NTS: Atos e Consequências escrita por iceecoffee


Capítulo 11
Sim, eu sei.


Notas iniciais do capítulo

Gente, vocês estão simplesmente ME MATANDO DE FELICIDADE com seus reviews *-* Cada capitulo que escrevo sinto-me ansiosa pelos seus reviews então peço que continuem mandando-os
Musica:
Love The Way Lie cover - Ariana Grande



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POV Jade

Anne não estava reagindo ao desfibrilador, e cada segundo perturbador onde além do silêncio e do branco, cor tão morta e doentia, minhas lagrimas abafada pelos abraços do Beck formavam uma triste trilha sonora para aquele filme tão realista.

Porque estou o abraçando agora? Ele me abandou, ele enfraqueceu meu coração, minha alma... Ainda sim não posso negar o quanto seu cheiro, sua voz, seu abraço é reconfortante. Como se ouvir “eu te amo” mesmo que mentiroso, mesmo que penoso, erguessem cordas que estariam prontas pra me apoiar quando eu desmoronasse de vez.

Sei, sei que é apenas uma sensação estúpida, sei que eu estarei sozinha se a Anne me deixar, sei que o Beck não suportaria as minhas loucuras, os meus surtos, sei que ele teria pena de mim, mas não faria nada, e entendo. Sim, entendo... Porque ele não teria forças o suficiente pra aguentar por nós dois e não o culpo.

Ver Anne ser jogada de tal forma, tão agressiva contra a cama com o forte impacto da maquina em seu peito sem reação, foi como ver outra pequena parte de mim se esvair. Foram apenas duas horas ou menos que passei com a menina, eu sei... Mas os olhos delas transbordaram experiência, compreensão... Apesar da pouca idade, seu pequeno rosto revelava todo o cansaço de uma vida inteira, contada apenas de derrotas e dores. E nisso tudo, o mais revoltante é ver o sorriso estático estalado no rosto morto da menina. Como pode sorrir depois de ter passado por tanta coisa ruim? Como pode ser tão alegre, intensa e verdadeira em suas palavras roucas e gestos cansados?

Ter o Beck comigo agora diminui a densidade da angustia, ver a Anne morrer assim é como deixar que a minha filha morresse outra vez. Eu sei, sei que é estúpido, sei que é idiota, completamente insano, tentar recuperar o sorriso do meu bebê, mas, depois de algumas dolorosas horas agonizando e imaginando meu filho, ter diante dos meus olhos a Anne, foi como restaurar parte da minha lucidez, como se no pouco tempo que estive com ela, me sentisse segura, senti que podia ser útil pra alguém, sentir que a Anne precisava do meu amor. E eu a estou deixando ir do mesmo jeito que deixei que o meu filho fosse.

Beck: Jade... Eu... – O doutor fitava as mãos pálidas e pequenas da Anne sobre o corpo, logo em seguida falou com algumas enfermeiras por uma espécie de rádio de emergência.

Jade: Beck, só me tira daqui, por favor... – Falei ao perceber as enfermeiras entrarem pela porta apressadas e cansadas.

Provavelmente cansadas de ver o rosto da morte em cada rosto morto. Sentir o frio amedrontador que corrói a alma instalando-se pelas paredes brancas tão assustadoramente monótonas, consolar as lagrimas nos olhos de quem poderia esta sorrindo. Cansadas de estarem tão próximas do limite da vida contra a morte.

Beck envolveu minha cintura num abraço terno e calmo, ele parecia concentrado e esperançoso. Certamente confiava que eles fariam de tudo pra salva-la, queria ter por um momento a mesma certeza que ele tem demostrado, a mesma confiança...

Beck: Vai ficar tudo bem ta? – Ele repetiu provavelmente pela milésima vez, no momentos eles é como um gravador, programado pra repetir certas coisas até que algo altere as suas falas tão bem ensaiadas e mesmo assim tão importantes.

Jade: E se não ficar? E se ela não sobreviver? – Minhas pálpebras se fecharam, fazendo com que algumas lagrimas presas em meus olhos rolarem mais uma vez pelo meu rosto.

Beck: Você sempre tão pessimista... – Ele sorriu beijando minha testa.

Jade: Eu... O que o médico falou a você? Disse que poderiam salva-la a tempo?

Beck: Eu não sei, ele disse que talvez... – Ele pareceu pensar no que estava a ponto de dizer, então mudou o raciocínio procurando por alguma resposta que me animasse. – Disse que dariam de tudo pra salva-la mesmo... – E outra vez ele evitou dizer o que pretendia, só que dessa vez não achou algo pra substituir.

Jade: Fale de uma vez Oliver! – Me irritei.

Beck: Ele disse que os pais dela a abandonaram, e ela estava sofrendo, disse que talvez fosse melhor pra ela que a deixássemos ir... – Meus olhos fitaram confusos os dele, que apenas continuou compreensivo. - Mas eu o convenci do contrario, disse que cuidaríamos dela, e cuidaremos, ela ficará boa em breve.

Jade: Eu não sei... Se ela sobreviver agora, ainda vai ter que passar por seis meses de tratamento intensivo e ela é tão pequena e frágil...

Beck: Mas nós dois estaremos com ela. – Ele passou os dedos pelo meu cabeço, arrepiando minha nuca.

Jade: Ela vai ser como... Como uma filha e... Eu não sei se isso é bom! Não sei se estamos prontos, não sei se você vai... Vai continuar do meu lado. – Apesar de receosa, contei a ele de uma vez o que estou sentindo, e ao mesmo tempo fantasiei uma nova vida ao lado do Beck e da Anne, mesmo sabendo, de alguma forma que logo seria bruscamente arrancada de meus sonhos.

Um mau pressentimento, uma angustia no peito não me permita sorrir. E só afundava ainda mais minhas esperanças, pois agora eu temo que isso seja algum presságio de que ela não sobreviva, ou de que ele não esteja ao meu lado...

Beck: Hey, ela vai ficar bem, e eu vou ficar sempre com você. – Ele encarou meus olhos profundamente enquanto acariciava meu rosto, trazendo lembranças de como ele preenche a minha vida.

Jade: Você já me disse isso outras vezes. – Eu não quero começar uma briga, mas minha voz soou arrogante, talvez pelo costume, talvez pelo medo.

Beck: E por isso estou aqui com você agora.

Calei-me diante da expectativa em frente à porta qual saímos poucos instantes atrás. E nesse silêncio, pude perceber a verdade de seus sentimentos, e a obviedade de suas palavras. De fato, ele está aqui agora, ele está segurando meu corpo cansado para que ele não caia sobre o chão pateticamente, ele está enxugando as minhas lagrimas, e em meio à tamanha tristeza procurando meu sorriso, ele está do meu lado, permitindo que nas profundezas dos meus olhos ressurja a esperança e restaure a nossa vida.

Beck me levou para tomar café, após minutos inúteis de espera, pelos corredores do hospital foi convencida a tomar um remédio da enfermeira que entrou no meu quarto mais cedo, ela disse algo sobre tratamento, e ajudar a dormir, e apesar de sonolenta, tentarei não dormir.

Uma hora depois mais ou menos, uma maca passou por nós com a Anne, fazendo meu coração se retrair dolorosamente no pesado e esmagador nó.

Beck sentou-se num banco que não se destacava a nenhum outro, por serem tão insuportavelmente branco. Nunca tivera ódio de fato de branco, só sempre a achei uma cor apagada, morta e eu queria voltar aos dias em que minha opinião não tivesse sido testada de forma devastadora. Lembrei de cada dia na HA, lembrei das minhas brigas, das peças que atuei, dos textos que escrevi e dei-me conta mais uma vez que Beck esteve presente em absolutamente todas minhas lembranças, mesmo que ele não estivesse comigo, consigo lembrar-me que em cada lugar, cada som, cada linha era rodeado do cheiro, da voz, dos sorrisos do Beck.

Em cada personagem que sempre escrevi, tinha um pouco do Beck, um pouco de mim, um pouco de nós, em cada sorriso que dei, o motivo era de forma direta ou indireta o Beck, cada ato de bondade que ele faz, mesmo que mínimo, enche meu peito de um sentimento tão divino e indescritível, eu posso sentir meus pulmões cheios de orgulho, meu coração cheio de amor, e minha mente cheia de momentos, me fazendo sorrir em meio a tanta dor.



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Notas finais do capítulo

E ai? Apesar da demora (colégio T.T ) mereço seus maravilhosos reviews?



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