12 horas depois... – Boston.

Eve sentiu suas pálpebras pesadas, mas mesmo assim lutou contra a vontade de permanecer com os olhos fechados e os abriu. Ela apenas via borrões, não conseguia enxergar direito. Sua cabeça doía muito. Ela ainda não sentia seu corpo. Conforme ela tentava lutar para permanecer consciente, mais ela sentia seu corpo voltar ao normal aos poucos. Sua mente então começou a funcionar. Como um choque as memórias começaram a passar em sua mente como um filme. Ela então se lembrou da igreja e depois de ser abordada pelos homens do carro preto. E agora ela estava aqui. Suas mãos começaram a doer. Instantaneamente ela puxou suas mãos, mas foi impedida por algo. Com seus olhos já se acostumando ao lugar, ela olhou para suas mãos e então percebeu que elas estavam amarradas. Com a consciência restaurada, ela começou a sentir medo. Um desespero começou a invadir seu ser e ela então começou a se debater. Logo percebeu que seus pés também estavam presos. Eve sentia um colchão um pouco duro embaixo de sim. Ela estava deitada em um tipo de maca hospitalar com cintas que amarravam seus pés e mãos. A garota mesmo sabendo que não poderia se soltar começou a debater seu corpo. Aquilo vez ela sentir uma dor em seus braços. Eve parou de se debater e olhou para o seu braço, então ela viu três agulhas grandes penetradas em sua pele. Sentiu aquele desconforto ao ver sangue escorrer das agulhas. Ela havia se cortado mais devido à agitação. Um grande erro. A ruiva então fitou para o teto daquele lugar e sentiu lágrimas de terror e desespero invadir seus olhos. Sentiu-se uma completa culpada naquele momento. Pensou em como estaria sua mãe e seu pai agora. De como eles estariam angustiados procurando por ela. A ruiva deveria ter ficado em casa, deveria ter escutado Tony quando ele a mandava sempre ficar em casa. Aquela culpa crescia em seu coração e em sua mente. Sentia-se uma tola por estar causando sofrimento a seus pais. Sentia-se uma egoísta.

A garota ainda estava com as mesmas roupas. Apenas seus calçados e sua pulseira haviam sumido. Eve olhou mais uma vez ao redor. Ela estava em um quarto que parecia todo de ferro. Como um cofre. Avistou também balcões e quando viu que encima deles havia instrumentos de medicina ela começou a chorar como uma criança que está presa em um quarto escuro. Ela se sentia fraca, em todos os sentidos. Nesse momento só conseguia pensar em sua família de vingadores. Sabia que eles iriam procura-la. Mas temia que eles fizessem isso tarde demais. Ela não queria morrer. Não estava pronta para aquilo. A porta daquele lugar se abriu fazendo a ruiva se assustar. O medo dela era tanto que as lágrimas pararam de cair. Era como se ela estivesse em choque. Eve olhou em direção a porta e viu um homem magro dentro de um jaleco de cientista e usando óculos. Ele olhou para Eve com os olhos brilhando. Como se ela fosse o pote de ouro no fim do arco-íris. Eve desviou seu olhar do dele e fechou os olhos temendo o pior. Ela então ouviu os passos dele aproximar-se dela. As mãos delas tremiam e sua respiração falhava às vezes. Eve então sentiu que ele estava bem ao seu lado. A ruiva abriu os olhos lentamente e então encarou aquele homem. Ele sorriu para ela e encostou seu braço fazendo-a se mexer bruscamente com o toque dele.

- Acalme-se, não irei te machucar... Agora.

Aquilo a fez sentir mais medo ainda. Eve olhava para ele com desgosto. Porque ele estava fazendo isso? Seria ele do governo?

- V-você é do governo? – Gaguejou.

- Sim, sou Hammer. É um prazer conhecê-la.

Eve então se lembrou de que Tony já havia falado dele. Hammer era seu maior inimigo. Ele sempre tentava construir armas melhores que de Tony. Mas ele nunca conseguiu essa proeza. Hammer então viu que a garota sangrava um pouco pelos braços. Então ele rapidamente foi até aquele balcão e pegou alguns band-aids. Voltou-se a ela e tirou as agulhas de seus braços. Eve sentia um desconforto toda vez que ele tocava sua pele. Hammer então foi colocando um band-aid a cada ferida do braço dela. Quando terminou olhou para a ruiva e abriu um sorriso sínico.

- Não podemos desperdiçar esse sangue divino, certo?

Eve sentiu seus braços latejarem, mas resolveu ignorar aquilo. Ela estava preocupada com o que Hammer iria fazer com ela.

- O que vocês irão fazer comigo?

Hammer fitou o rosto de Eve curioso. Ele analisou para ver se as cintas estavam bem fortes em seus braços. Apesar de ela parecer fraca, ainda era filha do Capitão América.

- Apenas alguns testes no seu corpo e tentar recriar esse soro.

Eve temeu aquela resposta. Ela não entendia o porquê eles queriam tanto aquilo.

- Porque não pegam apenas um pouco de meu sangue e me deixem ir embora?

Sua voz falha e meio rouca praticamente suplicou naquelas palavras para que ele a deixasse ir embora. Hammer então riu.

- Não é assim tão simples. Primeiro vamos testar tudo em você e ir descartando aquilo que der uma reação negativa em seu sangue.

Eve olhou para ele assustava com aquilo. Como eles iriam testar essas coisas cientificas nela? E se ela morresse com alguma reação?

- E se eu morrer em alguma dessas reações? Vocês irão ficar sem o meu sangue!

Hammer olhou para ela com uma cara séria agora. Ele suspirou fundo e arrumou seus óculos que deslizavam de seu rosto.

- São pequenas dozes, incapaz de te matar. O máximo que sentirá nessas reações é a pior dor que você vai sentir na sua vida. Acredite, você vai pedir para morrer – Riu.

Os olhos de Eve voltaram a se encher de lágrimas. O medo da morte não parecia mais importar. Agora o medo da dor a assombraria pelo resto dos dias que ficaria trancada ali. Ela não conseguia acreditar como um ser humano fosse capaz de causar tanta dor apenas pela ambição de ter tudo aquilo que deseja. Apenas pelo poder. Eve teria que aguentar aquela dor? Seu corpo pequeno iria aguentar a tudo isso? Mesmo com o DNA de seu pai, tudo para ela parecia tão perigoso. Ela se sentia tão frágil. Ela podia ver seu fim ali.