Capítulo I

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Prédio Federal Bureau of Investigation, Boston, MA.

– Kakashi? – Uma jovem de curtos cabelos tingidos de rosa e olhos verdes chamou.

– Sim, Sakura? – Kakashi se virou, tinha olheiras e os olhos fundos. Já faziam mais de trinta e seis horas que não dormia. E mesmo se dormisse, a cena do homem de quatro braços que havia explodido voltaria para lhe assombrar.

– Eu encontrei a informação que você procurava – a jovem apontou para tela do computador.

Rapidamente Kakashi se levantou e avançou para o computador.

– Isso só pode ser uma piada... – ele se jogou de volta na cadeira depois de ver a informação no ecrã e passou a mão pelo rosto – Tanta procura para no final nós sabermos onde ela está, mas não termos acesso a ela! AAHHHH!

Kakashi estava frustado, muito frustado. Durante semanas haviam procurado por aquela pessoa, e agora, que finalmente a haviam encontrado, eles não poderiam ter acesso a ela. Só podia ser uma cruel brincadeira.

– Mas Kakashi, talvez, se nós conseguirmos um mandado... – Sakura deu de ombros, ainda tinha esperança que talvez, por algum milagre, eles pudessem fazer contato com aquela pessoa, mesmo com toda aquela complicada situação.

– Não vai ser tão fácil assim, Haruno. Nossa divisão já não tem sido vista com bons olhos, e exigir um mandado desse tipo... – Kakashi balançou a cabeça pesaroso.

– Mas se nós conseguíssemo algum parente dela...? – Tentou.

– Esse é o problema – suspirou – ela não tem parentes, e o único que ela tem, está me coma – disse a apontou para um dos itens do monitor, onde haviam alguns dados.

– Mas ela tem que ter um tutor! – Sakura se animou ao ler isso no ecrã.

– Realmente, ela tem, mas você sabe quem é? – Resmungou. Tudo estava contra ele.

– Quem é? – Enrugou as sobrancelhas. Não havia aquela informação ali.

– Orochimaru – apenas um nome. Um nome que mudava tudo.

– O-Orochimaru? – Sakura se surpreendeu – O Orochimaru da Hinday’s Company?!

– Exato! – Kakashi passou as mãos pelo cabelo novamente. Não sabia mais o que fazer. Estava praticamente de mãos atadas.

– Parece então que esse é um beco sem saída... – Sakura se jogou numa cadeira também, começando a ficar desanimada.

– Bem, é o que parece... – suspirou. A qualquer momento ele iria começar a arancar seus cabelos.

Sakura ia falar novamente, porém o telefone a interrompeu.

– Hello? – Ela entendeu, uma voz estridente gritou do outro lado – Fale mais devagar Naruto, não estou entendo nada do que estas dizendo, idiota!

– O que aconteceu? – Kakashi se ajeitou na cadeira e fitou Sakura, aguardando a jovem terminar a ligação.

Depois de uma rápida conversa, Sakura pousou o telefone no gancho e suspirou, se virando para Kakashi. Não sabia se aquela seriam boas ou más notícias.

– Naruto acabou de me ligar para avisar que foi encontrado um corpo com quatro braços.

– Corpo? Esse não explodiu? – Isso estava começando a ficar interessante.

– Não, esse corpo já estava morto. Um tiro na cabeça – pela fisionomia de Kakashi, aquela era uma boa notícia.

– Então esse é o primeiro corpo intacto de quatro braços que nós temos! – Kakashi se animou, finalmente eles tinha uma evidência que não era pedaços ou gosma de corpo explodido. Se tivesse que ir analizar mais alguma gosma, ele prediria demissão. Não era pago para aquele tipo de serviço nojento.

– Sim, nós temos, mas não temos nenhuma pessoa capacitada para fazer a autópisia, pois está claro que ele tem quatro braços, mas como isso aconteceu, nós não sabemos! – Sakura passou os dedos pelo curto cabelo rosa, exasperada. Não conseguia entender como Kakashi podia ficar animado com aquela notícia.

– Na verdade nós temos... – Kakashi olhou para a tela do computador, uma foto, e embaixo um nome. Jun Hinday.

– Ótimo, Kakashi – Sakura já não esta entendendo mais nada – você acabou de falar que ela é inacessível, e agora, que tipo de mágica você vai fazer para torná-la acessível?

– A mágica de que temos uma evidência sólida? – Ele soergueu a sobrancelha e deu um meio sorriso. A sorte estava começando a virar para o seu lado – Vou conseguir esse mandado, enquanto isso, reuna Naruto e Sasuke e aguardem juntos pelas minhas próximas instruções!

Kakashi se levantou da cadeira e rumou para o elevador. A pessoa com quem ele falaria estava três andares acima da sua cabeça e provavelmente com uma garrafa de alguma bebida alcólica escondida dentro do caro terno.

Já dentro do elevador, impaciente, apertou três vezes o número do andar, como se isso fosse o levar mais rápido lá. Batucou os dedos na perna. Quanto mais tempo perdiam, mais chances de ocorrer outra morte haveria.

Ele estava a menos de um ano nessa nova divisão, para casos especiais, e nem em toda a sua carreira como policial havia ocorrido tantos obitos nos seus casos como nesses últimos meses. Algo estava a solta, e isso estava fazendo esses casos estranhos aparecerem.

Começou com uma morte em circunstâncias estranhas. Uma senhora que morrera e seu corpo mumificou em poucas horas, seguiram-se outras mortes. Pessoas em combustão espontâneas, pessoas literalmente rachando em pedaços, e mais recentemente, pessoas com quatro braços que explodiam.

Suspirou.

Alguém estava fazendo do mundo seu laboratório particular, e estava usando pessoas inocentes como cobaias. Ele não podia aturar esse tipo de coisa. Era algo doentio.

Alguém tinha que acabar com isso.

E ele acabaria.

Finalmente o elevador chegou ao seu destino. Ele saltou dele e praticamente correu pelo corredor, até chegar a imponente porta de carvalho. Deu três batidas e aguardou.

– Entre! – Veio o comando de lá dentro.

Kakashi entrou e viu o imponente, e pervetido, homem sentado na sua poltrona de couro. Seu chefe, o agente especial Jiraya, veterano de várias guerras e atual diretor daquela divisão específica do FBI, situada em Boston, Massachusetts. Um homem alto, musculoso e de longos cabelos brancos, já na meia idade.

– Bom dia Mr. Jiraya – cumprimentou respeitosamente e se adiantou.

– Sente-se Kakashi! E pare com essas formalidades, eu vi teu pai trocar as suas fraudas! – Riu-se o velho, e Kakashi percebeu a garrafa escondida no bolso do paletó dele.

– Não tenho tempo para sentar Mr. Jiraya, eu tenho um pedido...

– E lá vem você com seus pedidos difícieis... – Jiraya disse em um muxoxo, tocando a garrafa de metal por cima da roupa.

– Realmente – suspirou – esse é o pedido mais difícil que eu tenho a te pedir.

– Manda ver! Eu amo desafios! – O velho riu-se novamente, fazendo Kakashi ter certeza que ele estava bêbado. Talvez isso fosse mais fácil de conseguir do que ele imaginava. Sorriu e iniciou seu monólogo.

Continua...