Blood Rose escrita por sakaki


Capítulo 3
Capítulo 2 - Sem escapatória




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Capítulo 2 - Sem escapatória

 

 

 

- Colégio  Três Marias - disse para mim mesma enquanto caminhava rumo a um  prédio amarelo  envolto em propagandas de matrículas e faculdades, tudo aquilo me parecia familiar e ao mesmo tempo, meus passos foram diminuindo aos poucos enquanto aquela multidão ia entrando naquele prédio

 

" Você não está com medo, está?"

 

Tudo e nada, essas idéias parecem totalmente diferentes á primeira vista, mas era o que invadia os meus pensamentos naquele momento. Lá estava eu, cercada por uma multidão de pessoas que veria todos os dias, mas não conhecendo ninguém.

 

"Volte para trás, não foi o que fez da última vez?"

 

Não podia ser tão difícil, afinal, no começo você não conhece ninguém mesmo, certo? Só depois que vai conhecendo aos poucos as pessoas a sua volta e vai se familiarizando, bom, pelo menos era o que a minha mãe sempre me dizia...Eu só precisava olhar o papel e ir para a sala, certo? O poderia ter de tão difícil nisso?

 

- Mariana, Pedro Augusto, Pedro Carvalho, Roberto...Rose! Terceiro B, sala sete.

 

Após alguns minutos andando por um corredor branco com algumas placas numeradas colocadas á parede, comecei a olhar para os lados, todas aquelas pessoas conversando normalmente umas com as outras, o que eu não...aquilo era estranho, por que eu sempre fazia aquilo comigo mesma? Apenas preste atenção! Preste atenção!

 

- Achei... – falei bem baixinho enquanto escolhia uma carteira em meio a tantos lugares vazios, mas no final eu sabia, eu sempre escolheria a mesma, independente de onde eu estivesse ou fosse, aquele lugar sempre seria o melhor

 

O sol entrava pela janela por pequenas frestas, mas já era o bastante para mim, fiquei algum tempo olhando para aquela janela ao meu lado, mas logo depois me pus a observar as pessoas que começavam a entrar na sala, elas pareciam tão calmas e descontraídas, umas falavam sobre o encontro do outro dia, outras comentavam sobre as férias, e outras apenas reclamavam que estavam com sono, mas todas elas estavam felizes.

 

Felicidade...o que é isso?

 

As horas começaram a passar, e eu só conseguia olhar para a janela, e poucas vezes virava o rosto para dar uma olhada nas horas em um relógio grande que estava pendurado á parede, logo acima da lousa, enquanto um dos professores explicava, duas garotas cochichavam algo ao meu lado, eu não conseguia entender direito o que era,mas acho que era sobre mim, porque vez ou outra eu podia perceber uma delas olhando para mim. Por que? Por que eu não sou capaz?

 

“ A sua vida é triste, Rose.”

 

O intervalo chegou e eu apenas sentei e procurei alguma coisa para ler, não que ler fosse algo que  eu realmente gostasse, mas ás vezes ajuda a disfarçar um pouco tudo o que acontece, ajudava a distrair, e naquele momento, até rótulo de garrafinha de água que estava caído no chão eu cheguei a ler.

 

O sinal tocou novamente e tudo continuou como estava,  fui para a sala e sentei na mesma carteira e comecei a olhar para a janela, tudo tão tranqüilo, mas aquilo tudo me dava medo, eu sabia onde eu podia parar por continuar onde estava, mas mesmo assim, eu gostava de ver os raios de sol lutando para entrar naquela sala meio fria. Tudo parecia tão calmo, até que uma pequena voz feminina  e autoritária começou a surgir no corredor, e foi aumentando cada vez mais.

 

- Senhor William! – falou com a voz autoritária para o garoto que estava do seu lado, enquanto se colocava em frente a minha sala e retirava o que parecia ser um bloquinho de sua bolsa

 

- Sim, eu mesmo. Ah! William, por favor.

 

- Isso lá são horas de se chegar?  Você pensa que aqui é a sua casa?

 

 - Não.

 

Os dois ficaram em silêncio durante alguns instantes, e logo após se podia vê-la pegando uma caneta, e riscando algo naquele bloco um tanto desengonçado, enquanto o garoto de cabelos um pouco picotados e negros  olhava fixamente para seu rosto.

 

- Desculpe, mas hoje você não pode ficar aqui. Apenas vá para casa, está bem? – disse enquanto guardava a caneta e entregava um papelzinho do bloco para ele, apontando para o fim do corredor – Não se esqueça de pedir para sua mãe assinar.

 

O garoto não falou nada, apenas se virou e começou a andar.

 

- Garoto estranho, não? – falou a garota de cabelos lisos com mechas rosas, deixando cair algumas moedas sobre sua carteira – Dizem que ele não tem nenhum amigo por causa do jeito dele, mas apesar disso, alguns garotos conversam com ele de vez em quando...Qual o seu nome?

 

- Rose, e o seu?

 

- Sandra. E aí, Gostando da escola?

 

- Sim.

 

- Que bom, fico feliz. Qualquer coisa, ou dúvida, se precisar é só chamar, viu?

 

- Tá. Obrigada.

 

Ela me parecia ser uma boa pessoa, o que havia demais em tentar conversar com ela? O que poderia dar de tão errado? Quer dizer, se eu nunca tentar, eu nunca vou saber, certo? Vamos lá...

 

Mas antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, ela já estava perto da porta conversando com mais duas garotas, uma de cabelos castanhos escuros e lisos desfiados envolvendo seu rosto um pouco redondo e outra de cabelos loiros com algumas mechas tampando seu ombro.

 

Eu...

 

“ Fracassada!”

 

O tempo foi passando e eu apenas voltei a olhar para a janela, olhando para  o relógio e a janela, a lousa e o professor meio careca, a porta, o relógio... até que por vez, me levantei para poder ir embora. Comecei a seguir aquela multidão rumo a saída, tudo estava acabando, eu só precisava sair dali e...tinha algo me tocando! U...Uma mão!

 

- Rose, certo? – falou a voz calma enquanto segurava o meu braço – seu nome é Rose, estou certo?

 

- Si...sim. – falei meio hesitante enquanto todo o resto do meu corpo parecia congelado, eu não podia ver quem estava atrás de mim, não que eu não conseguisse e nem quizesse , mas algo dentro de mim me dizia para não olhar para trás – O meu braço...Por favor...

 

- Bom... muito bom.

 

E ficou em silêncio durante alguns segundos, eu não conseguia entender direito o que estava acontecendo, mas momento algum consegui me mexer, apenas conseguia ouvir o barulho de passos no corredor e logo após, uma voz sussurrar ao meu ouvido.

 

- E se eu te dissesse que tenho as respostas para todas as suas perguntas Rose, o que você faria?

 

As respostas para todas as minhas perguntas? Quem era ele? Como assim respostas? Ele nem me conhecia, e me falou isso  como já me conhece-se , uma resposta...eu tenho tantas perguntas... mas talvez fosse uma brincadeira, como...

 

“ Esqueça isso! Apenas responda ou saia correndo”

 

- Nada. Eu não faria nada.

 

Foi a única coisa que consegui responder naquela hora, mas foi o bastante para que ele ficasse quieto por uns instantes e logo após, começa-se a fazer barulhos como se estivesse me analisando ou algo parecido, eu não conseguia entender direito o que estava acontecendo, mas de uma coisa eu poderia ter certeza, aquilo não poderia ser bom.

 

- Hmmm...muito bom. Agora você já pode ir – disse enquanto soltava meu braço vagarosamente – mas foi um prazer conhecê-la, senhorita Rose! Ah...e  por  favor, me desculpe pelo seu braço.

 

- Quem é você?

 

- Na hora certa você saberá, na hora certa. Até mais, Rose.

 

Eu apenas senti um leve toque no ombro e depois, só me lembro de ouvir alguns passos em direção ao corredor onde eu estava, tentei olhar para trás, mas não consegui ver nada além de um  corredor meio vazio e algumas portas, dava-se para ouvir o barulho de passos, um pouco barulhentos e rápidos, talvez fossem de crianças, deveria ser das crianças da turma da tarde, mas elas só entravam a uma hora...

 

- Quanto tempo se passou?

 


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