Pov Jasper

Alucinado de desejo. Era assim que Edward estava, tomado pela sede. A criatura o havia dominado e ele só pararia quando bebesse o sangue dela. Teria que fazer algo rápido; ele não teria condições de interromper chamado do sangue de sua prometida sozinho. Chamava Emmet, mas ele não me escutava de olhos vidrados em Rosálie ao chão.

Nosso pai chegou até Edward mais com um rápido soco foi arremessado pro lado. Não tinha mais escolhas, usaria minha flecha. Não iria matá-lo, apenas enfraquecê-lo o suficiente para que talvez a razão voltasse à ele. Usaria apenas uma, já que a ponta da flecha é carregada de veneno e em excesso poderia ser fatal para nós vampiros, e que Santa Sara Kali me ajude. Lancei-a.

Para minha surpresa ele pareceu não sentir a flecha perfurando suas costas.

– Maldição. – murmurei pegando outra flecha.

Lancei mais uma e outra. Com as três flechas Edward ficou meio zonzo mas ainda esmurrava o escudo.

– Droga....- por estar transformado o seu corpo estava muito forte e a cicuta não estava fazendo efeito. – Por favor me ajude, não permita que eu mate meu irmão...- pedi me sentindo esgotado com tudo.

Mirei e lancei minha quarta flecha. Emmet despertou do topor e me fitou, olhei Edward e seus joelhos tocaram o chão, caindo desacordado.

– O QUE VOCE FEZ? – Emmet esbravejou me olhando sério.

– O QUE QUERIA QUE EU FIZESSE?- indaguei - Do jeito que ele estava nem nosso pai conseguiu segurá-lo.

– Mas tantas flechas assim podem matá-lo. – disse constatando.

– Acha que eu não sei...

– Não se ele receber o sangue dela – Carlisle disse me cortando rapidamente.

–Me perdoe pai...

– Você fez o que devia ter feito para ajudar seu irmão filho. - olhou para Emmet que estava cabisbaixo. - E eu me orgulho muito de vocês! Além do que, acho difícil que algumas flechas derrubem seu irmão- puxou Edward tirando três flechas de seu corpo. – assim o corpo dele vai queimar mais rápido o veneno.

– É melhor tirar todas pai. – falei como um pedido.

– Não Jasper. Veja o corpo de Edward- tocou o ombro bem estendido dele com músculos aflorados - com quatro flechas e ele continua transformado. Mesmo com todo o autocontrole que ele teve durante a luta, quando ele acordar temo que sua mente ainda esteja enevoada com o vampiro.

– Mas e agora como iremos tirá-las daqui?- tateei ao redor do escudo invisível tomando choques por apenas me aproximar dele.

–Eu não consigo ouvir o batimento cardíaco delas. – Emmet disse e podia sentir a tristeza em sua voz.

– É por causa do feitiço.

– Feitiço?- Emmet e eu perguntamos.

– Sim. Trata-se de um feitiço muito antigo e poderoso. Me surpreende que elas tenham conseguido invocá-lo. - Carlisle olhou além do escudo com o pensamento longe.

O efeito do emborio já havia passado e alguns já estavam sem mascara e só então me lembrei de tirar a minha. Olhei Edward ali imóvel e transformado, quando ele ficasse melhor com certeza iria querer me acertar com um soco.

Mas o sangue da prometida o chamava não haveria um outro jeito; sabia disso por que eu já me sentia diferente, principalmente depois de provar o sangue de Alice. Era algo realmente poderoso, a melhor sensação que já senti. Era dominante e um frenesi de sensações começou a subir em meu peito sentindo o sabor em minha língua ao lembrar dela. Mal via a hora de voltar e tê-la comigo; de novo em meus braços e ainda não tinha se passado nem duas horas que a deixei no jato.

Enquanto as equipes se encarregavam dos moradores que foram reféns e limpavam a praça com os corpos dos lobos tentávamos achar um jeito de romper o escudo.

–Não sei mais o que fazer, Rosalie e Isabella não estão nos ouvindo,- Emmet disse engasgado - parecem em transe. Os olhos de Isabella estão como os de Alice durante a visão.

–É claro... Alice! Como não pensei nisso antes?- Carlisle disse apertando o comunicador no ouvido - Se minha teoria estiver certa...Jacob onde está Alice?

–Ela está dormindo. – a voz de Jacob ecoou nos nossos comunicadores.

–Tem certeza?

–Sim, eu a trouxe aqui para a cabine. Ela esta do meu lado ainda sob efeito do tranquilizante.

– Acorde-a, preciso que a deixe acordada pelo maior tempo possível.

– O que está acontecendo pai?- perguntei.

– Se estiver certo explicarei com mais calma quando chegarmos ao castelo.- pegou um galho seco no chão forçando-o a penetrar no escudo. A energia transmitida foi tão forte que o galho pegou fogo rapidamente virando cinzas. – Ao que parece elas tem uma conexão muito forte. Com certeza por serem irmãs a conexão se torna mais intensa.

– E o que isso tem haver com o escudo?

– Quando Alice teve a visão era Isabella ou Rosálie que passava a ela o lugar em que estavam. Da mesma forma essa proteção é projetada por Alice em sua mente só que Isabella não só sente como transpassa isso para o concreto. – falou como se fosse algo obvio - Algo aconteceu na casa que deixou Isabella e Rosálie em perigo. Alice ao sentir isso, mesmo que dormindo, emitiu apenas uma sensação de segurança. Isabella de alguma forma sentiu isso invocando o feitiço de proteção para elas, o escudo.

–Se realmente for isso são dons muito raros. – fitei Isabella através da bareira.

– Raríssimos! Há mais de 400 anos que não tive conhecimento de dons como esses, o ultimo caso foi logo após a guerra estourar. Talvez por isso elas tenham sido alvo dos clãs inimigos por todo esse tempo.

–Mas eram apenas crianças – a voz grave de Emmet era ríspida e irritada mostrando indignação - ainda não tinham manifestado quase nenhum dom. E antes disso são nossas companheiras e ninguém ira tocá-las novamente. – assenti furiosamente.

– Pronto Carlisle – Jacob disse – consegui acordá-la.

– Ok Jacob, não a deixe dormir.

– Tudo bem. Está acontecendo alguma coisa?- disse preocupado – minhas irmãs estão bem?

– Estão e depois te explico. Agora só nos resta esperar.- Carlisle disse com o olhar fixo em Isabella.

Foi só ele acabar de falar e ela abriu os olhos meio desfocados, desmaiando. Corremos para segurá-la antes que atingisse o chão e finalmente conseguimos atravessar a barreira agora inexistente do escudo.

Meu pai a carregou enquanto Emmet corria pegando Rosálie ainda desmaiada, sentando com ela no chão.

– Fale comigo princesa. – disse e só então percebi que ainda estava de mascara.

– Emmet, tire a mascara. – falei com ele.

– Eu não vou arriscar, até que eu me sinta completamente controlado- disse apertando-a ainda mais – não posso fazer mal a ela.

– Isabella minha filha, está me ouvindo? – Carlisle a chamava. Sentia que elas eram como suas filhas que ele não tivera. – Vocês estão seguras agora, tudo vai ficar bem. Edward está aqui te esperando Isabella.

Meu pai continuou falando com ela até que um comunicado de alerta foi ouvido. Não muito distante vimos um sinalizador vermelho sendo lançado no alto. Ele não tinha poder de alcance em alertar fora da divisa, mas avisaria aos que estivessem por perto. Provavelmente algum lobo maldito conseguiu fugir e estava chamando os outros.

– Vocês conseguiram ver? – Jacob falou no comunicador - Não dou meia hora para os vira-latas aparecerem.

–Seja quem for que estiver facilitando a entrada deles em Darting, vai se arrepender.

–Acho melhor vocês saírem, não estão com o suprimento necessário para uma nova luta e acabarão deixando-as desprotegidas, precisariam no mínimo vir aqui nos jatos pegar e... alguns da equipe devem estar cansados.

Mesmo que estivéssemos em baixa nos armamentos, derrotá-los não seria problema. Oque temíamos assim como Jacob seria expo-las novamente aos inimigos por isso entendia a urgência em sair dali o quanto antes. Não queria deixar Alice também vulnerável.

– Nós não temos mais tempo pai. – minha voz saiu mais tensa do que queria. Emmet e Carlisle davam água para elas ainda desmaiadas.

– Temos que ter certeza que o escudo não vai se reerguer. Durante um vôo as consequências podem ser fatais.- enquanto falava Isabella abriu os olhos recupeando a consciência. Se desprendeu das mãos de meu pai e passou os olhos por nós parando em Rosálie no braços de Emmet.

– Isabella não tenha medo - Carlisle dizia cauteloso – Talvez não se lembre de nós mais está segura agora, viemos ajudá-las...confie em nós.

Com passos lentos e a respiração acelerada ela se aproximou de Emmet puxando Rosálie para si.

–Var tun atkin in solyo ... var tun…- dizia aos prantos puxando braço da irmã. (Por favor eu só tenho ela agora... por favor...)

Sem entendermos o que ela dizia, Carlisle olhou para Emmet que não soltava sua prometida.

– Emmet deixe Rosálie. – ordenou.

–Mas...

– Emmet....- interrompeu- não queremos que o escudo apareça, ia ser muito pior. Entenda filho... o tempo que passaram sozinhas... temos que ganhar a confiança delas e ela só quer proteger a irmã.

–Alice está conosco Isabella, – disse me aproximando tocando o ombro de Emmet para que ele ouvisse que também falava com ele - ela está bem e com saudades.- após ter nossa companheira conosco era praticamente impossivel deixá-las de novo, mas ele tinha que entender que naquele momento era o melhor a ser feito. Com muito custo Emmet a soltou.

– Nonne fromme, tilna – (Não vou te abandonar, irmã) disse enquanto usando uma força ferrenha, arrastou Rosalie para perto do corpo sem vida da mulher. Sentou-se num pedaço de madeira chamuscado pela explosão. E como por magia seu rosto agora parecia de uma menina. Ela pôs Rosálie nos braços como se estivesse ninando uma criança e sua voz assumiu uma melodia triste deixando a todos angustiados.

O que será que elas sofreram todo esse tempo? Um sentimento de proteção se apossou de todos ali presentes que olhavam a pobre menina com sua boneca de verdade.

– Precisamos dar um tempo à ela. Está confusa e não consegue nos entender e também estamos sem tempo; ela está se sentindo acuada e pode sem perceber invocar o feitiço.- disse Carlisle – É melhor aguardar que ela se acalme.

– Dois veículos se aproximando do vilarejo – disse Jacob – deve chegar em dez minutos. É melhor se apressarem não sabemos quantos mais estavam na divisa...

– Ela não nos reconhece e estamos tentando convecê-la a nos acompanhar sem usar força. – Carlisle disse.

– Por favor.... já basta os traumas que esses filhos das putas as obrigaram durante todo esse tempo. – a voz de Jacob era carregada de fúria. – Obrigado... por tudo que tem feito por elas.- a comunicação foi encerrada

–Jasper assuma daqui. – Carlisle disse com urgência - Vou tentar fazer alguma coisa para bloquear os veículos. – assenti e no momento seguinte ele sumiu.

– Peter, – chamei um dos homens – apresse todos e reúnam para voltarmos. Emmet, vou acordar Edward. – disse com urgência – Mas fique por perto. Assim como Alice me reconheceu talvez....- falei já puxando a flecha das costas de Edward.

Isabella ainda chorava muito enquanto embalava Rosálie.

Pov Edward.

Dor... ardência... e mais dor; minhas costas e peito estavam latejando e parecia que meus ossos tinham sidos triturados. Me sentia enfraquecido. Era o veneno. A cicuta agia assim em nosso corpo. Já havia experimentado em nossos treinamentos só que agora sentia um milhão de vezes mais intenso, era como se aço derretido e escaldante tivesse sido derramdo por meu corpo, nas minhas veias.

Abri os olhos e constatei que ainda estava transformado, não como antes que estava cego pelo sangue dela. Ela. Isabella. Onde ela estava? Tentei me levantar, o que triplicou a queimação no meu corpo e garganta. Porra, maldita sede, meu corpo ainda ansiava pelo sangue dela.

– Calma Edward - Emmet disse e só agora percebi que estava ao meu lado. Segurou meus ombros me forçando a ficar sentado.

– Edward me desculpe.... – a voz de Jasper soou do meu outro lado –foi a única coisa que consegui pensar... - do que ele estava falando.... claro o veneno no meu corpo... as flechas de Jasper... – mas agora se sente melhor. –Jasper não falava coisa com coisa ou eu não estava assimilando o que ele dizia. Minha cabeça também estava doendo e como num estalo a imagem dela veio em minha mente.

– Isabella... - rugi – onde ela está? – tentei me levantar mas novamente o torpor me atingiu.

–Ela... está ali.- apontou num canto onde uma linda menina aninhava outra de forma protetora, como se fosse sua boneca. Entoava um tom, uma cantiga de ninar para que a outra dormisse. – Ela está um pouco confusa... não nos reconhece.

– O que aconteceu com ela? Porque está agindo desse jeito? – não tinha como não reconhecer a bebê babona de fantásticos olhos chocolates que carreguei em meus braços. Parecia ter ainda menos idade do que tinha. Só que parecia perturbada.

– Isabella está um pouco transtornada....- Emmet exitou em falar – ela não nos recohece.

– Não nos reconhece? – minha voz saiu distorcida por causa da transformação – O laço inicial ... – murmurei – não foi forte o suficiente. Ela era só um bebê...

– Nosso pai acha que o laço inicial – interrompeu-me – é o suficiente para ela lembrar. Ali foi feita uma conexão muito intensa e ela é sua companheira eterna. Seu organismo a reconheceu durante todos esses anos tanto que seu corpo clama pelo sangue dela. Só em ele falar isso senti minha garganta queimar.

– Precisamos tirá-las daqui. Carlisle foi interceptar dois veículos suspeitos vindo pra cá. Não é seguro para elas permanecer mais tempo aqui. – disse urgente – Tente falar com ela.

Olhei a minha frente e não muito distante estava ela. Isabella estava tão indefesa ajoelhada falando algo que não entendiamos. Como esperei por esse momento com minha linda bebê, minha ciganinha e agora aqui estava eu transformado nessa criatura grotesca. Transfomardo em um ser desprezível. Minhas mãos tão grandes refletiam toda minha animalidade não pude conter o nojo que senti de mim mesmo.

– Não posso Jasper... ela pode se assustar, fugir de mim. Minha garganta está queimando.

– Edward tenha fé. Tambem tive medo com Alice e vocês estavam ali me ajudando. Tive medo da sua rejeição mas o laço se fez mais forte e ela me aceitou. Alguem deve tê-las instruido sobre quem eram e ela vai te reconhecer mesmo que transformado.- Jasper continuava falando mas a incerteza me consumia, não poderia colocá-la em risco de novo - A cicuta ainda está no seu organismo e você vai conseguir controlar a sede por um tempo.

Eu tinha que conseguir, precisava tirá-la dali.

Com a ajuda de meus irmãos me apoiei no tronco da árvore conseguindo me levantar. Fui caminhando em passos lentos até ela e quando já estava próximo Emmet e Jasper pararam alguns passos atrás.

Ela ainda não tinha me visto e ao sentir minha aproximação ergueu os olhos gritando de pavor. O medo da rejeição me invadiu e por pouco não escondi o rosto como uma criança assustada. Seu rosto perfeito se transformou numa confusão de temor.

– Isabella... bebê sou eu... Edward.- Falava em tom baixo para que minha voz não a assustasse ainda mais. As lagrimas caiam abundantes em seu rosto e agora apertava Rosálie nos braços - Lembra de mim, por favor - me ajoelhei perto dela segurando meu peito que doía.- Sei que pareço essa criatura monstruosa mas sou eu minha cigana; por favor eu não consigo mais viver sem você carinho.

– Tunst a faver noljcs? Tunst?(Porque estão fazendo isso conosco? Porquê?) – soluçava.

Ainda segurando meu peito com uma mão, levantei a outra tocando a sua que enlaçava a irmã. Sua pele era muito quente e macia e com o toque senti como se ela nunca tivesse saído dos meus braços. Ali era o lugar dela, ali era o meu lugar e eu seria sempre o porto seguro para ela. Ela também deve ter sentido algo pois seus olhos úmidos com as lagrimas se ergueram e me encararam de forma... amável.

Novos soluços irradiaram por seu peito enquanto me fitava.

– Por favor não chore... lembra ... eu te amo bebê. – disse e sem mais conseguir me controlar a envolvi em meus longos braços. Ela não ofereceu resistência e apenas disse sufocada.

– Ewaaaa – meu coração se encheu de uma felicidade imensurável que chegava a transbordar ao constatar que ela me reconheceu.