Rachel Berry Academy escrita por R_Che


Capítulo 9
A nossa casa




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“Sabes aquela música? Aquela que diz que “o mundo é um momento”? É isso, e é por isso, que todas as vezes que te envio mensagens o meu intuito é que sintas o momento, que sintas o mundo. Este mundo, que é demasiado pequeno para a tua imensidão. Este mundo, que um dia vou ser eu a dar-te.”

Ignorou. Mas ignorou de tal forma que no minuto a seguir já se esquecera que tinha recebido. Quem quer que fosse, tinha passado para segundo plano. Nos últimos dois dias só conseguia chorar abraçada à almofada e com o olhar fixo no seu dedo anelar. Como é que a vida num segundo pode mudar tanto?! Como é que no mesmo segundo se pode ter tudo e nada?! Rachel sempre foi dramática por natureza, mas naquele momento não queria desistir de encontrar o controlo desse dramatismo. Ela tinha de ser forte, por Quinn, pela vida que tinham juntas e por si própria. Desistir não fazia parte dos planos dela. Mas Rachel tinha a consciência total de que precisava daquele momento temporal para deprimir e chorar.

Faltava menos de 1 hora para o horário de visitas do hospital. Quinn nos últimos dois dias esteve revoltada, fria e irracional. Santana acompanhou Rachel nas visitas diárias, mas a morena estava completamente irredutível de que hoje queria ir sozinha visitar Quinn. Santana aceitou, mas não permitiu que Rachel fosse sozinha ao hospital. Ficou combinado que ela entrava no quarto sozinha, mas que a advogada esperava por ela cá fora.

Depois de respirar fundo três vezes, Rachel entrou com calma no quarto de Quinn. A fotografa estava deitada, com o olhar fixo no tecto, e quando olhou para ela e percebeu que ela tinha vindo sozinha, sentou-se na cama com arrogância.

– A Santana?

– Está lá fora. – o tom de voz que Rachel adotou foi coerente com a sua postura. – Como estás?

– Porque é que ela não entrou? – Quinn não abandonou a arrogância.

– Porque eu quis vir sozinha.

– E com que direito é que tu decides que a minha melhor amiga fica lá fora para te dar lugar a ti?

– Com aquele que tu me ofereceste. – Rachel respondeu tão rápido que nem deixou Quinn ripostar, e mudou automaticamente de assunto. – Sabes? Tens melhor aspecto hoje. O médico falou comigo e disse-me que podias ir para casa ainda esta semana.

– E para que casa é que é suposto eu ir? Qual casa? – o tom de voz de Quinn começou a aumentar, e Rachel respirou fundo e esperou para responder com toda a calma que conseguisse. Ela estava a experimentar o efeito do retorno. Quanto mais agressiva fosse Quinn, mais calma ia utilizar a morena. E isso irritava. – Para que raio de casa é que é suposto eu ir se a minha mãe morreu?! O que é que é suposto eu fazer da minha vida agora que não vivo no tempo que me lembro?! Faço o quê? Vou para casa? Vou para que casa? Vou para onde? Fingir que sou quem não sou?!

– Vais para casa. – respondeu a morena finalmente. Quinn dobrou o tronco em direção a Rachel, sem sair do lugar, com um olhar cheio de revolta. A morena sabia perfeitamente que as coisas iam descambar se não fizesse nada. A calma dela não estava a ajudar. Decidiu então não deixar que Quinn tivesse a palavra. – Sim! Vais para casa. E eu lamento horrores o que está a acontecer, e entendo. Entendo perfeitamente que te sintas deslocada, entendo que não percebas nada do que te rodeia, entendo que não te sintas a mesma pessoa, e até entendo que estejas revoltada. Eu entendo! Mas tu também tens de entender algumas coisas. Isto é real! Aconteceu! E eu dava a vida para não estares a passar por isto, mas estás! Não há nada que se possa fazer a não ser minimizar os danos. E para isso, é preciso que mudes essa atitude. É preciso que percebas, porque com 17 anos tu eras inteligente o suficiente para perceber, que a tua vida depende da atitude que tu tens com ela. Tu não podes passar o teu tempo a atacar as pessoas à tua volta. Não és a única que faz parte desta situação, todos fazemos. Todos estamos a sofrer, todos estamos a tentar adaptar-nos a esta mudança radical e drástica. E eu amo profundamente a pessoa em que te tornaste nos últimos anos, mais do que pensei ser capaz de amar alguém com 17 anos, e percebo que tu não entendas e não conheças essa pessoa. Mas eu não vou abdicar dela, e vou lutar, todos os dias, contra todas as circunstâncias, contra esse teu “eu” de 17 anos se for necessário, vou aguentar a tua arrogância, vou relativizar a tua raiva e vou dar o melhor de mim. Nem que eu tenha de aprender tudo de novo. Eu não vou a lado nenhum. – após tudo isto, respirou fundo e concluiu. – E quando saíres daqui, é para casa que vais. Para nossa casa! – Quinn manteve o olhar fixo em Rachel, e a morena sustentou-o. Nunca o desviou, até que ouviu.

– Sai daqui. – os músculos de Rachel contraíram-se e o nó no seu estômago apertou. – E escusas de achar que me amoleces com falinhas mansas. Não sei em que merda de pessoa é que me tornei, mas tu com 17 anos já me conhecias e tens a obrigação de te convenceres que essa é a pessoa que eu sou hoje. Isso não vai mudar. Posso até ter 24 anos, mas a pessoa que tu conheceste, seja lá quem for, já não existe. Mete isso na tua cabeça de uma vez. – a firmeza na voz de Quinn assustou Rachel, que baixou a cabeça para conter as lágrimas. – O meu nome é Quinn Fabray, tenho 24 anos, e vou remediar todos os erros que cometi nos últimos anos. – declarou Quinn em tom de promessa.

Rachel perdeu a vontade de conter as lágrimas e deixou-as escorrer. Olhou fixamente para Quinn e sorriu com tristeza. A loira estranhou, mas aguentou o semblante arrogante. Rachel pegou na mala que tinha pousado em cima dos pés da cama, levantou a cabeça e disse “Eu amo-te, e isso tu também não podes mudar” e saiu sem ver a reação de Quinn. Não se lembra do percurso até à sala de espera, a única coisa que a consolou foi sentir os braços de Santana rodeá-la e um sussurro da latina “vai ficar tudo bem”.


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Notas finais do capítulo

Desistiram de mim? :(