Amuleto Da Sorte escrita por Luísa Rios


Capítulo 5
Já Estamos Chegando, Baixinha


Notas iniciais do capítulo

Eu sou péssima pra título, help me kkk Espero que gostem.



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–VENHAM VER ISSO! UM NOVO ALIADO! – que droga Jonh.

–Vamos? – Cato diz.

–Ah não. – eu nego me aproximando dele deixando nossos narizes se encostando.

–Para com isso vai. Vamos? – ele disse baixinho, ainda meio indeciso.

–VEM LOGO! – nos olhamos e corremos pra sala.

Assim que chegamos, vimos que a tela estava pausada. Nela havia um garoto alto, forte, de pele e olhos escuros. Ele expressava raiva. Muita raiva.

–Que distrito? – Cato pergunta.

–11. Chama-se Thresh. Um bom aliado não acha?

–Com certeza. – falei me concentrando no que aqueles braços enormes – não tão grandes quanto os de Cato – podiam fazer.

–E essa pequenininha? – Jonh já apertara o play, e ao lado do enorme garoto havia uma menina assustada. Ela parecia ter 10 anos, mas as regras diziam que ela devia ter 12. Era pequena e magrinha. Tinha olhos, cabelo e pele escura. Olhava para todos os lados, parecendo estranhar muito ser sorteada. Eu não teria pena de matar qualquer um que fosse quando eu chegasse à arena, mas eu ficava meio triste sempre que alguém de doze anos era escolhido. Ainda mais se fosse de distritos como o 10, 11 e 12.

–Rue? Não dura mais que o banho de sangue, certeza. Só tem doze anos. – confirmado – Tão pequena e magra. – disse Jonh. Todos ficam realmente ressentidos quando alguém novo é escolhido.

Logo passou para o distrito 12, a moça rosa colocara a mão dentro da bola de vidro e tirara o nome de uma garota. Na verdade era uma flor, pelo que eu sabia. Tinha algumas de cor branca no meu distrito, eram realmente belas. Primrose Everdeen. A garota loirinha saiu do meio da última fila. Mais uma de doze anos. Ela era muito bonita e estava assustada. Antes dela subir no palco uma garota mais velha, magrinha e de cabelos castanhos tentou ir até ela. As palavras longe de um microfone diziam “Prim!” repetidas vezes. Foi interrompida por pacificadores. Ela gemeu e gritou por alguns segundos e depois disse alto que queria se voluntariar. A garota loira olhou pra trás e começou a gritar – algum nome que eu não entendi – e chorar. Abraçou a garota morena e gritava “Não! Você não pode ir” Logo outro garoto apareceu, disse alguma coisa pra morena, pegou a garota loira no colo e saiu de lá. A garota subiu e a moça rosa pediu para que ela anunciasse seu nome. Katniss Everdeen. Eram irmãs então. Está explicado. Ela foi a primeira tributo do doze a se voluntariar. Ela vai entrar pra história. Que droga, já está roubando os meus patrocinadores. Tenho que mata-la rápido.

Depois de tanto acontecimento é sorteado um garoto – particularmente bonito – loiro de olhos azuis um pouco mais claros que os de Cato. Ah Cato, só de lembrar dou um sorriso sozinha. Mas voltando ao garoto: Ele tinha ombros largos e braços fortes – o que deu nos tributos dos distritos pobres esse ano? Se bem que a gente da conta. Eu e Cato. Acabei sorrindo sozinha de novo.

–Rindo sozinha, Clove? – Jonh pergunta.

–Você nem imagina! – olho pra Cato e ele retribui. Jonh não percebe, ou pelo menos finge não perceber.

Já dever ser umas quatro horas da tarde, é previsão que cheguemos na capital dentro de poucos minutos, resolvo ir me deitar um pouco para esfriar a cabeça.

–Onde é meu quarto Jonh?

–Por favor, Lidia, venha. - uma garota de cabelo castanho claro, olhos escuros e corpo bem magrinho veio calada pela porta de cozinha. - Ela mostrará seu quarto. – eu me levantei e peguei meu diário.

Olhei-a e ela me responde com um sorriso sem dentes. Apenas sendo educada. Uma Avox. Traidora da capital como minha professora diz. Eles têm as línguas cortadas e são postos como serviçais da capital. Só nesse trem devem ter uns três ou quatro.

Ela fez um gesto para que eu a seguisse. Assim que passei pelo sofá onde Cato estava sentado ele me olhou e fez um sinal silencioso de que logo vai lá me ver. Eu assenti. Fomos para a porta contrária da qual ficava a cozinha para o próximo vagão. Lá havia um corredor no canto e uma porta apenas. Ela abriu a porta pra mim e me deu a chave. Eu agradeci à ela, que com uma cara ainda meio espantada, - já que a maioria dos tributos do dois é mal-educado - saiu rumo a porta da sala. Entrei no pequeno quarto que abrigava apenas uma cama, uma porta, – que seria o banheiro – uma televisão e uma mesinha ao lado da cama. Foi ali que coloquei meu diário – que está sujo de suor - com a caneta escorregando pelas espirais que o prendem.

Deitei-me na cama e fechei os olhos, alguns minutos se passaram e eu me levantei agoniada de não conseguir fazer uma coisa tão simples quanto descansar. Sentei na cama e me veio o pensamento de para onde estou indo. Pra capital, ser entregue ás mãos de gamemakers que só querem ver a diversão de menos de 10% da população de Panem. Entregue a pessoas que querem me ver morta. Outro pensamento veio agarrado a esse: Só um sobreviverá. Cato e eu não podemos ficar juntos. Lembrei-me de suas palavras: “Eu amo você, mas demorei demais pra perceber”. Agora faz sentido. Ou não, não está fazendo o menor sentido isso tudo. Ele me ama, eu o amo. Nós somos obrigados a matar um ao outro, ou mesmo que não, a ver o outro morrer. Lágrimas caíam de meus olhos, e lá eu fiquei assim, por alguns minutos que me pareceram horas. Minutos suficientes para Cato entrar depois de dois toques na porta. Antes que eu possa dizer que pode, é claro. Ele me viu e fez uma cara de espanto, e depois de preocupação.

–Tranque a porta, por favor. – eu disse com a voz travada. Minha garganta doía de segurar as lágrimas.

–Clove, meu amor, o que está acontecendo? – ele disse com a voz cheia de preocupação – Por que está assim? – ele corre para se sentar em minha cama comigo e me abraça.

–Vai dar tudo errado! Eu já disse! Eu vou morrer e você vai voltar pra casa. Tudo acabou. Isso não fez nenhum sentido. – eu fechei os olhos e me abracei nele. Ele não dizia nada, apenas continuava ali, do jeito que eu precisava. Depois de alguns minutos ele diz, calmamente:

–Já estamos chegando, baixinha. – ele sorri enquanto me desagarro de seus braços – Vá lavar o rosto e incorporar os carreiristas que somos. Temos que chegar colocando medo nesse pessoal colorido. – alarguei ainda mais o sorriso. Cato sempre teve esse “dom” de me deixar feliz em instantes, mas agora era diferente. Muito diferente.

–Me espera aqui? – eu falei indecisa.

–Claro linda. – linda. Linda. Linda. Sorri de novo. Cada vez mais feliz. Depois me lembro do porque de eu estar nesse maldito trem chegando nessa maldita capital.

O banheiro era simples, alguns botões no chuveiro, – nem sei pra quê chuveiro – um vaso sanitário, uma torneira com água quente e fria, um espelho e um sabonete. O banheiro da minha casa era melhor. Lavei meu rosto, minhas mãos e depois de muito pouco tempo meu rosto não estava mais com nenhum vestígio de lágrimas ou sofrimento. Apenas me olhei novamente e vi o quanto de maldade eu aparentava ter. Talvez eu devesse ter. Talvez eu tenha. Ideal para chegar à capital.

Saí do banheiro e Cato segurava meu diário, fechado. Havia tantas coisas ali, tantas coisas minhas. Coisas que só deviam respeito a mim. Corri até ele e tirei o diário de sua mão. Ele me olhou espantado.

–Eu não abri Clove. Eu já sei do seu diário e eu nunca leria sem sua permissão. – ele sabia que eu tinha um diário, mas não sei se ele já havia o visto. Acho que não.

–Bom mesmo. – digo a ele, levantando uma de minhas sobrancelhas.

–Tem algo sobre mim por aí? – ele perguntou dando um sorriso irônico.

–Talvez.

–E eu posso saber o que é?

–Ham... – me fingi de pensativa – Não. – ri enquanto ele me encarava prendendo a risada, tentando fazer cara de mau.

–Eu posso te fazer cócegas hein. – lembrei-me de uma semana trás, quando tudo estava bem. Quando eu e Cato éramos melhores amigos e só nos preocupávamos em como Cato responderia as tão famosas perguntas de Caesar Flickerman, o entrevistador. Entristeci de cara. Ele percebeu.

–Vai ficar tudo bem. – ele disse.

–Quantas vezes você já me disse isso só num raio de dois dias?

–É só pra você lembrar, pequena. – ele sorriu. Alguém bateu na porta. Ele olhou pra mim e eu assenti. Ele mal precisou se mover pra abrir a porta. Era Jonh.

–Já estamos chegando. Vocês precisam pelo menos aparecer lá. Venham. – ele disse num tom tranquilo.

–Vem, Clove? – Cato perguntou indeciso. Jonh não entendia.

–Claro. Eu estou com cara de carreirista? – perguntei de um jeito sério.

–Sim, está perfeita pra chegar à capital. – Jonh confirmou o que eu dissera. Ideal.

Voltamos ao vagão da sala, onde havia uma janela enorme. O cara azul não estava mais lá. Agora percebi que nem notei no distrito um enquanto estávamos indo. Eu nem queria notar, na verdade.

A janela se posicionava perto da porta de entrada, nada atrapalhava, era um espaço onde podíamos ficar em pés na frente sem nenhuma interrupção de algum objeto.

–Apenas apareçam e façam cara de matadores. É o que devem incorporar por aqui.

Nós assentimos e nos posicionamos em frente à janela. A minha primeira impressão da capital não poderia ter sido pior. Vários palhaços de circo com pele doentia e cabelo de cores anormais berrando e tirando fotos com flashes exagerados batiam no trem que reduzira a velocidade. Eles acenavam de um jeito estranho e pude ouvir – mesmo de dentro do trem – algumas palavras aleatórias como “carreiristas”, “matadores”, e sei lá mais vários adjetivos que eles usam para caracterizar nós do distrito dois. O movimento só aumentava enquanto nos direcionávamos estação. Quando finalmente entramos parei de ouvir os gritos, as batidas no trem e de ver aqueles rostos magrelos e esticados de cirurgias. Não movi um dedo durante o percurso, Cato também não.

–Excelente! Apareceram, mas demonstraram fatalidade. Realmente excelente. – Jonh parabenizou. Eu e Cato nos entreolhamos e sorrimos com cumplicidade.

Chegamos à estação as seis em ponto. Apertamos o botão número dois do elevador, os andares são de acordo com o distrito. Eu já chego meio cansada então vou dormir agora mesmo, nós temos que esperar os outros tributos chegarem para que realmente comecem as preparações. Não me incomodo em dormir tão cedo hoje, amanhã será um longo dia.


Estou começando a temer que no centro de modelagem seja pior que na arena. Eles arrancam seus pelos desde a cabeça até os pés. Eles machucam sua pele com um sabonete cheio de pedrinhas. A moça roxa que está arrancando minha sobrancelha fora grita um “desculpa” carregado se sotaque toda vez que eu faço cara de dor. E olha que eu resisto muito. Ouço gritos raivosos chegando perto da nossa sala.

–MAS QUE DROGA! VOCÊS NÃO VÃO PASSAR ESSA COISA QUENTE NA MINHA PERNA, EU JÁ DISSE! – Cato. Não teve como não rir, ele não queria ser depilado. Que coisa eles ficarem tentando fazer isso com ele. Coitado. Eu dei uma risada enquanto os gritos continuavam.

–Cato, volta aqui. – dizia uma voz feminina com sotaque – É necessário.

–NECESSÁRIO MERDA NENHUMA. – ele continuava a gritar. Eu só ria. O pessoal que estava trabalhando em mim continuou depois do susto, comentando sobre como ele era nervosinho. Algum tempo depois, quando eles passaram um líquido milagroso – que fazia minha pele nova se sentir aliviada da dor – eles tiraram meu robe, me orientaram a coloca-lo novamente apenas quando for solicitado e me deixaram nua na sala, sozinha a espera de meu estilista.



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Notas finais do capítulo

Eaí, quem gostou? Mandem reviews dizendo o que acharam :D