Pequena Saliência escrita por Firefly Anne


Capítulo 1
Coletânea


Notas iniciais do capítulo

É a minha primeira o/s na categoria "A Infiltrada". Espero que gostem e comentem, é claro!



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Pequena Saliência

[...]


- Momento 1-


Sentindo o frescor da brisa do mar tocar a sua face, Alan suspirou. Nunca havia parado para pensar que um dia estaria de folga na NSA e que estaria curtindo uma praia na companhia de Claire – a sua novata. Tirou os óculos de sol dos olhos, levando algum tempo para se acostumar com a forte claridade do sol que estava logo à sua frente, ele varreu seus olhos por toda a praia. Alguns adolescentes estavam surfando – aproveitando que as ondas estavam propícias para o Surf; algumas mulheres estavam aproveitando o sol daquele verão quente na Califórnia com seus minúsculos biquines.

Encarando o mar pela primeira vez, ele a viu. Perfeita como sempre, não havia mudado muita coisa. Seus seios estavam maiores – apesar de não poder apertá-los tanto quanto queria; a silhueta esbelta estava maior e mais delgada na fronte. A barriga de seis meses de Claire, tão pontuda quanto a ponta de uma faca inebriava Alan.

Em apenas três meses o fruto daquela relação chegaria ao mundo. Ele não podia ficar mais ansioso.

Colocou novamente os óculos em seus olhos, e passou a observar milimetricamente os movimentos de Claire Evans. O modo como ela brincava na água, não se importando em ser taxada como uma adolescente. Estava aproveitando o que lhe fora privado por tantos anos pela máfia que matou seus pais. A forma como ela corria sempre que uma onda vinha em sua direção, deixando-se em seguida ser levada pelas águas salgadas. O sorriso amplo que rasgava a sua face. Seus olhos brilhantes. Tudo.

Seus olhares se encontraram e Alan viu-se como sempre hipnotizado por aqueles olhos penetrantes. No entanto ele não desviou. Claire lhe enviou um beijo pelo ar, e como se fosse a porra de um baitola apaixonado ele agarrou-o e guardou no coração. Aquele mesmo coração que tantas vezes ele alegou não existir, agora galopava unicamente para duas pessoas: Claire e Sarah.

— Te assustei! — nem percebeu quando a mulher correu ao seu encontro, percebendo sua presença apenas quando o peso do seu corpo fora depositado em seu colo.

— Sonha, novato. Sonha — sorriu, mostrando todos os perfeitos dentes brancos. A ex-infiltrada enlaçou o pescoço do general, grudando seus lábios aos dele.

— Apenas uma vez admita, general. Você foi surpreendido por uma mulher — provocou mordendo seus lábios.

— Surpreendido eu fiquei quando descobri isso — tocou a barriga de Claire.

— Não mais do que eu — admitiu, colocando suas mãos sobre as de Alan. No local onde a mão do casal estava apoiada, fora o local escolhido por Sarah para chutar.

— Ela mexeu! — exclamou Claire. — Você sentiu? — seus olhos brilhavam quando ela perguntou a Alan. Ele tão somente assentiu, apalpando mais lugares da estufada barriga da ex-infiltrada para sentir mais da presença de Sarah.

Onde ele tocava a menina chutava.

— Ela gosta de mim — Alan balbuciou, encantado com o poder que a paternidade o havia mudado.

— Impossível não gostar de você — beijou-lhe mais uma vez nos lábios, correndo para a barraca que eles estavam dividindo.

— Você não pode...! — Gritou, mas era tarde demais. Queria avisar que ela não podia correr, mas a desgraçada, como sempre, não lhe dera ouvidos.

- Momento 2 –


— Se hoje fizer frio, você vai me esquentar? — Claire perguntou debilmente, enquanto arrumava os lençóis dentro da barraca. O dia havia sido muito agitado para ela, e tudo o que ela mais queria era enroscar-se nos grossos braços do general e adormecer.

— Não. Eu mandei você trazer mais lençóis. E o que você me disse? — perguntou, abruptamente desviando a atenção do livro que estava lendo. — "Deixa de ser rabugento, Alan! A Califórnia não faz frio!", imitou precariamente a voz da ex-infiltrada. Claire jogou um travesseiro na testa de Alan, que levou as mãos até o local atingido como se o que lhe tocou fosse uma barra de ferro e não um travesseiro de plumas.

— Não sabia que iria fazer tanto frio — murmurou dengosa. Cobrindo suas mãos que fugiam do casaco.

— Você só precisava largar de ser rabugenta e me ouvir — lambeu seus dedos, e virou a folha do livro.

— Mas... — tentou argumentar.

— Você está atrapalhando a minha leitura — rosnou.

— Mas... — tentou outra vez.

— Ao contrário de certas pessoas, eu pretendo estar preparado para quando a minha filha fizer cocô na fralda — alfinetou.

— Se você está aprendendo, por que eu também precisaria de aulas sobre como trocar a fralda de um neném? — indagou, erguendo suas sobrancelhas.

— Porra, novato! Você é a mãe! — indicou com o polegar o ventre esticado.

— E daí? Se eu estou grávida a culpa é sua! — acusou.

— Nossa! — envergonhado, ele apontou para ambos.

— Mais sua do que minha — ela provocou.

— Que se foda, novato! — quase gritou.

— Gege — chamou pelo apelido que sabia que ele odiava. Quando ele a olhou, seus olhos refletidos em fúria, ela mordeu seu lábio inferior e respondeu: — Se não fosse essa barriga, eu me foderia sim. Apenas para você. — Gargalhou com a expressão dele.

— Não é hora para brincadeiras, novato... — avisou.

— Sarah está com frio — mudou abruptamente de assunto. Engatinhou até ficar colada a Alan e passou seus braços pelo peito duro dele. — Bem melhor agora. — Suspirou, sentindo o cheiro masculino lhe atingir até adormecer.

- Momento 3 -


Quando a pequena Sarah falou a sua primeira palavra "mamãe", Claire não conseguia guardar tanto amor dentro do seu peito.

— Você falou mamãe? — pediu emocionada. Sarah tocou suas miúdas mãos na face da mãe, e repetiu:

— Mamã— Claire chorou. Agarrando o corpo pequeno da filha e amassando-a em seu peito molhado de lágrimas. Alan que assistia tudo emburrado apenas não compreendia porque a primeira palavra da filha foi exatamente para aquela desgraçada.

Seria justo que a primeira palavra que a sua filha pronunciasse fosse "papai". A hierarquia mais alta daquela casa era ele, ora essa!

Apenas três semanas depois, que ela pronunciou lindamente "papá". E com passar de um mês, Sarah conseguia pronunciar "mamã e papá".

- Momento 4 -


— Papai — Sarah lhe chamou. Com apenas seis anos de idade a garota era a cópia exata de Alan. Os profundos olhos verdes que herdou do pai, e os cabelos longos e lisos cor de cacau de sua mãe, Claire. — Mamãe disse que eu posso ficar com o tio Luke e Nora no fim de semana. — Disse, constrangida olhando para os seus pés.

— Não, você não pode. — Rosnou terminando de ajustar as três estrelas no peito. — Luke não é uma boa companhia para você. — Grunhiu apenas ao se lembrar do alienado do Luke. Era bem capaz da sua filha aprender as manias esquisitas daquele rapaz. Mesmo depois de ter se passado mais de dez anos desde os treinamentos na NSA e ter conseguido finalmente se casar com Nora, o homem ainda tinha o hábito de pronunciar o quanto as coisas eram "filhodopaimente" legais. Bufou ao se lembrar dessa expressão ridícula.

— Luke é legal! — contrariou o pai. — Legal não, ele é filhodopaimente legal!

Alan parou o que estava fazendo, encarando Sarah pelo reflexo do espelho. Sarah sorria abertamente mostrando seus lindos dentes – mesmo estando em falta de dois dentes.

O estrago já havia sido feito. Fechou as mãos em punhos com a promessa de sugar a vida para fora de Luke!

- Momento 5 -


— Papai! Papai! — Sarah com onze anos de idade corria em direção ao seu pai. — EU VOU MORRER! — Gritou assim que entrou no quarto dos pais.

Claire levantou-se assustada correndo até a menina que chorava apavorada com algo.

Alan já se preparava para matar o filho da puta que ousara ameaçar a sua filha.

— Quem? — perguntou entre dentes.

— O que houve, amor? — A ex-infiltrada perguntou, brandamente.

— Eu estou sangrando. — confessou. Claire meneou a cabeça e consolou a filha.

— Está tudo bem. Volte para o seu quarto, que em cinco minutos eu estou chegando para... Auxiliá-la com o seu... Probleminha.

Sarah limpou as lágrimas enquanto voltava para o seu quarto.

— Pode me explicar o que acabou de acontecer aqui? — perguntou, ranzinza.

— Sua filha se tornou uma mocinha. Parabéns, papai! — apertou as bochechas do marido, e correu para fora do quarto ao ver a expressão de choque em Alan.

Puta que pariu, ele pensou.

- Fim. -


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Notas finais do capítulo

Se gostarem não esqueçam de comentar! :)