Melodys Poison escrita por Miss Kwon


Capítulo 1
Eins, zwei, drei.


Notas iniciais do capítulo

Quanto você não tem criatividade pra nome de capítulo e acaba colocando one, dois, três em alemão e... o título disso faz algum sentido? what. Vão ler. q



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 Eu sempre detestei lugares lotados. Me sentia muito desconfortável no meio de tantas pessoas me esmagando, então, quando o sinal tocava e os corredores eram preenchidos por toda espécie de imbecil já criada, eu subia até o terceiro andar e me trancava na biblioteca. A sensação de estar rodeado de livros era maravilhosa.

 Porém, eu ouvi um som belo e calmo, se destacava de todo o barulho do pátio. Logo identiquei o som de um piano sendo graciosamente tocado, as notas perfeitas inundando o silêncio na biblioteca, suavemente se apossando dos meus pensamentos e se opondo contra a bagunça incômoda lá de baixo. A melodia complexa e única me arrastou calmamente até a sala de música, no fim do corredor. Abri a porta o mais silenciosamente possível e me esgueirei pelas sombras formadas pela luz fraca do lustre, esperando que a pessoa não me notasse ali.

 Sentei-me no chão bem quieto e assisti o rapaz tocando as notas com uma leveza quase divina. Fechei meus olhos para apreciar melhor o som e então, a tranquildade simplesmente acabou. Ele parou de tocar e se curvou para pegar algo que não pude ver. Permaneci quieto enquanto o via tomando algum líquido que não pude identificar e logo em seguida, deixando o cômodo.

 Suspirei infeliz e fui embora também, sentindo-me tão incompleto quanto a melodia que não escutei por inteiro.

 No outro dia, escutei a mesma canção sendo tocada e corri para lá, me escondendo novamente. Ouvi pouco mais do que no dia anterior antes que o homem tomasse o líquido e fosse embora. E isso se repetiu por semanas a fio. Todo dia eu ia até lá sem que ele soubesse de minha presença e o escutava tocando a graciosa melodia, um trecho a mais todo dia.

 Mas, é claro, como tudo que é bom dura pouco, ele simplesmente se deitou em cima do piano, estremeceu, gemeu baixo e ficou paralisado. Esperei, suando frio, durante alguns minutos até finalmente perceber que ele não iria se levantar dali. Fui até o corpo imóvel com temor e parei para observar o rosto do rapaz. Era jovem, não passava dos vinte anos e tinha uma expressão serena, quase feliz.

 Apoiei os dedos indicador e médio na jugular dele e gelei completamente ao notar que ele estava sem pulso. Comecei a tremer incontrolávelmente, logo percebendo que quando alguém me visse ali, logo me culparia. Me segurei numa das extremidades do piano para não cair, minhas pernas tremiam e meu corpo suava frio, quando então reparei no copo esquecido.

 O peguei com cuidado e tentei sentir o cheiro, mas não senti nenhum aroma. Procurei por qualquer identificação do produto que costumava ficar no copo, mas não encontrei nada. Mas digamos que, hoje, anos depois, eu acabei descobrindo qual veneno matara o filho da diretor em minha presença. A palavra "polônio" fora bastante dita a mim pelas pessoas fora das grades.

 Não, não fui condenado porque a morte do homem foi tida como suicídio, mas me trancaram em algum hospício alegando que eu vira uma pessoa se suicidando lenta e dolorosamente, além de começar a ter alucinações. Alguns anos sob tratamento psiquiátrico, nada demais.

Nada demais.

 Não é nada demais alguns fanáticos te arrancarem a liberdade alegando sua suposta insanidade.

Virei o recipiente de uma vez só na boca, despejando todo o líquido de sabor ruim e sentei-me, esperando seja lá o que viesse e ri. Gargalhei como um verdadeiro Joker.

 Porque lá em cima do piano tinha um copo de veneno, quem bebeu morreu. O culpado não fui eu.


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Notas finais do capítulo

Pode vir dizer se ficou ruim, bom, etc.



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