinho? – provoca, fazendo todos menos ele rirem.

– Não vem! – ele aponta o dedo ameaçadoramente, mas logo sorri – Posso levar vocês.

– E de que tamanho é o seu carro? – Zeni se surpreende – Só se for gente no bagageiro!

– Não. Eu tenho uma caminhonete. – Zuko e Sokka assoviam – Onde nos encontramos?

– Pode ser na minha casa. – Willa levanta a sua mão – Eu moro perto da praia. – todos concordam, não imaginando que Azula e Mai estão escutando tudo.

– Por acaso pretende ficar quietinha enquanto o meu estimado irmão vai se divertir com a sua rival? – Mai vira-se aborrecida para ela.

– Que chance eu tenho se você saiu da jogada? Não posso fazer um ataque só.

– E quem disse que eu saí da jogada? – sorri de canto, chamando a atenção da amiga.

– Como assim? Não está lembrada que caso você tente alguma coisa o Zuko vai te delatar pro seu avô na mesma hora? Nem seu pai pode com ele.

– Mas ele pode com a minha mãe. – Azula sorri assustadoramente e Mai a copia.

– Pode compartilhar o que está pensando, embora eu imagine o que seja?

– Querendo ou não, o Zuko continua sendo o filho do meu pai e tanto ele quanto a mamãe concordaram em fazer uma guarda conjunta por nós dois quando se divorciaram. Agora, se por um acaso algum deles se provar incapacitado para tomar conta de um de nós, o outro pode ficar com os dois filhos. – remexe o lápis entre os dedos.

– Você não está pensando mesmo em... – Mai começa, abrindo um sorriso surpreso.

– O que você acha que aconteceria caso a mamãe se envolvesse com pessoas envolvidas em um crime terrível? – Azula quebra o lápis, fazendo Mai se contorcer de ansiedade na cadeira.

– Mas sobre o que poderíamos acusa-la? Tem alguém assim que ela conhece?

– Ah tem. – elas chegam mais perto uma da outra – Eu soube de fontes seguras que a sua querida inimiga tem um tio que se envolveu com traficantes de drogas. Aparentemente, os seus familiares não quitaram a dívida ainda e ele não foi preso. A mamãe e o tio Iroh já a conhecem – elas olham pela janela para Willa – e a mãe dela também. – encaram-se – Não acha oportuno?

– Mas você vai prejudicar a sua mãe. Quer mesmo fazer isso?

– Eu nunca gostei dela. Ela me acha um caso perdido e sempre dedicou todo o seu amor ao Zuko. – cruza os braços – Além disso, ela só vai perder a guarda do Zuko.

– Mas eu ainda não entendi o que eu ganho com isso. Eles podem continuar namorando.

– Não se nós fizermos uma pequena ameaça... Pense bem: se Zuko perder a mamãe, ainda pode escolher morar com o nosso tio, mas ele também é amigo da família daquela Willa. De uma forma ou de outra, ele não terá escolha a não ser viver comigo e o papai. Aí entra a jogada! Caso ele não se separe definitivamente da sua namoradinha...

– Você conta pra polícia que o tio dela é um viciado! – elas riem baixinho – É brilhante!

– Eu sei. – Azula dá de ombros – Vamos contar a boa nova ao Zuzu neste fim-de-semana.


...


Bumi recepciona todo o grupo. A turma veio logo de manhã cedo para aproveitar a praia e os novos amigos. Eles deixam o equipamento para a festa com o bom velhinho e correm ao mar. As meninas ficam se bronzeando enquanto Zuko e Chao montam guarda, sentados nas cadeiras debaixo do guarda-sol. Depois de um troca-troca de turno, as garotas vão jogar pingue-pongue enquanto os rapazes atacam uma porção de batatas-fritas, caranguejos e camarões afora.


Depois do almoço, por volta das três e meia, todo mundo vai nadar de novo, fazendo logo a brincadeira do coringa, colocando, desta vez, Zeni no meio. Mas em pouco tempo Sokka volta ao seu posto de honra. É então que chegam Azula e Mai. Cautelosamente, a abelha rainha pega Zuko pelo braço, aproveitando a sua distração depois de ter voltado para perto da barraca, puxa pra longe e só solta perto dos chuveiros, que é um canto reservado por ser atrás do restaurante.


– O que você quer Azula? Já não disse pra não chegar perto dos meus amigos?

– Calma Zuzu. – ele se aborrece pelo apelido – Ah é, eu me esqueci. Só a sua namorada te chama assim agora, não é? Ela você deixa... – o rapaz não responde, e então ela cruza os braços – Tudo bem. Vamos ao que interessa... Eu quero que se separe dela.

– Da Willa? – ele ri quando a irmã concorda com a cabeça – Como se eu fosse...!

– Acho melhor fazer isso, querido irmãozinho, senão será pior pra você e para a mamãe.

– Deixe a mamãe fora disso! – ele ameaça e Azula ri – Do que está falando?

– Ora, a sua preciosa queridinha não te contou nada? – Mai ri – O tio dela é viciado.

– Eu sei. Mas o que isso tem a ver? – Azula olha as unhas com aparente interesse.

– Não quer que eu entregue ele a polícia, quer? – Zuko parece compreender o plano.

– Por que você faria isso? O que ganha com essa história? – o seu tom de voz é cauteloso.

– Muito simples. Se o tio daquela Willa for preso, os pais dela vão junto por acobertarem o criminoso e o juiz vai saber que a mamãe se envolve com gente assim. Aí ela perde sua guarda.

– Azula!... – ele rosna – Você seria tão sem coração a ponto de fazer isso com a mamãe?

– Por favor, não seja tão dramático! A mamãe não sofre nada. Já você, vai acabar morando comigo e com o papai, já que o tio Iroh e o primo Lu Ten também são amiguinhos deles. Se isso acontecer, não terá mais ninguém para interceder a seu favor se contar o que nós fizemos com a sua querida Willa! Vovô vai ficar tão decepcionado pela árvore da família estar morrendo que a primeira coisa em sua mente será manda-lo para um colégio militar interno, talvez até cortar os laços definitivamente com os outros!... – Zuko a encara horrorizado e Azula gargalha enquanto Mai observa um tanto calada, pensativa.

– Azula... O que te deu? Por que você está fazendo isso? – ele se exalta – O SEU ÚNICO OBJETIVO É ATORMENTAR AS PESSOAS A SUA VOLTA?

– NÃO ERGA A VOZ PRA MIM, QUERIDO IRMÃOZINHO! – a essa altura, alguns curiosos já estão olhando – Você quem provocou tudo isso! Sempre recebeu todo carinho e toda a atenção. Todo mundo te adorava! A mamãe sempre gostou mais de você do que de mim!...

– Está me dizendo que quer destruir a nossa família por inveja?

– Inveja? – ela gargalha – Por favor! Se fosse uma questão de inveja, eu simplesmente me atreveria a tomar tudo de você! Eu estou fazendo isso por vingança, pela humilhação que você e seus amiguinhos me fizeram passar no dia em que quis nos abandonar.

– O que? Mas do que é que você está falando? – Azula aponta para trás.

– Pergunte a Mai! Ela lembra muito bem do que aconteceu no dia em que você a deixou e então virou as costas para os seus amigos, apenas para ficar ao lado daquele baixinho!

– Pelo amor de Deus Azula! O Aang era sempre o alvo! Você e Mai adoravam atormentar ele e os outros! Agora está me dizendo que eu te humilhei porque preferi ficar com eles?

– Depois que você nos largou, toda a escola passou a idolatrá-lo. Até mesmo o vovô virou a atenção dele na sua direção! E... – ela empina o nariz – Não sei se você soube, mas graças aos comentários dos alunos, daqueles seus amiguinhos, sobre o meu comportamento, isso foi parar na boca da mídia e até os ouvidos do vovô. Ele reclamou com o papai e na mesma hora eu acabei sendo punida. Limitaram as minhas saídas, a não ser para a escola, meu namorado me deixou e correu pros braços de umazinha quando ouviu os boatos que andaram espalhando e, para fechar com estilo, foi revogado o meu teste pra tirar a carteira de motorista! Só farei daqui a dois anos!

– Depois de se formar? – ele esquece as ameaças por um momento para se deliciar com sua notícia e ri da cara aborrecida da irmã – Eu sabia que era mentira quando disse que não saia de casa e tirava logo a carteira porque não queria! Até mesmo sobre ter sido você a chutar o seu ex!

– JÁ CHEGA! – Mai tapa a boca para controlar uma risada – De qualquer forma, a culpa é toda sua! Se não fosse você ter largado a gente, nada disso estaria acontecendo!

– Você foi culpada pela sua própria desgraça Azula. – diz sério – Porque fez todos ao seu redor se sentirem inferiores a você. Se tivesse tentando ser amiga dos outros...

– Amiga? Não me compare àquela gentinha! Eu sou muito melhor!

– E quanto a você Mai? – Zuko se volta à paralisada garota – Quer mesmo continuar com Azula, seguindo os passos dela? – ela não responde e ele suspira – Ouça... Eu sinto muito se te magoei. É sério! Mas nós dois sabemos que não daria certo... Somos temperamentais, teimosos e impacientes. Nossas personalidades seriam mais parecidas se eu não tivesse o bom senso de me afastar da Azula e procurar ser uma pessoa melhor, assim como fez a Tai Li. E se você não viu, ela já tem um namorado! – aponta para a ponta da praia, onde é possível vê-la jogando água em Chao – Por acaso quer continuar sendo a sombra dela e fazendo perversidades com os outros?

– Palavras comoventes Zuzu. – Azula bate palmas, evitando a resposta de Mai, mas ela já parece ter ficado balançada – Mas você ainda não vai se livrar de mim. – sua expressão se fecha – Separe-se da Willa, do contrário eu conto pra polícia do tio dela! – Zuko fica sem saber o que responder, porque não vê uma saída, e mesmo o seu suplício com os olhos para Mai parece não surtir efeito, então, derrotado, ele range dentes e cerra os punhos, fechando os olhos com força.

– Está bem. – pausa – Eu faço o que você quiser, mas não machuque a Willa ou a família dela. E eu também quero que fique longe dos meus amigos! Isso inclui a Tai Li...

– Oh, que comovente! – Azula sorri e dá de ombros, cruzando os braços – Está bem. Não vou tocar nos seus preciosos amigos ou nas famílias deles. – ele suspira resignado e vai embora.

– Azula. – Mai começa, tentando por firmeza na voz quando ela se vira – Eu... Acho que desta vez você exagerou. – a outra a fuzila com os olhos, mantendo as mãos na cintura.

– Como é que é? – inclina-se um pouco para frente – Eu acho que não ouvi bem.

– Não, você ouviu sim. – estreita os olhos – Eu concordei com essa sua ideia maluca, mas... Agora eu acho que o Zuko está com a razão. Essa história já foi longe demais!

– Não me diga que você também vai virar as costas pra mim, sua traidora? – ri incrédula – Sem a minha ajuda, não vai conseguir nunca separar o Zuko daquela garota!

– Eu não ligo mais. – tamanha a sua sinceridade com a cara de paisagem que Azula até se assusta – Admita Azula. Você só está perseguindo o Zuko por todos esses anos porque não pode aceitar o fato de que ele é melhor do que você. – a abelha rainha ri de canto e balança a cabeça.

– Ai meu Deus! – põe a mão sobre o rosto – Essa foi uma das coisas mais ridículas que eu já ouvi na minha vida! E não acredito que saiu da sua boca!

– A verdade dói, não é? – Azula pára de rir e visualiza o sorriso de Mai bem quando ela cruza os braços – Ah, se toca, vai Azula! Você sempre tentava ser melhor do que Zuko em tudo só pra receber o amor da sua família e ter os holofotes voltados sobre sua cabeça! Mas a verdade é que ele nunca se importou com essa competição boba, então você fazia o possível pra queimar o filme dele!... É como sua amiga que te peço: pare agora enquanto não piorou as coisas!

– Eu não preciso de você e nem de ninguém! – Azula se vira revoltada – Quer ir embora? Pois pode ir! Ainda tenho a lealdade do meu pai.

– Você fala como se ele fosse o seu último peão do tabuleiro. Sabe por que seu pai faz todas as suas vontades e aceita essas loucuras? É porque ele quer provar ao pai que é tão bom quanto o irmão dele, e pra isso usa a própria filha pra fazer competições de talentos com o primo dela. – Azula arregala os olhos e é possível ver seus lábios tremendo – Te parece familiar?


Mai dá as costas e vai embora. Azula fica parada, absorvendo o que acabou de ouvir. Mas nenhuma das duas esperava que mais uma pessoa estivesse escutando toda a conversa.


...


– Pessoal, será que alguém viu a Willa por aí?

– Não Zuko. – Chao responde, tendo acabado de agarrar Tai Li pela cintura no pega-pega.

– Não a vejo desde que nós começamos a brincar. – Tai Li responde antes de pegar Aang.

– Talvez tenha ido comprar uma bebida. – Katara sugere sem ver Aang chegando por trás.

– Tá com você! – ele toca as costas dela e a garota solta um resmungo de protesto, rindo e correndo atrás dos outros – Zuko, você podia procurar na outra ponta da praia, no topo daquela montanha. – Aang aponta e os dois olham na direção do penhasco – Acho que ela pode estar lá.

– E por quê? – Zuko volta a encará-lo – O que tem lá em cima?

– Nada. – o amigo dá de ombros – Mas a Willa estava querendo ver o pôr-do-sol antes da festa e disse que lá é o melhor lugar. – sorri e volta a correr atrás dos outros enquanto Zuko vai.


Willa está, de fato, no topo da montanha. Na beira do penhasco, é possível ver da posição dela todas as pessoas na praia. A sua direita, a esta altura, o sol já está se pondo, colorindo céu e mar com azul, dourado e laranja, e acima dum monte um grupo de gaivotas sentam ou alçam voo. O cenário fantástico, ainda assim, não consegue deixar calma a bela garota sentada sobre o gramado meio pálido. Ela está sentada sobre uma pedra pequenina e apoiando os pés em outra.


Por detrás dos braços que circulam seus joelhos dobrados, é possível ver apenas um par de olhos tristes e distantes. O vento ajuda a levar as lágrimas que não cessam e também faz voar o mesmo vestido e as mesmas marias-chiquinhas de quando conheceu seu namorado. Sentindo-se desconfortável, Willa retira os tamancos e joga de lado. Um dos pés rola até bater em algo, mas a moça não vira para descobrir em quê. E teria sido melhor ter se virado...


– Willa? – ela levanta na mesma hora, olhando para Zuko – Estava chorando?

– Não... – a voz sai mais rouca do que gostaria, fazendo-a engolir em seco e tossir de leve – Bom... Quer dizer... Estava, mas agora estou melhor. – mesmo dizendo isso, ela não consegue encará-lo e continua observando as gaivotas no lado esquerdo.

– Eu não acredito. – ele diz sério e a garota morde o lábio inferior – O que aconteceu?

– Nada. – ela tenta limpar os resquícios das lágrimas.

– Willa... – Zuko tenta se aproximar, mas quando a vê recuando um passo se detêm – Eu te fiz alguma coisa? Está com raiva de mim?

– Não! – ela se apressa em dizer, pondo a mão fechada sobre o peito e revirando os olhos – É que... – abaixa o olhar – Acho que devemos terminar. – ele entra em choque e demora a falar.

– O que? – de repente se toca do óbvio – Você ouviu a minha conversa com Azula, não é?

– Ouvi. – confessa, encarando-o por fim já sentindo os olhos enchendo d'água de novo – Realmente não quero te deixar, mas também não quero que tenha problemas por minha causa!

– Nós vamos conseguir dar um jeito. – ele tenta se aproximar de novo, mas ela recua.

– Não! Não tem jeito de resolver isso sem que paguemos a dívida do meu tio, e ela é alta! – Willa movimenta os braços de punhos fechados em aflição, deixando-o com mais vontade de ir até ela e abraça-la – Sua família foi tão boa pra mim e meus pais... Não quero prejudica-los.

– Willa, Azula está tentando nos separar porque está com inveja de mim! Ela sempre teve!

– Sim, eu ouvi. Sinceramente, não sei como ela consegue ser assim. É uma pessoa terrível!

– É, e é por isso que não quero ceder às chantagens dela! Azula sempre mente.

– Não acho que seja apenas um blefe. Nem podemos nos dar ao luxo de arriscar.

– Ainda podemos arranjar uma saída! Por favor, Willa! – ela recomeça a chorar, tentando engolir os soluços e o deixando igualmente nervoso – Oh amor, eu não consigo mais viver sem você! – a jovem fica paralisada e o choro cessa por um momento.

– Sério? – ele confirma com a cabeça e desta vez consegue se aproximar sem que ela recue – Mas nós estamos juntos faz tão pouco tempo... Como pode dizer...

– Eu te amo. – Zuko a interrompe e ri vendo sua cara chorosa de surpresa.

– Ama desde quando? – ele ri novamente, passando a mão sobre a bochecha esquerda dela e afastando algumas mechas teimosas do seu rosto com a outra – Você nunca me disse isso.

– Eu sei. Desculpe ter demorado tanto. – Willa fecha os olhos com força, tentando parar a corrente de lágrimas, e o abraça apertado, recebendo um afago na cabeça enquanto é abraçada.

– Também te amo. – a resposta vem baixinha e Zuko não impede o enorme sorriso.

– Então?... Não me impede de ficar longe de você! – eles se encaram – Vamos dar um jeito.

– Mas como? Quem iria nos ajudar a pagar essa dívida? – Zuko pensa um pouco e sorri.

– Eu acho que sei de um jeito pra conseguirmos dinheiro sem precisar da ajuda de alguém.


...


– Essa sua ideia foi brilhante Zuko! – tio Iroh comemora, estapeando de leve o ombro do sorridente sobrinho enquanto olha os arredores da movimentada praça – Uma quermesse com o circo? As pessoas vêm como se nós estivéssemos vendendo milhares de bolinhos! – ri.

– Mas tio, nós também estamos vendendo bolinhos! – ele o relembra, rindo enquanto olha a sua cara de bobo – Alias, por que Aang, Sokka e eu tivemos de vir ajudar o senhor a vendê-los?

– Porque a sua namorada estava ocupada sendo a modelo de amostra dos carros de corrida. – ambos olham na direção de Willa, não muito longe da barraca dos bolinhos, sentada sobre um dos ditos carros e sorrindo o máximo que consegue – Ela parece estar com medo de ser atacada.

– E está. – Zuko solta um resmungo – Eu não gostei muito dessa ideia, mas ela realmente chama muito a atenção dos homens. Ainda assim, preferia que estivesse com a Suki e a Toph na barraca de pães, bolos e tortas, ajudando a dona Melanie. E eu pedi que o Lu Ten ficasse de olho, mas ele já sumiu! Aposto que está conversando com alguma garota! – tio Iroh ri.

– Ora, deixe disso, seu ciumento! – Sokka aparece por trás e circula seu pescoço enquanto sorri – Se continuar nesse ritmo, nós vamos conseguir todo o dinheiro pra pagar a dívida do tio dela e ainda sobra pra dividir! – Aang também se aproxima pela direita.

– E, além disso, a Katara tá lá com ela. – eles voltam a olhar para a exposição e a vêem ao lado de Willa, as duas usando macacões vermelhos – Ela tá tão linda!... – suspira, contagiando Zuko e tirando risos de Sokka e do tio Iroh.

– Oi gente! – Chao chega acenando e vestindo roupas coloridas.

– Ora, olá! – tio Iroh cumprimenta por todos – Acabou a apresentação?

– Sim. – Tai Li responde e abraça o braço esquerdo de seu namorado – Foi uma sorte meus pais estarem perto daqui quando tiveram a ideia de fazer essa quermesse!

– É verdade. – Zuko sorri – Foi bom os pais de Toph terem conseguido permissão pra nós fazermos tudo isso. São organizadores de eventos... E falando nela, pra onde ela e o Zeni foram?

– É mesmo. Faz um tempo que os dois sumiram da barraca da dona Melanie. – Chao diz.

– Acho que os vi indo comer algodão doce. – Tai Li responde e ri, mas o sorriso de todos se desmancha ao verem Mai se aproximando da barraca com um meio sorriso.

– Oi. – ela cumprimenta com visível nervosismo pelos olhares repreensivos.

– O que é que você quer? – Sokka se apressa em perguntar.

– Eu... – ela encara Zuko – Vim pedir desculpas. A todos, mas principalmente ao Zuko!

– Não peça a mim e sim a Willa! Ela é quem mais sofreu com isso tudo.

– Eu sei. Já falei com ela. – todos se surpreendem e olham na direção da garota, que sorri e acena sinceramente – Eu me separei da Azula... – Mai continua – Ela já está descontrolada! Eu não ia ficar esperando que ela destruísse a vida de todos só porque se sente infeliz!...

– Fez bem. – Zuko suspira – Mas, infelizmente, eu acho que a minha irmã não vai parar.

– Ela vai. – o tio Iroh põe uma mão sobre o ombro do sobrinho – Receio que ainda vá levar um tempo para Azula entender, mas ela vai ceder ao bom senso. Tenha fé! – eles sorriem.

– De qualquer forma... – Zuko recomeça – Você sabe dizer se ela já disse alguma coisa aos policiais, Mai? Sobre a condição do tio da Willa...?

– Creio que não. Ainda que diga, a polícia precisaria fazer uma investigação detalhada do caso e os traficantes não vão querer dar depoimentos correndo o risco de ser apanhados! Se toda a dívida for paga, eles não terão motivos para delatar o tio dela e nem ninguém que saiba desse assunto vai falar. Só com a palavra dela, Azula não tem nenhuma chance de se dar bem nessa.

– Isso é verdade. – Aang quebra o clima tenso com um sorriso e então aponta tremulante para a exposição de carros – Zuko... Eu acho melhor a Willa encerrar o expediente por hoje. – a surpresa e o nervosismo se instalam entre os amigos, vendo a pobre garota cercada de homens e em completo desespero, sem saber onde arranjar uma saída até chegar ao seu pai.

– Ei, saiam de perto da minha mulher! – Zuko grita de repente, correndo até lá e deixando os outros com risos bobos para trás – Aang, também estão dando em cima da Katara! – mais do que depressa, o garoto e Sokka param de rir e correm nervosos para socorrer a pobre menina.


...


– Quando visitarmos a cidade de novo, venha fazer o seu show de malabares conosco.

– Sim, o público adorou! – a mãe de Tai Li concorda com o marido.

– Claro. – Chao sorri animado, abraçando a namorada – Prometo tomar conta dela.

– E obrigada por me deixarem morar aqui com a família dele. – a garota completa e os pais de Chao, que vieram contribuir assistindo o espetáculo, sorriem em resposta.

Não muito distante dali, Katara e Sokka contam os lucros junto ao pai, que também veio.

– Beleza, nós temos mais do que o suficiente! – Sokka comemora erguendo os braços.

– Graças a Deus! – Katara suspira aliviada, pondo a mão sobre o peito.

– Foi muito bonito o que vocês fizeram pela sua amiga. – o pai sorri.

– Ela é uma amiga importante nossa e nos protegeu da Azula. – o filho sorri, cruzando as pernas – Era o mínimo que podíamos fazer!

– É verdade. – a irmã concorda – Willa nos ajudou sem pedir nada em troca. É uma ótima pessoa! – Toph e Zeni se aproximam e os dois começam a recolher o dinheiro em cima do balcão da barraca de Melanie, colocando no pote de vidro próximo.

– Vamos entregar tudo pros pais da Willa. – Toph avisa – Contaram? – eles confirmam.

– O restante nós dividimos entre nós depois. – Zeni olha para Toph – Vamos logo!


Ela concorda e os dois saem correndo até o casal que conversa justo com seus pais. Aang e Suki se aproximam dos pares, acompanhados pelo padrinho do menino, e os convidam pra ir ao shopping. É claro, os garotos levam as compras! Todos já estão marcando de sair da quermesse e só esperam pelo casal principal. Zuko e Willa estão abraçados e conversam com seus parentes.


– Eu agradeço imensamente pela ajuda de todos! – Melanie junta suas mãos em sinal de gratidão frente ao rosto enquanto é abraçada pelo marido.

– Ora, não tem de quê. – Iroh sorri – Nós já somos praticamente da mesma família!

– Tio! – Zuko o repreende corado e os outros, exceto Willa, riem.

– E não é verdade Zuko? – Lu Ten provoca e o primo faz um bico.

– Eu lamento por Azula ter provocado tudo isso... – Ursa começa triste, mas logo procura sorrir – No que depender de mim, posso garantir que ela receberá uma punição adequada...!

– Por favor, não se precipite! – Lino a interrompe e surpreende aos outros – Eu conversei com o senhor Azulon e também com Ozai. Aparentemente, Azula confessou tudo o que fez para os dois e eles foram até mim para pedir desculpas formalmente. – é visível o choque de todos.

– Pai... Quando foi que o senhor falou com eles?

– O senhor Iroh os levou até o meu trabalho. – os dois sorriem – Nós falamos seriamente e o senhor Azulon concordou que Ozai não estava sendo um bom exemplo para ela. Vai levar um tempo, mas agora eu acredito que eles vão melhorar a sua comunicação.

– Será uma novidade para Azula acordar e perceber que não tem todos aos seus pés como antes, mas ela vai se acostumar a deixar de ser mimada. – Iroh sorri e suspira.

– E eu sei que ela fez muitas coisas ruins... – Willa começa, abrindo um pequeno sorriso – Mas não acho certo culpa-la. Deve ser ruim ver alguém com um talento ou uma habilidade que você gostaria de ter e daí se sentir ameaçado... – pausa – É mais fácil fazer os outros se sentirem pouco importantes perto de você do que se esforçar para agradar as pessoas, e nem isso é bom!

– Você tem toda razão. – Ursa sorri gentilmente e então toca uma das bochechas, fechando os olhos momentaneamente antes de olhar para Melanie – Ela será uma ótima esposa para meu Zuko! – a outra mãe concorda e as duas começam a rir.

– Mãe! – os filhos reclamam juntos e todos caem na gargalhada.

– Ei pamonhas! – Toph grita e o grupo se vira para ela – Venham! Vamos ao shopping!

– Só estamos esperando vocês! – Zeni avisa e os dois saem correndo para a saída.

– Não vejo por que não. – Lino sorri – Lu Ten, por que você não vai com eles?

– Sim! – Iroh concorda, tocando o ombro do filho – É bom ter alguém responsável na vigia.


No shopping, enquanto todos se dispersam, Zuko e Willa ficam olhando uma vitrine com joias, um pouco mais afastados do grupo a frente. Ela aponta animada para um colar de ouro e sorri ao distraído namorado, observando-a com as mãos nos bolsos da calça. O vestido branco e enfeitado com flores lilases feito de algodão balança quando ela se movimenta e prende a atenção dele. Willa de repente toca o seu peito por sobre a camisa Slim Fit preta, fazendo Zuko acordar.


– No que está pensando? – sorri, abraçando-o – É ruim ficar assim comigo? – ele ri.

– Não. – ela desfaz o bico e ri – Só estava pensando em como eu tive sorte por te encontrar lá na praia aquele dia. E sabe... Eu concordo com a mamãe. Também acho que será uma ótima esposa! – Willa arregala os olhos por um momento, mas logo sorri e o agarra firmemente pelo pescoço, beijando-o – E boa mãe!... – ele finaliza quando consegue respirar.

– Boa mãe? – ela repete, arranhando seu pescoço e tirando arrepios dele – Quer praticar?


Fim


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Notas finais do capítulo

oo Ñ vou mentir: esta fic foi cansativa! ^^ Mas foi muito bom escrevê-la. Eu gostei de fazer uma coisa diferente com a galera de Avatar e quem sabe depois não faço mais alguma fic com o pessoal da "Lenda de Korra", kkk! Espero que tenham gostado. Kissus