When You Find Me - Hiatus escrita por CGAA


Capítulo 19
What . The . Hell . ?


Notas iniciais do capítulo

http://bb-da-demetria.tumblr.com/post/31281359931/annes-gift
eu tava atoa esses dias entao , .. sdkpsdkpdskpdskdskpdskp .
Digamos que seja o presente que a Anne deu pra Nessie ;)
Boa leitura ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/238006/chapter/19

POV NESSIE


Haniel e Anne conversavam animados com meus pais. Falavam sobre a escola, sobre como vai a vida, Deus... Esforcei-me pra não rir quando Haniel pedia – na maior cara de pau –, concelhos a Bella e Edward sobre como é a profissão deles e uma ajuda de qual “profissão” ele deveria seguir. Anne estava do mesmo jeito. Não podíamos olhar uma para a outra ou para Haniel. Caso contrário, não conseguiríamos conter a risada. Anjos podiam mentir assim? Mas no meio disso tudo faltava uma pessoa. O que deu em Jacob para que ele desaparecesse assim? Me levantei, dei um beijinho em Victoria que estava sentada na cadeira dela ao meu lado – agitada desde que Jake subiu – e depois subi as escadas rapidamente. Os olhares de todos me acompanharam, porém nem era preciso perguntar para saber que eu estava indo atrás dele.

Meu alvo inicial foi o banheiro. Ao vê-lo completamente vazio, meu coração começou a se acelerar. Talvez isso tudo fizesse parte da “surpresa” que o mundo inteiro sabia, exceto eu. Eu esperava desesperadamente que fosse isso. Imaginava o que poderia ser. Apenas tentava soterrar o medo que começava a preencher toda a minha mente e o meu corpo. Dado os fatos ocorridos hoje, eu podia ter a completa certeza de algo pior estava por vir. E então todo o meu corpo começou a ficar mole enquanto minha cabeça ia se clareando. Fechei os olhos ao mesmo tempo em que mordia o lábio. Ambas as ações usando uma força digamos que exagerada, na tentativa inútil de evitar que as lágrimas surgissem.

Eles queriam Victoria, porém precisavam do meu consentimento.

Ou seja, eles chegariam a mim de todas as formas possíveis.

Meu ponto fraco?

As pessoas que amo.

Se eles não podem chegar a Victoria, chegariam a mim da pior forma possível.

Quem abaixo de Deus e diferente de Victoria eu amo com a mesma intensidade que amo a minha própria vida? Ou até mais? A resposta era obvia até de mais. Porém lembro-me muito bem das palavras da garota. “Como se esses pirralhos tivessem a guarda dela e o segurança fosse o próprio Criador”. Esses pirralhos, ou seja, não se tratava apenas de mim. Ele também poderia dizer o “sim” que aqueles filhos da mãe precisavam. Se eles queriam chegar a Victoria por nós, sua arma mais potente seria destruir-nos. Talvez a melhor forma seria submeter-nos a algum tipo de tortura, física ou até mesmo psicológica. Não precisaria de muito argumento para ter a certeza de que eu não suportaria vê-lo sofrendo. E ele o mesmo. Ele não suportaria me ver sofrendo. Tanto com a porcaria da dor física ou talvez vendo eu me destruir aos poucos, ocupando meu tempo em me preocupar com ele, sentindo sua falta e talvez até mesmo me esquecendo de Vicky. Eles esperam que isso aconteça. A questão é que: eu abriria mesmo mão das pessoas que eu mais amo assim tão fácil?

Deus me mostrou uma vida com os dois. Vivendo como uma família assim como eu tinha pedido no dia em que ela nasceu. Eu me conformaria assim tão fácil se Ele me tirasse Jacob? Claro que Ele tinha – e tem – o direito de tirá-lo de mim, mas... Ele faria mesmo isso? Fora o nosso principal defeito – o desejo absurdo que temos um pelo outro –, absolutamente todo o resto estava se tornando perfeitamente santo. Até Vicky estava indo na igreja conosco e por algum motivo – não duvido nada de que seja sobrenatural –, ela se portava como um anjo. Bom, ir à igreja não faz de ninguém um santo, porém... Aprendíamos cada dia mais sobre esse Deus tão... Magnifico do qual hoje temos prazer em adorar. A cada dia nos tornávamos mais próximos do modelo ideal de um adorador e sim, minha vida não poderia estar melhor. O que fizemos de errado para que isso acontecesse? Ou então, por que não fui eu a “sequestrada”? Fui até a ponta da escada, fixando meu olhar exclusivamente em Haniel. Logo ele percebeu olhando pra mim com a mesma intensidade. Querendo ou não, vários sentimentos passavam por seus olhos azuis. Confusão, compaixão, medo... Ele provavelmente já percebeu o que minha mente me dizia – gritava seria uma palavra melhor? –. Fiz um sinal com a cabeça indicando que era pra ele subir. Ele esperou uns cinco segundos e se levantou dizendo um humilde “com licença”.

– Filha, tá tudo bem? – Edward perguntou erguendo a voz no rumo da escada. O que eu diria pra ele? Que demônios provavelmente sequestraram o meu namorado?

– Tá sim pai. Eu... Eu já tô descendo – ele deu de ombros, porém pude ver claramente uma ruga se formando em sua testa. Ele conhecia esse tom de voz que mesmo involuntariamente acabei usando. Algo estava errado. E ele sabia disso.

Haniel apenas olhava nos meus olhos do mesmo jeito que me olhava quando nos vimos pela primeira vez. “Fique calma meu anjo. Eu estou aqui somente por você. Portanto, enquanto eu continuar aqui, nada vai te acontecer”. Ele sussurrou baixinho contra o meu cabelo enquanto me envolvia em um abraço apertado, de certa forma reconfortante, protetor. E não. Não estou tendo uma recaída pelo meu anjo. Ele só... Está por perto quando preciso dele. Não como apoio ou... Estepe. Como um amigo. Ou melhor, um ‘irmão mais velho’. Então todo o seu corpo se enrijeceu. Afastei-me dele procurando o alvo de seu olhar, que estreito se fixava em alguma coisa invisível no chão.

– Ness... Olha isso aqui – ele andou diretamente ao ponto fixo no chão. Sua voz era séria. Acompanhei-o podendo visualizar melhor um fino pozinho amarelado. Não é possível que seja mesmo isso. – O que acha que é? – ele perguntou querendo saber minha opinião, porém ele já sabia muito bem o que era. Passei dois dedos sobre o pó e levemente senti seu odor. Mais do que depressa o afastei.

– Urgh. Meu Deus Haniel, é isso mesmo que eu estou pensando que é? – ele suspirou pesadamente, concordando comigo.

– Sim Ness, enxofre. Alguém esteve aqui – ele bufou. – Isso é meio óbvio de mais, mas... Esse lugar está cheio de uma energia que eu juro que já senti – eu apenas o olhava com as sobrancelhas unidas, o semblante aflito, tentando acompanhar seu raciocínio ou no mínimo ajuda-lo a se lembrar de alguma coisa. – Puta que pariu Ness! – ele exclamou do nada fazendo com que eu me afastasse subitamente com os olhos arregalados. – Como eu pude ser tão burro a ponto de não perceber? Anda, qual é o nome daquele playboyzinho nogentinho do olho verde que mesmo sem se pronunciar vivia de olho em você e na Anne? – para que ele falasse assim...

– Josh Haloway? Ele vivia de olho na gente?

– Meu Senhor Jesus Cristo – ele falava ainda baixo, porém sem deixar de lado a ênfase que deu no nome. Agora a porra ficava definitivamente séria. – Sabe quem são seus pais ou qualquer outra pessoa da família dele? – balancei a cabeça negativamente. – Então eu estou descendo. Para todos os efeitos Jacob está com pressão baixa ou qualquer outra coisa que você poça inventar. Você vai perguntar aos seus pais se eles conhecem alguém da família Haloway e quero que saiba Ness. Todo esse bagulho sobrenatural aí, não vai continuar escondido deles por muito tempo. E se brincar, até a Anne será envolvida. Quero que tome cuidado Ness. Cada passo que você dá... Todos sabem bem que seu ponto fraco é o sentimento que você tem por essas pessoas. E eles vão lutar com todas as armas que tiverem – mordi o lábio com força.

– Sei disso – ele assentiu, o semblante ainda sério. E então se dirigiu a escada como se tudo estivesse em perfeita ordem. Fiquei apenas escutando a conversa no andar de baixo.

– O que foi com ele Haniel? – Edward perguntou. Por que ele estava tão interessado em Jacob hoje?

– Parece que ele não está bem, não sei ao certo o que foi. Apenas sei que ela está lá cuidando dele.

Anne conseguiu pegar o meu olhar. Eu podia muito bem traduzir o dela como “Eu sei muito bem que tem algo acontecendo e a senhorita não me atualizou de tudo. E nem tente esconder de mim Ness, eu vou descobrir”. Ah, que droga Anne. Por que você tem que ser tão curiosa assim? Xingando todos os palavrões que sabia mentalmente, fui para o meu antigo quarto no mesmo instante que vi minha mãe subindo as escadas. Enquanto ouvia seus passos lentos se aproximarem, beijei as costas da minha mão, exagerando um pouco no barulho.

– Também te amo Jake – saí do quarto fechando a porta. Ela apenas me olhava séria, os braços cruzados.

– Quero que me diga o que está acontecendo Ness. Se quiser dizer que não é nada e que está tudo bem diga isso, porém olhando no fundo dos meus olhos – ela sabia mesmo que as coisas não estavam como deveriam estar. Eu iria mesmo dizer toda a verdade pra ela?

– Eu não sei mãe. Ele parecia tão bem...

– Eu quero vê-lo – ela disse convicta fazendo meu coração falhar uma batida, podendo sentir meu corpo perder a temperatura. Meu Senhor.

– Não mãe, eu... Eu tenho certeza que é só uma crise e... Já vai passar – burra, burra, burra. Nós duas. Eu por dar o primeiro sinal que não queria que ela entrasse lá mesmo quando tudo estava “bem”. Bem mal, isso sim. E ela burra por ter percebido, por não saber no que estava se metendo.

– Deixe-me vê-lo então ué. Sinceramente Ness, você sabe muito bem que eu só tenho olhos para o seu pai. Não vai fazer mal nenhum se eu ver como o namorado da minha filha está – suspirei derrotada. Eu não conseguiria fugir dela.

– Sabe mãe, eu não deveria, mas vou te falar tudo o que quiser saber. Porém vai ser na frente do meu pai e depois que a Anne ir embora, já estou envolvendo pessoas de mais na onde não devia – ela franziu a testa, seus olhos transbordavam preocupação.

– Pelo amor de Deus, Renesmee – ela fechou firmemente os olhos, fechando sua mão ao redor do meu braço. Não chegava a machucar, ela só... Só esperava que de alguma forma eu estivesse mentindo pra ela. Seja qual for o problema, ela só queria que ele não fosse real. – Com que diabos vocês se envolveram?

– Já falei mãe. Deixe a Anne ir embora primeiro. Se eu coloca-la no meio disso tudo eu nunca vou me perdoar – ela assentiu suspirando, mas depois estreitou os olhos.

– Por que você está assustada somente com a possibilidade da Anne se envolver? O que o Haniel tem realmente a ver com você Renesmee? – sorri.

– Nada que afete minha relação com Jacob – ela continuou com os olhos estreitos, mas depois relaxou a expressão. – Mãe... Como eu... Vou manter a Anne afastada disso tudo? – perguntei com a voz não mais alta que um sussurro. Ela mordeu o lábio e me abraçou.

– Ela vai descobrir não vai? – assenti, ela suspirou. – Eu sinceramente não sei Renesmee. Vamos... Tentar agir normalmente – assenti descendo as escadas com ela.

Assenti mesmo sabendo que nada adiantaria. Anne pegaria cada olhar meu. Perceberia que eu não estava agindo normalmente. Eu poderia ser uma atriz ou qualquer outra coisa do tipo que ela perceberia. Ela me conhecia bem o suficiente.

– E então Bella? – meu pai perguntou.

– Bom... Parece que o jantar não vai sair como o planejado – Edward fez uma cara tipo “droga, porque aquele filho da mãe tinha que estragar tudo?”. O que todos eles estavam aprontando?

– Bom... Vocês podem, por favor, me falar o “plano” pra esse jantar?

– Todo mundo gostaria de explicar Ness, mas nós literalmente, não podemos – ela se esforçava pra não começar a rir enquanto adaptava as palavras de Lua Nova à nossa situação. – Você já teve um segredo que não podia contar a ninguém. Que não podia contar por que não era seu? É o que acontece com a gente. Mas é pior. Você não faz ideia do quanto a gente está preso a isso – então acompanhando ela nas gargalhadas, estavam meus pais e Haniel, enquanto sorrindo, eu revirava os olhos.

– Claro, claro – tentei imitar a voz de Jake fazendo apenas com que eles rissem mais ainda.

Continuamos o jantar comendo, conversando, rindo... Eu tentando com todas as minhas forças me concentrar em outra coisa que não fosse ele... Tirei Vicky do meu colo apenas para comer. Tanto eu a acalmava quanto ela me acalmava. Até que Bella e Edward tiraram a mesa – isolando-nos de certa forma. Anne então me “puxou” para o sofá. Esperou apenas que eu pagasse Vicky. Haniel sentou-se ao nosso lado, pensamento distante...

– Então meus queridos amigos. Parece que alguém aqui está ficando de escanteio quanto a alguns assuntos. Que tal vocês me falarem o que está havendo? – antes que houvesse tempo para que a preocupação tomasse conta de mim, sorri pra ela.

– Você se lembra Anne, das palavras que usou pouco tempo atrás pra não me falar o que vocês estavam aprontando? Faço delas minhas palavras – Haniel riu enquanto ela fechava a cara e eu continuava sorrindo.

– Mas o que todos nós estamos escondendo é uma coisa boa. Pela sua cara, o que você está escondendo não é uma coisa boa – suspirei desviando o olhar.

– E... É exatamente por isso que eu não quero te contar – Victoria começou a puxar manhosamente o decote da minha blusa. Cobri-a com uma manta enquanto a amamentava.

– Isso é meio estranho, mas... É tão fofo. Dá vontade de morde vocês duas – revirei os olhos sorrindo enquanto Haniel ria. Depois ela balançou a cabeça como se quisesse se esquecer de alguma coisa. – Não, não, não e não. Eu não vou mudar de assunto Nessie. Você vai me contar o que é, entendeu? – droga. Eu esperava mesmo que ela esquece tudo isso.

– Sabe Anne, já ouviu aquela velha história de que a melhor maneira de acabar com uma pessoa é fazendo mal às pessoas que ela ama? – ela suspirou assentindo. – Eu posso parecer forte e fria quanto a quase tudo, mas... Todo mundo sabe esse é o meu ponto fraco. Victoria, você, a minha família... Embry, Quil, Brad...

– Jacob e Haniel não estão inclusos? – ela estreitou os olhos.

– Jacob foi o primeiro da lista Anne – respondi sem humor. – Haniel da conta do recado. Eu não posso perder mais ninguém. Eu nunca vou me perdoar se mais alguém desaparecer por culpa minha. Entende isso?

– Mas... Jacob não estava aqui? – ela perguntou depois de um tempo.

– Alguém esteve aqui. E de certa forma, eu sou responsável por todos vocês – completei depois de um tempo. – Você sabe muito bem Anne, o quanto você é importante pra mim. Eu te amo e... Eu não quero tudo isso pra você – falei quase tremendo, as lágrimas começando a cair.

– Você quer que eu te deixe para o meu bem, certo? – ela perguntou já me abraçando. Assenti. – E deveria não concordar com isso. Deveria te contradizer e brigar com você por você não querer me dizer... Mas isso seria egoísmo de mais. Eu estaria pensando só em mim mesma e jogando pela janela tudo que você teme. Sabe, você não sabe como dói concordar com isso. Como me machuca saber que você tá carregando todo esse peso sozinha e que eu não posso te ajudar. Te ver assim por causa dessas pessoas e não poder fazer nada.

– Você não tem culpa meu anjo. É apenas algo que está fora do nosso controle. E... Você tem que pensar em você. Pensar nas pessoas que se importam com você – ela bufou, ainda sem me largar.

– Isso sim seria egoísmo. Deixar a minha irmã aqui sofrendo sem poder fazer nada – ela bufou de novo enquanto um largo sorriso surgia no meu rosto.

– Anne, você tem o Embry, a sua família, os seus outros amigos... Você ainda tem a vida toda pela frente.

– E você não? Tudo bem que o ponto que você quer chegar é que você já passou pela maioria das experiências regulares que uma pessoa passa durante a vida. Mas e a Vicky? Vai abrir mão dela também?

– Claro que não Anne, pelo amor de Deus.

– “For The Love of a Daughter” – revirei os olhos sorrindo enquanto ela ria de leve.

– Ainda não entendi a referência, essa música não tem nada a ver com a situação atual – ela riu alto e então se levantou quando Skyscraper começou a tocar.

– Mãe? – pausa. – Ué, mas não iria ser só na segunda? – outra pausa. – Tá, tá bom mãe, já estou indo, beijos. – Ness, se lembra daquela minha prima de Londres? – assenti. – Bom, ela chegou hoje e... Eu terei que ir lá.

– Sua prima é tão chata assim? – ela revirou os olhos sorrindo.

– Não é isso também não chata. Eu só... Não queria te deixar sabe... – ela riu, mas depois deixou a expressão séria, olhando nos meus olhos. – Eu posso te pedir uma coisa?

– Claro Anne, como não?

– Com Jacob ou sem Jacob, com Victoria ou não, eu, seus pais... Você vai me prometer que não vai se distanciar de Deus em momento algum. Jacob e qualquer um outro podem te amar mais do que qualquer coisa, mas no final de tudo quem vai te dar o apoio que você precisa vai ser Ele. Sabe disso não sabe? – assenti.

– Sei sim Anne. Bom, foi Ele que me deu certo? Se eu aceitei as coisas boas com prazer, por que também não poderia aceitar as coisas ruins? – ela sorriu.

– Isso é bom Ness. Poucos sabem que o “deserto” é um lugar de crescimento espiritual. E você pode ter certeza, amiga, que os maiores milagres acontecem nele. Keep calm porque Deus tá com você. E... Eu não sei o que você vai fazer daqui pra frente, mas... Você sabe onde me encontrar – sorri enquanto ela me abraçava com força. – E seja qual for o problema, se eu puder te ajudar eu quero ser comunicada ok?!

– Ok meu anjo. Muito obrigada por tudo. Se cuide.

– Pode deixar – sorrindo ela me deu um beijo na bochecha e se levantou dando um abraço em Haniel. – Espero te ver mais vezes meu anjo – ele sorriu.

– Bom, veremos aonde tudo isso vai dar, mas se Deus quiser você vai me ver de novo sim.

– Tia Bella, tio Edward, já estou indo.

– Já criança?! – minha mãe perguntou vindo ao seu encontro.

– Minha prima chegou de Londres hoje, minha mãe quer que eu esteja lá – Bella assentiu abraçando-a.

– Entendo. Bom, obrigado por ter vindo anjo, foi ótimo ter vocês aqui. Nos vemos amanhã certo?

– Certo – e então ela apertou a mão de Edward como sempre fazia. Ele nunca foi tão sociável para que ele saísse abraçando qualquer um. Anne não era qualquer um e ele sabia disso. Era mais... Força do hábito. – Obrigado Edward, foi ótimo estar aqui hoje.

– Eu que agradeço Anne. Sei a diferença que você fez aqui hoje, tanto pra ela quanto para todos nós. Obrigado.

– Não foi nada Edward. Bom, vou indo – eles sorriram. – Tchau pessoas. E faz o que eu te pedi Nessie – ela sussurrou baixinho perto do meu ouvido. Apenas assenti. – Beijos.

Observei-a indo embora. Passos lentos, sérios. Se ela já estava preocupada por não saber de nada imagine se soubesse o que era? Ou então... Ter falado tudo pra ela amenizaria tudo? Todos nós dávamos a entender que a situação era a pior possível. Não sabendo o problema, as possibilidades passariam pela mente dela deixando-a ainda mais preocupada. Eu deveria contar tudo pra ela logo, amanhã? Não Renesmee, pense um pouco. Você estaria colocando-a no meio disso tudo. Seria pior.

– Haniel, querido, você não iria com a Anne? – Bella perguntou, pude ver que ele sorriu.

– Bom, eu acho que ainda temos alguns assuntos para por em dia, certo? – ela assentiu séria puxando Edward para o sofá junto com ela. Meu pai logo estreitou os olhos.

– Esses “assuntos” do qual que estou totalmente por fora, tem a ver com o Jacob? – assenti. – O que aconteceu com ele?

– Ele foi sequestrado, eu acho – respondi me surpreendendo com a frieza que as palavras saíram. Ambos arregalaram os olhos.

– O possível amor da sua vida é tirado de você assim e você fala como se fosse uma coisa normal? Aonde estão seus sentimentos Renesmee? E como isso aconteceu sendo que ele estava aqui há pouco tempo atrás e nós não percebemos nada? – meu pai perguntou atônito.

– Ele abriu mão dele mesmo por todos que estavam aqui Edward – Haniel respondeu. – Se ele gritasse ou chamasse alguém, isso seria o mesmo que envolver todas essas pessoas no meio, incluindo deixar Victoria exposta a alguém como a pessoa que o sequestrou. Tudo bem que Jacob era alto e forte, mas contra o sequestrador ele não tinha chance.

– E qual é a diferença deste sequestrador para os outros? E como você sabe de tudo isso? – minha mãe perguntou, os olhos estreitos como se Haniel fosse o “bad guy” daqui.

– Ele não era humano Bella – meus pais arregalaram os olhos e fizeram expressões tipo “o quê? Só pode tá curtindo com a minha cara”. Sorri. – E eu sei disso porque também não sou humano. Eu sou um anjo – ele riu com a própria piada sem graça me fazendo revirar os olhos sorrindo. Meus pais apenas continuavam com a expressão “que porra é essa?”. – Bom, literalmente – e então um raio caiu do céu iluminando todo o ambiente, revelando-nos suas belas asas negras. Me perguntei se a cor das asas varia conforme o anjo dono delas ou se é essa mesmo. – E Horan foi o primeiro sobrenome que me veio na cabeça. Meu nome é só Haniel mesmo. Digamos que eu tenha sido escalado para ser o anjo da guarda da filha de vocês. Bom, todo mundo tem um anjo da guarda, porém eles são criados justamente para essa função, ou seja, agem exatamente de acordo com o podemos chamar, “protocolo celestial”. O que quer dizer que eles não se revelam. Talvez tenham outros anjos aqui, protegendo vocês dois, eu não posso dizer. Como príncipe de uma das categorias dos anjos, a das Virtudes, minha missão era cuidar das pessoas quanto à saúde física e espiritual, claro, as que fossem indicadas a mim; remover qualquer obstáculo que interferiria no perfeito cumprimento das coisas; promover o encontro entre duas almas gêmeas...

Meu queixo caiu nessa hora. Bom, não só o meu. Então ele que “promoveu” o encontro entre mim e Jake? Mas... Ele não estava “apaixonado” por mim? Por que então ele fez questão de expor que estava gostando de mim? Por que eu ele simplesmente não me deixou quieta? Isso eu tiraria a limpo depois.

– É. Ainda me lembro daqueles livros que eu derrubei unindo mais um casal – ele riu desviando o olhar. – Lembra-se deles Bella?

– Agora sim então está explicado o porquê daqueles livros terem caído – minha mãe disse depois de um tempo. Sorri enquanto meu pai beijava o topo da cabeça dela. – Mas isso não vem ao caso. Por que diabos Jacob seria sequestrado?

– Bom, voltando ao assunto inicial, eu não nunca fui um anjo da guarda, ou seja, não tinha prática alguma, cometendo um dos maiores erros logo no primeiro dia. Sabendo do começo, podemos pular para a parte que interessa. Bella, Edward, sua filha realmente se “protegeu” contra a concepção de Victoria, o que nos faz voltar àquele 25 de julho onde mencionei que Deus havia permitido que ela nascesse por algum motivo especial, do qual todos nós desconhecemos. Bom, digamos que hoje à tarde tivemos uma visita nada agradável, nos revelando algumas coisas importantes como Victoria é de grande importância tanto para céu quanto para inferno e que ela era protegida por algum ser muito poderoso, talvez o próprio Deus.

Sorrindo ele fez uma pausa esperando que meus pais absorvessem tudo que acabaram de ouvir. Ambos mantinham o semblante atônito. Mas também, em um dia tudo era perfeitamente normal, no outro, anjos, demônios e até o próprio Senhor. Não conseguia conter o sorriso. Senhor e Senhora Cullen. Ambos nacionalmente conhecidos tanto por suas causas invencíveis quanto por suas criações arquitetônicas, hoje tomando conhecimento de todo o mundo sobrenatural que existe ao nosso redor. Eu ria internamente das expressões que eles faziam. Haniel murmurou baixinho um “será que eu posso continuar?”. Apenas assenti, ainda sorrindo.

– Se estamos falando de seres sobrenaturais, essa visita desagradável foi um... De... Demônio? – Haniel sorriu a primeiro momento, porém assentiu suspirando. – Senhor Jesus Cristo – Bella murmurou. Edward continuava de cabeça baixa, esfregando-a como se estivesse com dor de cabeça enquanto eu ria levemente fazendo Victoria arrotar. Diante de tal cena parei de rir imediatamente, meu coração já se apertando, querendo expulsar as inúteis lágrimas que se formavam. Tudo doía diante da falta dele.

– Este mundo sempre existiu Bella. A questão é que apenas alguns têm a permissão ou algum motivo para se envolverem com ele. Sabe, demônios como esse estão espalhados pelo mundo e inúmeros humanos convivem com eles e não percebem, claro, como perceberiam? Eu mesmo deixei com que o suposto sequestrador do seu genro passasse ileso. Humph.

– Calma, calma, calma. Espera aí. Genro? – em meio ao clima ruim meus pais sorriram. E sim, foi a principal parte da fala dele que me chamou a atenção. Preciso responder por quê?

– Sim filha, Jacob tinha a nossa permissão para se casar com você – Edward se manifestou. – Ele mesmo veio aqui ontem à tarde e nos pediu a benção. Até nos mostrou o anel que particularmente era lindo.

Apenas abaixei a cabeça fitando minha filha com dificuldade. Não consegui segurar as lágrimas que caíam violentamente enquanto eu via o pedacinho dele que pode continuar comigo. O cabelo negro como a noite, os olhinhos castanho escuro, o sorriso... Tudo isso ela puxou dele. E ele iria mesmo se casar comigo. Estava mesmo disposto a se comprometer comigo oficialmente, dividir o resto da sua vida comigo... Nunca odiei tanto um demônio como agora. Antes eles já não tinham crédito comigo – por causa de Sobrenatural –, agora que eles me afetavam diretamente então... Obriguei-me a parar de chorar, prometendo a mim mesma que iria lutar com todas as minhas forças para ter Jacob de volta – nem que isso custasse a minha própria vida.

– Anda logo Haniel. Me ignora e vai direto ao ponto.

– Tudo bem então. Algum de vocês conhece algum Haloway?

– Conheço John Haloway – meu pai completou depois de um tempo. – Ele também é um advogado do mesmo escritório do qual eu trabalho. Já que estamos falando dessas porcarias sobrenaturais mesmo, dizem que a mulher dele, Jane Volturi, tem alguma coisa com magia negra ou qualquer coisa desse tipo. Não só ela, mas toda a família Volturi. Dizem que eles tem mesmo parte com Satã e que podem até comprar a sua alma.

Victoria se encolheu nos meus braços enquanto eu me arrepiava. Que horror. Agora pouco eu ria dos meus pais, mas estava completamente aterrorizada com essa nova realidade. O que me protegeria agora? Palavras em latim? Pai, cuide da minha princesinha por mim. Proteja o amor da minha vida de quem quer que seja e... Onde quer que ele esteja. Pedi mentalmente. Sabia muito bem que era Ele que cuidaria dessas duas partes de mim.

– Agora sim estamos progredindo. Isso ajuda muito Edward. Tem mais alguma informação útil? – meu pai suspirou e então assentiu.

– Quanto ao comércio de almas eu nunca tive real conhecimento. Apenas sei que... Conhecendo hoje o bom caminho, posso dizer que eles “trabalhavam” atraindo pessoas para o mau caminho, como drogas, prostituição... Tráfico...

– E como você sabe de tudo isso pai? – perguntei com os olhos estreitos. Minha mãe também o olhou como se estivesse fazendo dela a minha pergunta.

Ele suspirou fundo antes de continuar, fazendo com que meu coração falhasse uma batida.

Já trabalhei para os Volturi.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!