Aye Captain escrita por carmpuff


Capítulo 1
Sparrow


Notas iniciais do capítulo

em plena semana de testes, onze da noite, quebrada até a alma.................... ESTOU POSTANDO MAIS UMA FIC AOISJAXIJASPAOIZJAPOISASI sou louca só pode mesmo



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                - Podia ter sido pior. - ela disse por cima do barulho das gaivotas.

                George praguejou. Estava encharcado até os ossos; sem tripulação, sem armas, e o pior: sem rum.

                - Podia ser pior?! - esganiçou.

                - Foi o que eu disse. - respondeu. Franziu a testa. - George, eu bati na sua cabeça com força demais?

                - Não com força suficiente para me deixar esquecer o seu motim. - ele cuspiu. A mulher tossiu como se a ideia fosse absurda.

                - Não é motim se o navio é meu.

                - Seu? Seu navio?

                - Repetir as palavras te faz parecer ainda mais burro, querido.

                - Caterina - George grunhiu. - Você destruiu meu navio.

                - Tá, tá. - ela respondeu, parando subitamente. Tinham ido parar em algum lugar perto de Tortuga; não que essa fosse a parte ruim. A parte ruim era que George Turner tinha ido parar lá com a Capitã.

                Caterina era latina, com olhos castanhos expressivos e um sotaque herdado da mãe. Andava como se estivesse bêbada e carregava consigo um bonequinho dentro do casaco. Seu cabelo era longo e sempre desarrumado, sua boca sempre aberta e sua cama nunca vazia.

                - Acho - ela disse, com aquela voz arrastada. - Que conseguiremos um navio por aqui.

                - O que te faz pensar que te dariam um navio? - George perguntou.

                - Pela mesma razão que você me deu um.

                - Eu não te dei um navio!

                Ela o ignorou, coisa que ele já estava acostumado com mulheres. George nascera numa ilha deserta com somente sua mãe lhe fazendo companhia; conhecera seu pai quando tinha dez anos, mas fugira da ilha depois de nove. Agora, aos vinte, tinha sido o Capitão Turner por incríveis dez minutos, antes daquela louca com olhos de ressaca mandar tudo pelo ralo.

                Literalmente.

                Caterina começou a subir a ladeira como se nada tivesse acontecido. Ninguém percebeu nada errado com mais dois piratas molhados e sujos; algumas mulheres com rostos brancos de tanto pó lançaram olhares descrentes na direção de Caterina, mas piscaram de modo sedutor para George.

                - Aonde vamos? - ele perguntou. Caterina não respondeu imediatamente, mas ele esperou até ela estar pronta.

                - Eu vou roubar um navio. Você pode fazer o que quiser.

                - Eu não. - George resmungou. - Vou é atrás de você porque você sempre tem álcool.

                - É esse o espírito!

                Tinha um bar com cara de suspeito na esquina. Pessoas cobertas de lama, sangue (que não devia ser o deles) e tatuagens entravam aos bandos. Era obviamente um péssimo lugar para se achar pessoas de caráter e moral.

                Entraram.

-x-

                Como era normal para George desde que ele entrara para a tripulação, ele acordou sem lembrar o que tinha acontecido na noite anterior. Atrás dele era o chão duro do bar, cheirando a pólvora e água do mar. Tinha três pares de pés somente dois centímetros de distância do rosto dele e uma garrafa meio vazia de rum em cima do tornozelo de um deles.

                George pegou a garrafa e tomou até o último gole, antes de olhar em volta.

                - O que você fez? - perguntou à Caterina. Ela levantou o copo que tinha na mão.

                - Recrutei minha tripulação.

                - Você sabe que não vai ser minha capitã, certo? - George pulou um ou dois corpos jogados por lá e sentou num banquinho de madeira caduco do lado dela.

                - Se eu não for sua capitã - Caterina disse, tomando um gole. - Vou ter que te matar agora mesmo.

                Ela pegou uma pistola da mesa do lado, engatilhou-a e apontou para o olho esquerdo dele. George brincou com a garrafa antes de dar de ombros.

                - Você não teria coragem. Além disso, você só tem uma bala.

                Caterina fez uma careta. - Como sabia que essa é a minha pistola?

                - Eu te conheço. - respondeu. Pulou do banquinho. - E agora?

                - Vamos pro cais.

                Gritou, então, para fazer todos os tripulantes levantarem do chão. Um a um, eles gemeram, se viraram e reconheceram a capitã. Uma garota, de cabelos loiros sujos e olhos verdes da cor de uma garrafa de absinto saiu do meio deles.

                - Gillian - Caterina disse, sorrindo. - Pensei que morrera.

                - Te mandaria ao inferno se já não estivéssemos lá. - Gillian estralou o pescoço.

                Bella Gillian era a braço direito de Caterina. Tinha ar de cientista maluca. Era especialmente boa com machados e lidar com o temperamento tipicamente latino de sua amiga. Era também leal ao ponto de ser uma falha. George e Bella eram primos, e fora ela quem dera George a oportunidade de entrar no mundo da pirataria.

                - Primo - Gillian disse. - Vai ter que ficar com a galera na galeria.

                George levantou as sobrancelhas. A galeria era onde os tripulantes comuns ficavam; era suja, cheia e longe do padrão de um Turner. Virou para Caterina, escandalizado. Ela olhava suas unhas contra a luz de uma vela.

                - Eu não vou pra galeria. Caterina - ele rangeu os dentes. - Tá me ouvindo?

                - Você não vai pra galeria. Vai ter que ficar no quarto superior, comigo e com Gillian. - ela bufou. - Acho que quebrei minha unha.

                Caterina, mesmo impulsiva daquele jeito, conseguiu liderar um grupo de mais de cinquenta homens o dobro de seu tamanho pelas ruas tentadoras de Tortuga. O cais estava cheio, como sempre. Um grupo qualquer de piratas desceu de um navio igualmente desconhecido e, acompanhados pelo barulho de tecidos e garrafas de vidro grossas, foi até a praça.

                Como verdadeiros piratas, a tripulação saiu correndo e fazendo um enorme alarde ao tomar o navio dos outros. Caterina subiu à roda, cada gota a líder que era.

                O outro grupo foi voltando, alarmado e furioso, quando um grito foi ouvido do começo do cais:

                - SPARROW!

                - QUE QUE É?  - berrou Caterina. Um dos homens no grupo oposto parou e olhou em volta. - É CAPITÃ SPARROW, IDIOTA!

                A pessoa que gritara era Gillian, que empurrou dois para fora de seu caminho. Tirou uma espada da bota e empurrou mais um para dentro da água.

                ­- SUA MÃE TÁ AQUI, SUA DEGENERADA!

                - Caterina Sparrow - a imponente Angelica Teach passou sem precisar fazer esforço por todos, até chegar à prancha de entrada do navio. - O que pensa que está fazendo?

                - Mãe - Caterina resmungou. Seu sotaque ficou mais pronunciado, assim como o da mãe. - Eu estou roubando um navio. Dá licença?

                - O meu navio! - alguém gritou do deque. Gillian rolou os olhos e pulou para dentro, poucos segundos antes de um homem ainda mais estranho que as mulheres latinas tocar o chão. - E Sparrow?

                - Sai do meu navio, velhinho, ou eu te mato. - Caterina pôs uma mão no quadril e apontou com uma espada avulsa para a saída.

                - Jack? - Angelica perguntou, com cara de quem via um fantasma. Caterina suspirou, a palavra claramente fazendo efeito nela. - Jack Sparrow?

                O homem cambaleou para trás do mesmo jeito que Caterina fazia. Seu cabelo era coberto de tranças e cabelos brancos, mas sua expressão e suas roupas não davam uma idade certa para ele. Porém ao ver o rosto de Angelica, pareceu perder dez anos.

                - Angelica?

                - Então você é o meu pai? - Caterina girou a espada e olhou o homem de baixo para cima. - Agora mesmo que eu te mato.


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