– Capítulo Dez –

Perfeitos Imperfeitos

Gina puxou seu braço das mãos de Draco e deu as costas a ele, ela se sentia envergonhada por Draco ter descoberto o seu segredo, mas, como ele descobriu? Grossas lágrimas agora caiam pela sua face e Gina não conseguia impedi-las.

- Quer conversar sobre isso? – perguntou Draco calmamente.

- Como descobriu? – Gina perguntou com a voz embargada.

- Quando nos sentamos juntos na aula de poções. – explicou Draco – Quando eu peguei na sua mão.

- Não pensou que poderia ser apenas um arranhão de algum gato?

- Pensei. – disse Draco sério – Ainda mais porque aquele gato horrível da Granger tem as unhas bem afiadas. Mas eu reconheço um corte feito por uma faca, acredite eu já fiz isso.

- Já fez? – perguntou Gina virando para encarar Draco – Não faz mais?

- Eu parei. – disse Draco com um sorrisinho – Tava me desfigurando todo.

- Entendi. – disse Gina aborrecida – Parou por causa da vaidade.

- Não. – respondeu Draco – Eu parei por que mais cedo ou mais tarde alguém ia reparar, foi por isso que eu comecei com outra coisa.

- Com o que?

- Eu quero falar de você agora. – disse Draco desviando o assunto. – Por qual motivo você faz isso.

- Eu não sei direito. – disse Gina seus olhos estavam muito vermelhos – Eu apenas sinto necessidade de fazer, eu me sinto melhor, me sinto aliviada.

- Aliviada sobre o que? – insistiu Draco.

- Sobre tudo, eu não sei exatamente! – disse Gina meio alterada – Quando eu me sinto angustiada, esses cortes me aliviam.

- Não são os cortes que te aliviam. – disse Draco – E sim vê-los em você. Talvez você esteja se culpando por muita coisa, ás vezes eu tenho a impressão que você se culpa, por vários acontecimentos da guerra, um deles em especial... a morte do seu irmão.

Gina ficou rígida e voltou a ficar de costas para Draco, ele não estava completamente errado, embora ela tivesse outros motivos para os cortes, o maior motivo era Fred.

- Gina. – chamou Draco com a voz baixa.

- A culpa da morte dele foi minha. – disse Gina ainda de costas, sua voz estava embargada – Nós tínhamos nos dividido em grupos, eu estava com Fred e Percy, era pra um proteger o outro, mas, naquele momento eu só conseguia pensar em Harry, se ele estava bem, se havia acontecido alguma coisa. – Draco a ouvia atentamente – Percy pediu que eu vigiasse a retaguarda, nós nos aproximamos da sala precisa e eu vi Harry, Rony e Hermione. Thicknesse apareceu de repente e começou a duelar com Percy, foi nesse momento que eu me distrai, ao inves de ficar de olho em Fred e Percy eu... me preocupei com Harry, então o ar explodiu de repente...

- Gina eu sei o que aconteceu depois. – disse Draco segurando Gina pelos ombros e fazendo com que ela virasse pra ele – Você não teve culpa, foi um destroço que matou o seu irmão, você não tinha como ajudar...

- Você não entende. – disse Gina angustiada – Eu poderia ter evitado, quando eu vi que o ar explodiu eu só me preocupei com o Harry na hora, da onde eu estava eu não seria atingida, mas, quando eu vi que Harry poderia se machucar, eu joguei feitiços para protege-lo, me esqueci completamente de Percy e Fred, se eu tivesse tentado, talvez Fred não estivesse morto...

- Você não sabe Gina. – disse Draco dessa vez tomando a atitude de abraçá-la – Você não conseguiria sozinha, era muita coisa, você não deve se culpar, pelo que eu sei, a Granger e o Weasley estavam com o Potter, se você não o tivesse protegido, talvez eles estivessem mortos.

- Foi a minha atitude que foi errada Draco. – explicou Gina em meio as lágrimas – Eu não pensei em mais ninguém, só nele. Você não entende.

Draco respirou fundo e a abraçou mais forte, ele a entendia melhor do que ninguém, ele mesmo se sentia culpado por tantas coisas, embora ele não demonstrasse, por dentro ele se sentia tão ferido quando os cortes pelo corpo de Gina.

- Eu te entendo melhor do que você pensa. – disse Draco voltando a encará-la – A culpa da morte de Crabbe foi minha...

- Não. – disse Gina firme – Foi ele quem colocou o fogo maldito na sala precisa.

- Foi eu quem o motivou a entrar para os comensais. – disse Draco sério – Foi eu quem o chamou para ir atrás do Potter, eu que o levei pra essa droga toda!

- O pai dele também é comensal. – disse Gina – Ele viraria comensal de qualquer jeito.

- Mas não tão cedo. – disse Draco – Voldemort chamou apenas a mim, como o mais novo comensal, eu arrastei Crabbe pra essa guerra.

Gina deu um sorriso de aborrecimento.

- Olha pra gente Draco. – disse ela – Tão diferentes, mas...

- Tão parecidos. – completou Draco com um sorriso cansado. – Vamos fazer o seguinte, sempre que sentir vontade de se cortar, você me procura ok?

- Certo. – disse Gina com os olhos ainda marejados – E sempre que você sentir vontade de beber. – disse Gina colocando a mão por dentro da capa de Draco e tirando de  lá uma garrafinha de prata – Você fala comigo.

Draco abaixou a cabeça e sorriu.

- Pego em flagrante. – disse Draco bagunçando os cabelos.

- Isso faz mal sabia? – disse Gina balançando a garrafinha na frente do rosto de Draco.

- E isso também. – disse ele apontando para um dos cortes de Gina, ela corou.

- Eu prometo que te procuro se isso acontecer. – disse Gina devolvendo a garrafinha dele.

- Eu também. – disse ele guardando a garrafa nas vestes.

- Eu queria ter te conhecido antes. – disse Gina de repente ficando séria.

- Você já me conhecia.

- Você não entendeu. – disse Gina voltando a abraçá-lo – Eu queria ter conhecido esse Draco antes, esse que ninguém conhece.

Então eles ficaram ali, por minutos ou horas, não se sabia dizer ao certo, mas uma coisa era certa, Draco e Gina compreenderam que eram imperfeitos, mas se completavam perfeitamente.