_Acho que está mais do que na hora de lhe mostrar algo senhorita Baiocchi – a voz do professor Dumbledore enchia a sala me deixando um pouco receosa.

  Não respondi, apenas continuei encarando a enorme prateleira de livros que trazia as mais raras e inusitadas obras.

_Pouco antes de morrer Melinda veio pedir-me ajuda, no começo não entendi o motivo para que ela temesse tanto Grindelwald, mais ela me entregou isso – e então ele tirou de dentro de um dos armários um pequeno frasco de cristal, mais não era o frasco que chamou minha atenção e sim o que estava dentro dele. Uma substância que mais parecia um grosso fio de teia de aranha, nem gasosa nem líquida, branco-prateada. – devo apostar minhas fichas que a senhorita saiba o que é isso não?

_Uma lembrança – minha voz saiu como um sussurro, a curiosidade tomava conta de todo o meu corpo – uma lembrança da minha mãe.

_Não poderia está mais correta Lílian, dias antes da morte de Melinda Baiocchi eu tive em mãos a lembrança que creio eu seria a chave para a derrota de Grindelwald, mais sua mãe foi bem clara ao dizer que você deveria ser a única a vê-la e bem depois a senhorita poderia se decidir do que seria feito. Mais antes lhe faço uma pergunta na busca de tentar lhe oferecer todo tipo de ajuda possível. Tem algo que queira me dizer senhorita Baiocchi?

  Por um minuto eu quis gritar toda verdade, dizer que na verdade Grindelwald é meu pai, dizer que o mesmo pediu que eu o matasse, por um minuto eu pude sentir todas as palavras chegando mais antes que eu pudesse solta-las algo dentro de mim às mandou de volta.

_Não senhor – Dumbledore deixou seu olhar sobre mim alguns segundo antes de se virar para uma bacia de pedra rasa, com entalhes de runas e símbolos na borda, guardando uma substância branco-prateada que se movia sem cessar e sua superfície se encapelava como água sob a ação do vento e, então, como uma nuvem, se dividia e girava lentamente.

_Isto é uma Penseira Lílian. – ele disse lentamente antes de continuar - uma Penseira serve para rever pensamentos ou lembranças. Costumo usá-la sempre que minha mente fica cheia por excesso de informações, uma forma pratica e eficiente de avaliar com calma os pensamentos e fazer ligações entre eles.

   Permiti-me chegar mais perto enquanto o observava despejar o fragmento do frasco para dentro da Penseira e sem que percebesse minhas mãos tocaram a substancia prateada que se formava e no mesmo instante senti meu corpo sendo puxado para a escuridão.

   Encontrei-me parada no que parecia ser o meio da rua trouxa que parecia deserta, estava escuro e os ventos balançavam as janelas das antigas casas.

    Olhei ao redor a procura de Melinda Dellatorre, afinal a lembrança era dela, em algum lugar escondida naquela rua uma garota de cabelos escuros e olhos que brilhavam como as estrelas se encontrava.

    Andei até o que parecia ser o final da extensa rua, e lá estava ela. Os longos fios de cabelo que eu tanto estaca acostumada estavam mais curtos porem ainda grandes, o tom de castanho estava mais vivo que nunca e seus olhos brilhavam tanto que poderiam ser confundidos com uma estrela caída da escuridão dos céus.

    Não parecia ter mais que 15 anos e no fundo me senti estranha por parecer ser mais velha que minha mãe, porém a lembrança que naquela época Melinda ainda não era mãe me veio deixando a duvida se ela já havia conhecido meu pai, meu verdadeiro pai.

_Tem alguém ai? – sua voz era doce, quase melodiosa, era a mesma voz que cantava canções de ninar todas as noites para que pudesse dormir. Ouvi-la de novo era quase como tirar o bandeie de um machucado que ainda sangrava.

_Sem duvida penso que posso me enquadrar na sua pergunta não? – eu sabia que era ele, como sabia também que eu eles não poderiam me ver, mais ao ouvir a voz de Grindelwald logo tratei de me esconder em meio à escuridão.

_ Estou perdida, será que poderia me ajudar? – ela disse enquanto sorria nervosa, para um Grindelwald que se encontrava parado a sua frente – sou Melinda. Melinda Dellatorre

_ Seria uma prazer ajudá-la senhorita Dellatorre. Não é muito seguro que uma garota ande sozinha a essa hora da noite. Aliás, Grindelwald, Gerardo Grindelwald. É um prazer conhecê-la. – ele disse estendendo a mãe para complementá-la – para onde deseja ir?

_A estação de trem, sabe onde é?

_Está indo para Durmstrang não é mesmo senhorita Dellatorre? – ele disse fazendo com que Melinda o olhasse desconfiada, segurando sua varinha com tanta força que me surpreendi por não tê-la quebrado. – não precisa ter medo, parece que agora teremos que nós acostumarmos com a parecença de ambos, afinal estudaremos na mesma escola.

_Você é bruxo? – ele perguntou ainda com certa duvida.

_Certamente, agora acho melhor irmos, falta pouco para o trem partir.

   Senti meu corpo sendo puxado para cima e toda a cena se dissolvendo ao vento, e a última coisa que eu vi foi o sorriso da minha mãe ao seguir Grindelwald pela escuridão.