“Eu estou grávida.”

Eu e Kyle não conseguíamos esconder nossa cara de surpresa. Enquanto meu pai sorria incontrolavelmente, Meredith tentava esconder uma lágrima e eu e Kyle nossa cara de espanto. Então foi por isso. Ela não falou com ele sobre a traição porque ela tava grávida.

O sorriso do meu pai se apagou quando nos viu surpresos, não felizes.

– Vocês não vão falar nada? – perguntou ele, nervoso.

– Que bom! – fingi estar feliz. – Espero que vocês estejam gostando da ideia de serem pais de novo! – disse. Kyle concordou com a cabeça e com um sorriso falso estampado no rosto.

– Felicidades para vocês. – disse ele.

– Obrigada. – disse Meredith. Eu podia ver a lágrima que ela estava tentando esconder, que agora deslizava pelo seu rosto. Ela a secou rapidamente, porém meu pai percebeu.

– Está tudo bem meu amor? – disse meu pai.

– Sim, estou chorando de alegria. – ela mentiu.

– Calma amor, eu vou cuidar de você, você é minha prioridade. – tive vontade de falar umas verdades para o meu pai. Que raiva, por que ele estava fazendo isso?

Vi Meredith com um sorriso no rosto, um sorriso de eu-sei-que-você-está-mentindo. Mas meu pai não via isso. Ele via um sorriso de eu-estou-feliz-pela-gravidez, e são coisas completamente diferentes.

– Bom, então por que vocês não ficam aí decidindo o nome do bebê, o quarto dele, e essas coisas que tem que ser decididas enquanto eu e a Klo vamos lá pra cima? Eu preciso falar uma coisa muito séria pra ela. – eu fiquei com medo. Uma coisa séria? Eu não tinha ideia do que Kyle iria me falar.

Eu acho que Kyle notou minha preocupação e passou a mão pela minha cintura, me tranquilizando. Meu pai olhou a cena e fez uma cara de confuso, mas logo subimos e começamos a comentar sobre a notícia.

– Que loucura né? Minha mãe vai pra lá pra falar que ela descobriu que seu pai a traía e eles voltam com a notícia de que ela tá grávida, não dá pra acreditar. – disse ele, pensativo.

– Não mesmo. É muita coisa pra minha cabeça, eu acabei de acordar e descubro que vou ter outro irmão. Tá tudo acontecendo rápido demais. –disse.

– Pois é. – concluiu ele.

– E se eles terminarem agora? Ela vai ter que cuidar do bebê sozinha! – eu disse, imaginando a coitada criando uma criança sozinha pela segunda vez.

– Não, ela vai ter eu e você, lembra que você ia junto com a gente pra onde quer que a gente fosse? E vamos ser ótimos irmãos pra ele.

– Ou ela. – eu concluí. Ele deu um beijo em minha testa.

– Isso.

– Então, você queria me falar alguma coisa? – perguntei.

– Ah, sim. Eu... – começou ele.

De repente ouvimos nossos nomes lá debaixo, e temos que descer as escadas e ver o que aqueles dois querem agora. Querem falar que vamos morar numa nave espacial e dividir compartimentos espaciais com ETs também? Porque isso me assusta tanto quanto ter um outro irmão. Ou irmã.

Mas a notícia é outra (graças a Deus). Eles querem que nós acompanhemos eles até a loja de decoração, porque iriam comprar as coisas para o quarto do bebê (móveis brancos servem tanto para meninas como para meninos). O quarto que era meu, agora virou meu e de Kyle, mas como ele já tinha as coisas dele, não precisaríamos comprar nada para nós.

Não entendi porque eles quiseram que nós fôssemos junto, mas aceitamos a oferta.

Chegamos lá, Meredith disse para irmos a uma parte da loja para procurarmos algumas coisas, enquanto ela e meu pai iriam procurar outras. Fomos andar, viramos as costas para a entrada da loja quando escuto alguém chamar.

– Kyle? – eu conheço essa voz. – Chloe?

Nós nos viramos e lá estava ela. Savannah, dando o ar de sua graça.

– Oi – disse Kyle, um pouco frio.

– Oi lindo – disse Savannah com um sorriso no rosto. Beijou Kyle na bochecha e deu um abraço forte nele. – Oi Klo. – ela me deu um beijo na bochecha. Não retribuí. – E o que vocês fazem aqui?

– Não te interessa. – disse. TPM? Pode ser, mas a raiva que eu sentia dela era óbvia.

– Nossa, eu só queria saber. – disse ela, toda revoltadinha. – Pelo menos eu posso pegar o Kyle, e você, irmãzinha, não. – retribuiu ela.

Eu estava espumando. Kyle chegou mais perto de mim, para se assegurar de que eu não iria bater nela. O que era bem possível.

– Quem disse? Você sabe que nós não somos irmãos de sangue né? Ou a sua capacidade mental está abaixo disso? – falei com um sorriso no rosto. Não sei se foi impressão, mas Kyle estava segurando o riso atrás de mim.

Ela não sabia o que responder, então disse:

– Sua roupa tá ridícula.

– A minha roupa eu posso trocar, e sua cara feia, como faz? – falei com triunfo.

Depois disso ela percebeu que não tinha muita moral ali e foi embora. Kyle chorou de rir, e eu ri junto. Passamos o dia na loja, e no final da tarde passamos em um restaurante, jantamos e fomos para casa.

Chegando lá, eram 8 horas, e Kyle me perguntou se não poderíamos ir até aquele parque perto da nossa casa. Ele subiu as escadas e 2 minutos depois voltou, pronto para irmos.

No parque, deitamos na grama e notamos o quão estrelado estava o céu. Ele sugeriu que procurássemos uma estrela cadente. Passados 20 minutos, eu vi.

– Olha lá, uma estrela cadente! – disse animada. – Faça um pedido!

Então ele virou para mim, tirou uma caixinha preta do bolso, que abriu e revelou dois lindos anéis de prata. Então ele disse:

– Quer namorar comigo?