Windy.

Descemos do carro e fomos em direção a casa. Era uma casa de tom pastel, enorme. Logo apareceu uma garota loira com o Bernardo nos braços.

-Oi. -Ela disse entregando a criança. Eu tive a sensação de que já conhecia, aqueles olhos vazios e cruéis, o cabelo e o modo como ela andara.

Fomos até casa do Arthur, que ainda morava com os seus pais.

-Você deve ser a Windy, Arthur fala muito de você. -Sua mãe disse sorrindo.

-Ah, ele fala? -Disse erguendo minhas sobrancelhas e mandando um olhar para ele, que me puxou para mais perto de si.

-Mãe... Por favor. -Ele a reprimiu.

-Ah, tudo bem. -Ela disse sem jeito. -Bernardo, meu pequeno. -Disse ela se voltando a criança, mudando de assunto.

(...)

-Posso te fazer uma pergunta? -Mordi meus lábios e fitei Arthur. Estávamos na minha casa, enquanto Bernardo ficara com sua mãe na casa dele.

-Fala amor. -Ele disse pegando minhas mãos e olhando nos meus olhos, desviei meu olhar do seu.

-Porque eu tenho a sensação de já conhecer a mãe do Bernardo? -Fiz uma careta.

-Provavelmente porque você já a conhecia. Quando eu vim morar aqui, eu a conheci em uma balada, depois o Dan me contou que ela era da antiga escola dele e que estudaram juntos e o Rafael namorou ela alguns meses antes da formatura e depois também. Enfim, não deu certo. Ela era uma vadia e o Rafael um pegador. -Ele disse e fitei o chão, agora tudo estará claro em minha mente. Ela era a garota que havia me humilhado na festa!

-Ei, está tudo bem?-Arthur me encarou.

-Aham. -Disse meio zonza e afastando suas mãos de mim.

-Então eu venho te buscar amanhã para a festa. Tudo bem princesa? -Ele disse me fitando.

-Claro príncipe. -Sorri e ele levou seus lábios na minha testa.

       Fui para o meu quarto e fiquei procurando algo para vestir para o outro dia. Peguei o pen drive que estará na minha bolsa e fiquei encarando o mesmo. Talvez seja melhor eu esquecer esse lance de "vingar" o que Rafael fez, mas sim começar a ser feliz. Pensando bem foi bom eu ter voltado ao Brasil, estou perto da minha da minha família, dos meus amigos que são poucos, mas são os melhores, e principalmente valeu apena conhecer o Arthur, um verdadeiro príncipe encantado. Coloquei o pen drive numa gaveta ao lado da cama, onde tinha um criado mudo.

Priane.

-Carlos? -Disse ao abrir a porta e dar de cara com ele, tentei fecha-la, mas ele pôs o pé me impedindo.

-Calma Priane! -Ele bufou. -Vim na paz. -Ele disse e eu o encarei.

-Fala logo. -Disse.

-Direta você. Não vai me convidar para entrar? -Ele disse com um sorriso irônico.

-Sim eu sou muito direta, diferente de você. E não você não pode entrar.

-Antigamente eu nem precisa pedir. -Ele disse balançando a cabeça e apoiando a mão na porta.

-Antigamente. -Eu repeti.

-Eu terminei com ela. -Ele disse.

-Ah, você veio me procurar porque terminou com ela? -Dei uma risada e seus olhos encararam minha face, sua expressão era séria.

-Não só por isso. -Disse ele.

-O que eu tenho a ver com isso? Alias fico feliz por ela ter acordado e percebido o cretino que você é e dado um pé na sua bunda. -Eu disse.

-Tem certeza que quer falar sobre isso aqui? -Perguntou.

-Você não entendeu ainda que eu não quero falar sobre isso agora nem amanhã nem nunca? -Bufei.

-Eu terminei com ela! -Ele disse quase gritando.

-O que? -Murmurei, ele balançou a cabeça e me empurrou para dentro do apartamento e entrando também. Foi logo fechando a porta e me fitando.

-Eu terminei com ela para ficar com você. -Disse e eu ri.

-Engraçado, ficamos juntos durante oito meses, oito meses Carlos, e você só me enrolava. Sabia que eu estava mal com toda essa situação e mesmo assim nada

fez! Eu era obrigada a ver você com ela todos os dias e agora que eu cansei de você e descobri que amo outro você vem aqui me falar que. -Ele me interrompeu.

-Terminei com ela, sim terminei. Fui um idiota e demorei em perceber o quanto gosto de você. Não era isso que você queria? Me ver rastejando aos seus pés pedindo para voltar?

-Não, eu queria e quero é que você me deixe em paz.

-Acredito. E não me diga que ama o Cadu se não... -Foi a minha vez de interrompê-lo.

-Se não o que? Eu o amo! -Dei uma pausa. -Sabe o bom de tudo isso? É que eu descobri que o que eu sentia por você não era amor.

-Ah não? -Ele riu. -O que era então?

-Prazer, fazer algo escondido e proibido às vezes é interessante só que prazer, acaba e perde a graça quando se é feito apenas por diversão.

Agora sai daqui agora! -Abri a porta e o empurrei. -Esquece que eu existo babaca. -Fechei a porta na sua cara e tranquei. Eu estava com uma ideia fixa na mente, quer saber? Dane-se, cansei de só pensar e não agir. Peguei meu celular e liguei para a Windy que atendeu com uma voz de sono.

-Alo?! -Disse ela.

-Desculpa, mas preciso do teu favor.

-Fala. -Ela murmurou.

       Pedi a ela para pedir para o Dan descobrir onde o Cadu estará. E não demorou muito para ela me retornar com a resposta. Ele estará num lugar próximo daqui, peguei meu carro e fui até o endereço. Era um parque de diversões, tinha muitas pessoas. Comecei a caminhar e quando já estava quase desistindo quando vejo o com um grupo de garotos rindo. Aproximei-me da rodinha de pessoas, todos me olharam e começaram a dar cotoveladas no Cadu, que ao encontrar meus olhos mudou sua expressão de sério a surpreso. Caminhou até mim e me encarou.

-Priane? -Ele disse.

-É assim que as pessoas me chamam... -Disse fitando o chão.

-Achei que essas horas você estivesse com o Carlos...

-Por quê?

-Ele disse hoje lá no shopping que terminou com a Roberta e que ia "tirar" você de mim. -Ele disse fazendo aspas.

-Eu sei, ele me procurou hoje. Mas depois de tudo que eu disse acho que ele vai me deixar em paz finalmente.

-Como você sabia que eu estava aqui? -Ele perguntou.

-Dan. -Sorri de canto.

-Aaaah. -Ele assentiu. -Olha... Pri eu acho que comecei errado com você, sabe essa parada de meio forçar você a -O interrompi dando um passo rápido e colocando o dedo nos seus lábios para silencia-lo.

Cadu pegou minha mão, e a segurou.

-Porque você veio atrás de mim? -Ele disse e eu revirei os olhos.

-Lerdo você. -Coloquei a mão no seu rosto e o beijei.

(...)