– Capítulo Quatro –

Hoje é Diferente

Draco levantou cedo no dia seguinte, ele por alguma razão estava ansioso e acreditava estar louco também, por que de alguma forma ele não conseguia tirar Gina Weasley da cabeça.

Foi aquele momento estranho no trem ou em algum outro momento na guerra? Ele não sabia, mas começou a prestar mais atenção nela de uns tempos pra cá.

Quando Voldemort havia dominado Hogwarts, Draco adorava ver Gina se impor, ela era corajosa, forte e determinada. Não permitia que dissessem o que ela tinha que fazer, e quanto a ele, sempre dominado pelo sei pai e depois por Voldemort.

Se ele soubesse que ser de família rica e de sangue puro traria tantos problemas, ele desejaria ter nascido pobre, por que assim, não seria tão visado. Mas, fazer o que? Já estava feito, não tinha como voltar atrás, mas tinha como recomeçar e era o que Draco estava tentando fazer.

Ele levantou a manga de sua capa para ver o seu braço, onde se localizava a marca negra, agora estava uma cicatriz, desde que Voldemort se foi a marca também havia sumido com ele. Draco olhou para a porta do seu guarda-roupa, e reprimiu uma vontade interna. “Hoje não, hoje é diferente”. Draco respirou fundo, pegou seu material e saiu do dormitório deixando o conteúdo do seu guarda-roupa para trás, passou pelo salão comunal onde Blásio o esperava e juntos foram em direção ao salão principal. A primeira coisa que Draco fez quando se sentou a mesa da Sonserina, foi em olhar para a mesa da Grifinória, Gina estava lá e sozinha.

Ele se perguntou por que deixou que ela ficasse na mesma cabine que ele, por que a ajudou ontem, por que quis levá-la em segurança para a torre da Grifinória e por que disse que se encontraria com ela na sala precisa para falar da sua vida pessoal.

Gina começou a observá-lo, talvez sentindo os olhos de Draco sobre ela, nenhum dos dois desviou o olhar como antes, até que Pansy puxou assunto com ele. Enquanto Pansy falava alguma coisa que ele não prestava atenção, ele pensou com ele mesmo se era uma boa ideia se encontrar com Gina na sala precisa.

____________

Para Gina o dia simplesmente se arrastou, ela não via a hora de ir logo para a sala precisa se encontrar com Draco, embora ela não devesse demonstrar tanto entusiasmo com o acontecimento, pois, ela nem mesmo sabia por que concordou em se encontrar com ele. Ao menos hoje, ela estava com apetite.

Quando Gina terminou o jantar, mais que rapidamente ela saiu do salão principal, para ir primeiro a torre da Grifinória, ela queria ver se estava apresentável. Ao se olhar no espelho, as manchas escuras em volta de seus olhos eram bem nítidas, sem se importar com isso ela escovou os cabelos. Em seguida Gina sentou em sua cama e abriu seu malão, do fundo dele ela retirou um tecido marrom, ela pensou em desenrolar e pegar o que tinha dentro, mas, logo mudou de ideia. “Hoje não”.

Logo após fechar outra vez o malão ela saiu do seu dormitório e do salão comunal foi em direção à sala precisa. Ao entrar, escolheu uma das muitas poltronas que apareceu, e se sentou para esperar por Draco, quando ela saiu do salão ele ainda estava jantando.

Ela olhou em um pequeno relógio que apareceu na mesinha de centro,Draco estava dez minutos atrasado, talvez estivesse com muita fome e resolveu comer mais um pouco... vinte minutos, Gina estava pensando se realmente fora uma boa ideia ter ido... trinta minutos, “ok definitivamente ele não vai vir, ele só queria me fazer de idiota”.

Gina sentiu um aperto tão grande no peito, ela não sabia se de raiva ou de decepção, pensar que um cara como o “Poderoso Draco Malfoy” alguma vez iria querer conversar com ela. Mas por que se importar? Por que agora? Ela nunca sequer fez questão de falar com ele, então ela não se importaria de continuar assim. Sua vontade era de sair correndo de volta para o dormitório se trancar no banheiro e fazer o que não fez no quarto.

Quando Gina pensou em ir embora, ela viu a parede da sala se dissolver e formar uma porta, um sorriso teimoso invadiu seus lábios quando Draco atravessou o portal.

- Desculpa o atraso. – disse Draco se sentando em uma poltrona de frente a Gina – Dois alunos se atracaram, eu tive que dar um jeito.

- Ahn... eu nem notei. – disse Gina se fazendo de indiferente.

- Que bom. – disse Draco com um sorriso torto – Que bom o fato de você não ter esperado muito, não o fato de você não ter me notado, isso me deixou chateado.

Gina não conseguiu evitar sorrir.

- Notei que você comeu hoje. – disse Draco – Parabéns você não terá uma crise no final das contas.

- E você se importaria se eu tivesse?

Draco não respondeu e o silêncio incomodou aos dois, somente as suas respirações era ouvida em toda a sala. Mas por que eles combinaram de se encontrar afinal das contas?

- Malfoy, vamos ser realistas. – disse Gina quebrando o silêncio – Por que nós estamos aqui?

- Por que você disse que queria saber por que os jornais dizem que estou noivo, se na verdade eu não estou. – disse Draco naturalmente.

- E por que você faz questão de me contar?

- Eu não faço ideia. – disse Draco sincero – Mas aqui estou.

Gina achou que Draco estivesse fazendo uma piada de tudo isso, que talvez ele só quisesse zombar dela e nada mais.

- Eu achei que você não voltaria. – disse Draco de repente.

- Por que achou isso? – perguntou Gina.

- O Potter não quis voltar nem o Weasley. – disse Draco.

- Eu não queria voltar. – disse Gina respirando fundo – Mas Harry e meus pais acharam que fosse melhor que eu terminasse a escola.

- Eu também não quis voltar.

- E por que não?

- Por que eu sou um ex-comensal da morte, que a olho nu, não teve nenhuma perda importante, e que quis voltar a Hogwarts como se nada tivesse acontecido. – disse Draco obvio.

- Mas a sua família e a sua fortuna estão intactas. – disse Gina cuidadosa. – Você ainda tem o seu império.

- Como eu disse “a olho nu”. – disse Draco satírico. – A minha fortuna pode estar ilesa, mas, a minha família e o nosso nome não. Lúcio está sob processo, ele será julgado e pode ir preso a qualquer momento, a minha mãe simplesmente chora o dia todo. Ela e eu só não estamos sob processo por que o Potter testemunhou a nosso favor.

- Mas é claro. – disse Gina certa. – Você ajudou Harry na sua mansão, se você tivesse dito que ele realmente era o Harry, ele estaria morto. Sua mãe também ajudou quando disse que Harry estava morto quando na verdade estava vivo. E você também teve oportunidade de matá-lo, mas não o fez, por que Malfoy?

Draco ficou pensativo, por que mesmo ele não conseguiu matar a Harry? Era tão difícil pensar em uma resposta. Seria fraqueza?

- Eu acho que você não é tão mau quanto parece. – disse Gina e ao ter o contato visual de Draco, esta corou.

- E você não é tão intragável quanto eu pensei. – disse Draco com um sorriso debochado nos lábios.

- Me achava intragável? – perguntou Gina surpresa.

- Não. – respondeu Draco sorrindo cinicamente – Foi só uma brincadeira.

Gina sorriu divertida.

- É bom saber que Draco Malfoy tem senso de humor. – disse Gina sorrindo.

- É bom saber que eu consigo fazer alguém sorrir assim. – disse Draco franco.

Gina deu um sorriso tímido e abaixou à cabeça, Draco levantou da poltrona e foi em direção a ela, e com uma das mãos levantou o rosto de Gina. Ela sentiu novamente aquela onda de eletricidade passar pelo seu corpo, consequência do simples toque de Draco.

- Acho melhor a gente ir. – disse ele fitando os olhos de Gina – Eu não estou na ronda hoje pra te salvar outra vez.

- Certo. – disse Gina se levantando com dificuldade, por algum motivo suas pernas estavam moles.

Eles se aproximaram da saída, mas, antes Draco se virou pra ela e disse:

- Eu não contei pra você por que não estou noivo. – disse ele batendo na própria testa cinicamente – Acho que a gente vai ter que se encontrar de novo.

Gina abriu um sorriso e assentiu.