Um Dia Tudo Muda escrita por Niina Cullen


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

#Preciso começar agradecendo pela Recomendação da Eduarda. Eu amei ler cada palavra, me faz perceber que sim, eu devo continuar, mesmo que muitas de vocês achem um tédio que eu continue. Saber que eu consigo 'mexer' com vocês, com as minhas palavras a postos, é facinaaaante e gratificante.
Obg Eduardaa (: AMEI, ESPERO SINCERAMENTE QUE VOCÊ CONTINUE AQUI, ME PRIVILEGIANDO A LER SEUS REVIEWS.
Eu sei, eu sei... E... Eu sei, que DEMOREI, mas foi por uma causa justa: escola, leitura... E também eu precisava de tempo para revisar esse Capítulo, que decidi que ficaria assim, e que eu não dividiria em DUAS partes... Ou seja, ficou enorme... Mais de 7 mil palavras - o maior que eu já postei \o/
O Começo, até eu detestei... Mas assim, na minha opinião nem um pouco convencida, ficará melhor... Espero que todas vocês também achem isso!!!
Então vamos para um dos Capítulo que vocês taaanto ansiavam, e que também não nego... Ansiava por ele também#
Boa Leitura!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/239409/chapter/17

Um Dia Tudo Muda

Capítulo 17

Sabe quando queremos que o tempo passe rápido? Pois não estamos com pessoas que nos fazem felizes? Então... Ele não passa rápido sem pessoas que nos fazem feliz, e sim, se arrasta torturadamente, fazendo você olhar para o relógio, querendo que tenham passado horas, quando na verdade foram minutos.

Bella nunca havia procurando formas para que seu tempo passasse rápido, mas a única solução que achou, foi voltar ao seu trabalho... Voltar a ser Promotora, quando na verdade, ela só queria que seu cargo, fosse capaz de fazer justiça, mas quando ela chegou ao Fórum onde trabalha, recebeu olhares de piedade... Olhares que ela tentava desviar, e que não conseguia, pois estavam por toda a parte.

- Drª Cullen? – Minha secretária, Kate perguntou com surpresa. É claro, ninguém me esperava por aqui.

- Olá Kate. – Disse, no mesmo tom que havia adquirido depois de tudo que aconteceu. Bella se retirou, indo em direção à porta da sua sala, fechando-a logo que entrou. Ela encostou-se à porta, pensando em como seria difícil agir “normalmente”.

Na mesa de Bella, havia um envelope pardo, e com o seu trabalho de Promotora, ela sabia muito bem o que aquele envelope significava.

Ela se aproximou hesitante, e pegou o envelope, que dizia, em letras de próprio punho:

Caso Arquivado... Por Falta de testemunhas e sem queixa prestada.

Era isso que dizia no envelope. Bella não queria acreditar no que lia, então abriu o envelope e dele tirou algumas folhas contidas... Folhas que dizia tudo sobre o acidente. O acidente que tirou a vida da filha dela.

Ali, digitado nas folhas, dizia que o suposto dono do caminhão, não era quem dirigia o veículo na hora do acidente, que o caminhão tinha sido roubado, e que o dono prestou queixa na delegacia, mas de nada valia, pois o acidente já havia ocorrido. Quem dirigia o caminhão, tinha fugido, e assim, o caso foi dado como encerrado, pois nenhuma queixa foi aberta e nem um inquérito foi disponibilizado.

Bella lia e relia cada palavra contida naquele envelope, e tentava achar alguma razão naquilo tudo. Como poderia ser arquivado quando houve morte, a morte da filha dela? É nessas horas que sabemos, que a justiça, de nada serve quando mais precisamos dela.

Havia pontos cegos naquelas declarações sem sentido.

Como que o dono do caminhão da queixa, não sabe quem roubou; como é que o ‘ladrão e assassino’ sai de dentro daquele maldito caminhão sem deixar vestígios, e sem testemunhas?

Bella queria respostas. E ela as teria...

- Kate? – Bella chamou pelo telefone, quando esta imediatamente atendeu.

– Sim, Drª Bella?

- Venha a minha sala, por favor. – E assim Bella desligou.

Não demorou muito e Kate adentrou a sala.

Bella continuava de pé, e com o envelope pardo ainda em mãos.

- Esse envelope estava em minha mesa. Você sabe quem deixou, quando foi deixado? – Bella respirou fundo. – Se ele está arquivado, deveria estar na sala de arquivos, não acha?

Kate demonstrava aflição, mas por achar que tinha feito uma coisa errada. Foi ela que deixou o envelope na mesa de Bella, pois assim que o Superintendente do Tribunal declarou – sem sessão nenhuma – o caso como encerrado, quando nunca havia começado, ela achou justo que Bella soubesse, assim que voltasse para o Tribunal, mas Kate não contava que seria tão rápido. Na percepção dela, era rápido, e na de todos ali, naquele tribunal, mas para Bella não.

- Fui eu... – Kate começou a contar tudo.

Bella ouvia a tudo com muita atenção, mas quando Kate terminou de falar, Bella não hesitou, pediu que ela desse entrada a tudo que fosse necessário para reabrir aquele caso, que não era um simples caso. Era em nome da sua filha, pois a justiça não passaria despercebida por aquele caso, pela sua dor.

- Mas terá que ser feito uma queixa...

- Kate, faça tudo o que for preciso. Eu só quero que a investigação aconteça.

E assim Kate saiu da sala.

Assim o tempo foi passando. Bella não conseguiu fazer nada, a não ser pensar em que esse acidente – que tirou a vida da filha dela – poderia não ser um mero acidente.


Bella colocou as mãos na cabeça, numa forma vã, de querer que esse pensamento não fosse real. A realidade é tão dolorosa, que queremos mergulhar em um poço escuro, até que tudo se resolva. Bella não era forte o suficiente para aguentar aquele vazio que a consumia.

Bella enfim, decidiu ir para casa. Não aguentava mais aquele ambiente, que teria que aguentar de qualquer maneira, pois ela tinha a ‘chave’ necessária para desencadear a causa da sua dor, a causa que tirou a vida de uma das pessoas que ela mais ama nesse mundo.

Ela passou por Kate, que vinha naquele momento mostrar o avanço no caso para Bella. Com poucas horas, ela já tinha pedido para dar entrada com as investigações, com tudo que era preciso.

- Ok Kate. Obrigada. – Bella não pode respirar profundamente, não se sentia aliviada, ainda não, pelo menos. – Eu estou de saída. Qualquer novidade me ligue.

E assim Bella saiu, em direção a rua. Pegou o primeiro taxi que avistou, e ela própria se surpreendeu quando o taxista perguntou para que local ela iria, e ela se viu sem palavras. Não que ela não se lembrasse de onde morava, só que naquela mansão, onde há algum tempo atrás existia felicidade, existia paz e um amor incondicional, agora só existia um vazio imensurável e doloroso. Bella não queria voltar para a dor. Mas isso era até irônico de se mencionar, já que a dor estava por toda parte.

Bella falou o local, e o taxista seguiu, e no caminho Bella pôde ver crianças com seus pais, sorrindo, fazendo a felicidade destes. Elisa fazia Bella feliz só por existir, mas e agora, quando Elisa se foi, poderia dizer que ela não existia mais? Que a felicidade não existia mais?

Agora surgia algo nos pensamentos dolorosos de Bella: o por que de Edward não ter denunciado o que aconteceu a ela e a filha. Principalmente a sua filha.

Enfim, depois de alguns longos e intermináveis minutos, o taxi parou em frente a sua casa, o local onde Bella se sentiria em paz, logo depois de um dia de trabalho, mas agora, não... Sempre faltaria algo na vida dela, sempre, e Edward, não era capaz de cessar aquela falta. Mas o que ambos sabiam mesmo era que um sentia saudade um do outro, saudade do que se podia ter, pois Elisa, eles não teriam mais.

Logo depois de pagar o taxista, Bella foi em direção aos imensos portões que eram como fortalezas, mas essas fortalezas eram tão frágeis, pois não eram capazes de abstrair a sua dor, o seu vazio, o vazio que ficava cada vez mais perceptível em seu coração.

- Boa tarde senhora Cullen. – Um dos seguranças cumprimentou Bella, e foi exatamente quando Bella pensou que poderia haver jornalistas ali, esperando-a, mas a notícia que tomou todos os jornais de Nova York foi capaz de dar uma trégua.

- Boa tarde. – Ela simplesmente disse.

Assim que ela adentrou a porta da frente de sua casa, imagens irromperam a sua mente. Imagens estas que eram tão vivas, mas a pessoa que fazia parte dessas tais imagens, não. Não estava viva.

A pequena Elisa correndo pela sala, logo depois de chegar da casa dos avós. Elisa assistindo um filme com os pais, e a sua divina meiguice quando acontecia algo no filme que a surpreendia. Tão doce, e tão única.

Momentos que por mais vívidos que tenham sido, não voltariam mais.

Momentos alegres e felizes. Era isso tudo o que Bella tinha, para sorrir, enquanto lágrimas escorriam pelo canto de seu rosto. Ela sabia que Elisa não gostaria de vê-la desse jeito, mas o que Bella poderia fazer? Nada, absolutamente nada. Sem Elisa, não haveria vida. Não haveria nada, além de dor.

É claro que ela tinha a Edward, mas naquele momento de dor – que se arrastaria por não sei mais quanto tempo – o amor não prevaleceria. Não enquanto Bella estivesse fadada a viver na escuridão e no vazio excruciante que habitava seu coração; não enquanto Bella não fosse capaz de enxergar o sofrimento que Edward também passava.

Ela não culpava ninguém, a não ser a si mesma, por não ter lutado pela sua pequena. Lá no fundo, bem no fundo, onde ainda havia um pedaço de seu coração, Bella reconhecia que nada poderia ser feito por ela no momento do acidente, mas talvez, só talvez, ela poderia ter dado importância àqueles avisos, que as impediam de alguma forma de saírem de casa. Mas não, ela não fez isso.

Ela só queria ter ido no lugar da sua filha. Pois não era justo, uma criança, um bebê, morrer tão injustamente, sendo que tinha uma vida pela frente.

E algo, ainda mais doloroso envolvia a mente de Bella nesse exato momento. A possibilidade do acidente, não ter sido só um acidente, e sim, um acidente provocado. Era isso que Bella acreditava, e no mesmo momento, não queria acreditar. Pois como alguém seria capaz disso, e por quê? As respostas não viam, mas Bella as teria, de uma forma ou de outra.

A justiça não traria Elisa de volta, mas seria uma forma, de lutar – que Bella não foi capaz de fazer – pela sua filha, por uma imensa parte dela, que nunca se perderia. Ela lutaria agora...

Bella ‘abandonou’ as lembranças que vinham em abundância, subindo as escadas, que a levaria para o seu quarto. Sim, Bella não queria mais ficar no quarto de Elisa, onde ela não sentiria o calor que emanava de Edward. Ela queria tê-lo ao seu lado, mas ela sabia que a dor ainda tomava conta dela, tomava conta de seu coração, então não seria capaz de demonstrar o seu amor por ele, o amor que nunca foi perdido, mas sim, deixou de ser importante a partir do momento em que Bella perdeu uma grande parte de deu coração. A outra parte estava ali, atrás da porta de seu quarto, mas dessa parte, Bella não voltaria a vivê-la, pois a seu ver, ela não merecia.

Será que a dor se torna tão ou mais significativa do que o amor? Mesmo que duas pessoas estejam lutando por ele? Pois Bella lutava pelo amor, mas de uma forma errônea. Uma forma que a machucava ainda mais, que era machucando Edward com a sua frieza.

Ela girou a maçaneta da porta, e ainda hesitante, percebeu que Edward não estava ali, e talvez em nenhuma parte do quarto ou da casa.

- Senhora Cullen? – Bella ouviu a voz reconhecível de Carmen vinda da escada.

E assim ela se virou, e a viu:

- Sim, Carmen?

- Vi a senhora chegando, e me lembrei de que o senhor Cullen, antes de sair, pediu para que eu lhe dissesse que ele foi à casa de dona Esme.

Então Bella estava certa, Edward não estava em casa.

Ela queria o quê? Que ele estivesse em casa, esperando-a, esperando pelos tratamentos frios que Bella dava para ele?

Não, Bella não queria isso. Queria, é claro, que ele fosse capaz de viver a vida dele, uma vida que Bella não vivia mais. Uma vida que ambos desfrutavam, só que agora, uma terceira vida, não era vivida. Então por que continuar? Mas ele devia continuar, e continuaria por eles. Mas disso, Bella não sabia.

Bella voltou ao tempo real, balançando a cabeça em forma de concordância para o que Carmen lhe disse. Ela já ia entrando no quarto, quando Carmen voltou a perguntar:

- Desculpe, mas a senhora quer que eu sirva o jantar na sala de jantar como sempre? – Carmen estava meio hesitante, perguntou isso, por achar que a patroa poderia não descer para o jantar, o que já seria de costume, e talvez o patrão, também não viesse para jantar.

O cronograma daquela casa está perdendo as estribeiras...

- Eu não estou com fome. Quando Edward chegar, talvez ele queira. Obrigada! – E assim Bella adentrou seu quarto, fechando a porta atrás de si, assim que entrou se encostou à porta fechada. Ela fechou os olhos lentamente, sentindo o aroma único do amor da sua vida. O amor, que com suas atitudes, ela poderia perder. Ela sabia dessa possibilidade, e sentia seu coração cada vez mais apertado ao pensar nisso. Pensar que um dia Edward poderia se cansar das atitudes dela, se cansar do amor, e simplesmente ir embora. Deixá-la sozinha, quando na verdade, ela nunca estaria. Por mais que Edward fizesse isso, o amor que ele alimentava por ela, nunca seria capaz de abandoná-lo, nunca.

Bella enfim, depois de desfrutar do pouco – que para ela, era muito do que merecia – que tinha, abriu os olhos, e seguiu para o banheiro. Queria tomar um banho, que fosse capaz, com a força das águas, de levar todo o peso que ela sentia, mas ela sabia que isso não seria possível.

O banho foi longo, e como pensado, não foi capaz de abstrair todo o peso contido no coração dela.

Como prova de que o banho havia sido demorado, o céu, que dava para ver pela pequena abertura da cortina da porta dupla de vidro, que dava passagem para a varanda do quarto, mostrava que pelo tom da cor – um rosa misturado com um azul celeste – já estava a ponto de escurecer.

Mais um dia se encerrando, mais um dia que não era capaz de fazê-la se esquecer da dor, de tornar a dor mais suportável, pois nenhuma dor, por mais insignificante que fosse – o que não era no caso de Bella – seria capaz de ser suportável.

Já no closet, Bella escolheu um pijama qualquer, e nessa escolha, pegou uma peça de roupa de Edward, e a aproximou do seu rosto, sentindo não só a textura, mas também o cheiro inebriante que era capaz, mesmo que por segundos, de deixar Bella em plena plenitude de seu amor.

Como de tantas formas para poder se apaixonar uma pessoa pode amar, e mesmo assim, o amor não se perder?

E assim Bella colocou a peça de roupa no lugar, e seguiu até sua cama, sentido falta dos inúmeros momentos que viveu com Edward ali, no aconchego de seus braços. Não queria ficar ali, naquela cama vazia. Pegou o seu hobby, se direcionando para a varanda. Assim que abriu a porta dupla de vidro, sentiu o vento refrescante da noite, se encostou ao parapeito também de vidro, e ali observou a lua, o que muitas e muitas vezes, fazia com Edward.

O que Bella não sabia, era que nesse mesmo momento, Edward estava dirigindo seu volvo, a caminho de casa, e também observava a lua, se recordando dos mesmos momentos que agora, Bella se recordava.

Em uma noite, um pouco, ou mais refrescante do que essa. Edward e Bella caminhavam pela luz da lua, nas ruas calmas de Nova York. Ambos ainda não se conheciam, mas o destino seria capaz de mudar isso.

E foi assim, que a noite, refrescante de Nova York, se tornou uma noite fria e chuvosa em Nova York. Mas a lua continuava ali, intacta, só se ‘movendo’, enquanto ambos se moviam, sem tirar os olhos dela, mesmo com a chuva que caia.

Ambos se esbarraram, mas não foi com brutalidade, mas Bella estava tão avulsa que não conseguiu se equilibrar. Ela iria cair de costas no chão frio e molhado, mas Edward foi mais rápido, deixando de lado a lua, e agarrando a mulher – que exalava um perfume de um aroma agradável e inebriante – pela cintura com seus braços.

Definitivamente foi uma coisa de cinema, coisa que só vemos, ou lemos, em uma obra de Nicholas Sparks. E foi assim que ambos estavam, com os rostos a centímetros um do outro, com a lua sendo a única testemunha de um amor que estava nascendo. Um amor que nasceria cada vez mais a cada lua que naquele céu formasse. Um amor que não morreria ao amanhecer, e sim, se intensificaria.

Essa recordação foi capaz de deixar ambos com lágrimas nos olhos. Edward só pensava em como ele foi capaz de deixar que tudo pudesse vir a acabar, mas ele não desistiria, enquanto ele tivesse forças, ele seria capaz de amar pelos dois. E Bella só pensava, em como um simples, mas significativo dia, poderia se tornar tão único dentro de muitos, e em como, ela não queria perdê-lo, em como ela não queria que o dia em que eles se conheceram se tornasse apenas uma lembrança esquecível.

Bella desencostou do parapeito, indo se sentar no pequeno e estofado sofá de madeira, que tinha ali, no canto da varanda.

Ali, sentada, ela voltou a permitir com que as lembranças de uma vida feliz, tomassem conta da sua dor...

Uma lembrança que naquele momento, não queria dizer nada.

Uma noite chuvosa, e fria. Nada em comum com esta de hoje.

Edward e Bella estavam deitados, abraçados. Cada um esperando pelo sono que os embalaria, quando uma pequena e adorável garotinha irrompe a porta do quarto deles. A porta do quarto dos pais dela.

Ela adentrou o quarto com três ursinhos de baixo do braço – ursinhos grudados um no outro. Cada um que para Elisa, simbolizava os pais, e ela.

A feição estampada no pequeno e angelical rostinho de Elisa demonstrava era de medo, mas assim que viu os pais ali, deitados, ela conseguiu se sentir aliviada, pois os pais estavam acordados. Estavam ali.

- Querida... O que houve? – Foi Bella que perguntou, assim que viu a filha, parada.

Bella se sentou na cama, encostando as costas na cabeçeira de apoio da cama, enquanto Edward se levantou para ir até a filha.

- Foi um pesadelo? – Edward perguntou, assim como a pergunta rondava Bella, mas ela nada disse. E assim Elisa, ainda assustada, não respondeu as verbalmente às ‘duas perguntas’.

Elisa só confirmou com a cabeça a pergunta do pai, não querendo se lembrar do pesadelo que a atordoou. Abraçou o pai pelo pescoço e este a ergueu, a levando até a cama, colocando-a do lado da mãe.

Bella abraçou a filha de lado, depositando um beijo no topo dos cabelos dela.

- Está tudo bem agora meu anjinho. – Ela sussurrou para a filha.

Edward – antes de se deitar cobriu a filha, se colocando do outro lado dela –, colocando os braços não só ao redor da filha, como da esposa também.

- Eu posso dulmi aqui com vocês? – Elisa perguntou hesitante. Não queria voltar para seu quarto, nem lembrar do barulho que a chuva fazia, aterrorizando ainda mais seu pesadelo.

Ali, no quarto dos pais, ela se sentia segura, longe de todo medo.

O medo de perdê-los.

- É claro. – Bella respondeu como sendo o obvio. Não gostava de ver a sua pequena tão assustada como estava, e Edward também não.

O silêncio que se instaurou, foi capaz de impulsionar Elisa a contar sobre o pesadelo. Talvez, contando, poderia espantar as lembranças, e não ficaria mais com medo, pois os pais estavam ali...

- Tava muito esculo. Muito mamãe. – Ela começou, e as lágrimas começaram a se acumular nos lindos olhinhos da mesma cor dos da mãe.

- Não precisa contar se não quiser. – Bella sussurrou abraçando a filha mais forte, e Edward fez o mesmo.

- Eu quero. Vai se melhô, não vai papai? – Elisa determinou, se virando para olhar para o pai.

Ambos desfrutavam de um mesmo pensamento – pelo menos por segundos. Um dia em que Edward contou de um sonho que ele teve para a filha, que queria, por que queria saber... Edward contou de seu medo, mas não de uma forma explicita que acabasse assustando sua filha, e sim de uma forma tranquila, que pudesse fazê-la entender. Esse mesmo medo, editado por Edward para contar a Elisa, era o mesmo medo. Só que diferente, mas o significado, era o mesmo...

- Sim meu anjo!

E assim Elisa contou... Respirou fundo, e se recordou de tudo o que aconteceu em seu pesadelo. Um pesadelo tão real, que Elisa queria acordar, mas era como se a chuva não ajudasse, deixando o sonho ainda mais real. A chuva, não ajudando, deu trégua no pesadelo da pequenina, o que a fez acordar.

Um medo que poderia se tornar real, mas naquele momento, não queria dizer nada. Não naquele momento, mas agora, no presente, dizia...

Bella voltou ao seu presente – que não poderia ser chamado assim, pois o seu maior presente, foi arrancado de seus braços inconscientemente e da forma mais brutal possível – com as palavras da filha ecoando pela sua mente, pelo vento que corria na varanda...

– Eu estava indo embola mamãe. Embola. Você, o papai... Me chamavam. Eu quelia voltá. Juro que quelia mamãe. Mas não conseguia...

Não só as palavras de Elisa ecoavam nos pensamentos de Bella, como também as lágrimas visíveis e o soluço que vinha de Elisa.

Foi Edward quem confortou a filha naquela noite. Foi Edward quem disse palavras de conforto para a anjinha deles até que esta pegou no sono. Bella não pôde dizer nada. Não por que não queria, não era isso, e sim, por que ali, a verdade se fazia presente, mas foi dado valor agora, nesse presente terrível, deixando o passado, que estava em suas mãos naquela noite chuvosa, esvair-se.

Meu Deus, de tantas formas um aviso pode ser interpretado, mas não temos o poder da consciência para entendê-los. Nem Bella, nem Edward, nem a pequena Elisa, tinham esse poder.

Avisos vêm, em momentos quando a felicidade é mais perceptível e presente, o que faz passar despercebido um simples, mas drástico aviso.

E foi assim, que a culpa, que nunca a deixava, invadiu seu intimo, destroçando cada vez mais o seu coração vazio. Como um coração pode tantas vezes se afundar em um vazio que ela julgava impossível de recobrar a luz, e ainda doer?

A culpa por não ter dado atenção aquele pedido silencioso de socorro da filha, que ela não deu nenhuma atenção necessária... A culpa por não poder voltar no tempo, quando o que ela mais queria, era que aquele fatídico dia, nunca tivesse nascido, e sim, morrido com só ela nele, não sua pequena.

Edward tinha acabado de chegar em casa. Já tinha deixado o carro devidamente estacionado no estacionamento da mansão se dirigindo para a sua solidão – a solidão que ele não se acostumava, e que nunca se acostumaria – quando Carmen o chamou:

- Senhor Cullen?

- Sim, Carmen? – Edward tirou a mão esquerda do corrimão, descendo o único degrau que havia subido, se virando na direção da voz com o sotaque espanhol.

- O senhor pretende jantar? – Perguntará.

Jantar? Nem na casa de sua mãe, onde ela e a família o confortavam, a comida foi capaz de ‘descer’, não seria agora, na total solidão e angustia que ela desceria.

- Não. Obrigada Carmen. – Ele não queria fingir que estava bem, só queria se deitar, sentir o aroma de sua esposa ao seu lado, quando era só o que ele teria.

Carmen era só uma empregada, mas se sentia de mãos atadas quando via aquela tristeza tão perceptível naquela mansão, que um dia teve alegria, que não havia lugar para a tristeza, mas agora, depois que o raio de sol de todas as manhãs, de todas as noites, se foi, como trazer a felicidade de volta? Como expulsar a tristeza?

Carmen percebia o afastamento do casal, que ela julgará, um dia, perfeito. Mas o perfeito não existe, somos nós mesmo que o inventamos. Casal apaixonado, isso sim... Um amor, muito maior do que Carmen julgou existir, e descobriu que esse amor, que tanto falam em livros românticos, que tanto julgam o sentimento mais intenso e significativo, esteve um dia ali, naquela casa. Não só do casal, mas como um amor arrebatador de uma mãe para a filha, de um pai para a filha, de uma filha, para os pais. Um amor, que a morte, mesmo sendo tão forte, jamais conseguiria levar para a escuridão total. Disso, Carmen tinha certeza.

- Senhor Cullen? – Ela o chamou de novo, se arrependendo. Não que Edward a tenha olhado com um olhar frio e arrogante, mas sim, por achar que o certo era deixá-lo perceber que a mulher estava no quarto de ambos, e que tudo poderia se resolver.

Mas nem tudo é tão simples como parecemos julgar, como Carmen parecia julgar, e como Edward, julgaria, assim que irrompesse a porta, que há dias habitava a solidão.

- Desculpe. Tenha uma boa noite. – Carmen se retirou, e Edward não pôde responder. Algo o puxava logo para aquele quarto. Mas parecia tão estranho ele querer se afundar na profunda solidão, com tamanha impulsividade.

Assim que ele adentrou a porta de seu quarto, sentiu o aroma do amor da sua vida ainda mais presente. Ele teve medo que com os dias se passando, o aroma pudesse se evaporar, assim, como talvez, o amor de Bella por Edward. Ele julgava assim.

Era mais do que o aroma que estava presente naquele quarto que tanto foi cenário de um amor intenso e apaixonante, Bella, Bella estava ali. Edward viu uma sobra, reflexo da lua no corpo da mulher que ele amava. A sombra que Edward enxergava na parede, próximo à cama.

Edward correria e a abraçaria, se não a ouvisse fungar tristemente. Ela estava chorando.

Só por alguns segundos, o amor foi capaz de enganá-lo, de fazê-lo pensar que a mulher estava ali, para voltar a amá-lo. Ele só queria que ela voltasse para ele. E quem sabe, ele não estivesse certo? Poderia, não poderia?

E foi com essa certeza, de que ele poderia confortá-la, de que ele poderia acariciá-la, de poder enxugar as lágrimas dela, quando o que ele mais queria, era que ela nunca mais as derramasse.

Lágrimas são sinônimos de sofrimentos, de dor, de vazio, que tentamos, através delas, nos livrar da dor. Seria tão bom que através de lagrimas, pudéssemos nos livrar das nossas dores, do vazio que tenta e consegue, muitas vezes, penetrar nossos corações. Bella queria isso, que as lágrimas levassem a sua dor, o seu vazio, mas elas não trariam a sua pequena. Não trariam.

Edward pensou que Bella ainda estaria trabalhando, ou a alternativa mais ‘certa’, no quarto de Elisa... Mas não, agora, ele se aproximando, e sentindo o aroma dela cada vez mais presente, adentrando o seu pulmão, o fortalecendo para a vida, ele tinha a certeza de que ela estava ali. De que o amor da sua vida estava ali.

Ele se aproximou hesitante, e a viu encarar a lua, ele fez o mesmo – como havia feito instantes atrás –, mas foi só ele desviar o olhar dela, que Bella se deu conta que ela não estava imaginando, Edward estava mesmo ali.

Ela se levantou, e caminhou para fora da varanda, entrando no quarto, mas sem antes sentir o seu braço roçar no dele. Seria agora. Agora, que ela pediria as explicações, as explicações, que Edward não tinha culpa. Mas não era isso que Bella queria, não queria culpá-lo, e sim, extravazar. Sim, extravazar. Como é que isso era possível? Como é possível você querer que o seu sofrimento prevaleça acima de qualquer outro? Acima até mesmo, do amor da sua vida.

Bella não enxergava ali o que era certo, ou que era errado. Mas de fato, ela estava se afundando em um abismo, que talvez, Edward, com todo o seu amor, não conseguiria resgatá-la.

Temos que ter em mente, que às vezes, o amor não opera milagres.

E foi assim que Edward se virou, como se a descarga elétrica que percorria seu corpo, só com o simples roçar de braços, fosse capaz de atraí-lo, para Bella. E isso sempre existiria, de ambas as partes.

- Eu pensei que... – Edward não pôde terminar a sua linha de raciocínio, perante a atitude de Bella, pois esta, o interrompeu.

- Eu só quero que você me responda uma coisa. – Bella se surpreendeu com a sua frieza em se controlar, e foi ai que ela percebeu que o ‘seu controlar de sentimentos’ não surtiu efeitos, já que ela sentia seus olhos lacrimejarem. – Por que você não prestou queixa? – Ela continuou, e dessa vez, esperou pela resposta de Edward.


Ele não se deu conta do que significava aquela ‘mera’ pergunta, até entender o julgamento involuntário penetrante que continha na linda voz dela.

Edward não havia se dado conta desses ‘detalhes’ e agora, Bella o julgava.

Não era a vontade dela, e sim, era uma forma de que a dor incessante evaporasse de uma vez por todas com as palavras de Edward... Ela estava jogando o peso todo nele, isso é fato, mas o que uma mãe pode fazer, quando a dor é só o que resta, ou só o que restou de uma família perfeita?

Jamais, as palavras serão o suficiente para justificar as atitudes dela. Nenhuma palavra, até a mais significativa seria capaz de dizer, que naquele momento, o certo e o errado não andam juntos.

Nada na vida é perfeito, somos nós mesmos que construímos os nossos contos de fadas, e só depende de nós, torná-lo verdadeiro. Torná-lo real.

E essa foi à verdade que agora os traria para um futuro próximo. Um futuro incerto talvez, mas um futuro sem luz, se assim eles quisessem.

A partir de agora, começaria a entrar em cena uma tormenta constante... Uma tormenta que nem os raios de vida seriam capazes de clarear aquela escuridão, aquele vazio. Tudo poderia se tonar escuro.

- Bella... – Edward hesitou, não sabia como fazer para que ela enxergassem a sua dor, o seu sofrimento, era como se ela não ligasse para ele, mas se importasse. E como um homem apaixonado pode agir nesse caso, quando sente de alguma forma que a mulher, que um dia o fez acreditar no amor, não acreditava nisso?

- Só me responda! – Bella pediu, e fechando os olhos as lágrimas caíram em abundancia.

Será que a dor tem a capacidade de se intensificar e se tornar tão ou mais ‘importante’ do que tudo um dia já foi? Do que todas as lembranças? Será que podíamos dizer que isso tudo era um exagero?

Não há exagero para a perda, e sim para o amor, e quando ele se perde, diante de todos os fatos.

- Eu juro que queria ter forças. Forças necessárias para tomar partido de tudo. – Ele respirou fundo, antes de prosseguir, se lembrando de que seu pai, Carlisle foi quem cuidou de tudo, do enterro, mas ele entendia por que o pai não prestou a queixa. Isso era uma coisa que não precisava ser prestada, e Bella sabia bem disso, o que ela não sabia, era que tudo fazia parte de um plano, o mesmo plano que levou a filha deles, o mesmo plano, que não descansaria até levar Bella. Edward tinha que ficar sozinho, esse era o propósito. – Mas ver Elisa imóvel, foi como o fim para mim Bella. – Ele prosseguiu. – Eu não tinha forças para mais nada, e foi ai que percebi que você precisava de mim, e eu precisava me fortalecer por você. Só que você decidiu que... Que simplesmente não precisava de mim. Talvez, nunca tenha precisado. – Constatou ele com pesar.

Será que era errado uma pessoa se sentir fraca, quando não lhe restava forças para lutar? Edward errou em simplesmente querer lutar por Bella, trazendo consequências de que poderiam ser vistas como negligência?

Agora as lágrimas dominavam os lindos e exorbitantes olhos verdes ocres de Edward.


- Você não deveria ter feito isso. – Bella sussurrou, ainda com os olhos fechados.

- O que você queria que eu fizesse? – Edward suplicou.

- Que você agisse, quando eu nada podia fazer, já que estava naquela maldita cama de hospital. Viva... – As lágrimas ainda tinham a capacidade de aumentarem, elas, as lágrimas, eram o reflexo da dor de ambos. – Enquanto Elisa não estava.

Será que um dia a dor pode ser superada? Superada pelos anos, que talvez só partisse de um dos lados?

Bela queria que aquele instinto protetor de Edward servisse para alguma coisa. Ela gritava sem som nenhum provir de sua boca, para que ele a tirasse daquele abismo que ela própria escavou diante de todos os acontecimentos, que se resumiam em um único: a perda. Mas Edward também precisava de ajuda precisava dela. E com essa certeza, a certeza de que Bella precisava dele, ele se aproximou da mulher amada, a pessoa que ele sempre amaria incondicionalmente e irrevogavelmente.

Segurou o rosto dela com as duas mãos que temiam a rejeição. Edward se inclinou lentamente foi de encontro ao rosto perfeito da esposa, enxugou algumas lágrimas que banhavam as bochechas rosadas dela com os polegares. Ele queria tornar o momento de antecipação do beijo lento, para que eles aproveitassem as descargas elétricas que emanavam de ambos.

Eu amo você! – Ele, Edward, sussurrou, não querendo abertamente que ela, Bella dissesse também, mas sim, que ela sentisse a verdade naquelas palavras, e que ela jamais duvidasse.

Uma frase que poderia ser uma despedida, que os pensamentos deles não os deixavam perceber. Mas um único ato oposto a todo aquele amor que jamais os abandonou, poderia ser o começo do fim.

E foi encostando Bella na parede, que puderam sentir o doce e inebriante hálito que ambos ansiavam em se aprofundar. Respirações ofegantes, mas ainda sem necessidade de ar, pois a vida estava ali, e ambos se completando em uma troca única e intensa de almas que Bella se sentiu vencida pelo amor que a consumia por dentro, tomando todo o seu ser. Sempre seria assim, sempre.

Ela passou suas mãos em volta do pescoço de Edward – sentindo o toque dele já em sua cintura – e com uma ânsia sem fim passou seus dedos nos macios cabelos acobreados de Edward, o trazendo ainda mais para perto de si, como se isso fosse possível...

A felicidade os consumia, tomando o lugar da dor, e por um momento Bella conseguiu enxergar algo além de toda aquela descarga elétrica, por traz de todo aquele amor intenso. Algo que era essencial naquele momento. Ela enxergou um clarão de esperança, que aquele beijo de ambos transmitia, mas da mesma forma que o vislumbre de esperança apareceu diante de tudo, ele se foi, pois mais uma vez as lembranças de que um dia tudo foi perfeito se instaurou nos pensamentos nebulosos de Bella.

A dor estava tomando conta de um sentimento que sempre fora julgado um dos maiores e mais intensos. Não discordo, mas ali, naquele momento de pura entrega, Bella se rendeu a dor, agora, quem vencia era ela, a dor.

E foi assim que Bella se afastou – sem ar, e ambos ofegantes – estendeu as duas mãos a sua frente, tornando a distancia mais palpável – sentindo os músculos do tórax de Edward rígidos por cima do pano fino da camisa dele. E abrindo os olhos, fitou o homem da sua vida dilacerado pela rejeição.

Ela teve um gesto oposto a tudo aquilo que os consumia da mais estrema e completa paixão. O gesto oposto foi acabar com aquele clima que tanto ambos sentiam saudades.

Agora, a dor por ser rejeitado fazia com que Edward interpretasse da maneira errada. Mas não vamos culpá-lo. Bella passou essa certeza a ele, sem nem se dar conta de que aquilo, poderia ser o começo do fim.

A dor... Ela se torna tão insignificante perante a atitudes e sensações que nos tornam pessoas melhores. Mas é só apenas um ato contrário, faz com que ela volte com mais intensidade, dando lugar a um fundo caminho, que talvez não tenha volta.

De quantas formas um coração pode ser dilacerado, e ainda continuar batendo?

Edward queria ter essa resposta, e ali, olhando para o amor da sua vida, vendo nos olhos dela o sofrimento – talvez, na percepção dele, por ter deixado aquilo ir longe de mais – que ele tanto queria que jamais reinasse ali. Ele fez de tudo – tudo o que podia – para que o amor não se perdesse. Ele cumpriu com a promessa de que o amor deles seria para sempre. E a forma de continuar com essa promessa, seria tornar o afastamento que tanto Bella ansiava para se martirizar se tornasse ainda mais real.

Edward se encaminhou para a varanda do quarto, sentindo o vento inebriante, que jamais seria capaz de abstrair o aroma da mulher amada.

- Da entrada com o processo... – Contra quem nem se sabe, Edward pensou, mas não verbalizou. – Seria o mesmo que chamar os jornalistas. – Ele completou, e olhando para a lua, que estava sendo coberta por uma nevoa negra, indicando chuva, ele constatou com pesar, que dali em diante, sua vida seria assim: uma nevoa cobrindo tudo o que um dia ele julgara ser eterno. A felicidade, que ele pensou que nunca iria embora, pois Bella ainda estava ali, se esvaiu, e talvez, jamais voltaria.

Bella saiu daquele estado de torpor, se deu conta do que Edward disse. Talvez ela estivesse enganada com a dor da perda que era para Edward. Como ela podia pensar isso? Como julgar que o momento fraco que Edward teve, foi um momento que ele queria ter? Não... Não. Bella aprenderia a sofrer por quem não se tem. Ela não tinha mais a sua pequena Elisa, pois ela não voltaria. Mas ela sim perderia Edward, que talvez, ali, presente em tudo em sua vida, se tornaria uma pessoa que ela jamais teria de volta.

Ame o que você tem, antes que a vida lhe ensine a amar o que você tinha. Sim, estava sendo doloroso ter essa certeza, a certeza que Bella ainda não se deu conta de que teria que conviver.

Ele encarou a esposa, sentindo que seria a ultima vez. Isso doe tanto. Mas como descrever a dor excruciante? Será que já não era o suficiente ver espelhado nos lindos e exorbitantes olhos dele? Será que a dor, é uma lacuna, que jamais será descrita corretamente, e que jamais... Jamais terá fim?

Edward tinha uma certeza, diante de toda aquela perda... A perda de alguém que ele tinha, mas que essa pessoa, não queria tê-lo, e sim, preferia se afogar na tristeza sem fim. Edward também estava embarcando em uma tristeza sem fim, pois estaria decidindo o que ao ver dele, era o que Bella queria, e não sabia como fazer. Ele tomaria essa decisão pelo amor da sua vida. Há deixaria em paz – pensando que estaria fazendo a coisa certa. Mas o que Edward não sabia, é que naquele momento, dentre tantos outros, não havia coisa certa a se fazer... Ele só não queria ser um ‘estorvo’ na vida do seu amor. Ali, ele sentiu que não tinha mais espaço para ele; ali, ele teve a certeza que queria inevitavelmente se negar a acreditar. Não queria acreditar que desde a primeira rejeição de Bella... Já estava assinando à sentença para o fim. O fim do amor.

Não há fim para um sentimento tão inabalável, tão inigualável... Mas Bella foi capaz disso, capaz de dar importância a sua dor, e não pensar no que era causado a Edward.

Um ‘Eu amo você’ estava preso na garganta de Bella, junto com uma dor que provinha das lágrimas acumuladas. Por que não dizer? Por quê? Ela queria saber... Saber o que tanto a fazia ser fria, a fazia ser reclusa a seus sentimentos pelo amor da sua vida. Ela queria saber... E sabia: a dor sempre seria capaz disso, sempre. Se acharmos que nada é maior do que o amor, estamos enganados – eles estavam enganados. Pelo menos por agora...

Edward esteve lutando pelo amor deles, sozinho... Mas ele não tinha mais forças, se sentia vencido pelo afastamento involuntário de Bella. Involuntário que ele não sabia. Involuntário, pois Bella simplesmente achava que era o melhor a se fazer... Afastá-lo.

Há tantos outros meios de nos flagelar, mesmo que não tenhamos culpa, mas para Bella... Não havia outra solução. Ela ainda não enxergava isso...

Edward sentiu que era a hora, mas não sabia como fazer isso, não sabia como seria o intenso vazio que agora, o consumia. Não sabia que seria tão intenso e... Atordoante.

E foi assim que Edward se lembrara das palavras da irmã, dias atrás, para não deixar Bella: “Não a deixe Edward. Ela precisa de você, por mais que não diga, e ache que não queira. Esteja com ela. Não desista!”. As mesmas palavras, que lhe deram esperanças de continuar de todas as formas possíveis trazer o amor da sua vida para a vida, e que agora, com tudo isso... Ele não sabia mais o que fazer; as esperanças se esvaíram. Talvez, só talvez, elas jamais estivessem ali, e sim, era o amor de Edward que o fazia tentar, tentar e tentar, mas no fim, essa tentativa se tornará inútil e ainda mais dolorosa.

Doloroso. Isso... Estava sendo atordoante para Edward pensar que daqui a pouco, ele não estaria mais ali, não viveria mais no mesmo teto que a mulher amada, não mais sentiria o aconchego do lar, pois Bella o afastou disso. Culpa... Essa palavra que era capaz de destruir uma família, jamais passou pela cabeça de Edward. E sim, o que ele pensava era que ele sim errou, e que a única forma de fazer com que o erro se tornasse ‘certo’, era ir embora, deixar Bella...

- Não posso mais suportar isso. – Edward abandonou seus devaneios, e disse para si mesmo, querendo ter a certeza do que estava fazendo, querendo transpassar essa certeza.

Bella e deu conta da imensidão das palavras de Edward. Da imensidão que a dor se tornara... Da imensidão imensurável que ela teria que lidar.

Uma voz gritava para ela:

Não o deixe ir... Não o deixe pensar que você não o ama.

Ela queria ouvir plenamente essa voz que era só um sussurro, mas havia uma barreira, uma barreira que Bella erguera. E Edward não conseguiu rompê-la.

Desistir... Edward estava desistindo, mas se tem uma coisa que ele jamais desistiria, era do seu amor. E Bella? Edward jamais teria a capacidade de saber o que ela pensava, jamais. E isso o matava a cada maldito segundo de dor, pois se ele pudesse pelo menos viver em um mundo sobrenatural, podendo vislumbrar um único resquício de que a Bella que ele conheceu e se apaixonou ainda estivesse ali... A Bella que o amava. Mas nada. Isso não seria possível. Essa é a vida real.

Indo em direção à porta, sem olhar para trás, mas querendo ouvir a voz doce e melodiosa dela, Edward se afastou, com seu coração se comprimindo pelo aperto atordoante e dilacerante. Era como se ele deixando aquela casa, ele jamais teria a certeza de voltar a sentir seu coração bater. Um dia – antes de tudo acontecer – Edward sempre deixou seu coração com Bella, mas agora, ele sentia que ela não queria... E que assim, ele não mais sentiria seu coração clamar por bombeamento de sangue, não mais sentiria ele calmo quando Bella estivesse nos seus braços, não mais sentiria ele se acelerando quando um simples e singelo toque de Bella o proporcionava.

Nada... Nem vida.

Bella tentou segui-lo, mas sentia-se presa ao chão. Não seria certo impedi-lo, impedi-lo de viver a vida dele, quando Bella a estava empatando.

E assim, Edward já estava em seu Volvo, as esperanças que ele tanto acumulava em seu ser, já não existiam mais. Ele não tinha mais a esperança de que Bella viesse a seu encontro... Disso ele não podia mais se admirar a ter. Ele já não a tinha mais, à perdera, assim como perdeu a sua pequena Elisa, o seu raio de sol. Mas esse tipo de perda era totalmente diferente, pois Elisa, ele nunca mais se sentiria privilegiado por ver o sorriso dela, sempre que algo lhe agradava; e Bella... Será que ele podia ter a esperança de que ela voltaria para ele, para vida, onde ela jamais deveria ter deixado?

O impossível não se assimilava na vida de Bella, não mais, pois a sua dor, o vazio que tanto a tomava, agora... Era diferente. Diferente porque, agora ela não mais teria os braços do amor da sua vida a sua volta. Ela desperdiçou todo o amor que ele sentia por ela, ela o jogou fora. Ela queria fazer isso com a sua dor, mas não dava, era impossível. Isso sim poderia ser definido com impossível. Impossível se abstrair da dor... E agora, a partir de agora, Bella saberia o que era perder algo que se podia ter, pois isso sim seria mais doloroso: perder alguém, que se pode ter de volta...

Ela se entregou ao chão, sentindo-se fria e agora sim... Sem vida.

Nunca mais ela veria aqueles olhos verdes brilharem, ela nunca mais sentiria o calor que irradiava do corpo de Edward. Ela nunca mais voltaria a ver o amor que um dia, jurara ser para sempre. Ela não cumpriu com a promessa, nunca proferida.

A dor, agora, tomava conta do seu ser... Se antes, ela já se sentia tortuosa, em plena tormenta, agora... Agora ela saberia o que era sofrer, e continuar viva para conviver com isso.

Ouviu o ronco baixo de um motor – conseguia ouvir, pois era como se o vazio tivesse proporcionado para ela essa clareza, para que ela tivesse a certeza de que sua vida acabava agora – se afastando, indo para longe dela, para longe de seu coração fraco. Tudo nela era fraco... Será que até o amor que corroia intensamente nas veias que se ligava a seu coração?

O afastamento que ela tanto achava o certo, perante o errado, estava sendo capaz de contrariá-la.

Com lágrimas toldando a sua visão, como gotas de chuva numa janela de vidro – como a que caia do céu nesse exato momento, como a chuva que foi capaz de toldar a lua, mas que por ela... Ambos foram capazes de se apaixonar. Uma chuva turbulenta e exasperada caia lá fora... E Bella se proporcionou a pensar no amor que acabara de perder. Jamais deixaria de pensar em Edward, mas agora, ela pôde pensar só nele. Não na filha dividindo essas lembranças, mas nele, em Edward... Em ambos.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ufaaaaaaaa... 16 páginas no Word de pura? Me digam de pura o que... Chatice? Emoção?... O quê?!!! Eu posso dizer que me emocionei pakas relendo esse capítulo? É, me emocioneeeei. Quando eu o escrevi, achei uma chatice repetitiva, mas agora... Eu não mudaria nada nele rs (': E vocês, mudariam algo?
Olha, já tenho ideias para o próximo, que agora sim, não está digitado e nem começado, pois terminou aqui as mais de 30 mil palavras - perdi a conta, deve ser até mais... Ideias assim, a parte... Não sei se devo colocar logo meses depois, e se devo fazer com que a Bella esteja por dentro de tudo que acontece no Tribunal, ou deixá-la avulsa, colocando Edward para 'trabalhar'... E assim... Sei lá, não posso contar rsrs. Lerei as opiniões de vocês com muito carinho... Então... Se acham que eu devo partir para meses depois... Colocar a Bella para Trabalhar... Relatar onde Edward está... Aaaaain... Eu 'falo' de mais né? rs. Aaaah, preciso dizer, a Bella cairá em sim, com um Sonho, isso é fato, pois desde que eu planejei essa Fic, pensava nesse sonho... ESPERO QUE VOCÊS TENHAM LIDO ISSO!!! BEIJO!!!