Quando A Chuva Cai escrita por MyAngel


Capítulo 3
Capítulo 3 - A curiosidade matou o gato!


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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* A curiosidade matou o gato!

Se um dia encontrares uma vampira e esta vampira por acaso seja eu, não me contrarie! Isso só vai acelerar a sua morte, não que com isso você vá escapar das minhas presas, pois depois de escolhido não há mais nada que você possa fazer para evitar tal destino. Mas caso você se comporte direitinho, quem sabe eu o faça com carinho!

* Lilith - A Dama da Noite*

"Ele se aproximava cada vez mais rápido, podia sentir que seus passos estavam mais próximos, meu corpo doía tanto que não suportava mais correr, a floresta densa e a chuva forte não ajudavam na minha fuga. Até mesmo o meu vestido me impedia de fugir, prendendo-se nos galhos que mais pareciam mãos esqueléticas, agarrando-se a ele como forma de protesto. Finalmente eles ganharam. Eu caí, e em meio aquela escuridão eu vi aqueles olhos vermelhos, tão raivosos, tão sedentos... E então o silêncio!"

Despertei de meu pesadelo como se sentisse falta de ar, parecia que havia percorrido uma maratona, se tivesse um coração pulsante com certeza ele estaria a mil. Esperei alguns minutos até me recuperar e me situar, já estava no avião em direção à Inglaterra, a única coisa que podia ver da janela eram as nuvens, o som das turbinas me acalmavam, não era o som da chuva. Nunca fui de ter medo da chuva ou do escuro, isso é para crianças, mas ultimamente esses pesadelos têm parecido tão reais. Olhei para o lado a procura de Sarah e me lembrei de que ela estava sentada mais a frente, já que quando compramos as passagens não havia muitos lugares disponíveis. Sua expressão de medo era notável, ela nunca foi muito fã de aviões e eu nunca fui muito fã de navios. Por isso na maioria das vezes quando decidíamos nos mudarmos para outra cidade, país ou até mesmo continente a discussão era inevitável. Mas diferente das outras vezes, dessa vez ela não discutiu muito pelo contrário ela mesma optou pelo avião, eu óbvio nem contestei.

– Parece que vai chover! – Pela primeira vez reparei que havia alguém sentado ao meu lado, e seguindo a direção de seus olhos olhei novamente para a janela.

– Verdade! – Falei enquanto olhava o relampejar nas nuvens.

– E isso quer dizer que iremos passar por uma turbulência! – Falou-me, enquanto olhava também pela janela para logo depois ouvirmos o comunicado do piloto:


“Senhores passageiros sentem-se em seus lugares e coloquem o sinto de segurança, pois iremos passar por uma turbulência!”

–Para o desespero de minha amiga! – Completei apontando para Sarah que fazia uma careta ao ouvir o comunicado do piloto.

– Aquela loira é sua amiga?

– É sim.

– Ela não me parece estar muito bem, enquanto você dormia, ela foi ao banheiro umas cinco vezes!

– Ah sim, digamos que ela não se sente muito bem em aviões. – Falei tentando não rir da situação em que Sarah se encontrava, afinal já havia passado por algo parecido em um navio.

– Desculpa nem me apresentei me chamo Samuel – E como se reparasse nele pela primeira vez, percebi que sua pele mesmo levemente bronzeada pelo sol, não conseguia proteger suas veias de minha vista. Seus lábios opacos e quase sem cor era um contraste com os seus olhos azuis e intensos. Os cabelos curtos e loiros lhe davam a aparência de um jovem que beirava os vinte e cinco anos. Ele tinha uma beleza incomum... Não falo somente da beleza física, mas algo nele me fascinava... Ele era diferente!

– Pode me chamar de Lilith! E, me desculpe à pergunta, mas o que você vai fazer em Londres?

– Estou indo a trabalho!

– E você trabalha...? – Flertar com a comida não é algo que eu faça regularmente, mas eu sentia necessidade de saber o que aquele garoto tinha que me fascinava tanto... Era como se, de alguma forma, eu o conhecesse! Além disso, o seu cheiro, o doce aroma do sangue, estava me hipnotizando e já fazia dias que não me alimentava...

– Trabalho para o Vaticano fazendo...

– Espera! Você disse que trabalha para o Vaticano?!

– S... Sim! – Respondeu-me um pouco apreensivo com o meu espanto, no entanto não pude evitá-lo, pois esperava qualquer coisa menos um...

– Então você é padre?! – Ele me olhou novamente com aquele olhar divertido e um sorriso largo, mostrando aqueles dentes muito bem alinhados e brancos e como se divertisse com toda aquela situação, respondeu-me:

– Não, eu não sou padre e como eu estava dizendo trabalho para o Vaticano fazendo pesquisas! Bom, na verdade sou mais como um detetive do Vaticano. Faço pesquisas e também tento encontrar artefatos importantes que a Igreja possuía, os quais se perderam ou foram roubados durante os séculos. De certa forma é muito difícil encon...

Ele continuou a falar da sua “incrível” profissão de detetive dos achados e perdidos do Vaticano, no entanto já não conseguia mais prestar atenção ao que ele dizia, por um momento pensei que ele tinha algo de familiar, algo que explicasse essa sensação... Mas nada do que ele falava parecia fazer sentido com o que eu sentia. Alguma coisa não estava certa, minha intuição nunca me enganava... Desviei minha atenção para a janela e percebi que a tempestade que há pouco só ameaçava cair, agora era um dilúvio. Um relâmpago me fez lembrar o meu mais recente sonho, onde eu era perseguida por algo ou alguém mais rápido do que eu e os seus olhos... Olhos tão vermelhos e ferozes... Olhos de um caçador atrás de sua caça... Olhos de um vampiro faminto! A lembrança me fez tremer, pensar em mim como a caça e não como a caçadora é algo que não quero sentir novamente nem mesmo nos meus piores sonhos. Voltei minha atenção para Samuel que ainda falava animadamente, ele nem havia notado a minha distração.

– Sabe... – Continuou ele –... Sinto que devo fazer isso, como forma de agradecimento! – Não entendi o que ele quis dizer com isso, creio que ele percebeu, pois logo disse:

– Agradecer a Ele! – Falou-me apontado para um crucifixo que estava pendurado em seu pescoço. Um crucifixo de prata com uma pedra vermelha incrustada em seu centro. Um crucifixo que me era familiar...

– Este crucifixo... Onde o conseguiu? – O indaguei e por um momento pude ver sua expressão ir de espanto a uma feição séria!

– Por que tanta curiosidade sobre este crucifixo, afinal é apenas um crucifixo não é? – Indagou-me. Parecia analisar minha reação, como se esperasse por algo... Senti-me acuada por um breve momento, mas logo me lembrei de que a caçadora sou eu... Então as perguntas cabiam somente a mim!

– Ora! Por que tanto mistério sobre este crucifixo, afinal só fiz uma pergunta? – Sua feição mudara novamente, agora ele estava desconcertado... Agora... Ele estava acuado, como um ratinho preso em um labirinto feito pela gata!

– Ganhei de presente de um padre há alguns anos!

Algo me dizia que ele estava mentindo e de que aquela não seria a última vez que o veria! Não conseguia parar de pensar nisso enquanto o via se distanciar pelo saguão do aeroporto, seguindo na direção contrária a minha. Ele não era quem dizia ser ou pelo menos não dizia toda a verdade e nisso o meu instinto de vampiro não me enganava, sabia quando um humano estava mentindo, podia sentir suas emoções. E ele? Ele estava me escondendo algo.

– O que você está olhando? – Indagou-me Sarah.

– Preciso que você me diga algo sobre aquele garoto! – Falei enquanto apontava para o loiro que se distanciava cada vez mais.

– Lamento Lilith! Mas ele já está longe, dessa distância tudo se mistura!

Sarah, assim como todos os vampiros, também conseguia sentir as emoções dos humanos. Só que diferente de mim e de muitos, ela podia mais. Podia não só ver e sentir suas áureas, como também podia escutar seus pensamentos. Mas isso não acontece entre os vampiros, não podemos saber o que os outros estão pensando apesar de que às vezes os vampiros se conhecem tão bem, são tão próximos que conseguem sentir as emoções uns dos outros. É o que nós vampiros chamamos de Vincullun e é isso que acontece entre Sarah e eu, sabemos quando uma está triste, feliz, com medo...

– Você está apreensiva! - Continuou ela.

– Acho que ele está mentindo sobre quem ele é. - Falei ainda olhando o caminho pelo qual ele tomou.

– Que diferença faz se ele estiver mentindo?... Afinal só é mais um humano mentiroso!

– O problema não é ele mentir e sim o porquê dele mentir!

– Por que você está tão obcecada por esse cara? “Por acaso ele é o seu novo brinquedinho?” – Perguntou-me maliciosa.

– Ele disse que trabalha para a Igreja.

– Ah, sério?... Que desperdiço tão jovem, tão bonito e padre!

– Ele não é padre se você quer saber!

– Então por que você implica com ele?

– Ele tem um crucifixo de prata com uma pedra vermelha no meio!

– Igual ao seu?! – Perguntou-me curiosa.

– Sim!

– Então... Você tem um novo brinquedinho! – Concluiu ela!

– E por enquanto não vou quebrá-lo!




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Notas finais do capítulo

Por favor comentem! ^^



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