Imponente Carvalho escrita por Lúcia Hill
A sensação de estar sendo observada enquanto fazia suas malas provocou desconforto na jovem Amy. Estudou com o canto dos olhos sua mãe que permaneceu calada inerte próxima a janela com os olhos fixos no chão, segurando um terço em ambas as mãos.
Amy suspirou.
– Algo te incomoda minha mãe? - questionou-a.
Eleanor virou-se na direção de onde estava a jovem, era visível sua tristeza e seus olhos pareciam nadar em pequenas poças de água.
– Não minha querida. - murmurou.
Ela voltou sua atenção para as malas sobre a pequena cama, a primeira forma de amor fora lhe apresentado através do Lord Oliver Mclachlan, um homem vigoroso, rude que mal se conseguia ver um sorriso brotar-lhe nos lábios bem esculpidos pela natureza, mas esse mostrou-lhe um lado amargo o qual não deveria desfrutar.
– Será melhor para todos mamãe, passarei alguns anos até completar meus 27 anos e regressarei.- disse - Pois até la tudo estará mais calmo e cairá no esquecimento.
O velho coração de Eleonor não conseguiria suportar a distancia e dor que sua jovem filha carregava dentro de seu peito, um trauma que levaria para o resto da vida. Sua mãe se tornou a pálida imagem do que fora. Os exuberantes cabelos negros embranqueceram do dia para a noite e a velhice estava tornando-se uma doença que parecia-lhe corroer de dentro para fora.
– Não é justo.- protestou.
Amy largou as peças de roupas sobre a cama e aproximou-se de sua mãe com um expressão de piedade como se fosse ela quem estava indo para dentro dos enormes muros do convento.
Abraçando-a, conduziu-a para a cama e ajoelhou-se em sua frente, segurou suas mãos firmemente.
– Aprendi que na vida nada é justo, não se preocupe estarei bem. - disse.
Eleanor lutava contra as lagrimas até por fim render-se a elas pouco a pouco. Ambas se abraçaram e permaneceram inertes por alguns minutos, para a jovem era de partir o coração as lagrimas de sua mãe.
Mas o som de batidas contra a velha porta de madeira fez com as atenções voltassem para a porta.
– Entre. - disse a jovem.
Sem demoras o velho mouro abriu a porta, continha uma expressão de espanto em seu cansado rosto, suas mãos tremiam de tal forma que fazia seu chapéu desgastado balançar sobre as mãos.
– Diga o que aconteceu Alastair. - ordenou Eleanor.
O rosto do velho estava pálido feito cera, mas a matriarca novamente insistiu para que contasse o que tinha ocorrido para deixá-lo daquela forma, até por fim o velho homem começou a falar.
– Lord Mclachlan estpa na sala junto a seu Isaac. - disse - E parece falar da senhorita.
Amy sentiu uma pontada forte contra o peito, como se algo lhe tivesse roubado todo seu ar, mas logo se recompôs e caminhou na direção da sala. O som da voz de Oliver a perturbou. Permaneceu inerte e escondida atrás da porta, com os sentidos em alerta.
– Desejo falar com Amy. - solicitou Oliver.
Isaac apertava o velho chapéu entre as mãos enquanto observava-o.
– Não acho que seja uma boa ideia, milorde. Pois minha filha esta de saída para o convento. - anunciou.
Naquele momento era visível o espanto no rosto bem cuidado de Lord Mclachlan, algo dentro dele dizia para impedir que a jovem fosse levada para o tal convento.
– É de extrema importância que permita-me conversar com ela antes. - sugeriu.
Isaac franziu o cenho confuso, mas sem delongas berrou para que o mouro fosse chamá-la, sem perceber que a jovem estava espiando atras da porta. Ela virou-se na direção de sua mãe e sentiu um calafrio percorrer lhe a espinha por inteira.
Assim que apareceu na sala sentiu o clima pesar, encarou-o com frieza, mas ele não se deixou intimidar, as impressões a bombardearam, desde o peito largo, o braço firme ao redor de sua cintura e o rico perfume de bergamota.
– O que desejas comigo, milorde? - questionou de forma ríspida.
O olhar de Oliver se moveu para o lacaio e o velho Isaac ambos estavam próximo à porta, ordenando em silêncio que deixassem-os a sós. Mesmo relutante o velho Morgan cedeu ao pedido silencioso de sua jovem filha.
– Antes pensando nesses últimos dias a nosso respeito, pois sabemos que mesmo que não tivemos o contato carnal. - parou bruscamente e a encarou - É meu deve solidificar nosso relacionamento.
Aquelas palavras não fizeram efeito na expressão gélida da jovem Amy Morgan, mas ela mal conseguiu esconder a profunda surpresa.
– Não devemos complicar ainda mais nossa situação, pois estou de saída para o convento e não deves preocupar-se com minha reputação, milorde. - disse.
O impacto causado pelo profundo magnetismo que vinha de Oliver era desconcertante. Provocava em Amy o desejo de confiar nele, embora o brilho dos olhos misteriosos dissesse que seria um erro dar-lhe confiança pela segunda vez.
Oliver ergueu as sobrancelhas. Aproximando-se, tocou os ombros da jovem num gesto que a deixou admirada.
– Confesso que errei em bater-lhe daquela forma, mesmo que nunca me perdoe. - disse.
Ajoelhou-se aos pés da jovem deixando a surpresa e sem defesas, por um momento, Amy se recusou a observá-lo. Porém, sem resistir ao impulso, girou a cabeça e o estudou com avidez. Vestido como estava, seria impossível resistir a elegância do traje se destacava.
–Case-se comigo, para consertar todos os erros. - pediu.
Não era bem aquelas palavras que a jovem desejava ouvir, mas por um minuto sentiu seu coração apertar dentro do peito. Amava aquele homem com todas as forças ainda restantes de seu corpo.
– C-Caso. - disse.
O sorriso de gratidão que recebeu fez seu coração se apertar. Não havia outra saída a não ser aquela ou acabaria mofando dentro do convento para sempre.
Ele levantou-se e beijou lhe a mão de forma carinhosa, fez uma reverencia antes de desaparecer por entre a porta.
Ela assentiu com um sorriso amargo antes de se afastar. Sua mente estava nebulosa para pensar direito sobre o que acabara de aceitar, sentia se relutante a respeito, mas já estava feito. Ao virar se na direção do corredor, reparou no olhar de reprovação de sua mãe. Por vezes, sentia-se desconectada do mundo real, ponderou. Já não sabia mais a diferença entre um simples gesto de tolerância e um ato de descaso.
Mas não importava, iria provar sua inocência perante as acusações do Lord Gavin e por fim vingando-se dos atos do Lord Oliver Mclachlan.
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Boa Leitura!