Imponente Carvalho escrita por Lúcia Hill


Capítulo 13
Capítulo - Gavin's Revenge




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Oliver odiava ter que se hospedar naquelas espeluncas de Nova York, mas seu consultor financeiro sempre lhe alugava aqueles malditos quartos fétidos, sem contar as noites quentes de veraneio que o deixavam com alergia devido ao mofo.

- Por Deus homem, deveria começar a escolher melhor os hotéis.

Giorgio encarou-o detrás daquelas lentes grossas, retirou um lenço e entregou para Oliver.

- O senhor deveria se preocupar com as economias e não com regalias, pois estou apenas seguindo ordens da Lady Mclachlan. – anunciou.

Ele divertia-se com aquela pose toda formal de seu amigo e conselheiro financeiro, pois suas famílias se conheciam a tempos, sendo o pai de Giorgio também o consultor financeiro do pai de Oliver.

- Ora meu caro, se achas que isso é ato de regalia então não passará nem um dia sequer na bela Europa. – disse.

- Deveria estar preocupado com a reunião dessa tarde, pois se não notou o senhor tem muitos concorrentes no mercado que por sua vez vendem madeira bem mais em conta que as suas.

Oliver parou bruscamente e fez uma careta seguida de um longo riso de deboche.

- Deve estar de brincadeira. – anunciou perplexo – Pois minha família tem tradição nesse ramo, Giorgio e devias saber que um homem seguro de si não teme frente a uma mera rivalidade de molecotes, me digas quem é esse tal Clark Williams?

Giorgio cruzou os braços.

- Meu senhor não está na Inglaterra, e lembre-se que apenas ostenta o titulo da nobreza em suas terras ao sul do país. O jovem e visionário Clark Williams é uma das grandes apostas do mercado regente dos Estados Unidos da America.

Oliver soltou uma longa risada.

- Não tenho medo desse garotinho, é novo demais para formular suas próprias idéias.

Lord Mclachlan se virou e andou lentamente pelo hall, atravessou a sala de recepção e entrou no grande salão. Giorgio o seguiu, vigiando-o enquanto Oliver olhava em volta. As estantes que iam do chão ao teto ocupavam duas paredes e a lareira de pedra era grande e alta o suficiente para caber um homem em pé. As poltronas e sofás pelo menos eram aconchegantes, reunidos em áreas comuns do hotel mediano, as janelas que permitiam visão total do lado de fora.

- Quantos anos têm aquele garoto? – quis saber.

O rapaz de cabelos ralos e louros encarou o curioso.

- Vinte e dois. – respondeu.

Oliver mostrou um sorriso leviano e continuou seu caminho até as escadarias que dava acesso aos quartos de hospedes, Giorgio o seguiu pensativo. Lorde Mclachlan parou bruscamente no meio da escadaria e se voltou na direção dele e com um largo sorriso maroto disse:

- Sou apenas treze anos mais velho que ele e veja, tenho várias posses dentro e fora do país e o que ele ostenta a não ser uma falida firma de carvão? Então volte e diga aquele molecote que nem sequer me faz rir. – disse com desdém.

Mas a voz de um dos criados do hotel chamou a atenção de ambos para si, um rapaz de cabelos avermelhados abriu a enorme bolsa de couro e retirou um envelope pardo, daqueles usados em assuntos legais ou em telegramas. Segurou o do­cumento por um instante, como se hesitasse em entregá-lo e, então, um segundo depois, estendeu-o para Oliver, que o pegou e lançou um breve olhar sobre ele, sem delongas Lord Mclachlan entregou-lhe uma moeda em gratidão a seu feito.

–Tenha uma boa noite Giorgio. – disse antes de se afastar na direção de seu quarto.

Giorgio não conseguiu conter um meio sorriso por causa das palavras ofensivas de Oliver Mclachlan, o sempre tão correto e perfeito cavalheiro.

– Igualmente meu caro amigo.

Ambos fizeram caminhos totalmente opostos, Oliver carregava seu casaco sobre o braço direito enquanto sua mão segurava aquele telegrama, por um minuto sentiu um frio percorre- lhe a espinha. Ao abrir a porta, jogou seu casaco sobre a poltrona mais próxima e trancou a porta atrás de si.

Sentou-se na beirada da cama e pegou o envelope, sentiu seus ossos doerem ao notar no rodapé do mesmo o sobrenome L. Gavin.

Caro Oliver Mclachlan!

Não pude acreditar em suas pretensões a meu respeito, logo eu que sou um homem de família cristã e com uma educação refinada. Recebi essa manhã uma carta das mãos de um de seus criados, nela era descrito certa urgência de minha presença em sua casa. Assim que cheguei para ver do que se tratava, ouvi da boca de sua esposa o quanto estava acaricida da presença de um homem, segundo as palavras daquela jovem recebera ordens suas para descobrir quem estava tentado derrubá-lo perante os irmãos de nossa aliança. Peço que se tenha alguma duvida ou temor, venha pessoalmente contar-me e não usar sua esposa como uma promíscua. Confesso que estou terrivelmente arrasado perante minha família.

Atenciosamente: Lorde Richard Gavin.

Oliver mal conseguiu acreditar naquelas palavras, amassou o papel de forma bruta e o arremessou contra a parede.

Levantou se e caminhou furioso na direção da recepção. Solicitou ao rapaz uma garrafa de whiskey, embriagar-se era a forma de esquecer aquelas palavras.

Promiscua, como posso criar uma cobra debaixo de meu teto. – pensou enquanto engolia praticamente todo o líquido de seu copo.

Aquelas palavras feriram profundamente sua reputação, daria um jeito de resolver aquele mal entendido. Sentia-se no próprio inferno e não ha­via uma saída a não ser dar-lhe uma lição, devolvê-la para a casa de seus pais e obrigar o velho Isaac Morgan a lhe pagar em moedas. Tinha seu orgulho a zelar, pois em toda sua vida nunca utilizara-se de favores femininos para ter uma conversa com um homem, principalmente se o assunto envolvia Lord Gavin.

Oliver praticamente bebera toda a garrafa de whiskey sozinho, o rapaz encarava-o perplexo com sua atitude, ele retirou um pedaço de papel do bolso de sua calça e pediu uma caneta para o rapaz.

Tenho assuntos bem mais importantes

Entregou ao rapaz que o encarava com os olhos arregalados, Oliver por fim o encarou.

– Entregue isso a Giorgio que está hospedado no quarto de nº 5. – disse com a voz embaraçada.

O garoto balançou a cabeça de forma positiva, enquanto lord Oliver cambaleou até a escadaria em busca de seus objetos pessoais, precisava partir o quanto antes. Não estava ligando para seu estado físico, apenas para sua reputação que estava praticamente no lamaçal por causa de uma idiotice de Amy Morgan, ele sabia que seria bem pior se sua mãe descobrisse que seu único herdeiro estava em um casamento de mentira com uma camponesa em troca de saldar a divida do velho Isaac Morgan, seria uma tragédia.




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