Lavinia

Doze infectados? Que nada, tinha bem mais que aquilo talvez se tivesse parado para contar poderíamos chegar à conclusão que teria uns vinte a vinte e cinco zumbis furiosos lá dentro. Porque eu fui escutar o Scott? Se tinha correntes logicamente deveria estar trancando algo não muito agradável lá dentro, mais tudo aconteceu tão rápido que nem pude raciocinar direito, apenas não queria ficar sozinha com ele, e a ideia de achar o resto do grupo foi maravilhosamente reconfortante naquele momento. Agora nada importava.

Há algumas pessoas que dizem que quando estamos prestes a morrer, tudo a nossa volta funciona como num filme em slow motion. Bobagem! No meu caso, tudo aconteceu de uma forma assustadoramente rápida. A adrenalina percorreu o meu corpo de forma tão eficaz que em fração de segundos eu já estava correndo em disparada pelo corredor. Em quanto ao Scott, se tinha uma coisa que ele realmente era bom, sem sombra de duvidas era em fugir. Ele era tão rápido que mal conseguia acompanha-lo, ele estava já a muitos metros a minha frente, parecia até uma grande gazela musculosa. Ele dobrou em um dos corredores sumindo completamente de vista, em quanto a horda de zumbis continuava avançando atrás de mim. Aquele infeliz me abandonou? Se ele fez isso, que reze para eu não sair viva daqui, pelo contrario arrancarei a sua pele e farei botas novas para mim. Dobrei o corredor no mesmo lugar que ele, e para a minha surpresa, mais zumbis.

Está de brincadeira, eu estou cercada? Três zumbis vieram cambaleando em minha direção, não podia recuar, não podia avançar, não tinha nenhuma janela em volta para que eu pudesse me jogar, antes quebrar o pescoço do que ser devorada viva por essas bestas. Foi então que algo me puxou pelo braço para a direita.

– Scott!! – Nunca me senti tão aliviada em ver sua face.

– Eu sei, eu sei, salvei sua vida... da para agradecer depois? – Falou ironicamente em quanto me arrastava escadaria a baixo para o segundo andar.

Atrás de nós, dava para se ouvir o barulho de corpos rolando escadaria a baixo de uma maneira desordenada. Chegamos no segundo andar e Scott me soltou correndo velozmente pelo corredor me deixando comer poeira. Ele passava pelas portas olhando para dentro das salas procurando algo, até que entrou em uma, olhei para traz e havia três zumbis caídos no chão empilhados um em cima do outro tentando se levantar, mais ainda sim dava para ouvir a horda avançando escada a baixo. Alcancei a porta em que havia o visto entrar e invadi desesperadamente quase tombando no chão.

– Vamos me ajude RAPIDO!! – Ordenou empurrando uma maca bastante pesada em direção a porta. Não pensei duas vezes e comecei a ajuda-lo.

Cadeiras, macas, balcões, qualquer coisa pesada que desse para impedir a passagem de zumbis colocamos lá. Scott era bastante forte, mal fazia esforço, tudo aos braços dele parecia ser feito de papelão. Em questão de segundos já havia um grande numero de coisas empilhadas na porta. Os zumbis finalmente chegaram, grunhindo, jogando-se sobre a porta, mais parecia ser impossível a entrada deles.

– Acho que isso vai segura-los por um tempo – Informou Scott, assenti com a cabeça.

Sentamos no chão longe da porta. Estávamos em algum tipo de enfermaria, a sala era grande, repleta de macas e cortinas separando as alas, em um dos lados havia uma pequena salinha de vidro e algumas mesas, talvez ali fosse onde armazenavam medicamentos, curativos entre outras coisas, e também onde os enfermeiros e os médicos escreviam receitas médicas para os pacientes.

– Você está bem? – perguntou Scott.

– S-im! Obrigada, você salvou minha vida! – Falei um pouco envergonhada.

– Vai ficar me devendo essa! – Informou.

Levantei com a besta em punhos.

– Onde vai? – Perguntou.

– Quem me garante que não tem um infectado por traz dessas cortinas?

– Eu vou com você!

– Não use a arma – Joguei a machadinha em sua direção descuidadamente, fazendo com que ela ficasse cravada entre as suas pernas a poucos centímetros do seu coleguinha.

– VOCÊ É MALUCA? – Rosnou com os olhos arregalados protegendo seu precioso.

– Desculpe, foi sem querer – Soltei um risinho.

– Eu ainda quero usa-lo se não se importa! – Aquela conversa estava começando a ficar estranha, mais eu não iria ficar parada ali para saber no que ia dar.

Fiquei parada o encarando esperando que ele se levantasse para começarmos a vasculhar a sala, mais ele continuava sentado no chão com um sorriso pervertido estampado na cara.

– Se você estiver com medo, pode vir me abraçar já que aquele seu amiguinho morreu! – Seu olhos agora me fitavam esperando uma reação.

– Está de brincadeira comigo né? – O encarei incrédula, ele se levantou se colocando ao meu lado com um sorriso sádico.

– Eu sou que nem um lagarto preciso de algo quente sob mim ou não consigo digerir – Deu um tapa no meu bumbum.

– Faça isso novamente e eu serei obrigada a te castrar! – Rangi os dentes furiosa, ele riu.

Ele retirou a machadinha do chão e começamos a andar pela sala. Eu abria as cortinas rapidamente mirando a besta para o que estivesse na minha frente. Scott cobria o outro lado com a machadinha em punhos. Ele abriu uma das cortinas e um zumbi caio em cima dele em quanto ele gritava feito uma garotinha, mirei a besta rapidamente o acertando na cabeça antes que pudesse morde-lo. Ele se levantou me fitando, provavelmente esperando que eu soltasse uma gracinha, eu não poderia perder a chance né?

– Scott, só porque estamos em meio a um apocalipse zumbi, não quer dizer que você possa perder os modos e fazer xixi no chão! – Falei apontado para a pequena parte molhada em sua calça.

– Ah! Cala essa boca! – Retrucou ele envergonhado.

Continuamos andando entre as macas abrindo as cortinas, vasculhando cada centímetro em busca de alguma ameaça, mais aquele zumbi que o Scott encontrou parecia ser o único no local, a medida que chegávamos no final da sala a temperatura começada a ficar quente.

– Está quente aqui ou é impressão minha? – Disse Scott.

– Chega de cantadas baratas por hoje ok? – Rolei os olhos. Mais ele estava certo, havia algo muito estranho acontecendo.