Deadhills escrita por Black Lotus, Daniel Cronwell


Capítulo 7
Jack - A Strange New Family




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Jack


–Ei gordo, preciso de você! –Disse Lavinia levantando.
–Para que? –Falou com a boca cheia de biscoito.
–Preciso ter certeza que esse lugar é realmente seguro. E quero que você me acompanhe.
Comecei a pensar que a Lav tinha um grande ódio por mim. Evitava me olhar, não falava diretamente comigo. E agora ia me deixar com a pequena e maligna órfã.
–Por que eu?
–Vamos logo! – Retrucou nervosa. –Jack, empreste seu facão para ele.
A situação ficava cadê vez pior. Sem armas, sem aliados, numa loja rodeada de zumbis. Relutante entreguei o facão a ele, os dois falaram mais alguma coisa e subiram as escadas. Eu decidi que tinha de falar com a pequena Mary, que ainda estava agarrada ao Lobo.
–Escute Mary, eu sei que você tem medo de mim.
–Eu não tenho medo de você. –Falou erguendo os olhos.
–Bem, isso é bom...
–Eu te odeio. –Naquele momento pude ver o ódio nos olhos da menina. –Você matou meu pai.
-Mary, aquilo não era seu pai. –Falei tentando passar a mão em sua cabeça. –Ele ia ter te matado assim que tivesse a chance!
–NÃO IA! –Berrou chorando. – ELE ERA MEU PAI!.Ele era minha única família.
E com isso encostou a cabeça no lombo peludo do cão e desabou a chorar de novo.
– Sabe, a única família que me resta é o lobo. –Falou afagando as orelhas do cão. – Bom, agora tenho ele, e você. -Tentou um sorriso. – O gordo e a rabugenta da Lav.
–Nós agora somos uma família. E nos vamos te proteger!
Aquilo fez ela amolecer um pouco, mas não o suficiente para um sorriso. Ela abraçou o cão como um bichinho de pelúcia.
Então ouvimos algo muito parecido com um grito, me pus de pé e tentei sacar o facão, mas me lembrei que estava com a Lav. Coloquei a mão no bolço pegando a pistola do gordo. Logo em seguida ouvimos outro baque e mais gritos. Depois eles apareceram com varias mochilas em quanto Lav descia as escadas gritando com o gordo. Lav agora estava com uma bela combinação de roupas, parecia ainda mais bonita, e ameaçadora.
– Bonito em Lav. –Disse pegando de volta o facão. –Nos aqui esperando no meio de zumbis e você fazendo compras!
–Eu também trouxe coisas para você! –Disse levantando uma mochila.
Ela começou a tirar roupas e acessórios das mochilas, para a pequena Mary ela deu um par de botas.
–Mas eu não gosto dessas coisas feias! –Retrucou a menina com olhar de nojo.
Lavinia se pôs de joelhos, pegou a menina pelos ombros, sorriu e disse:
– Faça birra comigo, e eu te jogo para os zumbis. –Depois abriu um sorriso ainda mais doce e malicioso.
A menina jogou os sapatos longe e colocou as botas o mais rápido que conseguiu. Lav olhou para ela e murmurou um elogio.
– Jack, eu trouxe para você. –Falou jogando uma calça verde camuflada contra mim. –E isso também. Dessa vez ela me entregou um colete com vários bolsos.
–Agora joguem essas mochilas fora e peguem essas. –Ela pegou as mochilas que tinha roubado, digo, se apropriado e jogou para o resto de nós. –Elas tem cordas, isqueiros, roupas de caça e outras coisas que podemos precisar. Vou terminar minha ronda.
O gordo que estava revirando uma mochila e se pôs de pé.
–Sozinha.
A garota colocou a besta no ombro e desceu para o porão. Fechou a porta atrás de si e seus passos foram se dissipando.
–Ei Jack. –Sussurrou o gordo. –Você acha mesmo que a Lav jogaria a Mary para os infectados?
–Ela quase deixou eu e o lobo para morrermos, não é? –Disse abotoando o colete. –Em todo caso, eu só acho que ela quis mostrar que não está aqui para brincadeira.
Passaram mais algum tempo falando trivialidades e conversando, foi quanto Lavinia voltou.
–Totalmente livre. Acho que já esta na hora de ir dormir. Temos um dia cheio amanha. Vamos dividir em turnos. Eu pego o primeiro, Jack o próximo gordo, fica com o ultimo.
–E eu? –Falou a pequena.
–Não vou deixar uma garotinha de vigia, eu quero viver por mais de uma semana – disse Lavinia olhando com desdém. -Agora vão dormir!
O gordo desfez um saco de dormir, para ele e para a garotinha. Eu desfiz um para mim, a Lav apenas encostou o seu na parede e fez algo como uma poltrona, e esperou. Conforme a noite ia caindo, e nós nos acostumando com o gemido constante dos infectados o sono começava a vir. Eu me revirava constantemente no meu saco de dormir até que decidi ir falar com Lav. Quando a encontrei ela estava com olhos pesados e abraçando os joelhos.
–Escute Lav, vá dormir, eu cuido de tudo. –Disse sentando do lado dela.
–Não precisa, eu estou bem.
–Então que tal se eu sentar e conversar?
–Também não precisa.
–O que não precisa é você se fazer de durona o tempo todo. As vezes ser forte o tempo todo cansa. Em todo caso, estamos juntos. Pode contar conosco.
A menina finalmente desistiu e foi se deitar. Quando ela se embrulhou no seu saco de dormir eu disse a ela.
–Nos vamos achar seu irmão.
O resto de meu turno se arrastou por incontáveis horas, Lobo estava sempre ao meu lado, mas agora servia de travesseiro para a Mary. Passei o resto da noite pensando como iríamos sobreviver. Como conseguiríamos sair dali. Pensei no irmão da Lav, e como seria bom ter alguém para se preocupar assim comigo. Pensou no gordo, que agora era um grande companheiro, porem ainda não sabia seu nome. Pensei também na pequena Mary, órfã por minha causa.
–Se eu não morrer por causa de uma mordida eu vou enlouquecer por causa desses gemidos. –Sussurrei prensando as mãos nos ouvidos.
Olhei para o relógio e agradeci a Deus por já está na hora do gordo fazer a vigia. Levantei e fui acorda-lo, o garoto levantou e se posicionou meio sonolento. Minha mãe sempre me incentivou a rezar, ela sempre fora muito católica.
–Do que adianta rezar? –Me perguntei. –Se Deus que causou isso. Não quero ter nada haver com ele. Deus e um grande troll.
Rastejei até o meu saco de dormir, então eu apaguei, esperando por um amanhã melhor.



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