Rachel Berry Academy escrita por R_Che


Capítulo 19
Devagar se vai longe


Notas iniciais do capítulo

Outro, para compensar.



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— Ok pessoas, é tudo por hoje. – diz a morena cansada mas contente com o resultado do fim do dia. – Amanhã à mesma hora. Não se esqueçam de trabalhar nas posições fixas da última cena.

— É bom tê-la de volta professora. – diz uma das alunas à saída.

— Obrigada Kim, é bom estar de volta, já tinha saudades vossas. – responde Rachel simpática.

Os alunos saem todos e Rachel fica a arrumar as cadeiras quando ouve dois toques na ombreira da porta. Santana estava parada com um sorriso simpático a olhar para a amiga.

— Estás aí há muito tempo? – pergunta Rachel com um tom cansado mas com meio sorriso pela presença da latina.

— Acabei de chegar. Gosto de ver que voltaste ao trabalho.

— Sim, eles precisam da minha ajuda. – Santana caminhou lentamente até dar um abraço de cumprimento a Rachel. Mas ela tinha planeado um abraço leve quando sentiu que a morena se agarrou a ela como se estivesse em queda livre. Dois soluços seguidos desse aperto alertaram Santana para o pranto de lágrimas que ia cair dos olhos de Rachel. A latina agarrou-a com força e apertou-a contra si em modo de consolo.

— O que é que aconteceu? – perguntou com algum cuidado, mas Rachel estava com tanta vontade de chorar compulsivamente que não respondeu e só chorou agarrada a Santana como se alguém tivesse morrido. – Estás a assustar-me. – disse a advogada baixinho.

— Desculp...pa. – respondeu Rachel enquanto se separava dela com cuidado. – Desculpa.

— Não tens de pedir desculpa, mas tens de me explicar o que aconteceu porque a única vez que te vi assim foi quando aconteceu... bom... o que tens? O que é que se passa?

— Isto é ridículo, eu sei. Não se passa nada.

— Alguma coisa se passa senão não estavas neste pranto.

— Estou cansada. – disse ela baixinho enquanto baixava a cabeça com vergonha e culpa.

— A Quinn não melhorou o trato contigo? – perguntou Santana chateada.

— Sim, sim. A Quinn está melhor.

— Então? Foi aqui?

— Não. Não foi nada. É um acumular de tudo. É como se de repente a minha vida já não fosse minha. Não sei explicar. Só estou cansada e como me abraçaste acabei por reagir emocionalmente. Desculpa.

— É disso que sentes falta não é? – e esta foi uma pergunta retórica por parte de Santana.

— Do quê? – respondeu Rachel sem entender.

— De contacto físico. De alguém que te abrace e te console. De poder dizer o que te vai na alma sem te sentires culpada por estares a dar atenção a ti própria em vez de a alguém mais. – Santana sabia muito bem ler Rachel, o que não sabia era que Quinn tinha acabado de chegar e estava à porta a ouvir a conversa. Ao ver Rachel naquele pranto não quis interromper e, sabendo que não se faz, ficou da parte de fora a ouvir o que se passava naquela sala.

— Talvez. – respondeu a morena envergonhada.

— Eu estou aqui Rachel, já estou mais do que farta de demonstrar isso. Tu sabes que eu não sou uma pessoa muito afectiva e não passo a vida a dizer aos meus amigos que me têm aqui para o que precisarem, mas também sabes que estou aqui para ti. E hoje não me vou embora enquanto não chorares tudo e disseres o que te vai na alma. Assim que, se não queres fazer serão, é bom que comeces a falar. – disse enquanto cruzava os braços e se recostava na cadeira em frente à morena. Rachel sentou-se também, e nenhuma das duas tinha sentido a presença de Quinn que estava a ponto de se sentar no chão para ficar a ouvir.

— Estou a dar em doida Santana. Tu sabes que a Quinn é a minha vida inteira, que eu não sei nem quero saber viver sem ela de novo. Mas está cada vez mais difícil fingir que não me afecta que ela olhe para mim com desprezo.

— A Quinn é parva. Sempre foi. Ela está apaixonada por ti desde...

— Lembra-te que ela só se lembra de ter 17 anos. – interrompeu Rachel.

— Deixa-me acabar! Ela está apaixonada por ti desde sempre. Desde o primeiro dia. Ela é parva porque com 17 anos já estava apaixonada por ti e sabia muito bem disso, independentemente de negar. Podia deixar de ser tão intransigente.

— Eu achava que tínhamos avançado um bocadinho, no outro dia na cozinha... eu contei-te?!

— Sim.

— Mas hoje, estávamos a conversar e ela cortou a conversa. Eu não entendo, mas nem é o não a entender que me entristece, é o cansaço que me consome e eu fico o tempo todo a matutar na ideia de que ela nunca mais vai ser a mesma e que a perdi.

— Rachel?! A Quinn vai recuperar a memória. Isso nem tem discussão, aliás, tu és a pessoa mais certa disso. – disse Santana desvalorizando o assunto.

— Eu sei. Desculpa, mas é que eu tenho estes momentos em que me sinto esgotada.

— Se não estivesses cansada é que era estranho. Tem sido sempre tudo para cima de ti, tu tens o mundo às costas, e ainda para mais agora isto da peça.

Quinn levantou-se e saiu da academia, embora Rachel e Santana continuassem a conversar. Entrou em casa e começou a arrumar a loiça que estava a secar, nos armários. As mãos dela tremiam e a loira não queria admitir a si própria que Santana tinha razão quando dizia que ela sempre tinha gostado de Rachel. Esse era o principal motivo pelo qual fugia da morena.

Decidiu que não podia continuar a ter reações do género até porque Rachel não merecia por tudo o que estava a fazer por ela. Era normal que a professora estivesse cansada e que se começasse a fartar de toda esta situação. Quinn sabia que até então tinha sido o centro de todas as atenções e de todos os sacrifícios.

Quando Rachel chegou a casa nesse dia, esboçou um sorriso cansado, perguntou se Quinn já tinha comido (ao que a loira respondeu que sim) e disse que ia tomar um banho e dormir porque estava cansada com os ensaios. Quinn só assentiu e nada disse.

Depois de que ambas se deitassem nos respectivos quartos, Rachel adormeceu de imediato, mas Quinn demorou mais tempo. Aquele dia tinha-a feito entender que Rachel tinha uma percepção diferente da realidade. Quando a morena disse que Quinn a olhava com desprezo, isso não acontecia na realidade, era só a interpretação de Rachel de um sentimento que Quinn nutria por si própria.

A loira desprezava-se e a última coisa que queria era que a morena achasse que era por ela que sentia esse desprezo.

—x-

Um suor frio fininho, pela linha do cabelo com a testa, um arrepio do joelho ao estômago e um corte no ar que chega aos pulmões eram os sintomas que Quinn sentia sentada na cama a meio da noite. Toda ela tremia e não entendia se o que acabara de passar tinha sido um sonho, ou se tinha efetivamente sido uma memória de algo que realmente aconteceu.

Dois corpos nus, um sorriso gigante no rosto de Rachel e um aperto gigante no peito de orgulho. Um “amo-te” enquanto lhe mordia o lábio inferior e um “eu amo-te mais” antes de entrelaçar as mãos no cabelo macio da morena.

Nada disto fazia sentido na cabeça de Quinn porque acabava de acordar. O primeiro pensamento foi que era a sua imaginação a pregar partidas depois da conversa com Rachel, mas por outro lado, podia ser uma memória. Ainda sentada, fechou os olhos com força com a intenção de apagar esse sonho e em vez disso, foram flashes de uma conversa através do facebook que lhe passaram na memória.

Demorou mais de 10 minutos a decidir se era o momento ideal para ir ver esse pormenor que já podia ter visto e andava a adiar.

Dirigiu-se ao escritório e abriu o facebook com as informações que tinha escritas no papel.

Não demorou muito em ter outro flash, mas este era diferente e tinha sido despertado com a primeira abordagem que leu no chat entre as duas.

Ela estava vestida com umas calças de ganga e uma camisola de couro camel, tinha uma mala pequena a tiracolo e pagou 57$ por um enorme ramo de rosas numa florista que estava perto da Broadway. Nem Quinn percebia bem como sabia o local porque para ela Nova Iorque ainda estava por redescobrir.

Ela mandava as flores a Rachel daquela florista.

Quando se pôs a ler a conversa, percebeu algumas coisas que eram evidentes. A Rachel que ela conhecia neste momento não era parecida à Rachel feliz que falava com ela naquela altura por aquelas plataforma.

Assustou-se ao sentir a presença de alguém no escritório e voltou-se para a porta.

—Estás bem? – perguntou a morena baixinha, descalça e sonolenta.

— Sim, vai dormir. – respondeu Quinn com um tom preocupado.

— O que estás aqui a fazer a esta hora? Vi luz e pensei que precisavas de alguma coisa.

— Está tudo bem, desculpa se te acordei. – disse a loira enquanto fechava o Mac e se dirigia com carinho a Rachel. – Podes voltar a descansar. – a morena ficou parada a olhar para ela e nada disse, até que Quinn se aproximou e com muito cuidado agarrou a cara de Rachel com as duas mãos e depositou um beijo na sua testa. Inalou o perfume do cabelo dela e quando separou os lábios da testa dela, encostou a face esquerda e fechou os olhos. Rachel, com todo o cuidado do mundo, rodeou-a com os braços e abraçou-a. Quinn deixou.

— Estás mesmo bem? – disse baixinho e ainda naquela posição.

— Estou a processar tudo devagarinho, mas prometo-te uma coisa... – separou-se dela e obrigou-a a olhá-la nos olhos. – Devagar se vai longe!


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Notas finais do capítulo

Isto está quase a acabar... mas alguém tem ideia de se Quinn recupera a memória ou se fica só por flashes? :) Beijinho a todos e muito obrigada por ainda não me terem abandonado! Eu não vos abandono, mesmo que desapareça, volto sempre!