Cruel Fairy Tale escrita por Talita Ribeiro, jamxx


Capítulo 6
Capítulo 5 - Sam é uma criminosa?


Notas iniciais do capítulo

Nove dias depois... ASPOKSAOPKOASPK' Oks. Eu demorei demais, pois foi uma semana muito conturbada emocionalmente falando. Por isso o capítulo só saiu hoje, com alguns looks e com muita informação. É sério, tem muita informação nesse capítulo POAKSOPKASOPKAS' Espero que vocês tenham atenção ao ler... Boa leitura :*



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Três horas da tarde, concluí depois de verificar duas vezes o horário no meu relógio de pulso. Eram exatas duas horas que a minha hóspede estava dentro da unidade particular do Dr. Carol. Desde então meu pai me ligou três vezes e estou aguardando ansiosamente a chegada da minha irmã. Eu não entrei para ver a Sam e recebi notícias dela através de enfermeiros. Daqui a pouco estarei saindo para o trabalho chato. Chamei a Charlie faz pouco tempo. Ela ficaria aqui para receber as notícias de Samantha e ás seis horas eu venho buscar as duas.

Eu sei que eu deveria ficar plantado aqui, aguardando o resultado dos exames ou pedir permissão para ficar no mesmo espaço que a Sam está. Mas o apropriado é não deixar desconfianças entre a minha família. Eu sei que logo a minha mãe saberá da presença de Sam na minha casa, pois o idiota do Meião contará à ela. É questão de tempo para o investigador particular da família abrir o bico pra minha mãe. 

Eu nunca me atrasei ou sequer deixei meu pai esperando por tanto tempo, certamente isso causaria nele alguma reação. Prova disso foi as três ligações dele, afinal ele nunca liga mais de uma vez pra ninguém. Ele certamente vai perguntar algo por estranhar meu atraso. Poderia até formar um diálogo na minha mente do que meu pai falaria quando eu chegasse à mansão dele. Se bem que ele tem mais problemas e coisas para se concentrar do que realmente se preocupar comigo. É um fato. 

O que era mais preocupante no momento era o que Samantha tinha e o que o passado dela escondia. O que ela tinha seria diagnosticado pelo Dr. Carol, um médico muito confiável e super bem conceituado. O que ela escondia estaria nas mãos de Spencer em pouco tempo, afinal as últimas informações que ela nos deu serviu para um rumo nas investigações dele.

Assim que ela foi atendida pelo Dr. Carol, ou seja duas horas atrás, eu e o Spencer nos botamos para pensar. As hipóteses que levantamos em menos de cinco minutos, respectivamente: policial, médica legista, investigadora, advogada criminalista, perita criminal ou até mesmo a mulher gato. Afinal, tudo era possível para ela ser. 

Descartamos que ela não seria a mulher gato, policial e advogada criminalista. Spencer alegou que não bate com o perfil dela e eu concordei... Apesar de que não me surpreenderia se ela fosse policial ou mulher gato. Pelo menos na minha mente ela caberia perfeitamente nesses dois papéis. 

- Porque não está lá dentro com ela? Sam acordou? Ela está bem? – Charlie questionou, me tirando dos pensamentos que rondavam minha mente. 

- O médico avisou que ela está consciente e estão fazendo novamente uma pilha de exames. - Eu disse me levantando e a Charlie me encarou de forma excêntrica.

- O que foi? 

- Você parece ansioso e preocupado demais... Essa sua expressão - ela faz movimentos circulares com o dedo indicador perto do meu rosto -, me lembra da noite em que estive internada por causa da Liz. 

Respiro fundo. Charlie realmente iria adentrar nesse assunto?! 

- Não vamos relembrar desse tempo ruim. - Falei aborrecido.

- Que tempo ruim? O dia está ensolarado e ótimo para ir à praia. - Charlie falou com um sorriso maroto no rosto. 

- Você vai ficar aqui, certo?!

- Claro que sim. - Ela pegou o celular enquanto falava. - Vou chamar o Adam, assim não fico com tédio... 

- De forma alguma! - Disse irritado e peguei o telefone da mão dela. 

- Fred! - Charlie exclamou e cruzou os braços.

- Seu celular está confiscado até conversarmos sobre essa sua relação com o Adam. - Ela revirou os olhos e fez uma careta ao torcer os lábios. 

- Está certo. PAPAI. - Eu ri do sorriso cínico que se formou nos lábios dela.

- Sem o Adam até conversarmos? - Perguntei e ela balançou a cabeça afirmativamente, mas com um grande bico nos lábios. - Promete?

- Prometo. Temos um pacto, né?! - Ela falou com raiva e me permiti rir dela. 

- Cuide bem da Sam. 

- Pode deixar, eu e a Sam Spears faremos um show aqui. - Ela sorriu de lado e isso significava que planejava algo. Eu a fitei sério.

 - O que está olhando? - Charlie perguntou fazendo careta.

- Não entre em confusão, Charllote. - Adverti. 

- Sim senhor. - Ela me deu um sorriso falso e depois me olhou confusa, curiosa e depois pareceu nervosa. - Você me enrolou! 

- Não tenho tempo para isso e não te enrolei. - Cruzei os braços e a encarei. 

- Eu te perguntei porque você não está lá dentro e você não respondeu. Espertinho. - Ela me acusou e eu ri de sua expressão facil séria.

Eu não entrei para vê-la porque não sei se conseguiria sair de perto dela. Tudo que ela precisava, no meu ponto de vista, era de um bom amigo e eu achei que pudesse ser esse bom amigo. O fato é que não conseguiria sair de perto da Sam e eu sei o porquê. 

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Um. Dois. Três. 

Três. Dois. Um. 

Dois. Um. Três.

Um. Três. Dois.

Três nomes estão listados em uma folha e numeradas. Mesmo que eu inverta a ordem dos nomes se torna inevitável que eu venha seguir a ordem inicial dos alvos. Seja lá qual for a posição dos únicos três nomes faltantes, ainda serão as três pessoas da qual vou ter que persuadir logo. Corand Grayson, Amanda Clarke e a mais interessante: Pamela Puckett. O meu alvo para quarta-feira seria Corand Grayson e Amanda Clarke. Sei que consigo trazê-los para o banco do meu pai, e futuramente meu. 

Pretendo ficar fora do trabalho amanhã, terça, e sei como fazer isso conversando com minha mãe. Afinal, a Sam passou mal hoje e quero garantir que ela passe o dia bem amanhã. Como? Não sei. Veremos...

Coloquei o tablet em cima da mesa do meu pai e encontrei seu olhar atento a mim. Estamos no escritório, na mansão dele, uma vez que o Sr. Benson não gostava de sair de casa para trabalhar. Era compreensível, praticamente quase todos os empresários que conheci agiam da mesma forma e só se locomoviam para as sedes de empresas com helicóptero. Eu sei que era eficiente, mas é ainda assim considerava muita bobagem.

- Porque se atrasou tanto? Você sempre foi pontual. - Meu pai falou em tom repreensivo. 

- Muitas portas para fechar... - Falei um pouco nervoso e o celular começou a tocar.

- Antes era a Carly e agora são as portas. - Joseph resmungou e atendeu o celular de forma cordial.

Fiz questão de me retirar do escritório para dar mais privacidade ao meu pai. Vi ao longe a bela morena atarefada vindo em minha direção, Kalienne.

- Porque está fazendo isso? - Kalienne parou ao meu lado. - Quer saber? Esquece. Não tenho tempo para suas explicações. O abusado do Spencer está te esperando no seu antigo quarto, o do lado da piscina, é claro. 

- Obrigado. Onde está a minha mãe?

- No quarto dela... - Antes mesmo de ela terminar de falar, caminhei e subi as escadas com passos apressados. 

Uma. Duas. Três portas depois, do lado direito, me posicionei na quarta porta. Respirei fundo e entrei, sem bater. A suíte dos meus pais é realmente grande, com direito a uma sacada larga, uma lareira, um grande closet de casal e banheiro grande com ofurô. Mas apesar de ser grande é o lugar da casa mais "simples" por ter uma decoração mais limpa e vintage. 

- Querido. - Minha mãe disse ao sair do closet, devidamente arrumada e terminando de colocar um brinco de brilhantes.

- Boa tarde, mãe. – a saudei com um largo sorriso e ela me retribuiu com um abraço afetuoso. 

- Eu iria passar no escritório do seu pai para lhe dar uma caixa de lembranças. - Ela falou se dirigindo ao armário direito, branco e cheio de detalhes talhados na madeira. Os armários ficavam perto da sacada e ao lado do closet, que não tem porta. 

Minha mãe abriu o armário com uma delicadeza demasiada e dentre tantas coisas, retirou uma caixa média. Claro que logo reconheci a caixa. Ela sentou-se elegantemente na cama e parecia ter congelado um pequeno sorriso nos lábios. A forma na qual olhou para seu lado e depois me fitou, sugeriu que eu me sentasse ao seu lado. E assim eu fiz.

- Querido, uma empregada achou essa caixa no seu antigo quarto e pensei que você gostaria de ficar com ela. - Minha mãe disse suavemente. Tomei a caixa de suas mãos e abri para me certificar o que havia dentro. 

Na caixa tinha um livro médio de conto de fadas, uma câmera antiga, fotos que indicavam vários momentos da minha infância e uma caixinha preta com veludo desgastado, em forma de retângulo e fino. Abri essa pequena caixinha sem hesitar e sorri ao ver a foto que continha nela. O cenário da foto era a natureza e no centro dela havia três pequenas pessoas: Charlie, a mais pequena, sentada em um balanço "improvisado" em um galho forte e grosso de uma árvore, eu com um coração desenhado na testa e um grande sorriso bobo e por último, Liz segurando algo e encostada na árvore. Um sorriso automático se fez ao me lembrar desse dia...

"- É uma pena nos separarmos. - Liz me falou com um singelo sorriso e me olhando nos olhos. Ela tinha nas pontas dos dedos ainda a lama, da qual usou para desenhar um coração na minha testa. Na sua outra mão ela segurava com força um colar caro e simples que eu lhe dei no início do mês, quando aconteceu a grande festa de seu aniversário.

- Seus pais têm que ir mesmo, né?! Que coisa chata... Pensei que terminaríamos a casa da árvore... - Falei com grande decepção. 

Afinal, porque isso tinha que acontecer justo agora? Não que eu queira... Argh! A quem eu queria enganar?! Eu gosto da Elizabeth. Crescemos praticamente juntos e brincávamos muito aqui na casa no lago, mas nem todas as nossas brincadeiras foram boas. Uma das brincadeiras, ela foi parar na parte mais funda do lago e ela não sabe nadar. Eu a salvei. Senti orgulhoso por isso, consegui pela primeira vez ser um herói de verdade.

Ela era a única menina que eu conheci que gostava de gibis e que tinha uma coleção muito boa de Capitão Marvel. Nem eu consegui tantos desses gibis como ela... Uma menina com exatamente a mesma idade que eu, treze anos. Ela era morena, divertida, durona com todos e tem os mais belos olhos que eu já vi. Não sei se esse efeito que ela tem em mim se deve ao fato que meus amigos se limitam em gibis, mangás, a Charlie e ela. Se bem que ontem fiz o que jurei ter nojo eterno. Tive o meu primeiro beijo, eu sei que só encostamos os lábios por segundos, mas serão os segundos inesquecíveis... Até quando eu tiver outra, de acordo com o papai. E foi com a Liz o meu primeiro beijo!

 - Achei vocês! - Sr. Cavichioli se pronunciou com uma câmera nas mãos. Ele era jornalista e amava fotografia, então nos posicionou para tirar uma foto. 

- Peguem a minha pequenina... - O Sr. Cavichioli se referiu a Charlie que sorriu largamente e desceu do balanço, ajeitando a coroa na cabeça e se jogando nos braços dele. Eu ri com cena. 

Tentei acompanhá-los, mas Liz me impediu puxando o meu braço. Esperamos uma distância razoável do pai dela e ela me olhou com os olhos cheios de lágrimas. 

- Toma. - Ela estendeu a mão e eu peguei o colar com um pequeno pingente de estrela. - Il mio eroe, non può prendere questa collana in Italia. Mantenerlo o gettarlo nel lago ... (Meu herói, não posso levar esse colar para a Itália. Fique com ele ou jogarei ele no lago...)

Eu ri triste. Ela decidiu dar um adeus antes do jantar de despedida de amanhã... "

Meu sorriso morreu logo, pois essa era a única lembrança boa que Liz me trouxe. As outras lembranças dela se entrelaçavam em falsas e bem ruins. Contando, com a mais trágica, na qual no jantar no meu jantar de noivado ela enlouqueceu... O que certamente a levou no estado que ela está até hoje. O que me leva ao Dr. Carol foi um grande aliado nisso tudo. Por mais cruel que seja, Liz merece estar em estado coma profundo ainda. Eu a salvei uma vez, no lago, e a derrotei no jantar de noivado... Se eu me chamei de herói no lago, certamente fui um vilão. Elizabeth Cavichioli está em coma por minha causa e, por essa razão, o poder dos meus pais me salvou de alguns anos de cadeia.

 Observei o colar dentro da caixinha e olhei para minha mãe que aguardava uma resposta direta.

- Vou levar. - Falei decidido e ela sorriu mais largamente.

- Eu vi a foto com Liz pensei que deveria ser uma boa lembrança dela... Claro, para apagar o que ocorreu. - Minha mãe falou enquanto se levantava. 

- Essa foi uma tentativa estranha. - Pude concluir. Na época ela foi quem ficou mais nervosa por causa de Liz. - Tem algo para me contar mãe?

- Não. - A resposta foi imediata. Ela pegou uma bolsa e caminhou até a porta. - Querido? - Assenti. - Vamos saindo. Eu tenho muito a fazer e creio que você também...

Sai junto com a minha mãe e descemos as escadas conversando sobre qualquer assunto bobo. Mas eu ainda tinha que pedir a ela algo... 

- Não quero vir trabalhar aqui amanhã... - Comecei calmo e olhando nos olhos dela. Pude perceber que Kalienne já estava ao lado da minha mãe, esperando. 

- Via internet? - Perguntou ela, mesmo sabendo da resposta e assenti. 

- Meu filho o que está acontecendo? São as lembranças da Carly novamente? Morar sozinho te faz mal. Você precisa se mudar. - Ela apressou-se nas conclusões. - Kalienne, por favor contrate um serviço de mudança. Fred vai voltar para casa. 

- Kalienne, não precisa. - Falei rápido ao vê-la digitando algum número no celular. - Mãe, eu só preciso desse tempo. Recomendações médicas... 

- Eu fui informada a não deixar você tomar café. As recomendações não vão incluir deixar de ver meu filho, certamente vou ter que falar com o Dr. Carol e colocá-lo na posição dele. - Ela falou parecendo ainda calma. Tentei não rir. Será que foi a Charllote que falou isso para minha mãe?!

- Mãe, é só um dia. - Disse e ela suavizou a expressão. 

- Vou falar com seu pai agora mesmo. - Ela falou se dirigindo ao escritório. 

Esperei minha mãe entrar no escritório e cumprimentei a Kalienne.

- Você sabe que isso vai ter um preço, certo? - Kalienne me falou e pegou a caixa das minhas mãos.

- Vai? Qual? - Kalienne riu e me fitou. 

- Sábado a festa para homenagear as mães e filhas que vão ajudar uma ação comunitária. - Ela me explicou e logo entendi. 

- Ela quer o comportamento e apoio da Charlie. - Conclui.

- Isso e mais um discurso. - Kalienne informou e se dirigiu a porta principal. - Vou colocar a caixa no seu carro e, por favor, fale para o Spencer que eu não tenho tempo de sair... e mande ele desistir. - Ela foi direta e eu ri da forma irritada na qual ela se dirigiu.

Não foi possível ir até a "casinha" da área da piscina, pois ao atravessar a sala encontrei Spencer com uma expressão séria e um olhar vago. Pensei se seria necessário acordá-lo para a realidade com rock pesado... 

- Spencer? - Chamei e me sentei na poltrona perto dele. Logo ele se voltou a me olhar e parecia nervoso.

- Finalmente. - Ele resmungou. 

- Achou alguma coisa sobre nossa médica? - Perguntei e ele abriu um largo sorriso. Pegou sua maleta preta e retirou dela seu tablet, duas pastas e uma folha solta. Fiquei atento, pelo visto ele teria encontrado muito sobre ela. 

- Eu achei uma Samantha Puckett nos registros do FBI. - Ele começou e logo interrompi.

- Sam é uma criminosa? - Eu perguntei com grande ar de dúvida. Não. Ela não parecia ser. Spencer gargalhou por causa do meu questionamento. 

- Não é bem isso o que ela é. - Spencer disse em meio a um riso. - Sam fazia parte da Unidade de Análise Comportamental do FBI. Seu primeiro e excelente trabalho foi o de Jéssica Puckett... Como já sabemos...

Dei risada por conta do nervosismo. Então eu tenho uma agente do FBI na minha casa? 

Devem ter sido bandidos ou um novo caso que a jogou no lixo. 

Estranho. 

A forma do último flashback dela me deu a impressão que foi a mais recente... Que foi a situação da qual levou ela a um saco de lixo do meu prédio. Pelo pouco que ela disse. 

- Não sabia da existência dessa unidade do FBI. - Comentei ainda intrigado e ele pareceu entender.

- O FBI aciona essa unidade quando não tem provas existentes para investigar um serial killer ou matador de massa ou um caso assustador de spree killer ou uma seqüência pequena e estranha de mortes. - Spencer falou como se eu entendesse a diferença de tudo isso. 

Não demorou muito para ele explicar que o matador de massa é aquele que mata cinco pessoas ou mais em um só local, evento, ambiente. Específicos, é claro. O Spree Killer é o que mata por um impulso até ter a vontade saciada. Ele volta a matar grande quantidade de pessoas quando sente a necessidade. Claro que o famoso serial killer eu já sabia, e creio que todos sabem. É o assassino de fases ou intervalos entre eles, sempre com uma semelhança entre as vítimas. 

Spencer também relatou e me mostrou em uma pasta o fato de que a Samantha cursou medicina em Yale, mas não terminou o curso como deveria. Ele me lembrou de uma notícia antiga, porém, trágica da faculdade. Um caso de um matador de massa, que durante o evento de final de ano da Yale e a pessoa que conseguiu conter o assassino foi nem mais e nem menos que Samantha Puckett. Porém, a notícia que saiu no jornal foi que uma estudante de medicina conseguiu conter o assassino para que não a matasse, esse feito se deu ao caso dela perceber as ações dele e estudá-lo em tão pouco tempo. 

O homicida, Jonathan Morgan, matou cinco alunos e três professores. Depois disso, segundo as informações de Spencer, ela passou a treinar para entrar no FBI e ainda assim continuou os estudos. O que me deixou extremamente confuso. Afinal, ele disse antes que ela não terminou o curso. Isso ocorreu porque alguém a violentou, a machucou e pensou ter matado ela? Depois a jogando no lixo do meu prédio? 

Não. Ainda há muito a descobrir sobre essa jovem de cabelos dourados e olhar profundo.

Spencer me explicou um pouco sobre o primeiro caso dela, ou seja, o caso da Jéssica Puckett. Melhor dizendo, o primeiro caso que ela liderou a equipe da Unidade de Análise Comportamental. As informações que tiveram no início, e de acordo com a documentação, foi que Jéssica Puckett matava suas vítimas dentro de banheiras. No decorrer da investigação, puderam confirmar que uma jovem garota, também loira, que se passava por Jéssica Puckett e na realidade era uma prostituta de luxo.

As informações foram muitas e o teor de cada uma delas foi significativo, surpreendente e intrigante. Sam conseguiu traçar o perfil de seu primeiro caso e prendê-la. 

- Não entendo. Então não foi nesse caso que ela viu a Jéssica ser morta? - Perguntei o que me pareceu óbvio demais. Estamos dentro de um carro e em rumo ao hospital. Atrasamos por conta de tanta coisa a ser discutida e não em prol do meu pai que não ficou feliz em saber que terei um dia de trabalho em casa. 

Spencer riu ao meu lado e por um momento fechou a expressão facial. 

- O último dia que Sam apareceu viva, de acordo com os registros, foi a três meses atrás. - Spencer começou com voz preocupante. 

- Como assim apareceu viva? Eles acham que ela está morta sem um corpo para provar? Isso seria muita falta de profissionalidade do FBI. - Questionei sem hesitar e ele deu uma risada estranha ao meu lado voltando seu olhar para o caminho, enquanto eu dirigia.

- Samantha Puckett tem uma certidão de óbito e sim... Foi encontrado um corpo, com queimaduras e cortes profundos de algo afiado. - Spencer comentou e eu imediatamente estacionei o carro. 

Como assim o Estado considerava a cidadã Samantha Puckett morta? Eu senti uma forte dor de cabeça. 

Eu estava lidando com um fantasma? Era só o que me faltava... 

Comecei a rir e Spencer me encarou. Acho que ele entendeu a minha reação repentina e ligou o seu tablet. Abriu uma pasta, outra e por fim, uma pasta titulada como "Agente Puckett - Novembro de 2011". Ao abrir a pasta meu queixo caiu automaticamente.

Reconheci aquele rosto angelical, os lábios um pouco carnudos e os cabelos loiros. A garota da foto estava ensanguentada, nua, com queimaduras e somente alguns cortes visíveis. Mas... Aqueles traços, as linhas de seu rosto e até os cabelos parecem ser os mesmo da Sam que encontrei em um lixo, há dias atrás. Era gritante tamanha semelhança. 

Talvez se eu não tivesse tocado na Sam de dias atrás, até mesmo eu acreditaria fielmente que é a mesma pessoa. Ou seria? Estaria lidando com um fantasma? Espírito do mal? Ou um simples bicho papão feminino? 

A realidade é que eu não acredito. Mil e uma possibilidades do quão real são as imagens mostradas na tela do tablet.

O mais revoltante era como alguém conseguiria machucar uma moça tão linda? Bem, eu sei que sou suspeito em declarar algo. Pois tenho culpa pelo o que ocorreu com a Liz e de como aconteceu. Mas isso não me permite imaginar tamanha crueldade. 

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Por cerca de sete e meia chegamos ao meu apartamento. Spencer me olhava ansioso e ao mesmo tempo curioso. Certamente queria ver a reação da Sam. Afinal, o que ela era simplesmente era importante e imponente. Até que descobrir que está morta... Pelo menos para o Estado ela está morta. O que é intrigante. O que tem por trás de tudo isso?! 

- Cinquenta minutos esperando o Sr. lerdo. Eu acho que sonhei quando ele falou " Seis horas eu venho pegar vocês..." - Charlie reclamou e pareceu iluminar o rosto de Sam com seu comentário. 

- Bobagem, Charlie. Ele devia se referir a seis horas da manhã e não da tarde. - Sam falou rindo baixinho. Ela parecia bem, porém estava pálida. Assisti as duas rirem de mim e logo um suspirar cansado de Sam. O celular de Spencer começou a tocar e ele atendeu indo discretamente para a cozinha.

- Acho melhor você ir dormir. - Falei me dirigindo a Sam e ela sorriu. 

- É claro que vou dormir, meus braços doem. Acho que tiraram litros de sangue de mim e Charlie não fez nada. - Ela reclamou baixinho e Charlie deu um sorriso grande e satisfeito.

- A enfermeira errou a veia dela, - Minha irmã começou a falar e pegou com cuidado o braço da Sam, mostrando as marcas roxas que estavam em volta de pequenos curativos redondos. - umas quatro vezes... Eu acho que foi porque estava cantando Rude Boy da Rihanna. 

Charlie riu gostosamente e abraçou a Sam de lado. De forma amigável. Eu a olhei de forma rude e ela fechou o sorriso.

- Eu já disse a ela que vou devolver os roxos. - Sam falou e sorriu para Charlie. Segundos depois os olhos azuis estavam olhando para mim. - Eu vou tomar um banho e trocar de roupa... Dormir... Essas coisas... 

Spencer voltou com expressão séria, e assim Sam permaneceu na sala. 

- Eu tenho que ir... - Ele informou. - Fred, você fica com as pastas e nos comunicamos amanhã. 

- O que aconteceu?- Charlie foi mais rápida e perguntou a ele.

- Sua mãe foi assaltada na saída de um restaurante. - Ele disse sério. - Vai ser uma pequena polêmica, por sorte, a favor da fama da sua mãe e contra ao restaurante italiano. 

Charlie deu uma risada e acompanhou Spencer até a porta, fazendo questão de importuná-lo com ideias descabidas de como fazer nossa mãe passar por um ridículo com essa situação.

- Eu vou ir dormir e tal. - Sam disse cansada e caminhou até a porta do seu quarto. Eu fiz questão de segui-la. 

Ela seria algum tipo de bicho papão?! De acordo com os filmes de Harry Potter o bicho papão se transforma no que você mais tem medo. Então como poderia ter medo dela?! 

- Porque está me encarando? Perdeu algo no rosto? - Sam disse impaciente e se encostou à porta fechada. 

- Posso conferir duas coisas? - Perguntei com um sorriso de lado e ela assentiu confusa.

A primeira coisa que fiz foi tocar o seu queixo, me certificando da sua realidade e ela fez uma expressão estranha, balançou a cabeça e me olhou como se perguntasse o que eu estaria fazendo. Sem nada dizer, apanhei uma caneta do bolso do meu blazer. Dei dois passos para trás e apontei para o rosto dela. Eu sei o quão ridículo será isso, mas vale a pena conferir... Certo?! Não. Não vale a pena conferir... Seria à base de algo ridículo! Voltei a minha posição inicial e comecei a cabeça.

- Estou sonhando ou você ia me jogar feitiço "Riddikulus"? - Ri sem graça e ela se virou abrindo a porta. Por um momento pareceu que ela teve vontade de dizer algo e então olhou para a porta novamente. - Boa noite, Benson. 

Ela sentenciou e entrou no quarto fechando a porta na minha frente. Andei até a sala e lá estava minha irmã, de braços cruzados sobre o peito e com um bico enorme. 

- O que é?

- Porque não quer que eu fique com o Adam? Ele nem é traficante como o Josh e nem garoto de programa igual o Luccas do ano passado. - Ela reclamou em tom alto e sorri. 

- Josh e Luccas não eram bons para você. - Falei e ela bufou. Tirei do bolso do blazer preto o celular repleto de brilhantes rosa e entreguei para ela. 

- Está falando igual à mamãe. - Charlie descruzou os braços e fez careta pra mim.

- Você sabe que não sou a mamãe e que quero somente seu bem... - Me defendi e ela me olhou sério. 

- Eu sei que quando você não gosta do garoto é por um bom motivo. Mas o Adam é especial... - Ela falou chorosa e se aproximou. 

- Ele mentiu pra mim. - Charlie riu baixinho. - Quatro anos mais velho. Charlotte você conhece bem o nosso simples acordo. 

Ela hesitou e ficou pensativa. 

- E se ele der prova de integridade? Ele não é um caso perdido. Maninho... - Ela choramingou e me abraçou forte. - Eu gosto muito dele... 

Afaguei o rosto de Charlie enquanto ela chorava baixinho e senti meu coração quebrando um pouco. Beijei a testa dela e a olhei nos olhos.

- Eu preciso realmente terminar com este? - Ela sussurrou com um bico.

- Não. - Decidi e ela abriu um sorriso pequeno. 

- Obrigada. - Charlie sussurrou e limpou as lágrimas na minha camisa. - Este é sério, eu sei que é. 

- Então eu vou torcer para ser. - Falei com máximo de atenção e ela suspirou.

- Eu gostaria de ver estrelas hoje. - Charlie disse mais animada. 

- Não vai ligar pro Adam? - Perguntei estranhando a reação dela.

- Não. Eu ligo mais tarde... - Ela sussurrou. - Vamos ver minha estrela? Por favor? 

- Ainda se lembra da sua estrela? - Eu ri dela.

Quando Charlie completou treze anos, eu nomeei uma estrela com o nome dela e fizemos um pacto naquele dia. Eu tinha dezessete anos e tinha acabado de decidir o que queria fazer na faculdade. Charllote estava com o primeiro amor, cheia de expectativas e blablabla. Acho que me preocupei mais que meu pai e nós conversamos seriamente. Afinal, ela era minha irmãzinha e sempre será a minha irritante irmã. 

- Não me irrite, idiota. - Ela falou firme, porém seu sorriso denunciava que fingia a raiva. 

- Pegue aspirina pra mim, um copo de água e vamos ver a sua estrela. - Sentenciei e minha irmã fez o que mandei.

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Minha rotina matinal foi a mesma, apesar de que hoje fui na rua da frente em uma mercearia e comprei pó de café. O cheiro de café fresco e quente exalava pela casa. Não é certo dizer, mas esperava ansiosamente a Sam acordar para ver a reação dela. 

Meu nervosismo aumentou e só consegui dormir ontem pela noite quando estudei cada detalhe do arquivo. Pude concluir a grande suspeita que a Sam era filha de Pamela Puckett. Uma suspeita sem cabimento, talvez. Mas a realidade me chama a tona. Principalmente quando os "e se.. " são mais frequentes no meu pensamento.

Respiro fundo e o cheiro de café fresco é inconfundível. Pena que em três horas eu tenha acabado com o saco de pó de café que comprei ás seis e meia da manhã. Porém ainda me resta o copo que está em minhas mãos. 

- Que cheiro é esse? - Sam vociferou ao entrar na sala e me ver com uma caneca grande de café. Seus olhos parecerem me fuzilar. 

- Bom dia pra você também. - Faço questão de saudá-la levantado a caneca e tomando um grande gole. Certamente era uma ótima forma para começar o dia. 

- Você... Seu filho... - Sam começou a vociferar. Eu assisti ela contar até dez e respirar fundo. Esse foi o tempo necessário para perceber que ela estava com roupas de dormir. Uma calça de moletom folgado, pantufas nos pés e um blusão largo. Eu sorri, pois mesmo com roupas folgadas ela continuava bonita. 

Eu nunca vi Carly ou minha mãe dormirem com roupas largas. Desde os dez anos que Charlie dorme feito uma mendiga, com pelo menos quatro peças de roupas e com par de meias. Sei disso porque quando morava na mansão dos meus pais todo noite tínhamos o ritual de nos sentarmos na sala em frente a lareira, para tomar chocolate quente e discutir o nosso dia. Eu fazia isso principalmente porque minha mãe nunca deu tanta atenção para Charlie e a pouca atenção que ainda dá é por causa da imagem de família perfeita que tanto preserva.

Sam me fitou e com rapidez pegou a caneca das minhas mãos. Assisti um sorriso vitorioso nascer em seus lábios e me levanto quando percebo seu olhar direcionado para a cozinha. 

- O que pensa em fazer? Me devolve o café! - Falei com irritação fingida e ela pareceu acreditar. Fiquei atento ao seus passos que foram rápidos na direção da cozinha. Claro que corri atrás dela. 

O espaço amplo da cozinha a faz ter para onde correr, acabamos em posições opostas. Ela perto da copa e eu do outro lado, perto da pequena poltrona branca. O passo que eu dava para o lado direito era automático ela dar o passo para o lado contrário, ou seja, para o lado esquerdo. 

- Você realmente não quer ficar bom, né?! - Ela começou a falar com raiva. 

- Eu precisava de café. - Argumentei e ela riu. 

- Então não precisa mais. - Ela concluiu. Foi possível ouvir o meu "Não" prolongado e exagerado quando ela fez menção para derramar o líquido. 

- Você não vai tomar café e fim. - Ela se falou meramente irritada e derramou o café na pia.

Em questões de segundos me coloquei ao lado dela e cruzei meus braços.

-Vamos negociar isso? - Perguntei e ela também cruzou os braços. 

- Vamos ouvir sua proposta, Sr. Benson. - Ela disse seca.

- Uma xícara de café por dia? - Sorri tentando encorajá-la a aceitar.

- Não. Que tal por semana? - Sam sugeriu com um sorriso enorme nos lábios.

Relutei. Hesitei. Tentei persuadir ela.

- Nada feito. - Ela falou e logo em seguida pegou a cafeteira. 

- Você só pode estar brincando. - Resmunguei. 

- Não estou brincando. Eu disse: Sem café para o seu bem... - Ela falou baixo e se dirigia para seu quarto. 

- Eu te proíbo isso. - Falei a acompanhando. - A casa é minha e eu posso tomar café uma vez por dia. 

Ela abriu a porta do quarto e entrou. Assisti atento ela acomodar a cafeteira no chão. 

- Eu vi a conta do hospital. - Ela sussurrou. 

- Velho traidor. - Resmunguei e ela riu. Sam se virou pra mim e me encarou. 

- Você concordou em deixar eu te ajudar, mas vejo que mentiu. - Ela jogou as palavras na minha cara e me calei. - Adam mentiu e você quis que Charlie terminasse com ele... Mas quando você mente, o que faz? Manda alguém te magoar também?

Ela exclamou.

- Está bem. Sem café até o fim da minha vida. - Eu disse e ela desfez a expressão séria. - Aliás, eu conheço a minha irmã melhor que ninguém e ela me escuta porque sabe que só quero o bem dela. 

Sam ficou calada. O silêncio dominou o lugar por quase quatro minutos. 

Limpei a garganta. 

- Eu vou estar no escritório de astronomia, te esperando. Coma... Se troque... Respire fundo e vá ao meu encontro. - Falei com cautela e ela assentiu. 

- Descobriram quem eu sou né?! - Ela perguntou e eu assenti. Observei o azul dos seus olhos e parecia um mar de curiosidade. Ri baixo e saí do quarto dela.

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Na larga mesa, coloquei as folhas em ordem de acontecimento. Todas as folhas foram tiradas das pastas em que o Spencer me deu. Coloquei uma cadeira ao lado da que eu sentaria. Claro, se eu ficasse sentado. Observei mais uma vez as folhas e a primeira que mostraria seria a da identidade dela. Na qual diz que Samantha Puckett (um sobrenome aqui) nasceu no dia 21 de agosto de 1991. 

Os documentos provam que entrou na faculdade Yale com 16 anos, o que particularmente acho fantástico; e provam que foi agente do FBI, no setor da Unidade de Análise Comportamental.

Pensando bem, é a unidade do FBI mais complexa, porque essa equipe que trabalha com perfis dos criminosos. Eles não têm provas. Não têm equipamentos avançados para análise de grãos de areia. Eles têm a função de entrar na mente de um criminoso, desencadear porquês e achar os culpados por meio do que analisam. De acordo com o que o Spencer falou ontem e que eu concordo, a Sam se encaixa muito bem nesse perfil. 

Eu tenho uma apresentação na minha mesa, diversas informações sobre a garota que eu encontrei no lixo, desmemoriada, machucada e confusa. Mas temo em falar para ela quem é Samantha Puckett e a forma que essa Samantha, agente do FBI, foi morta. Sei que essa carga de informações pode fazê-la lembrar de muita coisa em pouco tempo. Ela teve muitos flashbacks mesmo contendo tão pouca informação. 

Seria muito ruim se eu escondesse parte das informações. 

- Ela não pode saber de tudo isso de uma vez só. - Sussurrei e comecei a apanhar várias das folhas. 

Toc.Toc. 

Virei as costas e os olhos de Sam me fitavam. 

- Nem pense em me esconder algo... - Ela sussurrou e me olhou atenta. - Eu preciso saber. Exatamente de tudo que encontrou sobre mim. 

Fiquei em silêncio. Por onde mesmo que começaria? Pelo corpo que aparentemente é ela encontrado em um bueiro? Que ela era uma agente do FBI? Que a Jéssica Puckett era uma prostituta de luxo? Talvez eu começasse dizendo a sua idade, suas alergias e seu nome completo. Ou talvez... Talvez... 


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Notas finais do capítulo

O título foi interessante, né?! Mas por fim, descobrimos a identidade da nossa adorada Samantha. O que será que a Yo Mismo vai preparar a partir dessa informação? O que aconteceu com a Samantha depois do caso da Jéssica Puckett? Hmmm. O que a Liz fez? Hmmm.Eu tenho uma teoria suculenta sobre essas duas coisas, mas no próximo capítulo a Yo Mismo pode mudar o rumo das minhas teorias. Espero que o resultado final do capítulo tenha sido bom! Gostaram? *-* xoxo da Jaqs e até o próximo capítulo ÍMPAR APSOKPAOSKAS' s2