A Culpa escrita por Mara S


Capítulo 8
Capítulo VII




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Dante estava errado sobre a invencibilidade do grande demônio do submundo. Deveria haver alguma forma de vencê-lo. Quando o encontrasse novamente tentaria convencê-lo, caso contrário não hesitaria em seguir sozinha.

Não tinha medo de enfrentar o temido demônio, só precisava de mais tempo para descobrir sua total capacidade e se possível encontrar alguma arma poderosa.

- Se pelo menos soubesse como ganhar mais poder.

O caçador de demônios poderia ser um grande amigo e me considerava uma irmã, mas ele não tinha maiores ambições, nunca tentou almejar mais, achava desnecessário já que para ele maiores poderes só atraíam maiores perigos. Ele nunca havia contado sua história de fato, sabia que como eu, tinha perdido a família toda, entretanto nunca falara de seu pai que sabia que era um demônio. Às vezes, me irritava o modo infantil como tratava tudo ao seu redor, depois que decidi seguir com meu destino planejei ganhar maior força e agora que descobri minha história farei muito mais, não havia limite para ultrapassar.

A verdade havia me feito ver que estava sozinha no mundo em que nunca acreditei e que não poderia temer nada, era isso que queriam, mas não daria esse prazer a eles. Não havia heróis para me salvar.

Senti a presença forte de um demônio por perto.

“Alguém está me seguindo”

Segui para um caminho menos movimentado e me preparei para um possível ataque, sabia que eles me encontrariam e que o incêndio era apenas uma forma de terror, mas não sabia que seria tão rápido. Fui surpreendida por uma menininha de no máximo dez anos que saiu de trás de um dos muros em uma rua deserta. Eu a conhecia. Era a mesma menina que encontrei na mansão que me fascinou no passado, agora eu sabia porque sua presença havia me calçado tanta dor, ela era um demônio, mas o que estava fazendo ali?

- O que você quer? – disse sem medo pegando uma de minhas adagas.

- Queria te ver novamente.

- Não se aproxime. Eu sei o que você é.

- Eu não quero te machucar. Por que machucaria uma mãe?

- Mãe? – perguntei incrédula.

- Eu gostei tanto de você, bem que você poderia ser minha mãe.

- Eu não sei do que você está falando. Acho melhor você voltar.

- O senhor quase não me deixa sair, foi muito difícil para mim te encontrar.

- Você quer dizer o homem que estava do seu lado? Pensei que fosse seu pai.

- Não! – a menina se aproximou e mesmo sem saber o que queria abaixei minhas armas, sentia que ela não me faria mal. – Mas eu não posso falar quem ele é. Por que você não vem comigo?

- Eu não posso. Você sabe onde estou morando?

- Não – a menina sentou-se no chão perto de mim e começou a brincar com os babadinhos do vestido.

Eu pensei que soubesse, pois era um demônio, mas estava enganada. Senti dó daquele ser e não pude deixar de sentir uma grande curiosidade também. Será que deveria acompanhá-la?

- Olhe, eu não posso ir com você, não hoje. Quem sabe outro dia?

- Você promete? – os olhinhos da criança demônio clarearam de felicidade.

- Sim – sorri para ela. – Você não me disse seu nome.

- Alice. Eu vou te esperar – se levantou com um sorriso e me abraçou antes de sumir rapidamente atrás do muro.

- Isso é estranho... – murmurei.

Voltei para a casa de Dante atenta a qualquer diferença, mas a presença da menina havia desaparecido. Ela não havia me seguido, talvez estava esperando como disse que esperaria. Estranhamente, meus receios pela garotinha tinham desaparecido e não a via mais como ameaça.

- Tudo bem? – Dante me pergunta assim que me viu sentando em sua frente.

- Não.

- Algum demônio encontrou você? – levantou-se um pouco nervoso.

- Dante, não é isso. Acalme-se, mas como você queria que estivesse depois de tudo isso?

- Eu entendo que seja um choque, é que do jeito que você entrou eu já pensei o pior! Até parecia que havia encontrado um demônio.

Achei melhor não falar do meu encontro com a pequena Alice.

- Depois dessa demonstração de força é bem provável que eles venham atrás de você.

            - Com certeza. Eles também sabem de você, ou seja, eles sabem que estou com um caçador de demônios. Apesar de estarem querendo me aterrorizar eles sabem o que estou me tornando.

            - Você não deve se influenciar pelo o que eles disseram naquela carta. Não era o que sua mãe iria querer.

- Ela não está aqui para me ajudar, está? De qualquer forma eu sei o que devo fazer.

- E?

- Eu vou continuar meu treinamento e enquanto isso vou reunir o maior número possível de informações sobre o Senhor do Submundo, você me disse algumas coisas, mas não o suficiente.

- Você pretende fazer o que com isso?

- Você sabe muito bem o quê.

- Matá-lo? Por acaso você ficou maluca!?!?

- Claro que não!

Dante suspirou profundamente e disse me encarando:

- Eu pensei que já tínhamos discutido isso.

- Eu não acredito no que você disse.

- Nós podemos fazer o que sua mãe gostaria de te ver fazendo: aprisionar demônios que ainda vagam neste mundo, você pode fazer o que eu faço, aliás, você já faz isso muito bem!

Levantei-me e disse calmamente, mas por dentro controlava toda minha fúria.

- Se você quiser me acompanhar tudo bem, caso contrário, farei isso sozinha.

- Taria... Esqueça isso por enquanto. Vamos continuar com os treinos e caso haja algum ataque nós revidaremos. Por favor. Faça isso pela consideração que tenho por você.

- Dante, eu posso ficar aqui o tempo que for necessário para descobrir qualquer coisa sobre este demônio, depois disso não posso dar mais minha palavra.

- Eu suporto. Pelo menos você não vai embora agora. Até lá, você mudará de idéia. Eu não quero ver você morrendo nas mãos daquele que mais quer isso.

Saí da sala sem continuar a discussão, não sabia se faria isso. Talvez fugisse sem ele saber, se fosse possível. Foi quando ouvi um estrondo vindo da sala, desci o mais rápido que pude e encontrei um Dante cercado pelo maior número possível de demônios, dos mais diferentes tipos.

- Pensei que perderia a festa!

- Nunca!

O treino surtia efeito maior dependendo do poder do demônio. No caso de demônios mensageiros, como os que estavam impedindo a saída da loja, a dificuldade era mínima.

Quando derrubei a última criatura escutamos um estrondo vindo de fora.

- Mas que droga é essa? - Dante perguntou indignado.

- Foguetes para festa é que não são!

Não foi necessário sairmos para nos depararmos com o causador do barulho. O demônio explodiu a porta e por pouco não fomos atingidos por um raio luminoso.

- Acho que se enganou! São fogos! – Dante gritou para mim.

Um demônio com o dobro do tamanho de um humano de estatura alta surgiu quebrando uma das janelas!

- Mas que droga! A janela também! – reclamei.

- E olha que a casa é minha!

Dessa vez agradeci a maior experiência de Dante, se não fosse sua transformação em demônio ficaríamos lutando por muito mais tempo. Enquanto joguei ambas as adagas nos olhos do ser, Dante conseguiu ultrapassar a espada Rebellion bem no peito do oponente. Entretanto o demônio não morreu, com muito esforço ele se transformou em uma cópia humana e tentava tirar a espada cravada.

- Daí ela não sai. – pisei forçando a espada para mais fundo.

- Você não vai morrer tão cedo assim. Não sem antes nos dizer algumas coisinhas...

- Grande Dante! – o demônio riu cuspindo um sangue negro – vejo que está mesmo com a traidora.

- Cuidado com o que diz na minha frente – apertei com mais força a espada.

O demônio gritou e disse com um sorrisinho.

- Será que o filho... de Sparda está ajudando... mesmo?

- Como é? – perguntei assustada. De quem era que ele estava falando?

- Oh! Não me diga que... você não disse nada a ela?

Encarei Dante ainda sem acreditar em sua omissão.

- Que absurdo esconder... isso da jovem, eu pensei... que ela estava com você... exatamente por saber quem era seu pai.

- Volte pra o inferno – sabendo que aquele demônio não falaria nada que me ajudaria e extremamente irritada com o que Dante havia feito tirei a espada do peito do ser e golpeie sua cabeça.

- Eu sempre entendi quando dizia que não éramos tão diferentes, mas me esconder isso? Minha mãe lutou lado a lado com Sparda e todo esse tempo seu filho estava na minha frente! – falei jogando a espada para longe.

- Você nem acredita na existência dele e além do mais tenho meus motivos para preferir esquecer deste detalhe!

            - Como você pode negar sua origem e falando para eu não fazer isso!?!

            - Eu te pedi para não negar seu lado demoníaco, não sua origem. Independente de quem foi sua mãe, poderosa ou não! O que isso importa Taria?

            - Muito! Você não seria o que é se o sangue de Sparda não corresse em suas veias. Não tente concertar seu erro. Sabe de uma coisa? Eu já estava planejando ir embora, não vou adiantar isso! – sai da sala rapidamente e peguei apenas minha bolsa.

            - Taria? Não faça isso! É exatamente o que eles querem!

Não passei pela porta, desapareci pela janela do segundo andar antes que Dante decidisse me seguir e corri o mais rápido que pude para bem longe. Eu sabia para onde ir, só não sabia se era o correto. Mas não podia ficar mais com Dante, ele mentiu para mim, como pôde? Aquilo só me fazia distanciar-me dele, mais do que aconteceria de fato. A partir de hoje, seguiríamos caminhos distintos, a única diferença foi que sai com rancor, algo que não queria que acontecesse, mas a falta de confiança é pior.

 


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