Shelby P.O.V

Quando Russell disse aquelas besteiras na primeira manhã, as crianças ficaram visivelmente abaladas, o que não ajudava nada em minhas esperanças que eles aceitassem o padrasto. Nos dias que se seguiram, seus comentários ácidos não ajudavam em nada e logo, minha própria paciência estava por um fio.

_ Você pode calar a boca? – foi só o que eu pude rosnar certa noite, perto da hora de dormir, quando ele falava de novo da má criação de meus filhos – Você percebe que eu, sendo mãe deles, também os educou?

_ Meu amor, todos sabem que você foi apenas uma babá que os gerou. – desdenhou ele – E além do que, quem deve educar e ser firme é um pai, a figura masculina. Essa agressividade do Noah é pela falta de uma figura paterna firme.

_ Ah é? E as atitudes do Finn? São pelo que? – eu retruquei nervosa.

_ Finn não é meu filho. – defendeu-se ele, revirando os olhos.

_ E Noah também não, assim como Rachel e Santana. Então, da próxima vez que falar um A sobre meus filhos, sobre a criação deles, ou sobre Leroy e Hiram, vai ter que encontrar outra mulher, está me ouvindo?

_ Aonde vai? – rosnou meu noivo, enquanto eu apanhava minhas coisas de dormir.

_ Não estou com a menor vontade de dormir ao seu lado hoje. Se não se importa, quero dormir com minhas filhas.

Bati à porta de Rachel e Quinn abriu surpresa, vendo-me com meus pertences de dormir.

_ Berry, sua mãe... – chamou ela e minha filha apareceu.

_ Quinn, você se importaria de dormir com Brittany hoje? – pedi – E dizer a Santana para vir para cá. Eu realmente gostaria de dormir com as meninas hoje.

A loirinha assentiu, pegando suas coisas e saindo do quarto. Logo, Santana abriu a porta, entrando com seus pertences. Ela e Rachel juntaram as camas e quando me preparava para deitar, bateram a porta.

_ Posso fazer parte da festinha? – perguntou Noah, entrando só de cueca Box.

_ Como se já não estivesse aqui para isso. – disse Santana revirando os olhos. Ele riu, pulando ao lado dela na cama, abraçando nós três. E assim eu dormir, entre meus três anjinhos.

Quinn P.O.V

_ Quinn, você faz ideia de quanto nosso status caiu desde que você entrou no clube dos perdedores? – rosnou Joe, fechando a porta do meu armário. O corredor estava vazio, o que creio ter causado sua explosão – Ou melhor, o quanto MEU status caiu?

_ E eu lá to ligando pro seu maldito status Joe? – retruquei, o empurrando e abrindo meu armário novamente – Acontece que eu estou gostando do Glee, as pessoas lá são até legais. – dei de ombros.

_ Claro, sua maravilhosa família Dó-Ré-Mi. – caçoou ele, revirando os olhos – E quando afinal essa palhaçada vai acabar? Meu pai tem dito coisas Quinn, como por exemplo, que o conselho da Universidade Católica de Ohio podem não gostar de eu namorar uma filha de um viúvo divorciado que namora uma mulher e vive em uma casa com outros nove adolescentes.

_ E, de novo, eu ligo para isso por quê? – perdi a paciência e fechei meu armário – Se isso o incomoda tanto Joseph, vá para sua maldita universidade e vá solteiro.

_ Você está me dando o fora? – perguntou ele e eu assenti.

_ Essa merda de namoro nunca deu certo mesmo. Que termine logo, assim podemos seguir com nossas vidas. – eu me virei para sair, mas ele me agarrou pelo braço.

_ Ninguém me dá o fora, ouviu Quinn? – perguntou, apertando-o até latejar – Eu sou Joseph Hart e seu pai permitiu que namorássemos. Então, você é minha.

_ Não sabia que eu era propriedade. – retruquei, me segurando para não chorar. Ele não respondeu, apenas começou a me puxar, abrindo a porta do armário do zelador – Que merda é essa?

_ Agora você vai ser minha Fabray. De uma maldita vez por todas! – afirmou ele, erguendo minha saia e rasgando minha calcinha. Eu tentei falar, mas ele me deu um tapa – Cala a boca, ou eu faço pior.

_ Faz o caralho. – ouvi alguém abrir a porta. Noah e Finn estavam ali, com Sam e Blaine um pouco atrás, além de Kurt, Mercedes, Rachel, Santana e minha irmã. Brittany parecia assustada, enquanto Santana tentava acalma-la. Aproveitei e abaixei minha saia, corando e chorando.

_Você sai de perto da minha irmã seu bosta, ou eu arranco o que você tem ai. – intimou Finn e Joe riu.

_ E você acha que sua irmãzinha não quer dar para mim? – debochou Joe e Finn corou de raiva.

_ Se liga Hart, ela não é a Iza que dá para você quando você bem quer (N/A: sem ofensas a minha leitora Iza linda ♥). – comentou Puck e todos, menos Finn, o olharam surpresos.

_ Como? – perguntei surpresa.

_ Você não contou para sua irmã Hudson? – perguntou Puck, sem visível surpresa – Pois é Quinn, seu santo namoradinho come sua amiga cherrio. E pelo que eu já vi, não só ela não?

_ E foi ele quem roubou o uísque do papai. – afirmou Sam, sem conter sua raiva crescente.

_ Seu... Seu... Seu cachorro. – foi só o que eu consegui proferir, antes de deixar minha mão em sua cara. Ele tentou revidar, mas Finn e Puck foram mais rápidos para segurá-lo.

_ Relem um dedo em mim e meu pai faz todos serem expulsos. – ameaçou meu ex-namorado.

_ Acho que não Sr. Hart. – comentou Shelby, aparecendo com Sr. Schue, Emma, a conselheira e o diretor Figgins.

_ Sr. Hart, na minha sala agora. – sentenciou o diretor e os meninos largaram Joe, que foi com ele.

_ Finn, venha, você e Sam. Vocês não parecem bem. – pediu Emma. Eles me olharam e eu acenei com a cabeça para irem com Emma.

_ Britt, querida, vamos buscar um doce, que tal? – ofereceu Shelby a minha irmãzinha, ainda agarrada a Santana. Ela assentiu fracamente e a Berry mais velha foi com a mãe levar minha irmã à cantina.

Os outros continuavam ali me olhando e eu me sentia envergonhada pelo que eles haviam presenciado. Mas eles não me julgavam, apenas pareciam sentir pena, o que me deixou mais nervosa. Menos um... Ele.

Ele abriu os braços e eu me atirei neles, escondendo a cabeça em seu ombro e chorando. Tentei não pensar no quão estranho era aquilo, mas o fato era que eu chorar nos braços de Noah “Puck” Berry era algo no mínimo perturbador.

Kurt P.O.V

O Sr. Fabray estava nervoso, fulo da vida diria eu.

_ COMO VOCÊ PODE TERMINAR UM NAMORO DESSE LUCY? ME EXPLIQUE? E AINDA MAIS CAUSAR A SUSPENSÃO DE JOE? – gritava o pai dela – TEM NOÇÃO O QUANTO ISSO NOS CURTARÁ SOCIALMENTE? VOCÊ TER FERRADO COM O FILHO DO PASTOR?

_ ELE TENTOU ESTUPRAR ELA! – descontrolou-se Sam – ELE A MACHUCOU, A TRAIU, ROUBOU DE NOSSA CASA E VOCÊ O DEFENDE?

_ EU ESTOU POUCO ME FODENDO PRO QUE ELE FEZ! – garantiu Russell, virando seu uísque – Eu tinha diversos clientes que já me ligaram, desfazendo nossos acordos.

_ Ótimo, arranje novos. – disse Finn, mostrando o obvio.

_ Parem de gritar. – choramingou Brittany, tampando os ouvidos. Russell inspirou diversas vezes, tentando controlar a raiva e os meninos também se acalmaram – Quinn, você está bem?

_ Estou sim Britt, já disse. – garantiu Quinn, não parecendo tão segura disso – Agora, eu gostaria de ir me deitar.

Os quatro adultos assentiram e todos foram se deitar, deixando-os a sós. A briga pelo visto iria longe ali. De nossos quartos, ainda era possível ouvir as discussões no andar de baixo. Russell se exaltava, defendendo Joe, enquanto os outros três defendiam Quinn.

_ Alguém consegue dormir? – ouvi Sam perguntar e suspirei. Virei e vi que Blaine me encarava triste, aparentemente acostumado aquilo.

_ Eu to preocupado com a Quinn. – admitiu Blaine baixinho e dessa vez Sam suspirou.

_ Finn também. Estou falando com ele por mensagem.

_ O que acham de uma noite do pijama coletiva? – perguntei e eles me olharam surpresos. Pouco depois, todos estavam em nosso quarto.

_ Se o pai pegar, estamos fritos. – garantiu Quinn.

_ Honestamente, hoje não me importo. – garantiu Finn – Depois de tudo que aconteceu, duvido que alguém aqui vá ter uma noite de sono tranquila mesmo.

Juntamos as três camas a fim de conseguir um espaço maior, mas ainda sim nos apertamos. Sam ficou entre as irmãs, com Blaine ao lado de Britt e Finn ao lado de Quinn. Noah aconchegou cada uma das irmãs de um lado e eu e Mercedes nos demos os braços. Vi que as mãos de Noah e Quinn pareciam unidas entre Rachel e Finn, que era quem estava entre eles, mas tentei não pensar no que isso poderia gerar. E, afinal, todos puderam dormir em paz.