A peça tinha corrido tão bem que Rachel teve a certeza que o ano seguinte queria repetir a experiência. Depois de sairem todos do teatro, dirigiram-se à Academia. Lá estava montada toda uma after party para os convidados e alunos. 

Havia comida e bebida, um palco e muita música. Todos se estavam a divertir e notava-se nos sorrisos. 

— Parabéns minha querida. - Disse Mass ao ouvido de Rachel, surpreendendo-a. 

— Obrigada Mass. E principalmente por teres vindo. - respondeu a morena abraçando-o. 

— Não podia faltar. Ao contrário seria igual, que eu sei. 

— Claro que sim. - sorriu ela. - Queria muito falar contigo sobre uma coisa, mas tenho medo que ainda seja demasiado cedo para ti. 

— Cedo? - riu-se Mass. - Com a minha idade não existe a palavra cedo. Conta-me tudo. 

— Sobre o restaurante. - disse cuidadosamente Rachel. 

— Sim... - suspirou o cozinheiro. - Imagino que queiras fazer alguma coisa sobre isso. 

— Exacto. Tenho um par de planos. 

— E precisas de mim para concretizá-los?! - perguntou afirmando. 

— Preciso de ti sempre, e para sempre. - respondeu Rachel com carinho.

— Vocês são a minha familia, Rachel. E as familias unem-se e seguem em frente. Eu sei que o meu destino é estar perto de vocês e superar as adversidades. É assim a vida... - com alguma emoção Mass arrancou outro abraço a Rachel. 

— Quero reabrir o restaurante. Quero fazê-lo em 6 meses.

— Mas o seguro não cobriu, como pretendes resolver isso?

— Eu pago. Isso nem sequer é discussão. Quero reabri-lo com outro nome, com outra disposição, mas com o mesmo conceito gastronómico. 

— O que diz a Quinn disso?

— Não lhe contei ainda. Eu sei que vai ser dificil, mas tenho a sensação que ela vai perceber. Principalmente quando lhe contar a intenção. 

— E qual é a intenção?

— "Love Judy". - Mass respirou fundo e sorriu. Ainda doía, mas o gesto de Rachel era demasiado bonito para ser menosprezado. - Quero que seja uma homenagem, e não uma memória triste. 

— Tu és especial bambina. 

— Posso contar contigo?

— Podes sempre, e para sempre. - respondeu Mass enquanto lhe piscava um olho. 

Falar com Quinn sobre isto era o próximo passo, mas na ideia de Rachel ela tinha seguro que conseguiría convencer a fotógrafa. 

— O que é que se passa aqui? - perguntou uma latina cheia de animação. 

— O Mass estava a dizer-me que sou especial. - disse Rachel no meio de uma gargalhada simpática. 

— Pois estava. - respondeu ele no mesmo tom. 

— Muito gostas tu que te elogiem. Nunca vi ninguém tão insoportável. - respondeu Santana enquanto revirava os olhos mas na brincadeira. - Conta-me mas é o que se passa com a Quinn?! Está particularmente sorridente hoje. - Rachel esboçou um sorriso amoroso no momento em que ouviu esse comentário. 

— Hoje acordou bem disposta. Não te queixes por favor. 

— Não me queixo. Mas acho engraçado que de repente se tenha lembrado de mudar de atitude. 

— "Que se tenha lembrado" não é o termo certo, mas pronto. - respondeu a loira enquanto chegava por trás de Santana. Mass soltou uma gargalhada estridente com o comentário de Quinn, e Santana acompanhou-o. 

— Pelo menos estás bem disposta, já recuperaste um bocadinho do teu sentido de humor, que por sinal desta vez saiu bem mas normalmente é muito fraquinho. 

— Santana, por favor! - respondeu Rachel, agora ela revirando os olhos. 

— Deixa-a. Ela é a única que acredita que nós acreditamos que ela sente o que diz. Por isso é que te declaraste à minha mulher, não foi?! - perguntou Quinn retóricamente enquanto se ria. Rachel parou de respirar naquele momento, até que sentiu o braço de Mass em cima dos seus ombros e um sorriso amoroso da parte dele. Contráriamente ao que Quinn imaginava, Santana não lhe respondeu irónicamente, mas sim com um abraço apertado e as lágrimas nos olhos a lutar por sair. 

— É bom ter-te de volta, ainda que seja só um bocadinho de ti. Só deus sabe o que ela merece ouvir-te dizer isso. - comentou a latina ao ouvido de Quinn para mais ninguém ouvir a não ser ela. A fotógrafa sorriu levemente e devolveu o abraço. 

— Alguém quer beber alguma coisa? - perguntou Mass, que achou oportuno quebrar o momento que podia vir a tornar-se incómodo para Quinn. Rachel agradeceu mentalmente. 

—x-

Quando a porta se fechou atrás delas, e sentiram o silêncio da sua casa, foi quando Rachel se sentiu verdadeiramente sem saber o que fazer. Como se da primeira vez se tratasse. Quinn pousou as coisas e olhou para ela com um semblante cansado mas feliz. 

— Queres que te faça um chá? - perguntou a loira. 

— Estava a pensar nisso. Mas eu posso fazer. 

— Vai largar esses saltos, e vestir qualquer coisa confortável. Eu resolvo o chá. - respondeu a fotógrafa com carinho enquanto caminhava para a cozinha. Rachel seguiu as suas ordens e dirigiu-se ao quarto. Quando voltou já Quinn estava sentada no sofá com uma caneca de chá quente na mão e a soprar para arrefecer, a outra estava em cima da mesinha de centro. Rachel sorriu e sentou-se ao seu lado. 

— Obrigada. - disse enquanto pegava na caneca que estava na mesa. 

— Obrigada eu. - respondeu Quinn baixinho e de cabeça baixa. 

— Porquê?  

— Por tudo. - e fixou o olhar penetrantemente no de Rachel. A morena sorriu, mas Quinn não mudava a expressão, parecia que se tinha perdido em pensamentos com o olhar fixo nela. 

— Estás bem?

— Sim. - respondeu a loira depois de respirar fundo. - Distraí-me a pensar em tudo o que nos rodeia. 

— Eu queria falar contigo uma coisa... - disse Rachel com receio enquanto baixava a cabeça. 

— Podes falar comigo o que quieres. - respondeu Quinn enquanto esticava a mão para agarrar a da morena. 

— Tenho algum receio da tua reacção, confesso. - disse a morena sem jeito. Quinn mexeu-se no sofá e aproximou-se de Rachel com carinho, puxando-a para mais perto de si. Depois levou a mão da morena à boca e beijou-a com os olhos apertados. 

— Eu nunca mais te vou tratar daquela maneira. Não sabes o que me arrependo de o ter feito algum dia. - Rachel levantou os ombros e rapidamente abanou a cabeça para dizer que não queria que ela lhe pedisse desculpa. Quinn pousou a sua caneca de chá em cima da mesa de centro, depois pegou na de Rachel, das mãos dela, e fez o mesmo. Cruzou as pernas em cima do sofá, sentada de lado mas de frente para Rachal e puxou as pernas dela para cima das suas, de maneira a que a morena ficasse sentada em cima das suas pernas. Assim estava muito mais próxima e podia sentir as mãos de Rachel na sua cara e pescoço. - O que queres falar comigo?

— Eu percebo se não estiveres preparada, e posso adiar a coisa e até posso... - Quinn sorriu e interrompeu-a. 

— Deixa de dar voltas. Diz de uma vez. 

— Quero reconstruir o restaurante e reabri-lo. - o som da voz de Rachel mal se ouvia, e Quinn sorriu com carinho. 

— Eu também. - Agora foi a vez de Rachel de olhar profundamente nos olhos de Quinn. 

— A sério?

— Sim. Tens alguma ideia?

— Tenho o plano todo. - Quinn gargalhou. 

— Claro que tens! - Rachel riu-se com alguma vergonha mas feliz. 

— Achei que seria mais dificil. 

— Está na hora de fazê-lo. Está na hora de seguir em frente... - disse-o a sorrir, mas notou curiosidade nos olhos de Rachel. - ... pergunta. 

— O quê?

— O que queres perguntar. - Rachel sorriu. Era bom ver que Quinn estava a voltar devagarinho. 

— E nós? - perguntou com muito menos medo do que seria de esperar. 

— Nós o quê? - perguntou Quinn.

— Como é que ficamos? - respondeu Rachel, mas agora já com muito mais medo. Quinn sorriu, puxou-a para si e beijou-a. Ainda sem separar os lábios dos dela respondeu: 

— Nós ficamos juntas... juntas para sempre. 

—x-

6 meses depois...

— Corta tu. - disse Rachel enquanto dava uma tesoura para a mão de Mass. 

— Eu?! - respondeu Mass emocionado. 

— Claro. - acrescentou Quinn com um sorriso gigante no rosto, com as costas de Rachel apoiadas no seu peito enquanto descansava as mãos no ventre, já com algum volume, da morena.

Mass cortou a fita da entrada do restaurante, inaugurando assim, emocionado o novo espaço. 

"Love Judy" tinha uma disposição diferente de "Love RB", mas estava igualmente bem decorado. A cozinha ficou a cargo de Mass, e a gerência repartida entre os três, e o homem voltou a brilhar. 

Rachel nunca contara o motivo que o seguro deu para não cobrir os gastos, essa informção guardou-a para o resto da vida. 

A morena deu aulas por muitos anos na sua academia, e formou muitos talentos que se tornaram conhecidos no panorama cultural mundial. 

Quinn seguiu com a vida dela, reaprendendo a fazer o que fazia antes, mas nunca mudou o facto de que a familia dela estava sempre em primeiro lugar. 

Santana e Britt foram as madrinhas de Miguel, o único filho que a morena e a fotógrafa tiveram, e juraram fazer parte da vida delas para sempre. 

 Quinn nunca recuperou a memória a 100%, mas apaixonou-se todos os dias um bocadinho mais por Rachel. 

Ambas provaram que 7 segundos, podem durar uma vida inteira. 

Fim