Destino escrita por flavia_belacqua


Capítulo 14
Capítulo 14




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Capítulo dedicado à Lilá Brown, warik, Gui_Lion, Looh, mia_kcullen, Gabi Black, joseuzumaki, Thaís Perevell, Tsuki Kyra, Andi, Lyra Di Angelo Black Pevensie, Lana Riddle, Gislayne, Katie, Leleh Sullivan e Giulliana que comentaram.

Primeiro de tudo, quero pedir imensas desculpas pelo hiatus em que ficou essa fic. Provavelmente vocês estão loucos da vida comigo, ou nem se lembram mais da fanfic... Estou envergonhada, mas a vida real estava difícil de aguentar. Sinto muito de verdade, e prometo que isso não vai mais acontecer.

Outro fator foi o pouco retorno que estou recebendo. A fanfic tem 48 leitores, mas uma média de 13 reviews por capítulo. Estes que eu recebo são incríveis, e sou mais grata por eles do que vocês podem imaginar, mas poxa, não custa escrever um “hey, estou aqui” de vem em quando, não é?

Agora, ao que interessa. Espero que continuem acompanhando, e até o próximo capítulo!

"Eu vou lutar pra ter as coisas que eu desejo
Não sei do medo amor, pra mim não tem preço
Serei mais livre quando não for mais que osso
Do que vivendo com a corda no pescoço
Enquanto no céu o sol ainda estiver
Só vou fechar meus olhos quando quiser "

Titãs - Querem Meu Sangue

O caminho de volta foi silencioso, mas não desconfortável. Como Harry já tinha descoberto antes, havia alguma coisa sobre estar em risco de vida, situações de tensão. Ele se lembrava de ter ouvido falar de que “24 horas correndo perigo com alguém valem mais do que uma vida inteira com ela.”, e mesmo que ele não concordasse inteiramente, sabia ao menos que uma parte era verdadeira. Salvar a vida de alguém estabelece um vínculo que a maioria das pessoas não pode entender. Principalmente em indivíduos mágicos, cuja energia passa a reconhecer a da outra pessoa como boa, e dificilmente quem foi salvo pode prejudicar seu salvador sem uma extrema força de vontade, como Harry já havia experimentado na pele com Rabicho. Estremeceu um pouco ao lembrar-se da mão prateada se voltando contra seu mestre, o rosto do rato se contorcendo, sendo o único responsável por sua própria morte.

Por um lado, ele estava realmente feliz que tinha selado sua amizade com os Marotos de forma tão definitiva. Por outro, sabia que agora eles iam exigir respostas, e Harry não queria dá-las. Se contasse tudo agora, as coisas sairiam do controle. Se não contasse, arriscaria perder tudo o que já havia conquistado com eles. Suspirou. De certa forma, essa era a coisa mais arriscada e mortal que já tinha feito. Toda e qualquer decisão que tomasse aqui poderia causar um tsunami de consequências inesperadas, alterar permanentemente todo seu mundo. Pela primeira vez, Harry pensou de verdade no que aconteceria, quando tudo acabasse. Se tudo desse certo e o garoto conseguisse destruir Voldemort neste tempo, o que aconteceria? Ele magicamente seria transportado de volta para seu próprio tempo? Permaneceria aqui, vivendo? Pensou seriamente sobre isso. Sua própria linha do tempo já tinha sido alterada pela sua mera presença. O Harry que ainda estava para nascer teria uma vida completamente diferente da sua. Suas lembranças de sua vida atual seriam apagadas e ele passaria a ser o filho orgulhoso e maroto de James e Lílian Potter? Ou simplesmente continuaria nesta época, vivendo sob um nome falso e observando sua própria vida alterada correr tranquilamente? Todas as possibilidades lhe pareceram terríveis, e implicavam na perda de si mesmo como ele era agora. Na única experiência além desta que tivera com viagem no tempo, as coisas foram paradoxais e confusas, mas eles impediram as coisas de acontecer antes que todos soubessem delas e de suas consequências. Agora, o que aconteceria com seu próprio mundo? Harry considerou a possibilidade de apagar a memória de todo mundo que o conheceu e viver o resto da vida escondido sob uma pedra na Floresta Proibida. Tentador.

– Uau, o Sr. Monitor está nos levando ao seu banheiro exclusivo? Acho que temos que tentar nos matar mais vezes., caçoou James.

– Cale a boca. Como exatamente você esperava que a gente aparecesse com as roupas desse jeito na Sala Comunal?

– Ah, nada que uma súbita vontade de ficar nu não resolvesse. Tenho certeza de que as garotas não iam prestar atenção em mais nada quando eu entrasse..., falou Sirius olhando maliciosamente para uma parte específica da sua anatomia. Harry e James estremeceram, e Remus disse, olhando para o amigo estranhamente:

– Você é tão obsceno que é nojento, Padfoot.

Sirius sorriu.

Eles entraram no banheiro dos monitores, e Harry teve um deja vú ao olhar para o vitral de sereia, que cochilava tranquilamente. Despiu-se com cuidado, a pele manchada de cinza pelo líquido viscoso ardendo como se estivesse em brasa quando arrastava o tecido sobre ela. Gemeu, imaginando quanto tempo demoraria para se recuperar do contato direto com o veneno. Agradecendo a Merlin que o ferimento provocado pela facada de Bellatrix não fora infectado, desenrolou a faixa suja e tirou cautelosamente o colar de lágrimas de fênix e o colocou sobre as vestes, longe dos olhares dos amigos. Entrou na banheira abençoadamente fresca e por alguns momentos fechou os olhos, somente apreciando o contato da água com a pele, os pelos da nuca se arrepiando de frio. Esfregou de leve o rosto, se assustando com a fisgada de dor que sofreu quando passou as mãos no machucado acima da sobrancelha. Mergulhou o corpo todo, se acostumando com o ardor da pele e da ferida. Ficou submerso até sentir que seus pulmões iam explodir e emergiu. Os outros estavam tendo um comportamento semelhante, e ele considerou ficar ali por pelo menos uma hora, quando ouviu uma risadinha abafada.

– Murta, ninguém nunca te disse que é errado espionar os outros? , disse em voz alta. A garota apareceu no ar na frente deles e teve a decência de parecer envergonhada. Os Marotos pularam de susto, fazendo Harry e Murta rirem.

– Olha quem está falando! Vocês invadem o meu banheiro, eu invado o de vocês!, se recuperou, falando presunçosamente. O garoto achou o argumento válido, e se recostou na borda da banheira, puxando a espuma com os braços para cima do corpo, cobrindo-se.

– Justo. Mas você podia pelo menos parar de tentar espiar?

Ela resmungou, mas saiu de dentro da água. James olhava para Harry como se tivesse uma segunda cabeça brotando de seu pescoço, enquanto Remus parecia mortificado.

– Você...você tem o costume de fazer muito isso, Murta? – perguntou o lobisomem, fazendo a menina corar as bochechas de prateado. Ela deu de ombros, como se não desse muita importância, mas os olhos risonhos a contrariavam.

– Bem, sim. Você é fortão.

Harry, James e Sirius engasgaram de tanto rir com o rosto chocado de Lupin, que afundou na água com a intenção de se afogar clara na face vermelha de vergonha.

– Murta, pode por favor se virar para que a gente se vista?, James pediu, e a fantasma cobriu os óculos com os dedos. Os quatro rapazes hesitaram antes de colocar as roupas sujas novamente, murmurando feitiços de limpeza sobre elas. Saíram do banheiro de bom humor, rumando para o Salão Comunal. Eram mais de 16:00, e as meninas juntamente com Peter já estavam de volta. Depois de um breve interrogatório, aonde Sirius e James alegaram ter se perdido dos amigos, a conversa voltou ao normal. Harry tinha que destruir a Horcrux ainda naquele dia, mas estava cansado demais para isso agora. Decidiu ir quando os Marotos já estivessem distraídos, assim, não haveria companhias inesperadas desta vez. Sentou-se do lado de Alice, enquanto tentava desviar o olhar de sua mãe e James, que pareciam ter perdido algo dentro da boca um do outro. Constrangido, Harry estremeceu levemente sob as roupas, querendo desesperadamente se concentrar em outra coisa. Olhou para Alice estava recostada no sofá, a cabeça inclinada contra o encosto, uma expressão melancólica na face pálida.

– Eles são sempre tão...explícitos assim? – Alice demorou alguns segundos para perceber que Harry falara com ela, mas respondeu, forçando um sorriso:

– Sim. Nojento, não é? Pelo menos você nunca teve que ver a fase de Sirius quando ele estava com Maggie Davies. Ugh, ainda bem que ela deu um pé nele.

– Sirius se esforça para passar uma impressão errada dele mesmo. , comentou Harry exasperado. Ele sabia que seu padrinho era mesmo um homem imaturo e impulsivo, mas também era talentoso, inteligente e centrado. A versão de dezessete anos dele fazia todos verem apenas o primeiro lado dele, escondendo sua parte séria e capaz. Alice pareceu pensar sobre isso durante alguns momentos, mas concordou, assentindo.

– Sabe, eu... eu me sinto um pouco culpada por vê-los assim., ela falou, e Harry demorou para entender à quem ela se referia.

– James e Lily? Por quê?

– Bem... E-eu, costumava gostar dele. De James. – Harry se virou bruscamente para olhá-la. Ela pareceu envergonhada, mas continuou. – Foi minha primeira paixão. Mas ele começou a agir feito um idiota, e a dar em cima da Lily o tempo todo... Então, o Frank apareceu., ela confessou.

– Há quanto tempo foi isso?

– Eu não sei direito. Não sei quando foi que deixou de ser James para ser Frank... Mas agora estamos juntos há dois anos. Não me entenda mal Harry, por favor. Agora eu vejo como tudo isso foi estúpido, e como eu fui burra de nunca ter reparado no Frank, podíamos ter ficado muito mais tempo juntos. Ele se formou ano passado, e é difícil ficar sem ele, principalmente quando minha melhor amiga fica aos amassos com minha ex-paixão...

– Lílian sabe disso?

– Por Merlin, claro que não! Ela se sentiria mal se soubesse, jamais vou contar à ela. Contei ao Frank quando começamos a namorar, mas nunca chegou a ser realmente um problema. Eu era bem nova, e nós dois estamos juntos a tanto tempo que essas coisas deixam de ter importância. Mas agora... a gente se vê tão pouco que é difícil continuar como era. Me acostumei tanto a tê-lo por perto que quase esqueci como era antes. Quero me formar logo para podermos ficar juntos, mas ao mesmo tempo não quero que essa fase da minha vida acabe tão cedo.

Harry assentiu seu entendimento, atordoado. Mas Alice parecia tão miserável depois da confissão que tentou distraí-la.

– Sabe, eu tinha uma namorada na minha outra escola. Ela gostava de mim desde o primeiro ano, mas eu só pensava nela como a irmã do Rony... No quinto ano, comecei a gostar de uma menina mais velha, jogadora de Quadribol, nós nos beijamos, saímos uma vez... Mas foi só. Eu estava junto no “acidente” que o ex-namorado dela sofreu, e ela não conseguia superar a morte dele. No fim do ano, meu padrinho morreu, e foi a minha vez de não querer mais nada... No ano seguinte, comecei a ver a Gina como algo mais do que amiga, mas foi só no fim do período letivo que a gente começou a namorar. Antes de ir para as férias, eu terminei. Eu sei que ela me ama, e ela sabe que é recíproco, mas eu tinha que vir pra cá...

– Mas você chegou aqui faz o que, uns três ou quatro meses? Tem um tempão antes disso.

– Aonde eu estudava, havia muita atividade dos Comensais da Morte, e eu meio que fiquei encrencado. Me tornei um alvo deles, entende? Como eu podia namorar, sabendo que ela podia ser atacada por minha causa, ainda mais sabendo que a gente ia ficar separado o ano inteiro? Eu não sei se algum dia ela vai me perdoar. Fico louco de pensar no tempo que perdi pensando em outras coisas quando podia ter estado com a Gina, e agora não sei se vamos poder recuperar o tempo perdido...

– Eu estou sozinha, você está sozinho... Tem um armário de vassouras bem legal no terceiro andar, que tal? – ela falou erguendo as sobrancelhas sugestivamente para ele, piscando os cílios repetidamente.


– Hum, acho que a sala do lado da sala de Transfiguração está vazia essa hora.... – ele respondeu, entrando na brincadeira. Viram os Marotos e Lily olhando para eles estranhamente. Olharam um para o outro e explodiram em risadas.


Harry estava lutando para se manter acordado. Os amigos dele insistiram em ficar até tarde no Salão Comunal, mas Harry tinha outros planos. Ele estava deitado em sua cama, os olhos bem abertos na escuridão sinuosa do quarto, esperando todos irem dormir. Inevitavelmente, o garoto começou a pensar sobre sua vida, a passada e a futura. Ele sempre tinha imaginado o tempo como uma linha reta, sem curvas, interrupções ou o quer que seja. Agora ele era a prova viva do contrário, e estava com medo. Medo de deixar de existir quando Lílian Potter desse a luz ao primogênito, do Harry Potter que crescesse com seus pais se tornasse em um garoto arrogante e tolo.

Se ele estivesse com sua família no primeiro dia no trem, teria falado com Rony? Se ele não compreendesse como era ficar sozinho, ele teria insistido para salvar Hermione no primeiro ano? Teria salvo Ginny da Câmara Secreta? Por outro lado, se não houvesse Voldemort, ninguém soltaria um trasgo para tentar roubar a Pedra Filosofal, não haveria Horcrux para possuir Gina. Ele podia pensar em centenas de situações como essas, ambos os lados conflitando em sua mente. Percebeu que estava sendo egoísta, temendo perder as poucas pessoas que amava, a custo de um mundo todo em guerra. Tenho que fazer isso, pensou. Tenho que conseguir derrotar Voldemort, e depois, só depois eu penso no que diabos vai acontecer comigo. Perdeu-se tanto em suas divagações que se esqueceu do tempo, e agora já podia sair.

Inseguro, saiu pelo retrato da Mulher Gorda olhando para os lados. Sem a capa de invisibilidade e sem o Mapa do Maroto, era muito mais arriscado andar de noite pela escola. Se esgueirando pelos corredores escuros e vazios, ele amaldiçoou a si mesmo pelo barulho alto dos sapatos, quase praguejando em voz alta. Lançou um feitiço silenciador nos pés, esperando que fosse o suficiente. Devagar, subiu todas as escadas até o sétimo andar, chegando com alívio à Sala Precisa. Por três vezes passou em frente à ela, até que a porta abriu para a sala atulhada de coisas. Caminhou tropegamente pelas pilhas de objetos aleatórios, procurando a Horcrux, até que lembrou-se aonde a escondera. O diadema de Ravenclaw esbanjava poder mesmo soterrado, e Harry temeu tocá-lo. Repreendeu a si mesmo pela hesitação, pegando a tiara com determinação, jogando um monte de coisas no chão para abrir espaço na mesa mais próxima. A tiara brilhante contrastava belamente com a superfície de madeira escura do móvel, a camada de verniz lascada em um dos cantos. Harry tirou a espada de debaixo das vestes, segurando-a com as duas mãos firmemente no ar. Uma fumaça negra lentamente começou a sair do diadema, se espalhando no ar ao redor dele como um manto de neblina escura, impregnando a atmosfera da sala. Surpreendentemente, a fumaça tinha um cheiro floral agradável, misturada com um cheiro doce, como calda de açúcar na panela. Pego de surpresa pela súbita sensação familiar, o garoto deixou o aperto sobre a espada ceder um pouco, escorregando um pouco pelos dedos. A neblina começou a se condensar, juntando-se toda ao seu redor. Harry sentia o ar vibrar estranhamente, formando ondas sonoras que resultaram em uma voz sussurrante, gentil, que era semelhante à voz de sua própria mãe.

Eu poderia te dar tudo, Harry... Poderia te dar o conhecimento necessário para fazer o que quisesse... Qualquer coisa...

Alarmado, o garoto sacudiu a cabeça com violência e ergueu novamente a espada para o alto. É uma maldita Horcrux, Harry. Um pedaço de Voldemort, bem na sua frente., pensou, desesperadamente tentando se focar no diadema e não na letargia confortável que se espalhava pelo corpo.

Você está confuso, não tem a menor idéia do que fazer... Eu posso te fazer entender. Posso fazer você compreender o que tem que ser feito para que tudo volte ao seu lugar...Você pode ter sua família, sem perder os amigos que fez até agora. Comigo, não haverão escolhas, meu Harry... Pode ter qualquer coisa que quiser, sem abrir mão de outra... Posso te ensinar o caminho...Posso te dar tudo....

A névoa começou a formar um vulto feminino, agrupando-se à sua frente. Formando um rosto incrivelmente nítido e semelhante à sua mãe, a sombra lhe estendeu a mão, e o que ele mais queria no mundo era soltar a espada e apertá-la. Não faça isso, Harry. Lute, lute... Os próprios pensamentos se perdiam na confusão de sua mente afetada pela voz.

Posso te dar...

Era intoxicante, avassaladora. Ele podia ver os cenários, a tentação de ter o conhecimento necessário para acertar o mundo em seus próprios termos. Se ele apenas estendesse a mão...

...tudo...

O barulho alto que a espada fez quando atingiu o chão despertou Harry de seu torpor. Ele soltou a respiração que não sabia que estava prendendo ruidosamente, tentando tomar o controle de sua própria mente. Abaixou-se, tateando cegamente o chão em busca do punhal, o vulto se desfazendo novamente em névoa e atacando-lhe os sentidos, sufocando-o. Seus dedos suados atingiram a espada dura com um impacto doloroso, mas ficou grato pela sensação física que ajudou a expulsar do corpo a dormência induzida. Ele tossiu, tentando respirar qualquer coisa que não fosse o ar profano cheio de fumaça escura. Ergueu a espada e cortou o ar em linha reta, dando tudo de si para conseguir segurá-la quando partiu o diadema e a mesa sob ele. Um grito agonizante e desumano preencheu o aposento em uma longa nota de lamento enquanto a Horcrux era destruída. Harry largou a arma e cobriu os ouvidos com as mãos, caindo de joelhos sobre o piso.

Subitamente, acabou. Tudo que restou foi o cheiro ocre de enxofre carregando a atmosfera da Sala Precisa e o diadema partido ao meio sobre a mesa cujos pés cederam com o impacto da lâmina. Harry se ergueu do chão meio tonto, sentando sobre a pilha mais próxima enquanto colocava a cabeça entre os joelhos, tentando não vomitar. Ainda ofegante, ele se acalmou o suficiente para limpar a bagunça ao seu redor, a bile subindo pela garganta. Recolheu a espada, escondendo-a novamente sob as vestes e pegou a Horcrux fumegante com cuidado, incerto sobre o que fazer com ela. Por fim, decidiu levar ao dormitório para entregar a Dumbledore assim que tivesse uma oportunidade, pensando que o diretor provavelmente poderia estudar o objeto em busca de informações.

Extenuado, percorreu a sala com o olhar em busca da penseira, querendo concluir a última tarefa do dia antes de poder ir embora. Finalmente foi em direção a ela, posicionando a varinha ao lado da cabeça, sem saber direito o que fazer. Incerto, posicionou a varinha na têmpora como vira Dumbledore fazer, repassando os acontecimentos dos últimos minutos na cabeça. Bizarramente, ele viu os fios prateados saindo de sua própria cabeça em direção à varinha, através de um espelho na parede atrás da bacia de pedra. Como se houvesse um buraco em seu crânio sobre o qual escorresse um líquido gelado e viscoso, Harry achou a sensação estranhíssima. Sentiu-se exposto, enquanto revivia todas as memórias comprometedoras em que podia pensar, um tear brilhante de lembranças saindo de si mesmo. Agitou o braço, erguendo a varinha sobre a penseira, enquanto os fios prata caíam. Logo, o garoto apoiou-se pesadamente contra um armário, se acostumando com o vazio súbito que parecia haver em sua mente. Ele ainda sabia de tudo que tinha lhe acontecido, mas não conseguia se lembrar. Tentou invocar na cabeça a imagem da Câmara Secreta, recebendo apenas um vazio perturbador como resposta. Estranho. Muito, muito estranho., pensou, enquanto jogava os poucos feitiços protetores que conhecia sobre a penseira, guardando-a novamente.

Harry saiu da Sala Precisa com um agradável sentimento de missão cumprida. Caminhou pelos corredores ainda escuros, que pareciam pelo menos duas vezes maiores do que quando ele viera. Suas pálpebras insistiam em fechar por mais tempo do que o necessário cada vez que ele piscava e suas pernas pareciam gelatinosas, protestando sobre seu peso. Ele estava exausto, mágica e fisicamente, e por pura sorte não foi pego fora da cama a caminho do Salão Comunal. Subir as escadas do dormitório pareciam uma tarefa hercúlea, e ele gemeu baixinho enquanto forçava seus joelhos relutantes a trabalhar para chegar na cama. Caiu em cima das cobertas, se perguntando vagamente como diabos ia conseguir levantar cedo para encontrar com Lewis na manhã seguinte. O pensamento se foi tão rápido como chegou, perdido na mente sonolenta.



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