ALL THAT DRUGS

CAPITULO 5: Promessa

Do you have a light?

Can you make me feel alright?

There's plenty of light to go around

Do you think its right when you hit me to the ground?

Well, light me up when I'm down

Light me up when I'm down

– Light me Up – The Pretty Reckless

Frances ajudara Travis a voltar para o quarto, ele não estava em condição nenhuma de subir de novo a escada, ele realmente a assustara quando tombou da escada, Frances pensara que ele estava morto, enquanto ele não respondia e seu corpo tinha ficado gelado de repente, o que era completamente anormal.

Ficou um pouco com ele, ajudando-o a melhorar um pouco a situação, ficaram conversando normalmente, sem mais drogas, sem mais bebidas, apenas uma conversa normal, de um casal normal, Travis não falava muita coisa com coisa no começo, mas começara a falar de novo na fuga, ele havia voltado a seu armário, voltado a pegar a caixa preta, mas não a tirou de lá, apenas voltou a guardar tudo e voltar para a cama com a pequena coisa de veludo preto que ela havia visto antes, escondida no cantinho da caixa preta de heroína. Ele dizia que era o símbolo da promessa dele, o símbolo da promessa que um dia fugiriam daquela cidade, fugiriam dos pais, fariam a vida valer mesmo a pena, eles teriam uma vida perfeita, eles teriam sua banda, suas músicas, não cantariam músicas de bandas famosas, cantariam suas próprias e teriam uma família própria.

Frances achara que Travis estava ficando louco, ou a heroína que ele tinha colocado na seringa tinha subido ao cérebro dele, para ela aquilo tudo era loucura, eles não conseguiriam fugir, e se conseguissem eles seriam encontrados rapidinho, e com uma banda eles os achariam mais rápido ainda, mas Travis negava, continuava com o mesmo papo de “somos maiores de idade, Frances, somos donos dos nossos próprios narizes, não precisamos dos nossos pais, se montarmos a banda estaremos livres”.

A ideia era ótima, Frances tinha que admitir, era tudo que ela mais queria: se ver livre dos pais, livre da jaula em que eles a mantinham, mas tinha medo do que pudesse acontecer se eles tivessem uma família, tinha medo do que pudesse acontecer depois da família, depois da banda... Tudo poderia ir por água abaixo, tudo poderia desmoronar por cima dos dois.

Travis abriu a caixinha de veludo preto, dentro havia dois anéis de prata, ou ouro branco, parecia mais ouro branco, pareciam um só quando ele abriu a caixa, mas eram dois, depois que Travis os tirou da caixa, ele colocou um no dedo dela e a beijou, depois estendeu o outro para Frances e a ficou observando, até que ela o pegou e fez o mesmo, completando com um sorriso e uma frase: “ o amor é forte, mas eu sou má”, Travis sorriu para ela e deitou na cama, pedindo que ela se deitasse com ele, mas ela disse que era melhor que ela voltasse para casa.

Ele a perguntou se não seria melhor se ele a levasse para casa era perigoso ela andar sozinha por aquela rua, mas Frances o garantiu de que estaria bem sozinha, sabendo que ele não estava em condições psicológicas e físicas de dirigir um carro.

Eram cinco horas quando ela chegou a casa, o céu estava em um tom de azul enjoado, com um tom amarelado, vapor branco saía de sua boca, estava congelando ali fora, tirou os tênis na porta de casa, pegou a chave embaixo do tapete, abriu a porta, colocou a chave de volta embaixo do tapete e subiu as escadas até o seu quarto, rápida e silenciosamente, sem que os pais pudessem ouvir um passo que ela dava, abafado pelas meias.

Retirou as roupas e as jogou em uma cadeira no canto do quarto, vestiu uma camisa enorme de manga comprida preta, que tinha escrita em letras brancas: “Smells Like Teen Spirit”, e foi dormir, com o celular ao lado do travesseiro, olhando para o novo anel no dedo, pensando nas propostas de Travis, suas propostas de futuro, fuga e liberdade, e as suas promessas de família perfeita, banda de sucesso, e uma vida livre, e independente.

Mas Frances tinha um mau pressentimento quanto à fuga, à família perfeita, a banda... Ela tinha um mau pressentimento quanto a todas as promessas e propostas, e um mau pressentimento quanto ao dia seguinte.