Ficamos nos encarando por uns cinco segundos, ele leu minha blusa (na qual dizia “I Hate You”) e me olhou novamente meio irritado, e passou reto. O acompanhei com o olhar, e quando ele sumiu de vista, comecei a chorar.

-Mel... –Harry me abraçou e me fez entrar para dentro de casa.

-Você disse que estava sozinho! –Reclamei, chorosa.

-Ele já estava de saída! Não pensei que você chegaria aqui tão rápido. Desculpa, Mel. –Harry disse limpando minhas lágrimas.

Suspirei.

-Tudo bem, amanhã na escola eu vou ter que encará-lo mesmo. Bom a essa altura, eu nem preciso te contar mais nada né?

-Você ia me contar que gosta do Tomlinson? Sério?

-Por que?

-Está tão na cara que só vocês não percebem.

-O QUE?

-Melanie, amor e ódio são os sentimentos mais intensos e forte que uma pessoa pode sentir por alguém. Não é fácil esconder esses sentimentos, e vocês dois realmente não sabem esconder.

-Harry, o que você está querendo dizer com isso?

-Sério mesmo? –Ele perguntou irritado.

Ergui uma sobrancelha indicando minha indignação e dúvida, e esperei ele continuar.

Vendo que eu não falei nada, Harry suspirou e continuou.

-Vocês dois se odeiam, por um motivo que ninguém sabe, aparentemente, nem vocês. E vocês dois também se amam, na mesma intensidade que se odeiam. Uma coisa é certa, vocês ainda vão ficar juntos por muito tempo.

Fiquei quieta, não queria acreditar no que o Harry falou, mas ao mesmo tempo fazia tanto sentido, que fiquei confusa.

-Não sei, Harry. –Foi o máximo que eu consegui dizer.

-Uma coisa eu sei, depois do acidente, você foi a única pessoa que conseguiu por um sorriso no rosto e um brilho no olhar do Louis.

-Acidente? –Perguntei com o coração quase saindo do peito.

Antes que Harry pudesse responder, o telefone dele tocou. Ele saiu para atender, e eu fiquei completamente perdida em pensamentos. Meu coração estava tão acelerado, que eu pensei que o Harry pudesse ouvi-lo do telefone.

-Era a Ashley, ela esta vindo pra cá... –Harry disse quando apareceu na sala novamente.

-Ah tudo bem, eu já estou de saída mesmo.

-Que? Por que?

-Não quero explicar essa história para a Ashley agora, e vocês querem ficar sozinhos.

Harry deu um sorrisinho de lado.

-Mas você vai contar para ela, né?

-Vou, mas não agora. E você, pelo amor de deus, não abra a boca! Mesmo se ela te perguntar, diga que eu não te contei.

-Relaxa, meu amor.

-Ok, agora vou indo.

Harry me abraçou e beijou minha testa.

-Cuidado hein! Qualquer coisa, me liga.

-Ok, aproveita o resto da tarde. –Dei uma piscadinha safada, recebendo um sorriso sem graça do Harry,  antes de sair.

Voltei para casa e me joguei no sofá, fiquei mofando no sofá a tarde inteira, até meu telefone tocar, era Liam.

-Alôôôôô! –Liam disse animado.

-Olááá!

-Está fazendo o que?

-Mofando no sofá, por que?

-Vem aqui pra casa! A Ashley está aqui também.

-Todo mundo está ai? –Perguntei, mas me referi, indiretamente a Louis.

-Menos o Louis...ele sumiu o dia inteiro! Mas acho que ele aparece daqui a pouco.

Fiquei pensativa, eu teria que correr o risco.

-Ok, eu já to indo pra aí! Beijos!

-Beleza, beijos!

Me troquei (http://www.polyvore.com/cgi/set?id=66874617&.locale=pt-br ), avisei o Yuri e fui para a casa dos meninos. Cheguei lá em dez minutos, e todo mundo estava comendo pizza na cozinha.

Todos me cumprimentaram e eu peguei um pedaço de pizza qualquer.

-Está usando listras, de novo? –Niall perguntou.

Aquela ferida, voltou a doer.

-Sim. Eu sempre usei listras, ai depois de tudo que aconteceu...é a única coisa que eu uso.

-Você não vai contar pra gente o que aconteceu de tão horrível aqui em Londres, Mel? –Liam perguntou.

Fechei os olhos e respirei pesada e profundamente.

Tudo bem, acho que eu já escondi isso tempo demais, quem sabe se eu contar, eu não tiro um peso das minhas costas?

-Certo, eu vou contar.

Me acomodei melhor na banqueta, me apoiei na bancada e fiquei de frente para todo mundo.

-Há um ano atrás, eu morava em Londres. Eu tinha um namorado chamado Josh Murray, ele tinha olhos verdes, cabelos castanhos, usava listras, tinha um típico sotaque inglês e era todo brincalhão. Isso lembra alguém?

-Louis. –Todos disseram juntos.

-Exatamente. Eu e Josh nos amávamos muito, ele vivia dizendo que queria casar comigo e ter vários filhos. Minha vida era perfeita ao lado dele. Até ele querer ir na London Eye. Eu nunca gostei muito de roda-gigante, mas como ele insistiu muito acabamos indo, nós divertimos muito aquele dia. Íamos atravessar a rua para ir embora, estávamos de mãos dadas. Até que um carro em alta velocidade faz a manobra da curva e vem em minha direção, Josh me empurrou e ficou na minha frente. O carro o acertou em cheio. Ele ainda estava vivo, eu gritava pra ele ficar comigo, as pessoas na rua ligaram para a ambulância, e eu só me importava em saber se ele ia viver para ficar comigo. A ambulância chegou, mas foi atender o menino que estava no carro, eu gritava para virem me ajudar primeiro, e o Josh tentava dizer para irem ver primeiro o menino, visto que não parava de ser sangue de sua cabeça, e braços. Enquanto dois homens ajudavam o menino, e o homem, que devia ser seu pai, um outro homem veio até mim e Josh. Porém já era tarde. As últimas palavras dele foram “Eu sempre vou cuidar de você, Mel. Não importa onde eu esteja.” E assim, ele morreu. –parei para respirar e limpar minhas lágrimas, e todo mundo ficou em silêncio, então eu continuei. –O cara que estava dirigindo estava bêbado, ele não morreu, mas sofreu graves ferimentos, tinha um menino no banco do passageiro, e até hoje não sei se esse menino morreu ou não. Josh se matou por mim, ele deixou três irmãos e sua mãe para trás. Por mais que ele me amasse, isso não explica o fato dele ter se matado por mim. Quem eu sou perto da família dele? Bom, até hoje eu ajudo a família dele como posso, e me sinto culpada pela perda de Josh, o que me fez ter um certo ódio dele. Não pensem que sou egoísta, mas eu preferia ter morrido no lugar dele, eu teria feito menos falta. Como era Josh que sustentava toda a família, com sua morte, sua família foi morar na rua, se não fosse pelo dinheiro que eu mandava, os irmãos dele teria passado fome, e isso tudo, porque ele se matou por mim. Desde esse acidente, não me envolvi com mais ninguém na esperança de esquece-lo. E então me surge Louis Tomlinson, exatamente igual a ele, e causando os mesmos sentimentos que Josh causava em mim. E é por essa razão que eu odeio tanto o Louis.

Terminei de contar, e algumas lágrimas ainda caíam, mas eu me sentia aliviada. Nunca tinha contado isso para ninguém, as únicas pessoas que sabiam eram minha mãe e meu irmão.

-Sinto muito, May. –Ash disse e veio me abraçar.

-Tudo bem, Ash. Eu já superei, só que falar no assunto dói. –Sorri de leve.

Os meninos vieram me abraçar.

-Pera, você disse que o cara que morreu se chamava Josh Murray? –Harry perguntou.

-Sim, ele era meu namorado.

-E que ele morreu em frente a London Eye?

-Sim. Harry você não ouviu o que eu acabei de falar? –Perguntei irritada.

Os meninos se entre olharam assustados, e depois olharam assustados para algo atrás de mim, quando ouvi o barulho de porta sendo fechada.

Virei as costas e Louis estava com os olhos arregalados, me olhando fixamente, seus olhos estavam formando lágrimas.

-Alguém pode me dizer o que está acontecendo aqui? –Perguntei irritada, depois de alguns segundos em silêncio total.

-Josh Murray, foi a pessoa que salvou minha vida quando eu sofri um acidente de carro. Eu era o menino que estava no banco do passageiro no carro, meu pai estava dirigindo. –Louis disse e eu cai no chão, sem reação e atordoada.

-Q-que? –Eu disse gaguejando e com falta de ar.

Louis ficou me encarando por um tempo, até que ele sentou no sofá e pois a mão na cabeça, e ficou em silêncio.

Eu fiquei parada do mesmo jeito, e ninguém se mexeu por uns três minutos. Todos ficaram em silêncio, completamente atordoados e chocados.

Arrumei força para me rastejar até Louis.

-Você era mesmo aquele menino? –Perguntei com a voz baixa.

Louis levantou a cabeça, ele estava chorando.

-Sim, na hora da batida, eu estava sem cinto de segurança, então eu fui de cabeça no vidro, cortei minha cabeça, mãos e braços. Eu tive hemorragia, se eu esperasse mais cinco minutos, eu teria morrido. Eu não me lembro de nada, porque assim que bati a cabeça e senti uma tontura muito forte e sangue escorrendo, eu desmaiei. Os médicos me disseram que me atenderam primeiro por causa da quantidade de sangue, e quando eles me colocaram na ambulância, eu estava praticamente sem vida. Eu não lembro de nada, mas soube que Josh pediu que me atendessem primeiro, concluo que ele também salvou minha vida naquele dia.

-Você viu me viu na hora do acidente?

-Quando bati a cabeça no vidro, vi seu rosto e apaguei na mesma hora. Você foi a última coisa que eu vi antes de quase morrer.

Fiquei em silêncio, não sabia o que fazer, ainda tinha muitas coisas sem sentido.

-Então você me reconheceu no primeiro dia de aula?

-Não tinha certeza, mas minhas suspeitas eram grandes, já que você e seu namorado estavam de listras no dia do acidente, assim como eu também usava, e na escola você só usa listras. E seu rosto era muito familiar.

Fiquei olhando para Louis, e ele não desgrudava os olhos de mim um segundo.

-Uau, isso sim explica tudo. –Harry disse quebrando o silêncio.

O meu celular apita, dizendo que tenho uma mensagem, era Yuri, me mandando ir para casa.

-Eu preciso ir. –Eu disse levantando do chão, Louis levantou na mesma hora que eu, e ficamos de frente um para o outro, nos encarando.

-Amanhã a gente conversa? –Louis perguntou.

Não respondi, apenas baixei a cabeça, falei um tchau pro pessoal e sai.

Cheguei em casa e contei tudo para o Yuri.

-Agora está tudo explicado do porque vocês são tão parecidos.

-Ah Yuri, não começa você também! Eu vou deitar porque estou com dor de cabeça, tchau.

-Melanie, preste a atenção. Você não conheceu o Louis por acaso, você não se importa tanto com ele por acaso, tudo tem uma explicação, e essa explicação é o Josh. Ele não disse que ia ficar sempre cuidando de você? Então, ele deu um jeito de cumprir isso. Você e o Louis tem muitas coisas em comum, e vocês realmente se gostam, só que vocês não percebem isso.

Revirei os olhos e subi para o quarto, enfiei a cara no travesseiro e gritei o mais alto que pude. Como estava com muita dor de cabeça, acabei dormindo rapidamente.