Capítulo XI

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– Tem certeza que você não quer vir comigo? – Kakashi perguntou a Sasuke.

– Tenho, vou esperar pelo meu irmão. – O moreno franziu a testa. Tinha algumas perguntas a fazer a Itachi, a começar por saber desde quando ele era o médico particular da Jun. Ele jurava que seu irmão trabalhava apenas como neurologista na clínica particular dos Hyugas. Nunca soubera que ele tinha um segundo emprego.

– Se você assim deseja... – Kakashi deu de ombros e dessa vez se virou para Jun. – E você, tem certeza que quer ir sem se despedir do Orochimaru?

– Tenho. – Disso com um suspiro sem encarar a Kakashi. – Eu estou um tanto irritada com ele agora... E o ver, significa ver a Kabuto. – Ela conseguiria se segurar e não xingar Orochimaru, mas ela não garantia isso quando se tratava de Kabuto.

– Se é só isso, podemos ir embora. Até mais Sasuke. – Kakashi deu uma leve batida com a sua mão nas costas do seu pupilo e com Jun e Tsunade ao seu encalço, se dirigiu para o pequeno estacionamento que ali havia.

– Cuide bem dela. – Tsunade cerrou os olhos e olhou acusadoramente para Kakashi, o grisalho apenas pode engolir em seco e assentir. Aquela loira lhe dava arrepios. – E você... – Agora o olhar intimidador de Tsunade estava voltado para Jun. – É bom que tenha juízo, se não... – Deixou a ameaça pairar no ar.

– Eu terei, Tsunade. – Disse e sorriu. Nunca imaginou que chegaria o dia em que ela se despediria daquele lugar. Nem havia tido tempo direito para se despedir de todos os paciente e funcionários, mas de qualquer jeito, ela voltaria para aquele lugar em um ano, então não era necessário grandes despedidas. Suspirou.

– Aqui a mala dela. – Tsunade estendeu a pouca bagagem da jovem para Kakashi, que a tomou e se dirigiu para o porta malas do seu carro, acomodando a mala mais pesada do que aparentava ali.

– Tchau Tsunade. – Jun disse, com um sorriso ao ver que Kakashi estava pronto para partir.

– Tchau Jun. – Tsunade havia deixado a formalidade para lá, afinal, ela cuidava a vários anos daquela menina. E não aguentando, a loira puxou Jun para um abraço, quase sufocando a menina nos seus seios. – Você entendeu não é? Tenha juízo, se não...

– Yes, yes... – Disse com a voz abafada. – Eu consigo apalpar a ameaça.

– Ainda bem que captou a mensagem. – E a loira soltou a morena.

– Aqui Jun... – Kakashi abriu a porta do carona para Jun e espero ela entrar, a fechando em seguida. – Eu vou me certificar que ela fique bem. – Garantiu a Tsunade antes de dar a volta no carro e entrar pelo lado do motorista.

– Só espero que... – Tsunade abanou a cabeça e afastou aqueles pensamentos. Não era hora de pensar no passado infeliz de Jun, deveria pensar que a menina ia se sair bem aqui e agora. Sorriu e levantou a mão para acenar para o carro que começava a se afastar.

– Adeus... – Jun murmurou e perdeu a loira de vista quando Kakashi fez uma curva.

– Quer escutar alguma música? – Kakashi perguntou, depois de algum tempo de silêncio no carro.

– Pode ser... – Jun deu de ombros. Provavelmente o grisalho havia sugerido aquilo por causa do silêncio constrangido que havia se instaurado entre eles.

– Tem alguns CDs no porta-luvas, escolha algum.

Jun assentiu e abriu o porta-luvas. Remexeu e tirou um porta CDs de lá, mas preso ao porta CDs veio uma foto.

– O que é...? – Murmurou e virou a foto, dando de cara com um pequeno Kakashi e um homem que o carregava no colo. – Sakumo... – Ela murmurou.

– Disse alguma coisa? – Kakashi virou momentâneamente a sua cabeça para ela, tirando um pouco a atenção da estrada.

– Ah... – Ela balanlou a cabeça e se repreendeu. Havia pensado em voz alta. – Havia uma foto aqui.

– Ah sim... – Kakashi murmurou. – Sou eu e meu pai.

– E sua mãe? – Perguntou sem pensar.

– Ela morreu ao me dar a luz.

– Morreu? – Perguntou não conseguindo esconder o choque.

– Sim. – Kakashi deu de ombros. – Nunca cheguei a conhecer, então não é como se importasse alguma coisa para mim. Meu pai também está morto.

– Também?! – Tentou mais uma vez esconder o choque. Toda a família Hatake estava morta. Kakashi era o último da sua linhagem. – Então quer dizer que você é filho único...? – Ela murmurou, ainda um pouco chocada. As coisas eram um pouco diferentes.

– Sim, eu sou sim, por que o espanto? – O grisalho perguntou sem entender.

– A-Ah... – Jun gaguejou. Ela havia sido inconsequênte novamente e estava falando mais do que devia. – É só que... – Ela estava tentando achar uma desculpa. – Pelo jeito que você trata o Sasuke e o Naruto... É como se você tivesse algum irmão mais novo... Não sei... – Ela não sabia se aquilo fazia ou não sentido, mas arriscou.

– Entendo. – Bem, embora para Jun não fizesse sentido o que ela havia dito, aparentemente, para Kakashi faziam. – Eu conheço o Naruto e o Sasuke a anos, na realidade, é como se eles fossem meus irmãos mais novos. Principalmente o Naruto, ele é filho do meu instrutor, então eu me sinto um pouco paternal em relação ao loiro.

– Hum... – Jun murmurou, aliviada pela mentira que havia contado ter tido efeito.

– Escolheu a música?

– N-No... – Ela estava tão nervosa que continuava a gaguejar. Abriu o porta CDs e seus olhos quase se encheram de lágrimas. O primeiro CD era um CD antigo do Oasis, ‘(What's the Story) Morning Glory?’, ela se lembrava que esse era o CD preferido dele, e nesse albúm em particular, havia a sua música preferida. – Eu escolhi... – Murmurou, a garganta apertada e os olhos queimando com as lágrimas que queriam saltar.

– Ok. – Kakashi responder sem perceber o estado da menina. – Sabe pô-lo?

– Aham, sei sim... – Murmurou de volta e se inclinou, ligando e inserindo o CD no rádio do carro.

– Ah! – Kakashi murmurou contente quando a música invadiu o carro. – Esse é o meu CD preferido. Ótima escolha.

O peito de Jun se apertou e ela teve que novamente seguras as lágrimas.

– Posso mudar a música?

– Claro. – Kakashi deu de ombros. – Fique à vontade. Você é a minha co-pilota. – Ele disse tentando fazer graça e quebrar aquele clima ruim que estava entre eles.

– Hm. – Jun assentiu e pôs na terceira faixa. Wonderwall.

Kakashi murmurou feliz novamente.

– Minha música preferida.

– Minha também.

Jun engoliu em seco e tentou afastar a sua mente das memórias do passado, se concentrando na música.

– Because maybe, you're gonna be the one that saves me. And after all, you're my wonderwall... (Tradução: Porque talvez, você vai ser aquela que me salva. E no final de tudo, você é minha protetora.). – Kakashi murmurou a música e batucou os dedos no volante. Na estrofe seguinte a voz de Jun se juntou a sua.

– There are many things that I would like to say to you, but I don't know how. (Tradução: Existem muitas coisas que eu gostaria de te dizer, mas não sei como.). – Jun cantou e Kakashi se calou, apreciando a bela voz que ela tinha. Era até um pecado ele pensar em cantar desafinadamente enquanto ela cantava de maneira tão bela e clara.

O grisalho olhou para a jovem pelo canto dos olhos e percebeu o olhar perdido e as lágrimas que ela tinha. Ele até chegou a abrir a boca para lhe perguntar se estava tudo bem, mas deixou para lá. Provavelmente ela não lhe responderia.

Jun ainda tentava segurar as lágrimas. Estar ali com Kakashi, escutar ele falar que aquele era o albúm e música preferidos dele, escutar a desafinada voz dele cantar e poder acompanhá-lo com a sua própria voz... Tudo isso estava mechendo com ela.

– You're my wonderwall... (Tradução: Você é minha protetora.). – Kakashi deixou escapar num murmuro desafinado e logo depois a música acabou.

– Acho que eu vou cochilar... – Jun informou. Ela não estava com sono, só queria uma desculpa para poder virar a cabeça para o lado e tentar acalmar o seu coração.

– Okay. – Kakashi acenou em concordância. – Quando chegarmos, eu lhe aviso.

A morena assentiu e virou o seu rosto para a janela, fechando os olhos. Quem sabe o sono realmente não viesse?

Continua...