Capitulo XVIII

–Pain, again.

Eu já não sei a quanto tempo eu estava ali, chorando no ombro de David e ele continuava ali, me abraçando e afagando meus cabelos enquanto eu soluçava em seu peito.

A verdade é que eu não queria entrar em casa, minha tia iria fazer milhoes de perguntas nas quais eu não iria querer responder. Acho que tudo o que eu queria fazer, eu estava fazendo agora.

Chorar.

Pelo menos era a única coisa que conseguia fazer. A camisola de David já estava molhada por minhas lagrimas e em nenhum momento ele se separou de mim, não fez perguntas, nem quis ir embora. David estava ali afagando meus cabelos e me abraçando sem que eu pedi-se e aquilo estava sendo recofortante para mim.

Mas mesmo assim parecia não ser suficiente. Não era a mesma coisa que ser abraçada por ele, não era o mesmo cheiro. Mas melhor assim, isso tudo me enojava agora. Minha dor se misturava com raiva, e era mais raiva de mim propria do que de qualquer outra pessoa, mesmo de Henriq.

A única burra, estupida, idiota, parva e cega aqui era eu. E eu sabia que ele não prestava, nunca prestou.

Mas mesmo assim eu me deixei levar, porque ele “poderia gostar de mim”. Como eu pensei que Henriq iria gostar de mim!?

Ainda por cima de mim! Com tanta rapariga bonita, gostosa, popular naquela escola, teria que ser eu… Agora eu vi como eu me iludi.

Mas mesmo assim… Mesmo assim, como ele foi capaz!?

Iventar aquilo tudo:

Os sorrisos, abraços, carinhos, palavras, beijos, toques, toda aquela simpatia e fofura era só uma farsa para ganhar mais uma aposta, e provavelmente agora ele estava rindo, bebendo com seus amigos ou comendo uma qualquer como ele sempre fez.

E eu continuava ali, chorando feito uma menina tonta, e eu não queria , não queria mesmo.

Não queria ter chorado na frente dele, não queria ter me rebaixado na frente daquela gente toda, eu não queria lhe dar o prazer de saber que me magoou… mas como eu faria isso!? Eu estou magoada, como nunca. E eu não consigo esconder isso, e sinceramente agora eu já nem quero mais.

–Mel…- David me chamou e eu funguei limpando minhas lagrimas e me afastando um pouco dele me concertanto no banco de trás do carro e logo o olhando que ainda continuava com aquela expressao preoupada me fitando.-Você tem que dormir, amanha tem aula.- Ele disse e eu enchuguei minhas lagrimas novamente.

–Eu não vou a aula amanha.- Disse imaginando como seria, toda a gente cochichando, olhando de lado, um mote de historias inventadas, e aquele olhar, de novo.

–Você não vai deixar de ir para a escola por causa disso.- Ele disse e eu abaixei a minha cabeça negando.- È serio. Você assim só vai dar mais gosto para ele.- David disse e eu o olhei e eu iria desfalecer de novo, mas contive-me.

–Eu não quero ir… Não estou afim de encarar todo mundo.- disse e me virei fitando minha casa do outro lado da rua.-Se calhar é melhor eu entrar, minha tia já deve estar dormindo, disse e sequei melhor meu rosto.

–Só me promete que vai amanha.- Ele disse e eu abaixei a cabeça logo de seguida respirando fundo.

–Tudo bem.- Disse e logo de seguida olhei David que tinha um pequeno sorriso no rosto.

–Quer que venha te buscar?- David perguntou e eu neguei com a cabeça.

–Obrigada.- disse e ele sorriu.- Serio, obrigada mesmo, você acabaou saindo da sua propria festa para ficar aqui comigo.- disse e olhei para baixo, eu acabei estragando a noite dele.

–Deixa para la, eu posso fazer outra amanha mesmo se quiser, isso não vai matar ninguém.- ele disse e eu ri um pouco.- Ta melhor assim.- Ele disse e eu o olhei e David levou suas maos até meu rosto e o acariciou devagarinho.- Agora vá dormir.- Ele disse e logo tirou sua mao do meu rosto e nós dois saimos do carro.

–Boa noite.- eu disse e David veio para ao pé de mim me abraçando, eu no inico fiquei sem jeito, mas naquele momento eu não consegui fazer nada, porque estava sabendo bem.

–Ate amanha.- Ele disse no meu ouvido e logo me soltou, dei um leve sorriso meio envergonhado e atravessei a rua correndo logo para chegar no portao de minha casa. Suspirei e abri o mesmo passando o jardim da entrada e parei a frente da porta.

Olhei para trás e David continuva encostado ao seu carro me olhando acenei para ele e abri a porta devagar e logo entrando e a fechando.

Agradeci a deus quando vi a luz apagada e suspirei de alivio. Olhei em volta e fitei o sofa.

–Ainda ontem a gente teve ali.

Pensei para mim propria e meu coraçao apertou e um nó formou em minha garganta denuciando o choro a voltar e eu não consegui segurar e acabei desabando no chão da sala e chorei, chorei a madrugada toda.

[…]

A luz no meu quarto forçou meus olhos e eu me virei para o outro lado da cama logo suspirando sabendo que teria que levantar e ir para o pior sitio em que eu podeiria ir agora.

Escola.

Mal eu abri os olhos uma dor de cabeça me invadiu e eu me senti mal disposta, o que definitivamente mostrou que meu dia seria pior do que eu esperava. Me levantei preguiçosa e em passos lentos fuia até a casa de banho parando a frente do lavatorio, e tomei um susto quando olhei a minha cara no espelho.

Minhas palpebras pareciam roxas, eu tinha olheiras enormes, meus olhos ainda estavam vermelhos, e minha pele estava palida, enquanto minhas bochechas num rosa estranho enquanto meu cabelo estava espigado e jogado no ar.

E aquela imagem me deprimiu mais do que eu realmente já estava.

–Se despache Mel, ou vai se atrasar.- Ouvi a voz da minha tia do outro lado da pos«rta e repirei fundo jogando aguá para o meu rosto para acordar de uma vez.

Prendi meu cabelo e entrei na banheira tomando um duche rapido sem molhar o mesmo, fiz minha higiene matinal e fui até o meu quarto imbrulhada numa toalha abri o meu armario e tirei as primeiras coisas que vi: uma calaç de ganga clara com rasgoes, e uma t-shirt larga branca.

Me vesti e só concertei meu rabo de cavalo e bufei olhando minha cara no mesmo estado no espelho.

–Mel!- minha tia voltou a gritar.

Peguei minha mochila e fui até a cozinha vendo minha tia já em pé lavando a loiça.

–Bom dia.- quase sussurei e abri o frigorifico tirando um copo de agua e fui até uma das gavetas pegando um comprimido para a dor de cabeça.

–Bom dia.- Ela disse limpando suas mao no pano e logo de seguida me olhou e arregalou os olhos.- O que se passou com você?- Ela perguntou confusa e eu respirei fundo acabando de tomar meu comprimido e pondo o copo na pia e logo pegando uma maçã.

–Nada.- disse simplesmente e saí da cozinha.

–Mel a gente vai falar sobre isso.- Ela disse e eu bufei abrindo a porta de casa.

–Até depois.- disse e fechei a mesma logo pegando meu mp4 e pondo os fones no ouvido metendo na musica “Skinny love- Birdy”.

(n/a: Aconselho a ouvir a musica)

As ruas passavam por mim a medida que eu ia andando apressada, e o caminho para a escola nunca pareceu tao grande.

Mas eu agradecia, quanto mais tarde eu o vi-se… melhor.

È nesses momentos que você se pergunta “porquê”.

Porque não seguiu sua cabeça em vez do coraçao, porque arriscou em vez de ficar quieta no seu lugar, porque tentou mudar se sempre foi daquele jeito.

Eu preferia daquele jeito.

Sozinha.

Só eu e meus amigos, sem Henriq’s e apostas.

Era por isso que eu não me aproximava das pessoas, porque no fim eu sabia que sempre corria mal. Sempre ia dar errado. Para mim chegava meus pais, eu não precisava de mais desgostos, tava bom, era o bastante.

E sofrer de novo, fosse porque motivo fosse, custuva.

Custava voltar a derramar lagrimas. Porque quando uma coisa acontece, faz você lembrar de tudo, e eu agora imaginei como seria bom ter minha mae aqui para afagar meus cabelos e me dar um beijo estalado na testa como ela fazia sempre que eu caia e me machucava ou meu pai me dava uma bronca.

Como eu queria que meu pai estivesse aqui para dizer algo como “Me diz quem é o rapaz que eu vou lá lhe dar uma lição” me fazendo sentir protegida, e eu falaria algo como “Não é preciso pai, eu estou bem” apesar desse ser meu maior desejo.

Mas eu nunca teria isso, porque eles já não estao mais aqui. Nem nunca vão voltar.

E eu já sabia disso, e eu tinha me conformado com a situação, mas agora eu estava me sentido tao fragil… Que parece que todas as feridas abriram de novo e meu dia fechou. E a única coisa que vejo são nuvens cizentas e árvores despidas numa tarde fria de Outuno.

Isso tinha como ser pior!?

(n/a: Podem parar de ouvir meus amores.)

Respirei fundo vendo o portao da escola e abrandei meus passos, abaixei a cabeça e aumentei o volume da musica. E aos poucos , enquanto eu avançava eu sentia mais olhares postos sobre mim.

Outros riam, outros me olhavam com pena, outras me olhavam como se quisessem dizer “como eu te compreendo”. E eu nunca me senti tao desconfortavel entrando na escola como agora.

Apressei o passo assim que passei o portao e fui até meu cacifo sendo seguida pelos olhares das pessoas. Suspirei ao abrir o meu cacifo e comecei a trocar os livros.

–Bom dia.- Ouvi uma voz atrás de mim e olhei vendo Betty.–A gente já conversa.- disse e respirei fundo tentando esquecer meus problemas, já que nesse momento os de Betty eram muito maiores que os meus, e ela precisava de mim agora.

Acabei de por meus livros na mochila e olhei Betty ao meu lado.

–Vamos lá para fora.-Ela disse e eu senti meu estômago apertar.

–Ah Betty... melhor aqui...-Eu ia dizendo mas ela me interrompeu.

–Ta calor.- Ela disse e logo me puxou para fora do pavilhão escolar e a cada passo que eu dava parecia que meu coração iria saltar pela boca enquanto meus olhos olhavam todo o lugar procurando por ele e desejando nunca o ver.

Betty me levou até o jardim onde a gente sempre se sentava e ela logo se sentou e eu sentei do seu lado.

–Então o que aconteceu?-perguntei e Betty suspirou pesado para logo depois me olhar.

–Quando eu contei para ele Lucas não reagiu ficou só me olhando do nada e ele parecia que ia desmaiar ali mesmo porque ele ficou pálido. Depois a única coisa que ele falou foi "Tem certeza que está mesmo gravida?", e eu claro disse que sim.- Ela disse e me olhou.

–E depois?- perguntei um pouco desanimada. Eu estava prestando atenção ao que ela dizia, e eu sabia que tinha que ajudar Betty agora mas... A ultima coisa que eu queria fazer agora era isso.

–Depois ele quis ir no ginecologista para confirmar... E bem, claro que aquela porra deu positivo.- Ela disse e eu vi que Betty preferia passar por mentirosa e que aquele teste desse errado.

–O que ele falou em relação ao bebé?- perguntei para ela que olhou o chão e logo a seguir aquele tic nervoso dela vaio e Betty começou a mexer seus dedos.

–Ele... Ele ficou do meu lado.- Ela disse e quando Betty me olhou seus olhos estavam marejados e uma lágrima escorreu pelo seu olho.

Ela estava feliz.

E eu estava feliz por ela.

–Que bom.- disse e sorri de leve para ela, e eu faria mais, daria pulos de alegria, a abraçaria, gritaria e daria um sorriso sincero. Mas acho que minha felicidade por Betty não chega nem perto da dor que estou sentido por mim mesma.

–Você não parece muito animada...- Ela disse limpando seus olhos mas sorrindo.

–Só estou um pouco mal disposta, já vai passar.-disse e Betty me olhou.

–E as olheiras, essa cara de quem esteve chorando a noite toda também é dá mal disposição?-Ela perguntou e eu baixei o rosto. Eu me tinha esquecido disso.

–Eu não quero falar sobre isso, e eu acho que você vai ficar sabendo de qualquer jeito.-disse e Betty suspirou.

–Tudo bem, se não quer falar é numa boa. Mas sabe que me tem para desabafar.-Ela disse e eu assenti me levantando e logo o sinal bateu.- A gente se vê depois.- Ela disse e eu assenti e comecei a andar na direcção oposta a Betty. Logo entrando no pavilhão escolar, andei até minha sala e respirei fundo antes de entrar.

Eu sabia. Sabia que agora eu não teria escapatória.

Ele estaria ali.