The Boy With The Thorn In His Side escrita por KingTrick


Capítulo 8
Capítulo 7




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Acordei sozinho. Senti falta do corpo quente de Brendon junto ao meu, mas aproveitei o momento e pensei na minha situação. Brendon era ótimo, e eu realmente gostava dele. Será que era certo colocá-lo no meio de tudo isso?Levantei e tomei banho. Vesti uma camisa antiga e calça de moletom e fui para a sala. Brendon estava lá, com Patrick.

Os dois olharam para mim ao mesmo tempo, como se estivessem falando de coisas que me envolviam, mas que não queriam que eu ouvisse. Sentei-me no meio dos dois no sofá e Brendon sorriu para mim. Sorri de volta e ele apertou minha mão.

- Bom dia.

- Bom dia. Bom dia, Patrick.

- Bom dia, George.

- Pete ainda está dormindo?

- Não, ele foi ao supermercado. Nossa comida acabou.

- Já? Mas nós nem comemos tanto assim - Brendon riu - Deve ter sido o Boris.

- George, não culpe o cachorro. 

- Vocês parecem os meus avós - Brendon iluminava o cômodo com o seu sorriso. 

- Patrick já é praticamente um idoso, então...

- Olhe a boca, George. Você começa e depois não aguenta.

- Calma, já parei.

De repente, ouvimos a porta se abrir e Pete entrar, várias sacolas plásticas nas mãos. Fomos todos à cozinha, observar Patrick fazer o almoço. 

A comida dele era incrível. Patrick tinha um talento invejável e gostava de fazer pratos sofisticados, como troféus para si. Todavia, era sua comida caseira que me dava água na boca. Ele vinha de Chicago e todos os pratos tinham um toque especial que gritava Illinois. Hoje, apenas bife com batatas e salada de tomate. Ele não queria assustar Brendon.

Pete e eu ficamos no balcão, dividindo uma jarra de água. Não que não quiséssemos participar, é que não éramos mesmo o estilo "dono de casa".

Duas horas depois, o almoço estava pronto. Comemos na sala mesmo, assistindo à reprise do jogo dos Kings. Ganhamos dos Devils por dois pontos e descobri o lado torcedor de Brendon. Ele e Pete acabaram discutindo sobre uma falta mais grave durante cinquenta e sete minutos e Pete ponderou. Acho que essa é uma das qualidades de que Patrick gosta nele: É muito difícil ele perder a cabeça (quando o assunto não é o próprio Patrick). 

Brendon saiu de perto dele e veio se sentar junto à mim, agarrando a minha mão e intrelaçando nossos dedos. A mão dele era quente e macia, apesar dos calos. Ou seria o costume de namorar músicos? Não sei.

Depois do jogo, Pete e eu dividimos uma garrafa de cerveja em silêncio. Ele ainda parecia tenso com a história do Butch, mas tentava disfarçar. O jeito como olhava para Patrick e para mim era diferente, como se tivesse medo de piscar e não nos ver mais. Senti o peso daquela dor e parei de beber. Fui ao quarto e deitei na cama, pensando. 

Peguei o laptop e escrevi alguns parágrafos. Faltava muito pouco agora. Minhas ideias levavam ao fim, mas eu ainda tinha que parar e pensar nos meios. Muitas vezes voltei ao início em busca de informações; Não queria descrever o mesmo prédio duas vezes, ou deixar de apresentar um personagem importante. Por fim, perdi-me em meus pensamentos.

- Ryan...

- Ah...

- Está me ouvindo?

- Ah...

- Ryan! - Patrick fechou o laptop em cima das minhas mãos e a dor irradiou pelo meu corpo.

- Au! Ficou maluco?!

- Não, foi você que pediu. Olha, Pete e eu vamos sair, então, vê se não põe fogo na casa, tá? E não jogue o cachorro pela janela.

- Aonde vão?

- Quer mesmo saber? - O sorriso malicioso dele dizia tudo.

- Não, obrigado. Brendon está aqui?

- E onde mais ele estaria? Como eu disse, não destruam nada. Voltamos daqui a... Algumas horas. Quer saber, não nos espere.

- Tchau. Divirta-se.

- Idem.

Patrick saiu do quarto e eu me levantei da cama. Eram quase cinco horas. Fui para a sala e encontrei Brendon brincando com Boris. Com ele aqui, eu quase nunca dava importância ao cachorro. Pena.

Brendon sorriu para mim quando me sentei no sofá ao seu lado. Ele deixou Boris no chão e passou os braços pelo meu pescoço, puxando-me para um beijo rápido. Seu sorriso era tudo o que eu conseguia ver.

- Ai, eu tenho uma coisa... Sabe...

- Não, não sei.

- Promete que não vai ligar pra polícia?

- O que está escondendo de mim? Um cadáver?

- Blé, bobo. Mas é sério.

- Contanto que não seja uma vítima de assassinato brutal, tudo bem pra mim.

- Certo. Já fumou maconha?

Acenti. Ele se levantou e me levou de volta ao meu quarto. Sentei-me na cama e o observei partir. Saiu pela porta e voltou trazendo uma de suas malas, a menor delas. Abriu-a e tirou um saco plástico de dentro. Levantei as sobrancelhas, ele riu.

Não era muita coisa. Brendon preparou dois baseados e a massa dentro do saco diminuiu bastante.

Fazia muito tempo desde a última vez. Eu ainda estava com William. Fumávamos escondido de Patrick no banheiro e ríamos de qualquer coisa. Ele dizia que a droga era um jeito de se libertar, de tirar o peso do mundo. 

- Tem fósforo?

- Vou pegar - Levantei-me e fui até a cozinha, trazendo a caixa de fósforos de volta ao quarto. Brendon pegou um, riscou-o na caixa, e acendeu o baseado.

Peguei outro fósforo e hesitei. Aquilo trazia lembranças. Lembranças ruins de um passado que eu queria esquecer, apagar. Porque esse é o modo mais fácil e prático para se continuar vivo: Esquecer e seguir em frente. Assim você nunca se machuca e se arrepende de nada. 

Mas, às vezes, simplesmente não dá pra esquecer.

Risquei o fósforo na caixa.


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