Dia De Empreguete, Véspera De Madame! escrita por Fernanda Melo


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês gostem, decidi fazer algo diferente e pretendo postar esta história todas as semanas provavelmente nos domingos.



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Trabalhar em casa de família não é a melhor coisa do mundo, apesar de que esse era o único sustento que consegui. Eu havia perdido meus pais cedo, quando eu tinha apenas dezessete anos e desde então comecei a trabalhar na casa do Dr. Hale um grande e nomeado advogado. Sua esposa Alicia era o tipo de senhora que ninguém quer trabalhar para ela, uma mulher arrogante, muito cheia de si, não se importava com nada e nem ninguém. Não ligava também nem para seus filhos Rosalie e Jasper, que eram gêmeos e ao contrario da mãe não desprezam as pessoas de classe mais baixa.

                Está bem tenho que confessar que eu Alice Brandon era apaixonada pelo Jasper Hale, estudante de Pediatria. Eu trabalhava aqui já fazia dois anos, não fazia faculdade e morava no emprego, no quartinho dos fundos da enorme mansão. Hoje era mais um fim de semana Dr. Nicolas levara a mulher para a casa de praia para poderem comemorar uma causa ganha, Zilda, uma empregada antiga da família foi com eles para servi-los e minha obrigação era de ficar aqui. Jasper havia aproveitado para chamar alguns amigos e Rose como não queria ficar fora dessa chamou suas amigas de faculdade.

                Eu estava na cozinha preparando um suco para o pessoal, o que eu mais queria era que chegasse domingo, meu dia de folga para que eu pudesse simplesmente apenas ficar em minha cama até tarde. Já estava exausta desde cedo eu queria apenas poder deitar e descansar um pouco o trabalho era pesado e eu não tinha tempo nem para mim.

                - Hei Alice, os sucos estão prontos? – Perguntou uma voz grossa e máscula. Logo percebi de quem era e disfarcei o sorriso enquanto estava de costa. Me virei e vi seu corpo escultural, vestindo somente aquela sunga azul marinho. Seus olhos verdes me deixavam abismadas e seus cabelos loiros completamente bagunçados o deixava ainda mais sexy.

                - Claro, já vou levar para vocês. – Disse me aproximando da bandeja com vários copos preenchidos com suco cítrico.

                - Não precisa Alice, eu mesmo levo você está me parecendo um pouco desanimada porque não vem ficar com a gente?! – Eu?! Ficar com os amigos dele. Certamente eu nunca aceitaria não estava acostumada a isso, eu era somente a empregada e nunca deveria me envolver com meus patrões e então logo tratei de negar.

                - Não Jasper, meu lugar não é com vocês, é aqui. – Eu disse de cabeça baixa. – Agora se me permite vou voltar ao trabalho. – Disse me virando para a pia para lavar os pratos que se encontravam sujos.

                - Você não devia se desprezar assim, eu gosto de você. – Arrepiei-me ao seu toque em meu braço, eu não esperava isso. Jasper estava passando dos limites, eu sei que sou apaixonada por ele, mas eu tenho que manter este trabalho, é o meu sustento e o único que não me cobra cara para morar.

                - Está bem, obrigada Jasper, agora vá se divertir com seus amigos. – Eu disse fazendo com que ele se afastasse e por fim saísse da cozinha. Se Dona Alicia me visse perto de um de seus filhos ela acabaria comigo, ela havia deixado bem claro isso, me botaria para o olho da rua. Eu então optei por tentar esconder meu amor por ele, não conseguiria viver longe dele e ainda por cima não ter um lugar para morar.

                Passado alguns minutos depois de ter ido buscar os copos com o pessoal que estava todos na piscina, voltei para a cozinha para lavá-los, quando eu estava enxugando um deles senti uma tontura e deixei o copo cair. Eu estava muito tonta, sacudi um pouco a cabeça para afastar o mal estar tentei pegar os cacos do copo e acabei me cortando, sentei no chão e encostei minha cabeça no armário fechando meus olhos para que a minha vista voltasse ao normal e a tontura parasse.

                - Alice, meu Deus você está bem? – Jasper estava ao meu lado segurando meu rosto. Eu ainda estava tonta e não conseguia perceber sua imagem bem.

                - Me ajude a levantar. – Lhe pedi com a voz fraca, eu não havia percebido bem. Quando tentei me levantar minhas pernas fraquejaram e acabei quase caindo, se não fosse por Jasper amparar meu tombo eu voltaria para o chão.

                - Você não está nada bem, vou te levar para o hospital. – Eu tentei relutar, mas estava fraca demais para fazer isso. – Sua mão está sangrando. – Ouvi sua voz preocupada. Eu podia estar mal, mas me sentia bem por estar em seu colo. Eu estava tecnicamente nas nuvens, era meu sonho estar assim tão perto dele. Senti meu corpo repousar em um lugar macio, olhei para os lados pisquei meus olhos várias vezes para tentar enxergar, mas em nada adiantou. – Eu já volto. – Ele sussurrou perto de mim, eu tentei lhe segurar, mas não consegui, fechei os olhos como sinal de desistência para o cansaço.

                - Alice você está bem? – Esta parecia à voz da Rose, tentei responder, mas a escuridão foi me tomando aos poucos e só ouvi um nome ser ecoado bem alto de sua boca: Jasper.

                Quando fui retomando a consciência, abri os olhos e me senti aliviada por conseguir enxergar bem. Assustei por ver alguns fios ligados a mim olhei para os lados e logo percebi que estava em um quarto de hospital e sorri quando vi Jasper sorrindo para mim.

                - O que você está fazendo aqui? – Logo desfiz o sorriso para que ele não percebesse, não sei se ele sabia que eu gostava dele, mas seu olhar era tão carinhoso sobre mim e seu jeito de se redirecionar a mim é tão delicado. Talvez seja somente minha mente tentando brincar comigo como as outras várias vezes.

                - Cuidando de você. Você me deixou preocupado, Alice você tem trabalhado demais e esquecido de cuidar de você mesma. Não gosto quando você dá valor somente ao trabalho, ele não é tudo. – Abaixei a cabeça e pensei no que ele havia dito, certamente eu queria que não fosse. Queria poder fazer faculdade de moda, ser uma grande estilista, queria poder ter amigos e uma família para poder ter alguém que se preocupasse de verdade comigo.

                - Jasper, se eu não valorizar este trabalho de que eu vou viver? Não tenho onde morar e um aluguel hoje em dia é caro e sem contar que não serão somente esta despesa terão outras. Não posso simplesmente abandonar tudo e começar a pensar somente em mim, eu sei tenho que cuidar da minha saúde, mas...

                - Alice, eu entendo que sua vida é complicada, mas cuide pelo menos de sua saúde. Não quero te ver assim abatida, você é linda, a mulher mais linda que já vi. – Ele disse enquanto acariciava meu rosto, meu coração estava acelerado e eu estava feito uma estatua olhando no fundo de seus olhos, não sabia o que dizer estava realmente abismada com o que ele havia acabado de dizer, eu estava acostumada dele me dizer que sou bonita, mas hoje parecia ser diferente, de um jeito especial. Para Alice, isso não é possível ele é seu patrão não vai querer ser teu namorado. Logo tratei de parar de olhar para ele.

                - É... Você sabe quando vou poder sair daqui?

                - Bem o médico disse que não foi nada de grave somente que sua pressão abaixou, ele disse que terá que tomar cuidado Dona Alice.

                - Está bem eu prometo que vou me cuidar, mas eu só quero sair deste hospital.

                - Tudo bem, vou chamar o médico e ver se ele já assinou sua liberação. – Jasper saiu da sala me deixando sozinha apenas eu e meus pensamente malucos. Alguns minutos, depois de uma imensa demora o médico veio ao quarto onde eu estava conversou comigo e disse que eu já estava liberada, o que era ótimo. Às vezes a vantagens de estar um pouco mal finalmente terei o descanso que tanto preciso e que tanto estava querendo. Jasper me acompanhou até seu carro, abrindo a porta para mim como um cavaleiro quando cheguei na casa fui direto me deitar, assim como Jasper pediu, ele me acompanhou até o pequeno quarto no fundo da casa esperou que eu me deitasse e então saiu do quarto. Fiquei ali pensando em como eu queria que minha vida mudasse, claro que para melhor, porque de desgraça já estava cansada. A morte de meus pais foi a pior coisa que pôde me acontecer, éramos de família humilde e eu me esforçava nos estudos para conseguir um bom emprego, éramos felizes e eu era considerada a garota mais sortuda pelos pais que tinha, lembro que quando cheguei ao ensino médio meu pai já estava economizando para pagar minha faculdade, eu dizia para ele que não precisava que conseguiria uma bolsa de estudo, mas ele cabeça dura do jeito que era estava juntando seu curto dinheiro. Minha mãe era a melhor pessoa que já tive no mundo, a pessoa mais doce e meiga que já me deram de presente. Não tinha como não ter sido feliz na minha infância e era só dessa época que eu queria me lembrar, mas a cena que mais se repetia em meu consciente era o trágico acidente que tirou meus pais de mim.

                Como eu queria ter ido junto com eles, ter morrido seria a melhor opção, evitaria todo esse meu sofrimento, toda essa humilhação que tinha que passar por causa de Dona Alicia. Mas apesar disso tudo eu ainda não havia desistido dos meus sonhos, não havia esquecido quem eu era e de onde vim, se Deus me deu mais uma chance era porque eu ainda tenho muito o que aprender e se ele escreve certo de linhas tortas algo bom no final irá acontecer para mim, eu tinha fé e acreditava nisso, porque era o único motivo de desistir de tudo e aprontar uma besteira.

                As lágrimas de saudades não paravam de descer pelo meu rosto, eu sentia tanta falta deles que nem as fotos que me restaram de recordação me consolavam, nem as curtas lembranças me faziam sentir protegida, nada disso era suficiente como aquele abraço de consolo que só a mamãe sabia me dar, assim como aqueles conselhos sábios de meu pai e seus puxões de orelha para que eu andasse na linha, até mesmo as curtas discussões me faziam falta, seu eu pudesse voltar atrás e dizer aquele eu te amo que deixei de dizer por mero capricho, mas agora não adiantaria mais se arrepender por coisas importantes que deixei de fazer ou simplesmente passar o dia inteiro em prantos por o que já aconteceu e não tem como reverter, agora a única coisa que poderia fazer era tentar ao máximo seguir em frente e aceitar de uma vez por todas que meu destino estava traçado somente como uma empregada e nada mais do que isso.

                Meu destino era certo e as humilhações também, os desaforos e gritos que teria que aturar de Dona Alicia seriam muitos ainda. Mas eu aturaria isto porque eu dependia deles para sobreviver, ter um lugar para morar e comida para me alimentar, se não fosse por eles estaria na rua e só Deus sabia o que iria acontecer comigo. Então decidi parar de chorar e tentar dormir talvez descansar um pouco faria bem para mim e quando eu acordasse levantaria dessa cama e voltaria para o trabalho por que na vida você não pode dar mole principalmente quando você só é a emprega de rostinho bonito.


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Notas finais do capítulo

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